Conexão Paris - Spin Off - Tr...

By Adelina_e_Fernanda

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Sara Alcântara tem uma viagem para fazer. Ela deixa para trás alguns ressentimentos, muitas dúvidas lançadas... More

Capítulo 1 - Sara
Capítulo 2 - Rodrigo
Capítulo 4 - Brent
Capítulo 5 - Sara
Capítulo 6 - Rodrigo
Capítulo 7 - Matheus
Capítulo 8 - Brent
Capítulo 9 - Sara
Epílogo - Brent

Capítulo 3 - Matheus

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By Adelina_e_Fernanda

Santa Fé, Minas Gerais. 19 de Junho de 2011, 19:03.

A substância cintilante da qual eram feitas as estrelas se aquietava e evanescia, à medida que o fulgor da lua cheia reverberava raios de nuances pálidas e desmistificava a escuridão da noite. Manchas leitosas da via láctea transcreviam caminhos infinitos nas trevas, para além da quietude do firmamento. Por entre algumas constelações esquecidas jaziam histórias sobre guerras, tragédias passionais, amores perdidos. Odes clássicas que tomavam um fôlego de vida todas as noites.

Era o que minha mãe dizia, quando íamos até a entrada do trailer no qual morávamos e sentávamos aos cuidados da cobertura etérea e distante do céu. Ela narrava registros épicos e fantásticos sobre estrelas que eram cavaleiros errantes, donzelas em perigo, seres mitológicos e casais que se obrigaram a viver separados por rios de constelações. Anos depois, já sem ela, descobri que menos da metade das histórias que ela contava existiu na mitologia histórica e, que as que existiam, eram diferentes dos relatos dela.

E ela sabia contar histórias.

Marau, Rio Grande do Sul. 19 de Junho de 1996, 21:51.

-Vem, Matheus. - Catarina Bianchi sussurrava. Os dedos frementes seguravam meus ombros raquíticos e me empurravam na direção de uma portinhola. - Rápido! - A ordem insegura era entoada em um arroubo de coragem que ela tentava repassar para mim. - Você se machucou? - Perguntou assim que pisamos na relva orvalhada da noite fria de inverno. Eu via lágrimas transbordarem suas pálpebras e rolarem pela pele pálida e maculada por manchas arroxeadas. Os olhos amendoados fitavam-me com uma tristeza embalada pelo medo.

-Estou bem, mamãe... - Minha voz esganiçada e aguda de criança saltou como um murmúrio.

-Que bom, meu amor. - Ela afagou meus cabelos claros e finos, desleixados pela falta de corte.

Depois de verificar se eu estava devidamente agasalhado, pediu-me para andar o mais rápido que eu pudesse, mesmo que sentisse frio, e para ter coragem, porque sabia que eu temia, um pouco, o escuro. Eu disse que a protegeria do frio, se precisasse, e que não sentia mais medo do escuro, porque ele já havia sido claro horas atrás. Ao ouvir-me, ela sorriu. Nós corremos. O ar frio e seco penetrava minhas narinas, permeava meus pulmões e os fazia doer. Depois de alguns minutos minhas pernas enrijeceram e eu me esforcei para manter o ritmo, mesmo com as fisgadas em determinados pontos do corpo.

Quando as ruas se tornaram mais povoadas, nossa corrida se tornou caminhada, e eu agradeci silenciosamente. Minha mãe esquadrinhava o lugar e parecia procurar por algo. Pressionava minha mão contra a sua e puxava-me sutilmente para mais perto dela. O frio que sentia não se comparava à fome que assolava meu estômago vazio, mas não reclamei, porque sabia que ela não tinha nenhum dinheiro consigo, e que não havia muitos vizinhos que cultivassem amizade com ela.

-Vamos entrar ali. Está vendo? - Ela apontou para uma lanchonete conhecida por ter o melhor sanduíche Xis-coração do bairro. Só de pensar no aroma de comida quente meu estômago contorceu-se.

-Vamos comer, mamãe?

-Claro que sim. Esqueceu que hoje é um dia especial? - O sorriso não combinava com o semblante cadavérico e tristonho. - Não? - Seu cenho franziu-se.

-Não... Que dia é hoje?

-Seu aniversário, filho. - A voz dela tornou-se aveludada e compreensiva, e eu fitei a lanchonete.

Todos os anos, naquela data, eu aumentava um ano na idade. Outras crianças gostavam de seus aniversários pelas festas com bolo, brigadeiro e cachorro-quente, com os amiguinhos de escola e com os presentes que ganhavam. Eu gostava do aniversário por apenas um motivo. Eu tinha consciência de que estava mais velho e logo ficaria mais forte, então poderia proteger minha mãe de meu padrasto, e esse era meu sonho. Envelhecer o suficiente para poder protegê-la.

-Ah...

-Ei, Matheuzinho, se alegre. Vamos dividir um Xis-coração? Se quiser, eu te dou minha parte. Você deve estar com fome, não está?

