Contos De Anti-heróis

By W4LL4C3

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(o livro está em construção) Nestas histórias tentarei passar para o Wattpad todos os meus contos do meu pequ... More

A Divisão Do Livro.
{Primeiro Ato}
Raynha, Xeque-mate!
O Contrato.
Tarkízio E Aialion.
Domínios Da Psique.
Quem Sou Eu? (parte 1)
Quem Sou Eu? (conclusão)
Abrindo Um Portal!
Planeta Andrômeda.
{Segundo Ato}
A Estrela Chamada Dor.
Dois Capítulos.
As Peças Do Quebra-cabeça.
Reflexos Apurados. (parte 1)
Reflexos Apurados. (parte 2)
Reflexos Apurados. (conclusão)
Um Mundo Feito De Sonhos.
O Mestre Dos Mitos.
Nas Costas Da Fera.
Asa Negra (parte 1)
Asa Negra (conclusão)

Semi-estado Da Putrefação.

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By W4LL4C3

Loteamento Vale-verde.
Sexta-feira, 13 de 2013. 6:45 pm.

A noite começara intensa, com a chuva castigando o que restou do gramado naquele campo aberto. Ali onde muitas vezes reuníamos a garotada para jogar bola. Onde eu sem querer perdi a minha antiga moeda de 1 real que eu venerava como um amuleto. Aquela moeda nunca me trouxe nada, mas eu precisava dela para mostrar que eu acreditava em alguma coisa, sem me importar com que ou outros achavam.

Aquele campo de futebol sempre me trazia velhas e boas lembranças. Escondido por trás da janela semi-aberta, eu visualizava os raios se formando no céu escuro caindo em algum ponto da cidade e ouvia os sons dos trovões que ecoavam um tempo depois.

Estava sozinho em casa, de joelhos sobre o meu travesseiro, mas precisamente em cima da minha cama. Comigo morava um primo meu e o meu pai. Minha mãe, que descança em paz, morreu de câncer no pulmão a mais de três anos. Um mal provocado pelo o seu vício excessivo a cigarros. Nunca houve falta de avisos. Todos da família, até amigos, alertavam que ela estava se excedendo demais e precisava mais do que nunca diminuir a quantidade de cigarros tragados por dia - uma vez eu cheguei a contar quase três carteiras de Derby do azul -, mesmo assim ela insistia em continuar com a desculpa de que fumava para esquecer os problemas. Eu nunca acreditei em suas desculpas, já que eu nunca a via sem um cigarro entre os dedos ou espremido entre os lábios como ela fazia sempre que lavava a louça.

Com o tempo, eu e meu primo passamos a deixar ela conduzir a sua vida da forma que queria. Só o meu pai que insistia em conscientizá-la para que ela voltasse a ter a sua vida normal. Ela ouvia seus conselhos, cansada e desanimada, dizendo para ele não se preocupar, pois ela teria muitos anos de vida pela frente. Os meses se passaram até que uma noite ela precisou ser levada as pressas para um hospital regional mais próximo...

Fiquei a imaginar que seria um problema fácil de resolver. Nunca passou pela a minha cabeça que a situação ficaria tão grave, e ainda não passa... Vejo outro raio cair... Ouço mais um trovão... Voltei a realidade.

Quando você está sozinho em casa, durante o anoitecer, sem eletricidade, não há muito o que fazer e logo vem o tédio. Tudo o que você mais quer é aproveitar o frio, se enrolar em seus lençóis e dormir. Mas eu não poderia dormir sem que antes o meu primo voltasse da faculdade, ele havia esquecido sua chave em casa.

Foi o acaso que me fez lembrar que eu havia comprado há pouco tempo um livro de Tiago Toy, chamado Terra Morta. Talvez com a luz de uma vela eu conseguisse ler alguns capítulos. Um dos meus passatempos preferidos sempre foi ler. Gosto de ficção fantástica, fantasia, aventura e terror. Os melhores que eu já li foram os de Tiago Toy, tornei-me seu fã desde o primeiro momento em que li os seus contos.

O livro que eu procurava estava na sala, numa estante que eu reservei para os livros. Era questão de paciência encontrá-lo.

