Inferno Perfeito () LIVRO CO...

By CamilaFerreira21

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Obra registrada na Biblioteca Nacional. Sinopse: Laura Ryder sempre sonhou em fazer história com uma grande... More

Sinopse
Prólogo
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Dan Walker - Passado Confidencial
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Amor Confidêncial
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By CamilaFerreira21

Laura

Encaro o corpo sem vida enquanto me afasto de costas até o meu corpo chocar-se contra a parede atrás de mim. Tudo agora está em silêncio e, a única coisa que posso ouvir é o meu coração batendo violentamente.

— Meu Deus! — meu corpo desliza de costas contra a parede fria até chegar ao chão. Dan Walker já está próximo ao homem, analisando e verificando cada pedaço do seu corpo. Ele pega seu celular do bolso e pressiona a tecla.

— Steve, verifique o hotel. Havia um homem aqui com a Laura e eu acabei de matá-lo.
— Sim. Tudo leva a crer que seja eles. — Dan espera alguns segundos e logo desliga, enfiando seu aparelho no bolso.

Ele parece não encontrar nada no homem e desiste. Em seguida aproxima-se de mim.

Não consigo chorar e, o que sinto neste momento é um misto de alívio com o medo. Sei que alguém está nos perseguindo e isso tem tudo a ver com a morte de Mohamed.

Fecho o meu rosto com as minhas mãos e respiro fundo para não entrar em uma crise nervosa ou algo do tipo. Sinto um toque leve nos meus ombros me fazendo lembrar de que Dan está aqui. Ergo minha cabeça para encontrá-lo me observando e dessa vez, consigo detectar um traço mais tênue de algo incomum dentro dos seus olhos.

Ele me salvou novamente; me livrou da morte.

Inesperadamente jogo o meu corpo contra o dele, abraçando-o apertado, como se isso fosse aliviar o que estou sentindo agora. Sinto o seu corpo tensionar, mas ele não se afasta, muito menos retribui o meu abraço. Choro sobre seu ombro sem saber exatamente o porquê, porém, agradecida por ele estar aqui.

— Precisamos ir. — ouço o dizer e então, sem que eu perceba, Dan Walker me ergue com facilidade e quando estou de pé, ele me carrega. Sinto-me uma boneca em seus braços enquanto ele me envolve. Enlaço meus braços em volta de seu pescoço e ele me tira daqui, de perto do corpo sem vida e ensanguentado sobre o mármore do banheiro. Ele me coloca delicadamente sobre a cama e se afasta rapidamente voltando para o banheiro. Ele sai de lá com um roupão nas mãos e me entrega calado. Me visto rapidamente porque sei que devemos sair daqui o mais rápido possível. Depois de vestida ele se aproxima.

— Venha. — Dan me puxa pelo cotovelo e saímos pela porta, caminhando rapidamente em direção às escadas. Descemos os degraus  correndo e Dan segura com firmeza a minha mão firmando para que eu não caia. Ele está a minha frente sempre atento a qualquer movimento estranho. A tensão e a adrenalina me consomem enquanto descemos cada lance das escadas na terrível expectativa de que alguém ruim apareça; como se alguém fosse nos surpreender a cada instante.

Chegamos ao térreo e, ao invés de sairmos pelo saguão principal, Dan me conduz até a saída de incêndio. Assim que colocamos nossos pés do lado de fora, corremos até o estacionamento ao lado. Estou descalço e Dan me conduz até o mesmo carro que Steve me trouxe até aqui. Mal prendo o sinto e o carro já está acelerando pelas ruas de Nairóbi.

— Pra onde vamos? — quebro o silêncio e ele alcança um aparelho dentro do bolso de sua calça enquanto dirige. Ele aperta um único botão em seguida.

— Steve, preste atenção. Estamos na rua. Limpe a sujeira e feche a nossa diária.

— Onde nos encontraremos? — a sua voz ecoa pelo rádio em uma altura que pode ser ouvida daqui.

— Não nos encontraremos aqui no Quênia. Estaremos embarcando!

— Já verifiquei tudo. Não há ninguém suspeito. Deixe comigo. Tudo estará limpo por aqui! Nos encontraremos em breve.