Eu sabia que ela tentava me alegrar, por isso sorri e puxei sua mão, como se insistisse para que fôssemos logo. Minha fome não se comparava a urgência de tentar fazê-la se sentir melhor. Não queria que ela adormecesse mais uma vez chorando, ou ouvir suas lamúrias solitárias. Se dividir um Xis-coração fizesse minha mãe feliz, eu faria.

-Vamos, mamãe. Antes que feche. - Ouvi sua risada, e ela tentou colocar-me no braço. Eu era leve, magro demais para minha idade, mas pesado demais para que ela me segurasse. Nós rimos de sua tentativa, e nos apressamos para entrar na lanchonete.

Quando passamos pela porta, ouvi o sino ressoar para avisar a garçonete que clientes novos chegavam. Ela analisou a mim, primeiro, e sorriu de forma maternal. Conhecíamos um ao outro de outros tempos. Eu lavava pratos naquela lanchonete, sem que ninguém soubesse, e podia comer alguns sanduíches que ela e o rapaz que trabalhava na chapa faziam. Um dia o dono da lanchonete descobriu e me enxotou do lugar como um cachorro que roubava comida de seu estabelecimento. Minha sorte era que minha mãe nunca descobriu a história, e que o dono da lanchonete raramente aparecia por lá.

-Olá, Matheuzinho. - Ela sorriu para mim, e depois fitou minha mãe. - A senhora deve ser mãe dele.

-Sou... Como conhece o Matheus? - A pergunta era desconfiada, e ela pôs as mãos em meus ombros.

-Vejo seu filho passar pela rua as vezes. É um bom menino. - Ela piscou para mim, e eu sorri.

-Hm... - Minha mãe não parecia muito convencida com a história, e eu puxei a manga de seu casaco. - Ah, sim. É. Quanto custa o Xis-coração? - Ela perguntou incerta, e Margot, a garçonete, pegou o cardápio. - Hoje é aniversário dele, queria que ele comesse algo que gosta. - A revelação foi bem mais segura, e Margot ergueu as sobrancelhas. Olhou-me com a mesma alegria que minha mãe queria que eu tivesse, quando contou-me sobre o aniversário. Eu baixei a cabeça, minhas bochechas queimavam.

-Aqui está, senhora. Agora, você, mocinho... Parabéns! Já está com quantos anos, posso saber?

-11, senhora. - Murmurei, educadamente. Ela riu.

-Senhorita. Não sou casada. - A moça fitou minha mãe, que devolveu o cardápio.

-Ahm... Filho, podemos voltar aqui amanhã? - Ela tinha uma sombra no olhar, e um sorriso amarelo. Eu inclinei a cabeça para o lado, sem entender o motivo de ter fugido, corrido até a rua da lanchonete, entrar, olhar o cardápio e não comer o Xis-coração, como ela queria. Mas a garçonete pareceu entender bem os motivos de minha mãe, e interrompeu nossa conversa.

-Eu também quero dar um presente para o Matheuzinho. - O olhar que ela trocou com minha mãe foi cheio de compaixão, gratidão. - Que tal um Xis-coração e depois um sorvete de chocolate com cobertura? - Ela sugeriu, e meu estômago roncou alto. Passei as mãos pela barriga e fitei minha mãe, que tinha os olhos brilhantes. - Nós dividimos, senhora. - Ela continuou.

-Deus te abençoe. - Minha mãe murmurou em resposta.

-Que Ele te abençoe também. - Margot tomou nota do pedido, e entregou ao rapaz da chapa. - No capricho, temos um rapazinho aniversariante, aqui. - O rapaz esticou o olhar até mim e acenou, com um sorriso no rosto suado e oleoso.

Não esperamos muito. Apesar de haver mais gente nas mesas ao nosso redor, o nosso sanduíche chegou antes. Margot trouxe uma vela pequena, colorida em azul e branco, e a acendeu. Fitou minha mãe e as duas começaram a cantar "Parabéns pra você". Eu não sabia bem o que fazer e juntei as mãos, senti o rosto aquecer e esperei pelo fim. Quando a música terminou, as duas esperaram, e eu soprei a vela. A chama alaranjada apagou-se, e soltou um fio de fumaça cinzenta que espiralou pelo ar.

Assim que Margot foi embora, eu peguei um pedaço do sanduíche cortado em quatro partes e o ataquei, apesar do ralho de minha mãe sobre comer devagar para não engasgar. Eu estava faminto e a comida estava tão quente, tão saborosa. Em poucos minutos eu havia devorado toda a minha parte, e suspirava, saciado. Minha mãe ofereceu um pouco da dela, mas eu esperava por outra coisa. O sorvete de chocolate.

Até o fim dos meus dias eu lembraria do sabor adocicado e gelado daquela sobremesa.

Agradeci quando fomos embora, e senti a alegria momentânea escorrer por entre meus poros aquecidos pelo agasalho. O caminho de volta para casa atordoava-me porque logo estaríamos no inferno com aquele homem que não largava de nós. Porém, enquanto avançávamos pela noite de brisa fria e cortante, minha mãe me surpreendeu uma vez mais. Seguimos para longe daquela rua, mas a relva nos escondeu do monstro que nos esperava.

