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Bia Narrando
Passaram-se os dias e o final de semana chegou, até que enfim. Depois de fazer toda minha higiene, me arrumar e tomar café, decido dar uma volta de bicicleta. Pego meu celular, ponho dinheiro no bolso do short, coloco um boné e vou até a garagem. Depois de pegar a bicicleta, saio de casa e tenho a visão de Nathan sem camisa, todo molhado lavando o seu carro branco que saímos pela primeira vez.
Nathan: Bom dia Senhorita. -fala quando passo por ele-
Bia: Bom dia Senhor -sorrio-
Nathan: Vai se exercitar um pouco?
Bia: É o que parece, certo?
Nathan: Que garota mais insensível
Bia: Que garoto mais legal
Nathan: Quer insinuar algo?
Bia: Além do fato de seu carro estar ficando limpo?
Nathan: Talvez sim
Bia: Além do seu corpo estar bem treinado e definido?
Nathan: Gostei que notou isso
Bia: É impossível não notar
Nathan: Tão evidente?
Bia: Muito atraente
Nathan: Quer me esperar para darmos uma volta de bicicleta juntos?
Bia: Acredito que vai demorar demais até que você termine de lavar o carro
Nathan: Eu consigo lavar mais rápido que isso
Bia: Então eu espero. -encosto minha bicicleta na parede de casa- Posso ajudar?
Nathan: Poder pode, mas você vai acabar se molhando
Bia: Tenho toalha para me enxugar
Nathan: Talvez uma toalha não resolva
Bia: Seu pervertido -dou um tapa de leve nele que está rindo muito-
Nathan: Sei que você gosta dessas minhas piadas -sorri-
Bia: Já disse que você sabe demais?
Nathan: Sei demais mesmo. Inclusive o fato de você amar quando eu te beijo
Bia: Será se isso é verdade?
Nathan: Eu sempre espero que sim
Bia: Talvez eu te decepcione com minha resposta
Nathan: Talvez eu te surpreenda com minha proposta -dá de ombros-
Bia: Que proposta?
Nathan: Não sei. Que proposta? -se faz de desentendido-
Bia: Ah não. Odeio quando fazem esses jogos
Nathan: Odeio quando conversam demais e acabam atrapalhando
Bia:Conversam? Só estamos nós dois aqui. E atrapalhar o que?
Nathan: Nossas bocas conversam demais e atrapalham seus contatos
Bia: Às vezes eu me pergunto com o você consegue deixar uma frase tão confusa
Nathan: Então se eu parar de falar ajuda?
Bia: Talvez sim. Parar de falar besteiras ajuda.
Nathan: Então vamos terminar logo esse carro para conversarmos coisas interessantes.
Bia: Não acho que existam coisas muito interessantes no momento, mas ok.
Terminamos de lavar o carro e estamos completamente suados e estou um pouco molhada, ele acabou fazendo isso comigo. Minha blusa está enxarcada, meu short agora está com manchas de água, minha sorte foi que tirei o tênis.
Finalmente estamos prontos para fazer nosso passeio de bicicleta. São quase meio dia e estamos passando pelo calçadão da praia.
Nathan: Vamos comer alguma coisa?
Bia: Vamos, estou com fome.
Entramos num restaurante e eu peço uma salada de frutas. Ele como sempre paga a conta. Ficamos sentados conversando um pouco sobre a vida e foi completamente inevitável não falar sobre o assunto que tanto mexe com minha cabeça nos últimos dias.
Bia: Eu sei que você não quer falar comigo sobre seu assunto pessoal. Talvez chegue um dia que eu pare de insistir nosso, mas por hoje eu ainda quero saber mais. Pode me falar?
Nathan: Você não vai desistir mesmo não é?
Bia: Absolutamente
Nathan: Primeiro de tudo a garota tem que assinar um contrato no qual estou dizendo minhas exigências e essas coisas. Eu tenho desejos sexuais "aguçados". Eu dou punição caso saia das regras, mas dou recompensa cada dia mais. Eu domino a situação do jeito que eu quero e a garota apenas concorda. É tudo muito prazeroso, o suficiente para querer tê-lo para sempre.
Bia: Calma, eu estou digerindo as informações.
Nathan: Eu sei que são muitas coisas.
Bia: São sim. Muitas coisas.
Nathan: Eu não devia te falar sobre isso.
Bia: Você controla uma garota. Faz dela sua boneca de fantoche para satisfazer seus desejos e a recompensa com materiais. Isso? -indignação presente em minha voz-
Nathan: Exatamente isso
Bia: Como você consegue?
Nathan: Eu apenas faço
Bia: Você tem 17 anos, quase 18. Como pode ser tão elevado para tão pouca idade?
Nathan: Escute, não quero que essas coisas afetem nossa amizade.
Bia: Nathan, você pune as garotas por não fazerem exatamente o que você quer
Nathan: É assim que me sinto bem.
Bia: Eu não sei se vou conseguir viver com você sabendo dessas suas coisas -me afasto dele-
Nathan: Por isso que eu não queria te contar. Bia, eu não quero te perder. Você já me fez ultrapassar vários limites pessoais. Eu nunca visitei ninguém;muito menos à noite, nunca levei ninguém no meu quarto, nunca levei ninguém ao parque de diversões e me diverti tanto. Me entenda, por favor.
Bia: Você pode ter ultrapassado seus limites, mas não pode tirar essas coisas de dentro de você. -minha voz aparenta estar firme-
Nathan: E se eu lhe oferecer um contrato melhor?
Bia: Eu não vou aceitar nenhum contrato Nathan.