— Fique atento! — ele pede para Steve e logo desliga, enfiando o seu aparelho dentro do bolso da calça. Decido não perguntar novamente para onde vamos e assim fico calada enquanto ele dirige até o carro entrar, subitamente, em um estacionamento fechado.

— Por que paramos? Que lugar é este?

— Um shopping chamado, Westgate. — ele informa e se não me engano, esse shopping foi alvo de terroristas há alguns anos e ganhou manchetes mundiais por causa dos ataques. — Você precisa de roupas. — encaro-o incrédula.

— A polícia pode estar atrás da gente. Tem um homem morto na suíte onde me hospedei.

— Eu usei um nome falso. Steve está cuidado do resto! — ele informa tão calmamente como se tivesse me contando o seu dia no trabalho.

— Eu não posso andar em um shopping de roupão e descalça.
— Que tal não discutir enquanto estou te ajudando? Não é seguro ficar sozinha aqui. — ele diz e desce do veículo batendo à porta logo em seguida.

Não tendo alternativa alguma, sigo-o vestida apenas com o roupão e me sentindo bizarra. Algumas pessoas se estranham enquanto tento acompanhar os passos apressados de Dan a minha frente. Entramos na primeira loja de departamentos e coloco a primeira roupa que encontro. Uma calça jeans e blusa de manga cinza agora compõem o meu visual. Calço uma sapatilha preta e me sinto como gente novamente. A vendedora parecia assustada quando havia me visto entrar, mas preferiu não dizer nada até Dan pagar em dinheiro com cara de poucos amigos.

Saímos rapidamente e seguimos em direção ao estacionamento. Dan está calado e, eu decido parar antes de entrar no carro novamente. Ele abre a porta e me observa parada no mesmo lugar.

— Vamos embora daqui? Quero dizer... Para minha casa? — questiono-o com a voz trêmula e embargada. Dan Walker tranca seus olhos nos meus e, assente duas vezes com a cabeça. — Para minha... casa? — ele trava sua mandíbula e respira pelo nariz soltando o ar com força.

— Sim. — ele responde e as lágrimas se formam instantaneamente no canto dos meus olhos.

— Obrigada por me ajudar. — ele não responde, mas, novamente vejo um traço ínfimo de algo mais profundo em seus olhos.

***

Estamos no ar há mais horas que pude contar. Não tive problema algum com minhas documentações e graças a postura controlada e extremamente calma do homem sentado ao meu lado, aqui estou eu, voltando para os EUA. Sua forma de agir me impressiona.

Ele não disse nenhuma palavra até agora e, confesso que isso me deixa confusa, com raiva e chateada ao mesmo tempo. Mesmo calado, ele tem o dom de me deixar completamente instável por dentro. Nunca sei sobre o que ele quer ou o que vai fazer, realmente. Estou ao lado de um homem que é um grande ponto de interrogação. As dúvidas e questionamentos transbordam da minha mente sem cessar.

— Quanto tempo até chegarmos? — arrisco a pergunta. Dan está lendo uma revista, mas eu desconfio que ele não esteja lendo realmente matéria sobre economia.

— Não sei. Talvez mais de quinze horas! Ainda temos uma escala.
— Por que tanto tempo?
— Por que saímos do Quênia um dia antes que o previsto. Embora estivesse esperando, não imaginei que aqueles homens já estivessem com a nossa localização.
— Tem alguma ideia de como eles nos encontraram? — ele ainda olha para a revista, pensativo.
— Não.

Dan dobra a revista em sua mão e a introduz no compartimento a sua frente. Estamos em uma classe executiva e, eu não consigo fazer ideia de quanto ele pagou para estarmos aqui. No entanto, estou feliz de finalmente voltar para casa.

***

O restante da viagem foi, dolorosamente, silenciosa. Dan Walker definitivamente não quer conversa ou está louco para se livrar de mim de qualquer jeito. Confesso que está cada vez mais difícil conter a emoção de, finalmente, ter colocado os pés no meu país. Ainda não consigo acreditar que consegui sair daquele inferno. Meses confinada à mercê de pessoas que certamente iriam me matar. Meses apenas ouvindo e presenciando a guerra. Pessoas mortas, famílias destruídas e despedaçadas por uma guerra sem fim.