Os sons da noite eram o vento, os grilos e algumas aves de hábitos noturnos tranquilos, diferentes dos gritos de horror que costumavam ser nossa rotina. Esgueiramo-nos até uma colina e sentamos em um declive. Minha mãe tirou seu cachecol e o colocou em mim, e me fez sentar em seu colo, como quando eu era menor. Fitamos o céu naquela noite e ela me contou um milhão de histórias sobre constelações. Uma delas era a minha preferida.

-Nicanor era um jovem bom de coração, que viu toda a sua família ser dizimada pelo mal, e jurou vingança. Aquele desejo enegreceu seu coração, e ele passou a batalhar cegamente e matar a todos que cruzavam seu caminho, com a desculpa de que ele estava conquistando um lugar para chamar de lar. Ele nunca parava. Desbravou o mundo, conheceu os mais variados costumes e povos. Conquistou terras e riquezas, mas nunca sentiu-se feliz. Ele sentia falta de seu lar, apesar de todo o mundo ser sua casa. Ele sentia falta de sua família, e lembrou-se de quando era pequeno assim como você. Então mudou sua missão. Nicanor, o Conquistador, decidiu que traria paz para a memória de sua família, e partiu para onde tudo começou... Na vila em que cresceu. Lá fez um túmulo para seus pais, e jurou nunca mais deixar que o ódio comandasse sua vontade... Naquele dia ele se sentiu livre. E hoje está lá no céu. - Ela apontou para um amontoado de estrelas, e eu sorri. - Feliz aniversário, filho...

Santa Fé, Minas Gerais. 19 de Junho de 2011, 19:14.

Quinze anos antes eu ouvi a história de um garoto que, como eu, queria vingar o mal feito à sua família. Aquela história sobre estrelas me inspirou em minha fuga cheia de perdas e arrependimentos, repleta de saudade. Eu fugi. Fugi de todos os medos e de todo o desespero que um dia me cercou. Fugi na esperança de que um dia não sentiria mais aquela dor. Acreditava que algo na distância recuperaria minha alma partida em pedaços. Tentei expulsar as sombras que me rondavam, porque eram elas que não me permitiam seguir. Nunca conquistei terras, como Nicanor, o Conquistador, mas conheci milhares de quilômetros, de norte a sul do país.

Não encontrei o caminho de casa, porque nunca tive uma. Não havia deixado nada para trás. Depois descobri que minha casa era a rua, debaixo das estrelas. Era a estrada com duas mãos, idas e vindas. Minha casa era qualquer lugar que me fizesse ser alguém melhor que antes. Aquele era um dos meus jogos. Evoluir.

Quinze anos depois eu reconhecia as falhas e acertos do caminho traçado. 19 de junho, no entanto, era um peso em minha consciência. Nada mais era que uma farsa cruel na qual eu submergia a cada ano. Era quando eu cerrava as cortinas da realidade e me permitia sonhar com uma época em que meu coração não era cicatrizado pela vida. Conectava-me com o passado. Um vislumbre que me fazia pensar ser capaz de encontrar um caminho, longe da dor, e lembrava de um sonho de criança, que era envelhecer, para me proteger do mal.

Sobre envelhecer:

Uma verdade implícita na existência é que o tempo só corre em uma direção.

Envelhecemos, mas as pessoas tem medo de definhar.

Para mim, envelhecer é uma vantagem como nenhuma outra.

A cada dia que passa eu procuro adquirir sabedoria.

A força com a qual sempre sonhei.

Ao envelhecer não estou mais perto da morte, estou mais longe da ignorância.

E nunca precisei de uma festa de aniversário para isso.

Santa Fé, Minas Gerais. 23 de Junho de 2011, 20:03.

As matizes alaranjadas ondulavam pela escuridão, em chamas que sopravam calor ao seu redor. Seu crepitar era inaudível, mas visível em pequenas explosões de cinzas que se desprendiam do fogo para espiralar no ar noturno. Lá em cima, presas por fios dispostos em linhas paralelas, lanternas em forma de balões pendiam, colorindo a noite ao emitir luzes fracas. O jardim da casa dos Guano era preenchido por pessoas do convívio da família, entre amigos e parentes, que se amontoavam nas barracas de quentão e comidas típicas feitas pelas cozinheiras das casas dos Guano. Aquela família levava suas tradições a sério e as festas eram planejadas meticulosamente. Eram muitas, famosas e disputadas. E, como bons anfitriões, os Guano recebiam convidados e circulavam pelas mesas, conversando com cada pessoa de forma agradável e gentil.

Até serviam mesas, se fosse necessário.

Carlos e Rodrigo sempre cuidavam do churrasco e sequer aproveitavam a noite, mas a verdade era que eles se divertiam. Janice rodopiava com um copo na mão, e conversava com algumas amigas, e Alberto oferecia bebidas e enchia os copos. Conversava sobre o tempo, negócios e cotação do dólar. Nice, mãe de Sara, era mais reservada e seguia Janice com uma postura mais altiva, ainda que sorrisse quando se dirigiam a ela. João era o mais extrovertido de todos, e eu conseguia identificar em que roda ele estava pelo som das risadas que ultrapassava a música alta. Brent era o mais discreto de todos, e quase não se notava sua presença lá.

