~~ Anna Narrando ~~~
Estava machucada, as lágrimas que escorriam pelo meu rosto fazia um corte na minha boca arder. Mais aquele meu estado nem se comparava ao do meu coração.
É melhor eu me levantar e inventar alguma coisa, não posso ficar aqui desde jeito.
Me levantei sentindo muita dor na barriga e em outras partes do meu corpo...
Me apoei na pia e lavei meu rosto. Terminei, e respirei fundo. Eu amo Guilherme, não posso deixar ele. Eu sei que ele me ama, juntos vamos vencer isso e mostrar pra Janaína que somos um casal unido de alma.
- Eu vou ser forte. - Abri a porta e me deparei com uma cena que fez meus olhos transbordarem novamente, eu perdi meu chão.
Lá estava Janaína e Guilherme se beijando, ela se esfregava no corpo de Guilherme, que logo a empurrou.
Os dois olhavam pra mim.
- Fofa, eu disse que ele não dava a mínima pra você. Tá vendo? Isso é a prova. - Janaina riu vitoriosa.
- Janaina eu juro que se você não calar a droga dessa boca eu vou esquecer que existe a lei Maria da Penha. - ele gritou com ódio. - Amor...o que ela fez com você?. - Guilherme chegou com os olhos cheio de lágrimas.
- Não encosta em mim. - disse baixinho mais expressava raiva em minha voz.
Estava mal, o mundo girava e eu estava arrasada... meus sentimentos me sufocavam, de repente tudo ficou escuro e só escutei Guilherme pedindo perdão.
~~~~ horas depois. ~~~~
Senti um beijo em minha mão e um cheiro de hospital.
Estava no Hospital ?
- Amor, você acordou. - Guilherme abriu um sorriso, ele estava com uma cara de alguém abatido e cabelo bagunçado.
- Eu... Estou sentindo muita dor. - comecei a chorar.
- Amor. - ele também começou a lacrimejar. - Eu sei que os machucados estão doloridos mais vai passar. - ele disse engolindo o choro.
- Não são os machucados- segurei sua mão. - É aqui. - coloquei a mão dele em meu peito. Foi o suficiente para ele liberar a lágrimas que segurava.
- Amor, me perdoa... ela... - alguém entrou no quarto.
Janaina e a mãe de Guilherme.
- Oh meu Deus, você está bem minha querida? Me perdoe pelo ato infantil da minha sobrinha, vamos tomar devidas providências, por falar nisso ela veio te pedir desculpas - ela falou alisando meus cabelos.
Desculpas? Fala sério!
Janaína encostou e começou a tentar chorar.
- Posso conversar com Anna a sós? - ela disse.
Eu estava com medo, mais também estava disposta a falar certas coisas pra ela.
Todos saíram, só estava eu, Janaina e a falsidade dela.
- Olha gata, me arrependi de não ter ter causado mais danos.
Não acredito que ela disse isso.
- Janaina, fique saben...- ela me interrompeu.
- Cala a Boca! Quem vai falar aqui sou eu. - ela virou disfarçadamente para trás e viu que ninguém estava lá e continuou.
- Você é muito idiota Anninha, porque você não volta pra sua cidade e nos deixa em paz? Você não se tocou? Olha pra você e olha pra nós. Você deve estar acostumada a comer arroz com ovo, vestir roupa usada, você é mal trapida, deve usar perfume da Avon... - ela começou a rir.
- Janaina. - ela me olhou rindo. - Minha família pode não ter condições... posso comer arroz com ovo, minhas roupas são quase todas doadas, meu perfume pode ser da Avon, mais eu vou deixa claro uma coisa. - limpei minhas lágrimas. - eu tenho caráter e isso pra mim é mais valioso do que a droga do dinheiro que você tem. Eu nunca precisei machucar ninguém, nunca. Enquanto você tem tudo do bom e do melhor, mais o que tá dentro não vale nem o meu fio do meu cabelo. - ela estava respirando rápido. - Sai daqui...- gritei chorando. Num baque a porta é aberta e Janaina é arrastada pra fora.
Ficamos só eu e Guilherme lá dentro. Ele só me olhava.
- Anna, antes que você fale alguma coisa eu... - Eu não pensei duas vezes.
- Acabou Guilherme. - disse chorando.
- Não Anna, não faz isso comigo eu te... - não queria ceder. Já sofri demais na minha vida, e eu estou tentando fazer dar certo, uma coisa que obviamente nunca vai dar.
- Acabou o que nem começou.- disse pausadamente. Guilherme estava em choque. - O que eu sinto por você, Guilherme, é algo que jamais senti por alguém. Mas veja, isso é uma prova que nossa história de amor é impossível, como um amor entre um cacto e um balão, ou um peixe e uma ave.
Não me ache covarde, sò não quero acarretar mais problemas pra sua vida, pra sua família.
Eu... eu te amo. E por te amar, vou te livrar do caos, da confusão que eu sou. - Chorei.
Eu estava tão arrasada que não quis pensar nas consequências.
