Emily narrando:
Alguns meses depois...
Já se passaram alguns meses desde quando fui adotada, e tudo está ocorrendo melhor que eu esperava. O senhor e a senhora Young me levaram para conhecer cada membro da família e confesso que fui recebida melhor que imaginei, todos foram gentis e amáveis comigo. Parecia que eu era realmente da família.
Comecei a estudar numa escola de verdade, até já fiz amigas. Elas se chamam Gabriela e Bianca, as duas são um amor em pessoa, mas com personalidade muito distintas do que estava acostumada a lidar no orfanato. Meus pais, Raul e Miranda, estão me ensinando diversas coisas, a senhora Young me colocou pra fazer balé e ter aulas de etiqueta, apesar de que eu praticamente já domino os bons modos. No orfanato aprendemos de tudo, principalmente como se comportar.
Meu irmão, Miguel, continua na dele. Calado e observador. Ele não conversa comigo o dia todo e a noite ele sempre bate na porta do meu quarto para dormir comigo. É estranho, mas eu sempre consigo dormir melhor com ele ao meu lado. Mais estranho que isso é ele acordar sempre às cinco horas e simplesmente ele corre para o seu quarto, como se não quisesse que ninguém soubesse que ele dorme comigo todas as noites. Não comentei nada com ninguém, talvez isso seja nosso segredo. Segredo de irmãos.
Depois de tomar um banho demorado, vesti um vestido florido e calcei minhas chinelas. Penteei os cabelos e fui para cozinha lanchar, era umas três horas, havia acabado de chegar do balé. Eu estudo de manhã e a tarde vou para o balé, geralmente as aulas de etiqueta são nas sextas depois que chego do balé. Já me acostumei com o horário. Eu sei que a família Young vem de uma tradição de família bem sucedida e bem comentada por todos. A senhora Young trabalha como juíza, e ela é dona de algumas lojas de roupas e o senhor Young é dono de uma empresa que transporta café para o exterior.
Chego à porta da cozinha e sem querer escuto uma conversa meio estranha das empregadas.
-Esse menino é meio estranho, Dolores. –Disse Verônica uma das empregadas, ela era um pouco gordinha, pele escura e tinha um coque nos cabelos.
-E eu não sei? Uns dias desses entrei pra limpar o quarto dele, sabe oque ele estava fazendo? Batendo uma. –Disse Dolores.
Não entendi oque ela quis dizer com ''batendo uma'', mesmo sendo errado ouvir conversas alheias, não conseguia entrar na cozinha e nem sair dali.
-Isso não é coisa pra ele ficar fazendo. Eu pensei em falar com a mãe dele, mas do jeito que ela é cega com esse menino é capaz de achar que tô inventando isso tudo, e ai eu posso até perdeu o meu emprego. –Disse Dolores, ela cortava batata sentada na cadeira enquanto Verônica ficava em pé encostada ao balcão.
-Ele ficou mais esquisito depois que dona Miranda adotou essa menina. –Comentou Verônica.
-Eu percebi... –Cochichou Dolores.
Respirei fundo e sai caminhando com as pontas dos dedos para a sala, não iria entrar na cozinha, não depois de ter ouvido a conversa das empregadas. Se a minha professora de etiqueta souber disso, é capaz de contar para a senhora Young. Tudo oque menos quero agora é decepcionar meus pais adotivos.
Resolvo voltar para o meu quarto e tomo um susto ao vê Miguel deitado na minha cama, ele senta na cama e me chama para se aproximar dele. Fecho a porta com cuidado e caminho até ele, subo na minha imensa cama e fico em frente a ele.
Os olhos do Miguel estavam fixos na barra do meu vestido que havia subido um pouquinho, deixando minhas coxas finas amostras.
-Onde você estava? –Perguntou agora me olhando.
-Fui à cozinha comer. –Minto e viro o olhar.
-Você está mentindo. –Ele toca no meu nariz me deixando sem ar.
Como ele sabe que estou mentindo? Será que ele é mágico?