Eu estava com Júlio, George e Cassiano. Nós conversávamos sobre uma música nova que eu escrevi e Rodrigo fez o arranjo. Aquela distração era uma boa alternativa para fugir de minhas aflições diárias. O sabor ácido da bebida consumia minha garganta e me entorpecia, espantava meus fantasmas. Os argumentos intermináveis de Júlio eram seguidos das risadas de George e do tédio expressivo de Cassiano, e eu ria. Brent e João juntaram-se a nós na conversa, e bebemos mais uma rodada. George, abruptamente, e chamou nossa atenção.

-Aquela ali não é a Lílian? - Ele apontou indiscretamente. Júlio olhou sobre o ombro e depois voltou-se para Brent.

-É, parece que a Sara já era mesmo. - Comentou. João bebeu uns goles e deu de ombros.

-Esse filho da mãe é assim e a Sara sabia desde o início. - Ele tentou esquivar-se, mas nós conseguíamos ver em seus olhos a decepção e a raiva que ele sentia. Era seu instinto de proteção. Mais alguns copos e eu sabia que ele e Rodrigo não teriam uma conversa muito amistosa. - Ela sabia. Eu falei que ele a machucaria. A porcaria é que eu falei pra ela que daria uma surra nele caso ele a fizesse sofrer.

-Ei, João... - Cassiano começou. - Não precisa disso, velho. Uma hora essa confusão aí se resolve sem precisar que você se envolva. - Ele tentou um sorriso, e João não pareceu convencido. - Não é, Brent?

-Hm? - O irmão de Rodrigo ergueu as sobrancelhas, alheio a conversa. George riu.

-Não se faça de desentendido. Você ouviu tudo, só não quer dizer pra não se comprometer.

-Eu já disse aos dois que não me envolveria nessa trama Twilight. Só sei que, desde o começo, eu digo que vai terminar mal. - Brent falou em um tom mal humorado, e todos riram.

-Olha ali. - Júlio murmurou, e nós fitamos Lílian, que cumprimentava Carlos com um sorriso enorme no rosto. O pai de Rodrigo retribuiu o gesto com um abraço, mas vimos quando ele apontou para a moça pelas costas dela, para Rodrigo. Ele visivelmente queria uma explicação. George explodiu em risadas, e Cassiano deu uma cotovelada no amigo, que engasgou com a cerveja.

Eu, até então mero expectador, inclinei-me na direção de João, sentado ao meu lado.

-Relaxa, cara.

-Ele expôs minha irmã ao ridículo. - Nunca ouvi a voz de João soar tão séria.

-Mas você não precisa esquentar a cabeça com isso. - Continuei meu raciocínio.

-Você é sempre assim calmo? Não tem nada que te tire do sério? - Indagou. Eu estreitei o olhar e encolhi o ombro. Não respondi nada, mas ele assentiu. - Todos nós temos um ponto fraco. Esse é o meu.

-Mas brigar com o Rodrigo não vai melhorar muita coisa. - Argumentei. - Só vai estragar a quadrilha junina da sua tia. - Fiz a piada, e ele sorriu.

-Ainda bem que eu sei esperar, não é?

Eu nem imaginava o que ele queria dizer com aquilo, mas temia que aquela noite terminasse em uma confusão sem precedentes. Calei-me, para não estender o ressentimento de João, e voltei para a conversa do grupo, que falava de algumas mulheres que trabalhavam no setor de relações públicas do Grupo Guano e que estavam ali à convite de João. Eram três, e entraram no quintal da casa por uma porta lateral. Analisei-as da cabeça aos pés. Elas eram altas e remotamente parecidas, exceto uma que se destacava entre as demais.

Seus cabelos castanhos eram curtos e lisos. Ela usava uma franja que lhe cobria a testa e deixava as feições do rosto mais quadradas. Os lábios eram marcados por um batom vermelho sangue e os olhos eram expressivos e negros. A moça usava um vestido quadriculado temático, como a maioria dos convidados da festa, e sorria com as outras amigas. Eu já tinha um alvo para aquela noite.

Os caras da banda se revezaram em discussões sobre quem chegaria em quem, e eu permaneci quieto. Quando me perguntaram se eu não participaria da conversa, ri e mencionei que não queria me aprofundar nas competições deles, o que eles entenderam como vantagem. Qualquer um poderia chamar de presunção, mas meus planos eram claros e eu sabia que eles não teriam qualquer chance. Chamei João, ainda pensativo e carrancudo, e ele me deu um minuto de atenção.

-Elas trabalham com você? - Indaguei. Era meu primeiro passo.