Nathan: Então sem muitas coisas no contrato.
Bia: Você não entendeu que não vou querer contrato?
Nathan: Vamos fazer assim: eu te mostro um pouco mais como são as coisas e depois decidimos algo.
Bia: Eu não disse que queria ter algo a mais com você.
Nathan: Não precisar dizer para que eu saiba
Bia: Eu acho que essa conversa já foi longe demais
Nathan: Você quer voltar para casa?
Bia: Adoraria fazer isso
Nathan: Então vamos
Levanto da cadeira ainda pensando em tudo que ele havia me dito. Finalmente chego em casa, ele desce da bicicleta e vem até mim.
Nathan: Não se afasta de mim por causa dessas coisas, por favor.
Bia: Nos falamos depois, pode ser?
Nathan: Como quiser. -deixa um beijo casto na minha bochecha e vai para sua casa carregando sua bicicleta.-
Guardo minha bicicleta na garagem e subo para meu quarto, onde tomo um ótimo banho e deito na minha cama olhando o teto e relembrando tudo novamente.
Acabo dormindo e só percebo quando acordo. Arrumo meu cabelo de novo e sento na cama olhando meu celular que esta cheio de mensagens do Nathan:
"Eu sinto muito por te decepcionar"
"Nunca foi minha intenção"
"Bia, me responde"
"Estou começando a ficar preocupado"
"Posso ir aí para falar com você?"
"Prometo que não demorarei muito"
Não sei, mas essas mensagens me passaram que ele realmente se importa comigo, com o que sinto. Apesar das coisas que descobri hoje mais cedo, acho que talvez seja tarde demais para voltar atrás. Então resolvi respondê-lo:
"Acabei de acordar, estava cansada, o sol me enfadou"
Em questão de segundos ele me responde:
"Nunca demore tanto para me responder"
"Eu fiquei preocupado"
Tenho certeza que a segunda mensagem foi apenas para não deixar a primeira num "tom" tão rude.
"Eu sei que você só mandou a segunda mensagem para amenizar a primeira. Eu não vou mais admitir que você imponha seu tom autoritário como se eu fosse algo sua. Se você quiser continuar comigo, saiba que eu também tenho regras."
Coloco o celular de lado um pouco e levanto da cama. Dobro o edredom, forro a cama e volto a sentar na mesma porque já havia chegado uma mensagem dele:
"Eu não te prometo que nunca mais usarei meu tom, mas prometo evitar o possível. Em relação às suas regras, acho que podemos conversar sobre isso aos poucos."
Suspiro um tanto aliviada, apesar de meu peito ainda estar carregado, sorrio.
"Ok, nos falamos depois então."
Antes de eu poder travar o celular ele respondeu:
"Ei, não, espera!"
Me pergunto mentalmente o que ele queria comigo, como não encontro nenhuma resposta compatível, resolvo perguntar:
"Pois não?"
Acredito que nem está saindo do chat:
"Vai na sua varanda"
Estranho a mensagem, mas levanto e ando até lá cuidadosamente. Ao chegar e encostar na barra de proteção, vejo ele me olhando de baixo
Nathan: Senti que aquela primeira vez que cantei deu certo. Que tal tentar novamente?
Bia: Não sei se dessa vez funciona.
Nathan: Não custa nada tentar. -sorri. Talvez meu ponto fraco seja seu sorriso-
Ele começa a dedilhar o violão e logo reconheço a música:
Shawn Mendes - There's Nothing Holdin' Me Back
I wanna follow where she goes
I think about her and she knows it
I wanna let her take control
'Cause every time that she gets close, yeah
...
She pulls me in enough to keep me guessing, mmm
Maybe I should stop and start confessing
Confessing, yeah
...
Oh, I've been shaking
I love it when you go crazy
You take all my inhibitions
Baby, there's nothing holdin' me back
You take me places that tear up my reputation
Manipulate my decisions
Baby, there's nothing holdin' me back
There's nothing holdin' me back
There's nothing holdin' me back
Enquanto ele canta eu começo a pensar se ele não estaria dizendo aquilo na música mesmo. Ao parar nessa parte, ele olha pra mim e eu o encaro.
Nathan: Talvez eu tenha ciúmes, talvez eu seja autoritário, mas a explicação é que: quando se trata de você nada pode me segurar. Não há nada me segurando. Eu decidi deixar todas as coisas possíveis para trás.
Bia: Você tem certeza que não precisa daquelas coisas?
Nathan: Eu preciso de você.
Bia: O que isso quer dizer exatamente?
Vejo ele se ajoelhar vagarosamente enquanto põe o violão para trás.
Nathan: Aceitar ficar comigo?
Bia: Eu já estou com você
Nathan: Não como amigo. Que tal namorado?
Bia: Você tem certeza disso?
Nathan: Você tem? -sorrio e ele o faz logo em seguida- Nada precisa ser exatamente como são nos filmes. As coisas só precisam ser boas para ambos. Então se quer chamar de namorado, chama.
Bia: Sim, eu quero. -sorrio e ele escala a parede até minha varanda.-
Nathan: Eu prometo que vou te fazer feliz. Nem que isso custe me mudar.
Bia: Obrigada por fazer isso por mim -sorrio-
Nathan: Tudo por você, Bia.
Bia: Então você vai mesmo ouvir minhas regras?
Nathan: Entraremos em um acordo em relação a isso, Ok?
Bia: Por mim tudo bem. -sorrio-
Ele tira um monte de chocolate de dentro do violão, comemos enquanto conversamos sobre as coisas. Quando ele foi embora para casa já eram quase 11 horas da noite.
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