Eu estava me sentindo tão sozinha, tão vazia, tão machucada. Tentei me levantar, mas me derrubaram de novo. Estou fadada a viver em um mar de tristeza.
~~~~Guilherme Narrando~~~
- Acabou. - ela disse chorando.
Perdi meu chão. Como realmente me sinto? Não sei, talvez, meio fora de órbita, meio deslocado. Tenho essa sensação de não pertencer a nenhum lugar específico, como se tudo a minha volta fosse mentira, como se eu fosse acordar e perceber que tudo que passei até hoje não passou de um mero sonho, apenas uma fantasia.
Se eu soubesse o que ia acontecer, não abriria os olhos pela manhã.
- Anna eu quero te fazer feliz, me dá mais uma chance. - falei aos prantos. Ela me analisou e começou a dizer chorando.
- Você realmente quer me fazer feliz? Eu não quero promessas. Eu quero ação, quero sentimento, eu quero amor. Pois você sabe que se depender de mim o nosso "nós" nunca vai ter fim. E se continuar tendo amor o resto flui naturalmente. Mas agora eu quero parar com isso. Estou muito mal, nunca fui tão humilhada na minha vida - ela respirou fundo. - Quero ir embora. - ela disse limpando as lágrimas.
Ela duvidava do que eu sentia? Quem ela pensa que é pra duvidar dos meus sentimentos? Ela foi a unica mulher que permiti conhecer o meu coração, o meu interior.
Uma raiva subiu em mim de repente, não pensei nas consequências e comecei a responder friamente.
- Suas malas estão no carro, a gente ia ficar na casa dos meus pais hoje, como você estava desacordada fui em casa e fiz suas malas.
Alex, meu motorista vai te levar para a rodoviária e comprar a passagem. - falei tentando ser o mais frio possível, mais tudo que eu queria era abraçar ela e dizer o quanto estou apaixonado.
Mas sempre fui orgulhoso e impulsivo, me virei e sai do quarto.
~~~Anna Narrando~~~
- Paciente Anna Alice ? A senhorita recebeu alta. - a enfermeira entrou sem pedir licença, depois que Guilherme saiu levando meu coração.
- Dr. Fernando quer falar contigo antes de você ir embora. - ela falou me ajudando a Levantar, estava com as costas e abdômen dolorosos.
- Obrigada senhora... - olho o crachá da enfermeira - Anastácia. - completou
- Não há de que senhorita, venha, vou te levar até o doutor. - Anastácia me guiou pelo corredor.
- Como está ? - ela disse sorrindo.
- Tentando suportar. - Ela parou e abriu a porta.
- Dr. Fernando , aqui está a paciente do quarto 04. - Anastácia disse rapidamente e me empurrou pra dentro. Olhei para ela, que piscou para mim.
- Sente-se. - fiz o que ele pediu. Ele aparentava ter uns cinquenta anos e era muito bonito.
Ele me receitou alguns remédios e me examinou. Disse que sentiria dores nos próximos dias, mas logo estaria bem, me deu um analgésico e sorriu.
- Pronto. Fiquei pasmo ao ver que meu afilhado finalmente soube o que é amar. Uma namorada, quem diria.
Corei e senti vontade de chorar.
Não doutor, ele não sabe o que é amar. Ele me tratou como um lixo e não insistiu, nem lutou contra aquelas palavras de desespero que sairam da minha boca.
- Não, eu não sou mais...- Suspirei e engoli o choro.
- Mas ja? Esses jovens de hoje em dia. Sinto muito.
Me despedi do Dr. Fernando e fui para sala de espera onde Guilherme estava, sua mãe deve ter ido embora, levar Janaína.
Guilherme veio em minha direção.
- Já comprei suas passagens, a viagem será daqui meia hora, a rodoviária é perto do hospital.- ele disse frio.
- Pensei que era mais maduro do que isso. - disse brava.
- Boa Viagem. - Ele virou e saio.
Segurei minhas lagrimas e fui em direção ao motorista que não trocou nenhuma palavra até chegarmos à rodoviária.
- Aqui esta o suas malas, Boa Viagem. - ele disse triste. - Guilherme é um moço bom ele... - não queria mais ouvir aquele nome.
- Não, não precisa justificar as atitudes dele. Obrigada. - sorri e apertei sua mão.
Entrei no ônibus e comecei a chorar. Não sei o que tenho, estou infeliz. Não me sinto bem, estou triste, magoada, decepcionada, arrasada e vazia. O motivo disso? Não sei. Sinto que preciso de algo, mas não sei o que é. Talvez seja ele, mas não direi isso. Não mais, nunca mais. Me sinto sozinha, fragilizada, necessitando de cuidados e não recebo. Talvez ainda queira ele, mas ele não saberá disso. Nesse momento percebo que Nem meu número ele tem. Se preocupamos tanto em conhecer e curtir os momentos que esquecemos que tínhamos celular.
Me sinto quebrada, incapacitada, desgostosa e sem alma. Sem meu Guilherme.