-Não no mesmo setor, mas elas precisam me passar relatórios duas vezes por mês, e trabalhamos no mesmo andar, quando não estou nas fábricas ou na fazenda. - Acenei com a cabeça, algumas vezes, para indicar que me interessei pelo assunto, e João continuou. - Elas gostam muito de festas juninas e passaram o mês inteiro falando sobre se juntarem para fazer algo. Então um dia eu ouvi a conversa e acabei convidando o pessoal do andar pra participar do nosso arraial. - Ele me olhou de esgueira. - Por que? Se interessou? Achei que havia dito que não ia participar da discussão entre os caras.

-É, eu falei que não participaria da discussão. Chegar nas garotas é outra história. - João riu.

-Alguma delas em especial?

-A de cabelo curto, batom vermelho.

-Paula. Jornalista, faz assessoria de uma das nossas marcas. É solteira, até onde eu sei das fofocas. - Nós rimos.

-Muito bem... Acho que vou pegar uma cerveja.

-Depois me ensina a fazer essas coisas. - A expressão de João era mais serena, os olhos tão verdes quanto os da irmã mais nova. - Aí é o gostosão. - Eu ri alto, e afastei-me.

Pensei no olhar da garota de dezessete anos que bagunçava a cabeça dos irmãos Guano. Sara era o tipo de garota que não dava para esquecer com facilidade. Algo em seu semblante era marcante, e despertara meu interesse desde a primeira vez em que a vi, na varanda da casa de Júlio, sob a proteção famigerada de Rodrigo. Sara era o tipo de garota que não dava para conquistar com facilidade. Apesar de muito jovem, e exageradamente sonhadora -qualidade que eu aprendi a sufocar-, possuía uma vivacidade única e contagiava as pessoas ao redor. Sara era o tipo de garota que nunca havia passado por meus braços, porque eu sempre preferi mulheres mais velhas.

Mas um encanto singular me pressionava a pensar em Sara Alcântara, sempre que eu entrava em um jogo de sedução com qualquer outra mulher. O olhar vivo e tenaz dela me perseguia, por vezes, como se me lembrasse que eu tinha um objetivo. Contudo, se eu estivesse bem certo, Sara era uma conquista árdua. Um troféu para uma corrida mortal.

-Oi, Matheus. - Alguém saltou em minha frente e me roubou de meus pensamentos.

-Hm?

-Oi. - Ela repetiu, e eu baixei os olhos até ver o rosto da irmã de Júlio, sorridente.

-O Júlio está ali. - Apontei para trás de mim, e ela diminuiu o sorriso.

-Não estou procurando pelo mala do meu irmão. Era com você que eu queria falar.

-Pode falar. - Enruguei o espaço entre as sobrancelhas.

-Você já tem par pra dança? Vai ser daqui a pouco, né? Aí eu vi você sozinho e eu também estou sozinha... Podíamos fazer um par, não é?

-Ah... É que eu não danço. Mas se eu for, te chamo. - Sorri com o canto da boca, e ela fitou meus lábios por um instante, voltando a focar meus olhos. Minha suspeita era de que ela flertava comigo, mas era algo subjetivo vindo de Vanessa, que, geralmente, flertava com todo mundo por brincadeira.

-Bom, pelo menos não levei um fora, não é?

-Claro que não. - Não podia repelir definitivamente alguém com quem poderia ficar em potencial. Por isso toquei seu braço e o acariciei. Lancei-lhe uma piscadela e me afastei.

Cheguei ao grupo de garotas que trabalhavam próximas a João. Ofereci-me para pegar bebidas e me apresentei, apesar de elas já me conhecerem de um show que havia ocorrido em um pub de Santa Fé. E Paula, a garota de cabelos curtos e batom vermelho, não distanciou a atenção de mim, enquanto conversávamos. Elas me perguntaram de onde eu era, o que fazia além de cantar, se estudava, tinha uma profissão, sobre minha família. Eu respondi de maneira vaga e esquiva a todas as perguntas, mas, ao invés de tornar minha conversa desinteressante, elas pareceram gostar.

Um fato sobre a vida:

Usei uma de minhas estratégias preferidas.

Mantive-me em uma fortaleza de segredos com uma intenção.

Parece que algo no mistério aciona a curiosidade feminina.

É um modo interessante de virar o jogo para o meu lado.

Assim ela é quem faz as perguntas, se fragiliza em minha iniciativa...

...Me leva a uma nova conquista.

Em alguns minutos de conversa eu e Paula já nos distanciávamos das outras garotas.

Santa Fé, Minas Gerais. 24 de Junho de 2011, 01:44.

A madrugada já soprava seus ventos congelados na superfície. Fazia com que os convidados restantes, os mais próximos de Rodrigo e Brent, cercassem a fogueira em grupos menores. Eu, João e Brent dividíamos uma garrafa de whisky, ainda que Brent estivesse com o mesmo copo desde que a abrimos. Não fazia mal, porque João consumia o suficiente para os dois. Lúcia estava embrulhada em um casaco colorido, e pedia, insistentemente, para o namorado parar de beber. Já Paula, encolhida ao meu lado, abraçava meu braço.

-João está exagerando... - Paula sussurrou.

-Deixa... Ele está com a cabeça cheia.