Olho para os seus lindos olhos azuis-claros e me perco na profundidade e no brilho do seu olhar. Um sorriso surgiu em seus lábios.
-C-como assim? –Gaguejo e ele coloca sua mão na minha coxa.
-Eu vi você ouvindo atrás da porta a conversa das empregadas fofoqueiras. –Ele diz e eu mordo os lábios com medo.
-Não conta pra ninguém. –Choramingo sentindo meus olhos encherem de água.
-Vai depender de você. –Diz com uma voz suave.
-Como? –Franzo a testa e ele sorrir de novo.
Ele se ajeita na cama e encosta suas costas na cabeceira da cama e deixa suas pernas estiradas.
-Senta no meu colo. –Ordenou.
Senti meu coração bater mais forte e a minha respiração ficar irregular.
-Anda logo. –Exigiu.
-Eu não posso sentar no seu colo. –Digo com a voz baixa
-Claro que pode. –Ele me puxa pela mão.
Impeço-o de me pôr em seu colo, mas do jeito que era fraca e magra, foi bem fácil para ele me colocar no seu colo. Senti-me desconfortável, aquilo era pior do que ouvir a conversa alheias.
-Não devo ficar no seu colo, Miguel. –Digo sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto.
-Não precisa chorar bobinha, não vou te machucar. –Ele diz limpando as lágrimas do meu rosto. –Só quero te sentir.
Ele segura a minha cintura e começa a fazer movimentos por debaixo do meu vestido que tampava completamente o seu colo.
-Oque você está fazendo? –Pergunto assustada. Suas mãos estavam debaixo do meu vestido e acariciava minha bunda.
-Fazendo coisas de irmão. Isso se chama carinho, Emily. –Explicou; firmo os lábios um no outro e encolho as sobrancelhas. –Eu gosto de dar carinho a você, somos irmãos. Eu sempre vou te dar carinho. –Ele diz meio possessivo.
-Ninguém nunca me deu carinho... dessa forma. –argumento e vejo sua expressão ficar séria.
-Acredita em mim, isso é carinho. Mas só eu posso te dar carinho dessa forma, só eu, tudo bem? –Indagou me olhando nos olhos. –Ouviu Emily? –Ele deu um tapa na minha bunda me deixando mais assustada.
Sai de cima do seu colo e pulei para fora da cama.
-Isso doeu. –Digo e passo a mão na minha bunda.
-Desculpa. –Disse se aproximando de mim. –Isso é pra você aprender que não pode mentir para mim e toda vez que eu te fazer perguntas, você tem que me responder. Certo?
Fico cabisbaixa, estava sentindo uma ardência na minha bunda. Mordi os lábios de leve e meu queixo foi levantado para cima por ele.
-Terei que te bater outra vez? –Perguntou com um olhar de dá medo.
Nego com a cabeça e engulo em seco.
-Eu já entendi. –Respondo-o e ele sorrir satisfeito.
-Eu não vou contar para ninguém sobre você ter ouvido a conversa. Não precisa ter medo, esse será nosso segredinho. –Ele diz sorrindo e solta o meu queixo de sua mão.
Ele me dá uma ultima olhada e sai do meu quarto, me deixando sozinha e assustada.
Corro para a minha cama e me encolho segurando os meus joelhos. Chorei até soluçar.
Não entendi muito bem oque aconteceu agora, muito menos a atitude de Miguel. Será que eu fiz algo de errado para ele ter me tratado assim? Eu não deixei de abrir a minha porta para ele dormir no meu quarto uma vez sequer e não contei a ninguém sobre isso, não entendi oque fiz pra ter me tratado assim...
***
O jantar foi tranquilo, na verdade, fiquei calada e apenas ouvia meus pais conversando e fazendo diversas perguntas sobre a escola para o Miguel, ele sem muito ânimo respondia. Podia notar frieza em seus olhos e sempre quando dava uma olhadinha para ele, o mesmo já estava me olhando.
-Então Emily, como foi à aula de balé hoje? –Perguntou à senhora Young.
-Muito boa. –Digo sem detalhar muito.