Larguei a visão dos raios fechando vagarosamente a janela para não apagar a vela sobre o pires em cima da cômoda e fui até a sala que ficava ao lado do meu quarto. Aproximei a vela passando o indicador pelos títulos até encontrá-lo. Ao puxá-lo, um ser assustado saltou em minha direção, batendo a cabeça em meu peito. Não pude evitar o susto que eu também tive. Depois que caiu de pé no chão saiu o medroso em disparada.

— Que isso Black! — Reclamei.

Comecei a rir do próprio susto que tive. Como eu pude deixar um animal me trolar? Black é o meu gato-sem-raça-preto que está na família desde que eu me lembro. Já cheguei a pensar que ele fosse o mais velho da família e me assustei com isso. Augusto, meu primo, sempre caçoou de mim, dizendo que ninguém arranjaria um nome melhor para um gato preto do que eu. Eu na defensiva sempre mandava ele tomar naquele canto e a zueira estava feita.

— Black. — Chamei. Ele não apareceu. — Espero que não saia correndo também caso encontre um rato. Está me ouvindo? — Soltei um leve sorriso seguindo em direção a cozinha.

Ao chegar na cozinha que fica nos fundos da casa arrastei uma das cadeiras para me sentar, deixei a vela em cima da mesa e comecei a retirar a proteção plástica do livro. Seria a primeira vez que alguém o lia. Assim que eu o abri em uma página qualquer, tive o meu primeiro e grande susto da minha vida...

Eu ouvi o gato chamar pedindo desesperadamente por ajuda. Eu ouvia latidos ferozes.

— Black?! — Seus miados começavam a falhar. — Merda! Esse cachorro maldito do vizinho. Black, eu estou indo! — Corri até a porta.

A briga violenta vinha do lado de fora, no quintal. Meu gato-sem-raça-preto conseguiu sair de alguma forma, mesmo com as portas fechadas, mas para onde ele iria num temporal desses? Quando finalmente abri a porta... Era difícil de acreditar.

Black não miava mais. Ele nem sequer gemia, apenas tremia... O que restava do seu corpo era uma carcaça com alguns órgãos parcialmente devorados despojados ao lado. O sangue do recém-cadáver ficara espalhado refletindo o brilho da lua cheia e aquela criatura lambia o que lhe restava. É bom saberem que as noites nessa fase da lua tornam-se bem mais alvas do que as anteriores, sendo capazes de iluminar certos lugares que normalmente não veríamos. Aquela criatura estava bem iluminada e o que eu via possuía uma vaga semelhança de um cão, parte de seus pêlos tinham sido arrancados, no lado direito do seu corpo um pedaço de couro de sua pele escura balançava suspensa e os seus dentes banhados de sangue estavam bem mais expostos, como os seus lábios estivessem caindo. Do mesmo jeito que eu não sabia como o meu gato tinha saído, eu também não sabia como aquele outro ser tinha entrado no quital se a casa era toda murada.

Aquela criatura não havia me percebido, até as vigas de madeira da porta fazerem aquele barulho típico me denunciando. A criatura rapidamente virou em minha direção com uma gosma estranha escorrendo pela boca. Aquilo era cego de ambos os olhos. Suas orelhas ficaram erguidas, atentas a qualquer outro vacilo meu.

“Eu sinto muito Black.” Bem devagar eu suspendi a porta e a fui fechando.

Ieeerrrr ierrrr errrr!

Eu perdi a voz. Acho que fiquei pálido de medo ao ouvir aquilo. Não era o som da porta, o meu truque para ela não fazer barulho era infalível. O som veio daquela criatura que tentava rosnar. Para um demônio faltavam os chifres. Assustado eu bati a porta com tudo e girei a chave no segredo trancando-a. Talvez o que os meus olhos acabaram de presenciar fosse apenas fruto do meu próprio medo. Meu coração bateu tão forte que eu achei que fosse passa mal. Eu encostei-me na porta respirando profundamente, repetindo para mim mesmo: “Mantenha a calma.”

Foi nesse instante que a criatura se esbarrou na porta com tamanha violência que a mesma tremeu, e como se não bastasse aquilo continuou a repetir o mesmo movimento como se não sentisse dor. A tranca e os ferrolhos não aguentariam por muito tempo. A única escapatória que me veio a cabeça foi bloquear a porta com a geladeira.