-João? Com a cabeça cheia? - Ela arqueou a sobrancelha, e eu ergui um canto da boca, em um sorriso dúbio. - Certo, não vou perguntar o porquê. Mas é difícil de acreditar, ele é sempre tão tranquilo... Agora eu reparei, você tem os olhos claros. - Ela esquadrinhava minha face. - Ei... Isso é uma cicatriz? - Ela tocou meu rosto, logo abaixo de meu olho esquerdo, e escorregou o dedo por uma linha discreta, com pouco mais de um centímetro de extensão, esbranquiçada na pele.

-É.

-Tão perto do olho. Como foi?

-Uns cacos de vidro. Foi numa briga, muito tempo atrás. - Afastei meu rosto do toque da garota, e cocei a têmpora.

-Você não vai me dar detalhes, não é? - Ela riu, e encostou a lateral do rosto em meu braço. - É por isso que tem tantas tatuagens? Pra escondê-las? - Ela acariciou as costas de minha mão, onde as cicatrizes abaixo das tatuagens eram mais profundas e evidentes.

-Também.

-Deve ter sido uma briga feia.

Um flash de memória passou por meus olhos quando pestanejei, e eu vi o vidro se quebrar mais uma vez, com todos os estilhaços de vidro arremessados em minha direção. Lembrei-me de flexionar os braços para proteger o dorso e o rosto, e de me encolher. Da dor dos cortes quando atingiram em cheio meu braço esquerdo e minhas costas. De me arrastar até minha mãe para vê-la morrer, e de sentir meus joelhos molhados na poça de sangue abaixo do corpo.

O medo rescindiu em mim como se tudo voltasse, por um instante.

-Matheus...? - O murmúrio de Paula me acordou. - Estava pensando em que?

-Nada, não. - Ela beijou meus lábios.

-Semana que vem nós vamos à um barzinho em BH. Quer ir com a gente?

-Pode ser...

-Ô João, cara, para de beber. - O sotaque de Brent era impaciente. - Você está perdendo o controle. - Eu inclinei a cabeça na direção de João, que revirava os olhos e enchia o corpo mais uma vez.

-Cuida da sua vida, Dr. House. - João floreou a mão no ar e o semblante de Brent atenuou-se, até se tornar entediado. - Lucy in the sky, como você vai pra casa? Eu não vou dirigir... Não vou acertar o buraco da chave do carro. - Ele riu, e apontou para o ar. - Tem uns bichinhos na fogueira, vocês repararam? Umas luzinhas. - Ele tossiu, e Paula riu sem voz. - Não do fogo, gente. É tipo uns bichinhos mesmo... Ah, deixa. Vocês precisam ser evoluídos pra ver isso. - João inclinou o corpo e se apoiou em Lúcia.

-João, vamos pra casa.

-E perder o fim da festa, Lucy in the sky? Só saio daqui quando todo mundo sair. Ei, vocês são muito chatos. Ninguém está bebendo mais. O Brent finge que bebe e acha que a gente acredita nessa cara lisa dele. O Matheus só enche o copo dos outros, e fica rindo da gente. Vocês são chatos. - Ele riu. - Não, a Melissa bebeu comigo, não foi? - Ele apontou para a namorada de Brent, que riu e acenou que sim. - Melissa é dos brother. Ela manja dos paranauê. Ei, por falar em paranauê... Paula, descolou, hein? Fazia tanto tempo que ela não beijava na boca que estava com medo de desaprender.

-Vai ver se eu estou na esquina, João. - Paula riu.

-Ei, psiu. Respeite seu chefe. - Ele ergueu o indicador no ar.

-Para, João. - Eu sentia o timbre de Lúcia tornar-se menos paciente a cada segundo que passava.

-Lucy in the sky... With diamonds! - Ele cantou a música dos Beatles, e todos nós rimos, inclusive Lúcia.

-Olha, a conversa está muito, muito boa, mas eu estou cochilando aqui. - A voz da namorada de Brent era rígida, ainda que lânguida, e ela as pronunciava com uma segurança única. Melissa não parecia ser o tipo de garota que se dobrava aos caprichos de ninguém a não ser os seus próprios. E, pelo pouco que eu conhecia de Brent, ele também era assim. - Brent, está meio tarde, não queria dirigir pra casa sozinha... Posso ficar aqui hoje? - Ela sorria. Ouvimos um assovio sugestivo de João e rimos. Brent deu de ombros e assentiu, desviou sua atenção para nós e bateu na testa de João, que riu, abobado. Lílian e Rodrigo aproximaram-se de nós e sentaram-se ao lado de Melissa, que encostou-se em Brent. Lílian cutucou a amiga, e sorriu. Paula me puxou para o lado e eu fiz um sinal para que ela falasse.

-Essa garota que está com o Rodrigo...

-Que tem ela?

-Meio forçada, não é?

-Ela é gostosa. - Murmurei em resposta, e Paula fitou-me séria. - Do tipo que o Rodrigo parece gostar, eu quis dizer. - Pigarreei baixo, e ela deu de ombros.