Dan acaba de alugar um carro e eu espero pacientemente por ele. Já estou aqui e o que ele fez por mim até agora é um grande lucro. Ele salvou a minha vida e me trouxe de volta para o meu país. Não posso brigar se ele decidir me deixar aqui.

— Qual o endereço da clinica onde seu pai está? — ele pergunta me fazendo, instantaneamente, engolir em seco.
— Você vai me levar até o meu pai?
— Eu a trouxe até aqui e pretendo colocá-la dentro de sua casa. — ele diz enfaticamente.
— Obrigada! — ele assente.
— Vamos.

Não demora muito até chegarmos à clínica onde meu pai está, mas é como se estivéssemos andando em uma terrível câmera lenta. Depois do que parecem uma eternidade, dou as coordenadas e o carro estaciona em frente a clinica onde meu pai está. Saímos e Dan me leva até o interior da clínica e eu me surpreendo que ele ainda me acompanha. Ele pode ser frio, aparentar que não se importa, mas o que vi dele até o momento é que ele não é uma pessoa ruim. Dan tem uma extrema dificuldade de mostrar qualquer sentimento ou ele aprendeu a esconder bem, tudo isso. Talvez ele esteja louco para se livrar de mim, mas eu sei que ele não é uma pessoa má.

Entro na recepção e a minha ansiedade me impede que eu seja educada e me faz ir direto ao assunto.

— Procuro por Joseph Ryder. Sou a filha dele! — um rapaz de cabelos ruivos e aparelhos nos dentes me observa atentamente.

— Um momento, por favor! — ele pega seu aparelho telefônico e chama alguém. Desliga e pede que eu espere um pouco. Impaciente, afasto-me e me viro para Dan Walker que parece olhar para o seu relógio mais vezes que eu pude contar.

— Você é a jornalista que desapareceu há meses na Somália? — viro-me ao som da voz de uma senhora que eu não identifico. — concordo com a cabeça freneticamente.

— Sim. Sou eu. Sinto muito por deixá-lo aqui por muito tempo, mas eu...

— Senhorita Ryder, certo? — ela me corta e eu concordo com a cabeça.

— Por favor, senhora. Preciso que você me dê informações sobre o meu pai. Eu realmente...

— Quem é o homem que está com você? Ele é irmão, marido...

— Um amigo que me ajudou a chegar aqui. — Informo e ela respira profundamente.

— Queira me acompanhar! — encaro o Dan que me devolve um aceno, indicando que vai me esperar.

Entramos em um lugar que suponho ser um escritório. A mulher pede que eu me sente e respira fundo com seus olhos fixos aos meus.

— O seu pai apresentou muitos problemas de saúde enquanto a senhorita esteve na Somália. Ele...

— Ele está mais doente? Eu já sabia que isso iria acontecer, mas...

— Não, senhorita Ryder. Seu pai faleceu há cinco meses. — encaro-a sem piscar e um mal súbito toma conta de mim. O que ela diz, parece tão absurdo que eu mal consigo respirar. As lágrimas descem dos meus olhos e meu corpo quer expulsar o meu coração para fora.

— Não, não pode ser...

— Ele apresentou alguns problemas cardíacos e um quadro infeccioso. O senhor Ryder não queria comer. Estava cada vez mais triste achando que a filha havia morrido. Alguns jornais até acreditaram nisso, pois não houve pedido de resgate.

— Eu tive que fugir, mas eu não imaginei que ele estivesse tão mal.

— Eu sinto muito. — ela diz, mas eu sinto meu coração indo de encontro a solas dos pés.

Começo a chorar com as lembranças de tudo que vivi ao lado do meu pai. De todas as coisas que abdiquei para cuidar dele. Ele foi o único que me encorajou a ir a Somália, acreditando que devemos fazer o que amamos. Ele me abençoou e me desejou sorte, porém, tudo aconteceu muito rápido e eu não pude ser capaz de me despedir; abraçá-lo uma última vez. Meu choro agora é de auto-piedade. Soluço entre minhas mãos, desesperada. Tudo agora passa em câmera lenta como se isso não fosse real. Como se estivesse vivendo um terrível e doloroso pesadelo.

