Terminamos de comer e vamos para a sala de estar. Sofia se deita no tapete e me deito ao lado dela.
- Posso te fazer uma pergunta? Digo a ela pensativa.
- Sim.
- Você me acha uma amiga ruim?
- Não! Por que?
- Não sei. Me sinto uma pessoa ruim que deve ficar sozinha.
- Nossa que pensamentos hein Maria Clara! Para com isso!
- É sério, sinto que as pessoas não me entendem muito, não tenho muito jeito para namorar. Acho que os meninos me acham estranha.
- Creio que não, até porque o Rodrigo gostou de você.
- Não sei. Ele me disse que está confuso.
- Confuso com o que?
- Não sei. Você acha que ele está gostando de mim?
- Eu não sei Clara. Você mal me conta nada mais!
- Ah é que não gosto de trazer problemas para as pessoas.
- Você não estará trazendo problemas para mim. Sabe o que eu acho? Que você tem que se gostar mais, você se diminui muito, isso é ruim para você.
- Verdade. Mas é que não vejo motivos para gostar de mim!
- Não diz isso! Você é linda do jeito que você é, tem uma personalidade maravilhosa. Tem seu jeito diferente mas ninguém é igual a ninguém.
Fico calada e penso no que Sofia me disse. Eu sempre penso que as pessoas não gostam de mim ou que sou um problema na vida das pessoas. Isso me perturba desde criança, mas tento mudar isso faz um tempo.
- Vamos mudar de assunto... digo cansada de falar sobre isso.
- Vamos sim.
- Aliás a gente podia dar uma volta! Você está precisando muito.
- Onde?
- Ah vamos na sorveteria?
- Pode ser.
Estou tão desanimada que vou com a roupa que estou, apenas aviso meus pais de que eu vou sair.
Chegando na sorveteira me sento em uma mesa redonda com os bancos altos,fica difícil de me sentar mas alcanço e sento. Sofia entra e pede duas tigelas de açaí creme com morango e granola. Se senta ao meu lado e fica me olhando.
- Olha Clara eu quero que você fique bem, não te trouxe aqui para ficar assim.
- Está tudo bem.
Quando viro meu olhar para frente vejo Rodrigo vindo em direção a sorveteria. Ah não eu não queria ver ele nesse momento, mas como a sorte não anda muito ao meu lado tive esse azar.
Ele olha para mim surpreso.
- Oi Clara.
- Oi .
Digo sem olhar no rosto dele.
Ao perceber minha expressão ele entra pega um picolé e sai sem dizer mais nada.
- Por que você o tratou dessa maneira? Ele te fez alguma coisa?
- Ah a questão é que é difícil de entender.
- Talvez eu entenda, se você não me falar como poderei te ajudar?
- Por favor deixa isso pra lá!
- Tá ok. Só quis ajudar.
Terminamos de tomar o açaí caladas, sinceramente não estou com muita paciência para nada. Nem devia ter vindo até aqui, precisava ficar um tempo sozinha.
Terminamos o açaí e vamos embora. No caminho peço a Sofia para que eu possa ficar na casa dela e ela concorda. Chegamos na casa de Sofia e ligo para meus pais e, aviso que vou passar a noite na casa da Sofia. Entramos e parece não ter ninguém em casa. Vamos em direção ao quarto de Sofia e me sento na cama. Ela pega o notbook e começa a navegar na web. Acho que ela está percebendo que não estou muito para conversar. Me levanto e vou até a varanda da casa dela. É um lugar ótimo para ler.