-Ele gosta do tipo fêmea em geral. Teve mais de um metro e meio de altura e fez xixi sentada, ele pega. Ele é famoso por isso. - Paula comentou com descaso, e eu a fitei de soslaio.

-Vocês já ficaram?

-Não. Acho que ele nem me conhece. - Ela sussurrou, e eu assenti.

-Guigo, eu concordo com a Mel. Está tarde para dirigir sozinha pra casa... - Ouvi Lílian falar, e meu ouvido se apurou.

-Tudo bem. - Ele respondeu, e ela sorriu satisfeita. - Eu te deixo em casa e amanhã você pega seu carro aqui. - Tão cedo ela desfez o sorriso, os dois trocaram um olhar tenso.

-Mas pra que esse trabalho todo?

-Tem alguém pra vir te buscar? - Ele perguntou.

-Não.

-Então, pra você não ir sozinha, eu te levo.

-Você bebeu, Rodrigo. Não pode dirigir.

-Não foi tanto assim. E você não mora longe. - Ele insistiu. Lúcia se mexeu desconfortável e eu a ouvi murmurar para João para irem embora. João fez um sinal com a mão e seu semblante exibia um humor estranho e perigoso.

-Pensei em dormir aqui, como fiz na outra noite. - Lembrei-me da outra noite, e quase ri com a memória de Brent enfurecido. Fitei o irmão de Rodrigo, que mantinha a expressão limpa e conversava com a namorada. - O que acha? - Rodrigo riu. - Do que exatamente está rindo?

-É que eu já cometi esse erro uma vez. Não estou tão bêbado a ponto de deixar você dormir aqui.

-O-o que? - Ela soou desconcertada. Senti os dedos de Paula pressionarem meu braço e vi que ela estava tão focada na conversa quanto eu. - Você está brincando, não está?

-Não. Não estou. - Houve uma pausa no diálogo. - Lílian, não confunda as coisas. Melissa e Brent são namorados. Nós somos amigos. Não tem chance de eu trazer todas as minhas amigas pra dormir comigo aqui em casa. - À medida que Rodrigo expunha seus pensamentos, a morena murchava mais os ombros e a postura arrogante, até adquirir uma face mais raivosa. - E eu sempre deixei isso bem claro, desde o começo. Se você quer entender outra coisa, o problema é seu.

-Espera um pouco, Rodrigo. Vamos lá. Você tem muitas amigas... Você era amigo da virgenzinha também? - Vi João se mexer ao meu lado. Em minha cabeça algo se repetia.

Danou-se tudo. Danou-se tudo. Danou-se tudo.

-Como é?

-Quer dizer que ela é melhor que eu? O que ela fez com você? Por acaso ela não era essa santa que todo mundo pinta? - Lílian riu, com sarcasmo. - Eu acho que não era mesmo. Porque você assumiu essa garota de um jeito... Só pode ter sido algo bem quente.

João levantou-se e eu me desvencilhei de Paula, para levantar também. Toquei o ombro de João, que empurrou minha mão. Rodrigo nos fitou.

-Manda essa garota se calar, Rodrigo. Ou vai sobrar pra você.

-Ela está bêbada. - Rodrigo fez pouco caso de Lílian, que arregalou os olhos.

-Rodrigo! Ele me ofendeu! Está gritando comigo e me mandando calar a boca! Quem ele pensa que é? - A reação de João foi dar um passo a frente. Lúcia ergueu-se e tocou o peito do namorado, alarmada. Eu voltei a segurar o braço dele.

-Calma, João. - Lúcia falou.

-Eu não falei com você! - João apontou para Lílian e voltou a encarar Rodrigo. - Você não vai parar com isso, não é? - Ele se soltou de mim e de Lúcia, enfurecido, e passou por Lílian como se ela não existisse. Lúcia fez menção em segui-lo, mas eu a impedi. Segurei seus ombros e fiz um sinal negativo.

-Deixa. Eles precisam resolver isso.

-Mas eles vão brigar. - Ela argumentou.

-João não vai sossegar enquanto isso não acontecer.

-Jô, você está doido? - A pergunta de Rodrigo era entoada com naturalidade dissimulada, e fez até meu sangue ferver, quanto mais o de João, que partiu para cima do primo com as duas mãos, e socou o rosto dele com força, que perdeu o equilíbrio e tombou para trás.

Lúcia soltou uma interjeição assustada e tampou a boca com as mãos.

-Fica aqui, eu vou separar os dois. - Assegurei para ela. Lúcia esperou.

-Seu filho da mãe! - Rodrigo revidou o soco de João com um empurrão, e todas as pessoas ao redor da fogueira se afastaram para observar a briga. - Por que está fazendo isso, seu maluco?!

-Você não sabe? Idiota!

-Do que está falando?! - Rodrigo parecia realmente perdido, e cambaleou com o empurrão de João. Os dois já avançavam pela grama, e eu procurei por Brent, que encaminhava os convidados para fora do quintal.