-Hoje você está muito calada, aconteceu algo? –Indagou o senhor Young.
Imediatamente nego com a cabeça e arregalo os olhos. Obviamente eu não sabia mentir, até porque nunca precisei mentir.
-Você está estranha, Emily. Se quiser conta algo, pode contar para mamãe. –Disse a senhora Young colocando a mão por cima da minha em cima da mesa.
Sorrio para ela afetuosamente e aceno com a cabeça.
-Você não é a mãe dela. –Ouvi a voz rouca do Miguel, interrompendo-o aquele momento. –Pare de tratar ela como filha, é só uma menina. –Exigiu.
-Oque é isso meu filho? –Perguntou o senhor Young, ele limpou a boca com o guardanapo e encarou o filho incrédulo.
A empregada verônica estava parada perto da mesa boquiaberta, exatamente como eu estava.
-Estou dizendo a verdade papai. –Retrucou Miguel com a voz calma.
-Ela é sua irmã, Miguel. Pode parar de falar esses absurdos. –Ordenou à senhora Young.
Ele fechou a cara e bufou, deixando a senhora Young ainda mais irritada. Imediatamente ela pediu para que ele se retirasse da mesa e fosse para o seu quarto ficar de castigo, e assim o fez. A dona Miranda me confortou dizendo que tudo oque o Miguel disse era mentira e que ele só estava enciumado.
Assenti com a cabeça e voltei a comer minha salada. Depois da mesa ser retirada, comemos a sobremesa e ficamos na sala conversando um pouco. Já passava das oito horas e o sono havia chegado para mim. O pai Raul, me levou para dormir enquanto a mãe Miranda foi conversar com o seu filho. Ele esperou eu escovar os dentes e me pôs na cama, mas antes me contou uma historia muito divertida.
-Boa noite princesa, durma bem. –Ele beija a minha testa e levanta a coberta até o meu pescoço me cobrindo; sorrio e beijo sua bochecha.
-Boa noite, papai... –Digo o chamando de pai e logo sinto minhas bochechas ficarem coradas.
-Até amanhã minha filha. –Ele diz e sai.
Sem prolongar muito, fecho os olhos e adormeço.
***
Acordo sentindo alguém acariciar o meu cabelo; assusto-me ao vê a imagem de Miguel sentado ao meu lado. Afasto-me dele assustada e com medo de vê-lo ali tão sombrio.
-Calma. –Sussurrou.
-Oque faz aqui?
-Você dormiu sem mim, não gostei disso. –Reclamou.
-Vá para o seu quarto. É melhor. –Peço
-Não me quer aqui? –Perguntou fazendo beicinho.
Nego com a cabeça meio amedrontada com seu jeito sério e rígido.
-Por quê? –Perguntou ingenuamente.
-Você me machucou. –Respondo rapidamente.
-Me desculpa. –Disse
-Tudo bem, mas é melhor... –Ele se inclina parando em minha frente e colocando um dedo em meus lábios rosados.
-Emily. –Me chamou. –Seus lábios são tão bonitos. –Ele diz olhando para os meus lábios que agora tremia de medo.
-Miguel.
Ele passa o dedo indicador por toda extensão dos meus lábios e logo cola seus lábios aos meus. Sinto o gosto de sua saliva atravessar a minha boca, ele enfiava a sua língua na minha boca, encostando-se sua língua agitada a minha. Era bem nojento.
Ele segurou meus dois braços com força enquanto forçava sua boca junta a minha, estava me prendendo e me machucando com a força que exercia sobre os meus braços finos e branquelos. Provavelmente, formaria um hematoma de todo tamanho na região.
Desgrudo meus lábios dos deles, a fim de respirar. Respirei toda ofegante.
Um sorriso largo foi esboçado no rosto de Miguel, deixando-o mais lindo que já era. Olhei para ele assustada e sem entender oque acabou de acontecer aqui.
-Isso...
-Foi bom não é?
Neguei com a cabeça e ele fechou o semblante e apertou mais o meu braço.