Após empurrar a geladeira, procurei a peixeira pela cozinha, suei frio sem encontrar nada. Nenhuma coisa afiada ou pontuda.

— Cézar!

Gritou alguém do lado fora.

— O que está acontecendo?

Era o vizinho preocupado. O único que teve coragem de saber o que estava acontecendo.

— Tem uma criatura solta no meu quintal. Matou o meu gato e agora quer entrar a todo custo.

— Bloquea a porta com algo pesado.

— Eu já fiz isso. Não acho que a geladeira irá aguentar por muito tempo.

Quem veio me socorrer era Denis, um policial amigo do meu pai que eu conhecia muito pouco. Queria muito que ele tivesse arrombado a porta, mas pelo contrário, ele pediu que eu a abrisse. Não sei porque ele tomou essa decisão. Talvez fosse para controlar a situação. Eu não sabia.

Não demorou muito para ouvirmos uma nova pancada seguida de um arrastar de algo pesado. A criatura havia arrombado a porta e agora se espremia pela brecha afastando aos poucos a geladeira. Ouvi latidos dentro de casa, eu me virei para ver a criatura se debatendo como um louco em crise, seu focinho já havia passado todo pela brecha.

— Rápido César!

Eu deixei o pires cair e tudo ficou escuro.

“Ele arrombou.” Fiquei sem reação. Paralisado de medo, vendo os olhos daquele ser brilhando no escuro. Ouvi pancadas consecutivas sem conseguir distinguir de onde seriam. Voltei correndo, esbarrei os pés em algo, encontrei a parede num tombo, nem percebi uma luz forte sendo projetada atrás de mim. A única coisa que eu notei foi aquele som...

Ieeerrr ierrr err!

A criatura anunciava o seu próximo ataque. Eu ergui a cabeça e a vi na cozinha me encarando e lambendo os próprios dentes sujos de sangue. Seu prato principal seria eu.

— Gênesis? — Foi primeira coisa que Denis disse ao me ver. Depois ele apontou o revólver e a lanterna para o interior da casa e contemplou aquele mísero ser. A criatura o encarou e correu até ele como um predador. Esbarrou contra os móveis. Raspou a orelha na parede. Eu me encolhi quando aquilo passou por mim.

— Denis, atire antes que essa coisa te morda. — Mal terminei de falar ele efetuou um disparo.

Ain! Earrr, arr...

Não sei onde Denis acertou, a criatura cambaleou, mas logo se recompôs privilegiada em não sentir dor. Denis e eu vimos aquele lábio caído derramar sangue preto aos montes. A criatura espalhou sangue ao balançar a cabeça e avançou novamente em direção a Denis com a boca aberta. Denis saiu logo do caminho e disparou novamente outras três vezes pelo corpo do bicho. Os projétis alojados em seus ossos não foram o suficiente para detê-lo. A criatura continuava a avançar com a boca aberta, tremia lentamente, sem jamais aceitar suas condições precárias.

Mesmo com muito medo consegui sair de onde estava para ver Denis disparando na cabeça da criatura. Ele queria ter certeza de que dessa vez acabaria com a loucura do animal antes que aquilo decidisse fugir. Eu ouvia a sua voz. Seu medo também era de que aquilo fosse uma doença, mas ele nunca viu uma doença arrancar a pele para deixar os músculos expostos. Na minha cabeça só vinha um dos contos de Tiago Toy. “Não Se Preocupe, Mamãe. Ficaremos Bem.”

— Que porra é essa? — Perguntou Denis se aproximando da criatura, tentando compreendê-la.

Mais uma vez eu imaginei como aquilo apareceu de repente? E porque ninguém mais veio sequer ajudar. Sei que há a desculpa de estar chovendo e trovejando, mas deveria ter mais alguém além de mim e Denis. Pelo menos uns olhares amedrontados pelas brechas de alguma janela.

Estava todo molhado pela chuva quando fitei o horizonte na esperança de encontrar alguém, paralisei ao ver que me encarando haviam outros olhos furiosos e famintos que se aproximavam depressa. Era a Legião, seria isso o que a minha mãe diria.

Ieerrr! Errrrr! ARGH!

O último foi um grito que eu ouvi.

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