-Brent, dá uma ajuda aqui. Não vou conseguir separar os dois sozinho! - Gritei para ele, que fez um sinal positivo. Só restaram nós dois, Lúcia, Melissa (que se divertia com a cena), Lílian, Paula e os lutadores de MMA.

-Você iludiu minha irmã até o ponto de ela ficar completamente apaixonada. Você fez essa palhaçada quando ela viajou, e ainda deixa essa piranha falar dela do jeito que falou, na frente de um monte de desconhecidos? Você é sujo! - João esmurrou o rosto de Rodrigo, perto do olho, e eu fiz uma careta.

-Eu faço o que eu quiser da minha vida e Sara sabia o que estava fazendo quando foi pra França!

-É, seu babaca! Ela fez o certo! - Eu golpeei as costas de João, e segurei seus braços nas costas. Brent tentou segurar o irmão.

-Me larga, Brent! Eu vou pegar esse idiota, agora! Ele não tem nenhum direito de entrar na minha casa pra fazer isso comigo!

-Vai, Rodrigo! - Lílian gritou. Meu primeiro impulso foi de soltar João e socar o rosto dela, bem no centro, para quebrar seu nariz.

-Me solta, Matheus!

-Não vou te soltar. - João soltou um braço e golpeou meu rosto com as costas da mão. Eu o soltei e tampei meu nariz, com um urro. Vi o irmão de Sara correr até Brent, empurrando-o e se engalfinhando com Rodrigo. Os dois caíram no chão e trocaram socos e pontapés, e Brent inflou os pulmões, veio até mim e massageou as têmporas.

-Eu vou soltar os dois, e você segura o Rodrigo. Dá uma chave de braço nele, que ele cai no chão com dor. Eu cuido do João. - Brent tinha uma aparência calculista, e eu acenei em resposta.

Caminhamos até os primos e Brent usou apenas um golpe para separá-los, rolando com João no chão e desarmando-o, assim como eu fiz com Rodrigo, e dei a chave de braço no já atordoado guitarrista. Ele gritou de dor, mais do que o normal, e eu pensei se aquele seria um ponto fraco dele que Brent conhecia. Quando nós apartamos a briga, Brent empurrou João, já derrotado, até a piscina, jogando-o lá, na parte mais rasa. Virou-se para mim e Rodrigo e fez um gesto para que eu repetisse a ação dele, e eu ri. Joguei Rodrigo na piscina.

-Agora a pré-escola pode voltar a brigar, se quiser. - Brent gritou, irônico, e eu apertei os lábios juntos para não rir. - Continuem a brigar. - Ele insistiu, mas João e Rodrigo estavam parados dentro da água, encobertos até a cintura. - Não vão mais brigar? - Ele provocou. Rodrigo fitou o primo ao lado dele e coçou a testa.

-Eu vou falar com ela, e esclarecer tudo. - Prometeu, e João assentiu.

-Espero que faça logo.

-Vou fazer.

-Você vai ficar com um olho roxo.

-Você também vai. - Rodrigo rebateu.

-Que conversa... Você apanhou muito mais.

-Só porque você me pegou de surpresa.

-Dane-se.

-Dane-se. - Rodrigo repetiu. Os dois riram.

-Vou levar essa amiga da Melissa pra casa. - A voz de Brent era sutilmente cautelosa. - Antes que ela cometa mais alguma gafe maior, e eu reaja como o João. - Eu ri.

-Bom... Ainda bem que não fui só eu que pensei isso. - Ele ergueu um canto da boca, num ensaio de sorriso. - Vou levar a Paula também.

-Certo.

Brent chamou Melissa, Lílian e Lúcia para levá-las para casa, e eu via pelo semblante dela o desgosto que ela sentia, e a raiva. A amiga de Sara tinha o olhar enevoado, por inúmeros motivos. O namorado havia brigado com o primo, uma qualquer xingou a amiga dela, e ela teve que ficar calada, o tempo inteiro. Eu nem queria imaginar o que se passava pela cabeça dela, mas não devia ser nada bom.

Paula, por sua vez, parecia descontraída, e eu a deixei em casa. Ela me tentou com um convite irrecusável para pernoitar com ela, que morava sozinha em um apartamento simpático, pequeno e organizado no centro da cidade. Durante o resto da madrugada todos os acontecimentos turbulentos sumiram. Restaram mão suaves em meus músculos, lábios úmidos em minha boca, e arrepios violentos sobre a superfície de minha pele.

Até o amanhecer.

***




OLÁ, COMO VÃO VOCÊS? *____*

Galera, o negócio é o seguinte... TRETA TRETA TRETA TRETA. A gente ama treta, né?

Soco, tapa na cara, xingamento... Sempre sobra pra mãe, no fim das contas UHAUAHUA

E aí? O que vocês acharam do universo pela visão do Matheus? To ansiosa.

ISSO É TUDO, PESSOAL!

Ass.: Fê.

Ps.: Capítulo dedicado a quem dá uma espiada no "Casos de Família" só pra ver o povo brigando HAHA.

Ps.:2 O próximo capítulo é do Brent. =X Fui.




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