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Dan Walker

Acredito que há anos não sou desafiado como tenho sido por essa mulher. Os meus alvos não contam. Eles não sabem do que sou capaz, mas ela sabe. Essa mulher ocupando o mesmo espaço que eu sabe exatamente do que sou capaz e mesmo assim não se intimida ou se importa. Não vejo medo como deveria ver e muito menos angústia. Sua língua desafiadora me faz querer falar e ao mesmo tempo arranca-la. Eu farejo como um animal suas necessidades físicas e principalmente, a emocional.

Laura está afetivamente ligada a mim e eu prometi a mim mesmo, em algum momento, que cuidaria de sua segurança. Eu sabia que isso iria acontecer, mas eu, inadvertidamente, permiti. Aquelas vítimas do passado me rondam como fantasmas e cuidar dela, parecia o ideal a fazer, mesmo sabendo que eu estava arriscando muito. É como se eu pudesse pagar um pouco da minha penitência por algo no qual eu sou o único culpado.

O alaranjado toma conta do céu, refletindo sobre a imensidão do mar que parece um tapete brilhante, visto daqui. Meus pensamentos tomam direções diferentes, entrando em colapso entre o real motivo de querer que ela fique e não querer. Este era o momento em que eu deveria me sentir aliviado de me livrar dela e, no entanto, quero-a aqui e segura. O problema é que eu já sei que meu pedido a fará ficar. Ela é previsível demais e seus sentimentos são cristalinos. Eu a leio o tempo todo para saber que ela está extremamente envolvida por mim.

— Dê-me um motivo, Dan? — sua voz baixa me traz de volta ao presente. — Mostre-me que você me quer aqui. — eu me viro, encarando sua figura frágil enquanto segura sua mala de rodas com o zíper meio aberto. Pela sua expressão e o modo como ela mexe nervosamente o seu corpo, eu sei que ela não quer ir. Ela apenas quer ouvir da minha boca que eu não quero que ela vá.

— Eu não quero que vá. — digo firmemente e sua expressão se suaviza. É quase imperceptível, mas eu noto. — Suas escolhas estão basicamente ligadas a duas palavras: morrer ou viver. Se escolher viver, fique. No entanto, se sua escolha for a morte, vá e aceite o seu destino. — ela engole em seco e seus olhos se inundam de lágrimas. Eu sei que minha sinceridade pode ser chocante às vezes.

Ela solta o ar pela boca e fecha os olhos apertados, completamente perdida. Seu emocional ainda está muito abalado para que ela pense ou aja de uma maneira racional. Vou usá-lo para que ela não pense em ir embora. Para que eu não carregue mais uma morte nas costas.

— Eu fico. — ela sussurra sem abrir seus olhos e eu, sinto-me aliviado. Talvez eu não tinha absoluta certeza de que ela realmente queria ficar.

***

Eu a deixei no quarto e pedi que levassem o café da manhã até lá. Estou com Steve no meu escritório que fica no andar inferior. Tivemos a confirmação de que o nosso alvo pode ser o empresário do petróleo de Dubai. Gastei uma pequena fortuna para que ele fosse investigado, mas ele não aparece muito. Não se exibe e vive escondido dentro de uma grande mansão. Seus carros são obscenamente caros e sua vida regada a festas privadas e mulheres.

— Encontrou algum lugar seguro para Laura? — pergunto sem tirar os olhos do meu laptop.

— Sim. Posso levá-la quando quiser. Podemos viajar daqui a dois dias para Dubai. Alguns espiões já estão rastreando os passos do empresário com o nome de Khalil. No entanto, há grandes chances dele ser Ayman Zahir. — aceno com a cabeça em concordância.

— Ótimo. Pode levá-la amanhã bem cedo!
— Quer saber o lugar onde eu a levarei? — encaro-o com as sobrancelhas erguidas.
— Não. Apenas a mantenha segura. Tenho quase certeza de que este é o nosso alvo e matando-o, não precisaremos mais nos preocupar. Ela estará livre para seguir a sua vida. — Steve olha para o seu laptop, mas ele não está realmente prestando a devida atenção a ele.

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