Parece que passaram horas que sou aqui, mas foram alguns minutos intermináveis de choro e que, nem havia reparado que a senhora tinha me deixado sozinha. Ergo meu corpo e pego a água que deixaram aqui sobre a mesa. Eu bebo quase todo o conteúdo e logo em seguida respiro o ar com força.

A porta se abre e, supreendentemente, Dan ainda está aqui. Eu o encaro com a minha recém e devastada expressão no rosto. Ele respira profundamente e se aproxima de mim, parando o seu corpo diante do meu.

— Eu sinto muito — ele diz, completamente sem um resquício de emoção na voz, porém, consigo de alguma forma detectar um rastro ínfimo de sentimento por trás dos seus olhos frios. Ele sente, eu sei.

A responsável pela clínica havia passado todas as informações do enterro do meu pai e o local onde foi sepultamento. Como se tratava de uma clínica particular, pedi um tempo para pagar o que devia, porém, eles me garantiram que não havia nada a ser pago pelos meses e eu pude respirar aliviada.

Mostrei o caminho da minha casa pelo GPS e não precisei abrir a minha boca todo o trajeto. Na minha mente, só consigo ver o meu pai e todos os momentos felizes que tivemos juntos.

Imagino como minha casa deve estar vazia e completamente repleta de lembranças.

Quando o carro aproxima-se da minha rua, a tristeza parece me consumir ainda mais. Tudo que mais sonhei durante todos esses meses está acontecendo, mas sem a pessoa mais importante da minha vida ao meu lado.

— Parece que chegamos! — Dan Walker estaciona um pouco antes. Meus olhos estão presos na casa onde eu cresci em Springfield. Tudo parece ter congelado no tempo. A rua continua vazia e o vento balança as árvores do lado de fora.

— Sim. Chegamos! — digo, pela primeira vez, desde que saímos da clínica. — Acha que estarei segura aqui?

Ao invés de me responder, ele me encara nos olhos. Suas mãos apertam com força o volante.

— Irei fazer uma pergunta e quero que você me responda de maneira direta, sem subterfúgios de qualquer natureza, ok? — engulo em seco e concordo com a cabeça.

— Você convivia com Mohamed ou qualquer outro, enquanto esteve naquele cativeiro? — nego com cabeça

— Eu mal conseguia falar com Jamal, o rapaz que me ajudou a fugir. Ele também fugiu, mas não sei nada sobre ele ou sobre ninguém daquele grupo. — ele assente levemente com a cabeça.

— Respondendo à sua pergunta: Nunca estamos 100% seguros em lugar nenhum, Laura, mas... — ele vira seu rosto, fixando seus olhos no volante. — Eles não irão te encontrar aqui. Não sabem nada sobre você. — aceno com a cabeça mesmo sabendo que ele não me olha agora.

— Obrigada por me ajudar e me trazer até aqui. — ele continua com o olhar fixo sobre o volante comprimindo mandíbula com força.

— Eu, eu vou ficar bem! — Digo, na tentativa de convencer a mim mesma enquanto abro a porta do carro. Desço e fecho a porta atrás de mim, me virando para olhá-lo uma última vez. Dan Walker me observa através do vidro por alguns segundos e em seguida acelera. Meus olhos acompanham o carro se afastando e desaparecendo pela rua. Sinto um aperto no coração como se isso fosse errado.

Vê-lo desaparecer, por algum motivo, dói.
O ar frio não pode ser capaz de ultrapassar todos os meus sentimentos agora.
É isso. Acabou. Todos se foram e, como se fosse mágica, eu estou aqui, sozinha. Presa dentro de um abismo de muita tristeza e frustração.

__________________

Opa! Parece que o capítulo desapareceu. Ele sumiu aqui também e eu não sei responder o que houve!

Se você ainda não me segue por aqui, peço, por favor, que me sigam para poder ver todos os capítulos sem problema algum. Aproveito para agradecer a todos pelos comentários.

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Até o próximo... Tentarei ser rápida. Prometo!!! ❤️

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