-Eu sei que gostou. –Disse todo confiante. –Isso é carinho... –Ele diz agora soltando meus braços e acariciando meu rosto.
-Isso não é carinho... –Limpo os lábios e fico cabisbaixa olhando para as minhas mãos que estava grudada uma na outra. –Não pode fazer isso... –Choramingo.
-Eu sou seu irmão, não sou? Eu posso fazer oque quiser com você. É carinho de irmão. –Ele diz colocando um ponto de interrogação na minha cabeça.
-Isso parece coisa que papai e mamãe faz. –Contrario-o suas palavras.
-Mas não é. –Ele diz levantando meu queixo. –Isso é coisa nossa...só nossa. –Diz em tom ameaçador.
Não conhecia muitas pessoas que tinha irmãos, a Gabriela tem um irmão, mas nunca perguntei a ela sobre os ''carinhos'' que o irmão dela faz com a mesma. E também não tinha o porquê perguntar, mas agora me vejo numa situação complicada, e cheias de perguntas sem respostas.
-Todos os irmãos fazem isso?-Pergunto inocentemente.
-Alguns, mas como já disse isso é coisa nossa. Só eu posso fazer isso com você, entende?
Aceno com a cabeça e viro o olhar.
-Por que faz isso? –Pergunto curiosa.
-Porque gosto de fazer isso com você.
-Eu posso contar para a mamãe sobre isso? –Pergunto olhando em seus olhos.
Queria contar tudo para a mamãe Miranda oque estávamos fazendo, talvez ela me explicando melhor, eu vou entender e quem sabe não me importar com esses carinhos estranhos do meu irmão.
-NÃO! –Alterou a voz. –Não pode contar a ninguém, senão vou contar para a minha mãe sobre você ter ouvido a conversa alheia. –Ameaçou.
-Mas você prometeu não contar. –Digo amedrontada.
-Então prometa para mim que não irá contar sobre isso para os meus pais ou para qualquer outra pessoa. –Exigiu.
Mordi os lábios e virei o rosto, mas ele segurou com força o meu rosto.
-Tá doendo...
-Promete de uma vez.
-Tudo bem, eu prometo. –Digo com um pouco de dificuldade.
Ele solta o meu rosto e eu passo a mão nas minhas bochechas que agora doía com o aperto que ele havia me dado.
-Vamos dormir, está tarde e amanhã precisamos ir à maldita escola. –Disse com desdém. –E pare de chorar.
Limpo as lágrimas com as mãos trêmulas, olho para ele que já estava deitado no seu canto aonde sempre dormia. Funguei o nariz e me deitei o mais longe possível dele. Cobri-me com a coberta e chorei baixinho, senti a mão de Miguel envolver minha cintura e o mesmo sussurrar no pé do meu ouvido.
-Boa noite, Emily. –Seus lábios quentes tocaram na minha pele fria com um beijo em meu ombro.
Fechei os olhos e sem respondê-lo, dormi sentindo a minha última lágrima cair dos meus olhos.
***
Gostaram? Então deixe sua estrelinha aí. Toda ajuda é bem vinda.
Obrigada por tudo. Amo vocês.
Espero que ame a historia do mesmo jeito que eu a amo. É um prazer imenso escrever essa historia, que provavelmente, fascinará cada leitor.
Só ressaltando, os dias das postagens serão nos domingos, ou nos sábados a noite. Vou tentar me organizar direitinho. Não sei se todos sabem, mas estou cursando o terceiro ano e devo me preparar para a bendita prova do Enem, e amanhã vou começar a fazer pre-vestibular a noite e isso dificultará um pouco a minha vida. É CLARO. Mas, não irei deixar de postar nenhum cap de quaisquer obras minhas, prometo postar e escrever no tempo livre que eu tiver nos dias da semana para que no sábado ou domingo saia um bom capítulo para vocês.
Conto com a compreensão de todos!
E respeito acima de tudo.
Tenha uma boa semana e me deseje sorte!
Beijos, Lara. <3
(Ai gente, me sinto aquela narradora de Gossip Girl. (Risos) Quem já viu a série sabe do que estou falando! )