Sweet Child O'Mine (Rose e Sc...

By JssicaAlmeida6

103K 6.1K 4.1K

Rose Weasley e Scorpius Malfoy seguiam por caminhos separados desde o final do sétimo ano, quando Malfoy term... More

Prólogo
I - Slipped Away
II - Nobody's Home
III - What Now
IV - Clarity
V- Stop Crying Your Heart Out
VI - Demons
VII - I Miss You
VIII - Pais e Filhos
X - Esta Soledad
XI - Memories
XII - How Long Will I Love You
XIII - The Scientist
XIV - Small Bump
XV - Read All About It
XVI - Save Me
XVII - Hearts On Fire
XVIII - Solo Tu
XIX - Xo
Bônus - Whats Goes Around
XX - When You Look Me In The Eyes
XXI - Dare You To Move
XXII - Time Like These
XXIII - Sweet Child O'Mine

IX - Dark Paradise

3.2K 232 137
By JssicaAlmeida6

Every time I close my eyes
It's like a dark paradise
No one compares to you
I'm scared that you
Won't be waiting on the other side
Everytime I close my eyes
It's like a dark paradise
No one compares to you
I'm scared that you
Won't be waiting on the other side

Já passava das três horas da tarde quando ela se sentiu corajosa o suficiente para sair de casa e encarar o mundo.

Lily, agora, caminhava sem rumo pelas ruas da Londres trouxa. Não estava exatamente frio, mas o vento gélido de final de estação a obrigou a vestir um casaco de lã sobre o vestido azul que usava. O barulho dos saltos batendo contra a calçada era seco e lhe deixava ainda mais angustiada do que estava. Instintivamente, ela levou a mão direita para o cordão que tinha no pescoço e se sentiu estúpida por não estar conseguindo levar adiante a promessa que tinha feito.

Ela sabia, devia ter ido a Toca. Não podia ter deixado o medo de ver o seu lugar vazio ou de sentir falta das suas risadas a dominar ao ponto de fracassar miseravelmente logo no primeiro obstáculo.

Eles sempre fizeram o tipo de casal perfeito, que se completava como os encaixes de um quebra-cabeça. Demoraram anos luz para ficarem juntos porque sempre imaginaram que Harry piraria com a filha caçula namorando um primo – mesmo que Ginny argumentasse que relacionamentos entre primos eram comuns e plenamente aceitáveis na comunidade bruxa. E quando finalmente o fizeram, nunca mais se desgrudaram.

Lily e Hugo eram quase a mesma pessoa: uma mesma alma dividida em dois corpos.

Vê-lo partir foi a coisa mais difícil que Lily Luna Potter já fez. E ter que se reerguer dos destroços que tinham sobrado após aquela tempestade, ficava logo atrás.

- Merda. – Ela resmungou, enxugando uma lágrima que escorria sem a sua permissão.

Ela, então, começou a sufocar, como se a garganta estivesse para explodir em qualquer momento.

Sabia que o choro iria irromper a qualquer momento – o que não era novidade nenhuma para a situação. Mas Lily estava farta de ser fraca. Hugo não gostaria de ver a garota encrenqueira por quem fora apaixonado definhar daquela maneira, escorregando para algum tipo de distúrbio emocional que certamente não teria volta.

Ela não queria sentir aquele vazio tomar conta de sua alma outra vez e foi por isso que fugiu para o primeiro lugar aberto e barulhento que encontrou.

**

Era um pub de gosto duvidoso, ela logo pode perceber.

E bastante movimentado também.

Se já estava lotando às três horas da tarde, como não deveria ficar depois das 18 horas? Foi a primeira pergunta que lhe passou pela cabeça, assim que ela retirou o casaco que usava, o deixando na chapelaria apertada e bagunçada do lugar.

- Vai querer uma mesa? – Foi abordada de repente por uma mulher de roupa preta e maquiagem marcada. Ela não aprecia muito amigável.

Lily sentiu o rosto queimar quando percebeu que a maior parte dos frequentadores daquele bar estavam estirados sobre as mesas, bêbados demais sequer para erguer os olhos. Lily voltou-se novamente para a garçonete, que parecia ainda mais impaciente.

- Acho melhor não. – Ela balbuciou, avaliando que não havia nenhuma mesa que fosse distante o bastante de bêbedos pegajosos que certamente lhe trariam problemas. – Vou me sentar ali no bar mesmo.

Devagar, ela caminhou de encontro a uma banqueta, demorando um pouco para se acostumar com a altura da cadeira.

Rapidamente, um rapaz trajado com uma camisa risca de giz apertada ao corpo, apareceu:

- O que a mocinha vai querer? – Ele tinha um sorriso galante, Lily logo percebeu.

- Na verdade, não sei nem como vim parar aqui. – Ela disse rapidamente, olhando para as garrafas coloridas que se encontravam atrás dele. – O que você me sugere?

- Eu volto em um segundo. – Ele disse, antes de desaparecer.

Lily, inicialmente, ficou um pouco confusa, mas, deu de ombros. Sua vida estava uma verdadeira confusão mesmo, então, quem se importa? Claro, seus pais e seus irmãos – e, talvez, Rosie – se importariam, mas naquele momento, ela não se importava com a opinião deles. Ela queria apenas que aquela dor latente que a acompanhava desde o dia da morte de Hugo parasse.

E foi por isso que ela sorriu quando o rapaz voltou, colocando a sua frente um copo alto e largo, com um líquido que parecia tingido pelo arco-íris.

- O que é isso? – Ela perguntou curiosa.

- A especialidade da casa. – O rapaz respondeu prontamente. – É o preferido entre as mulheres que aparecem por aqui. Elas costumam dizer que o Sunset alegra e adoça os seus dias mais tristes e melancólicos. Cura qualquer dor, acredite em mim.

O primeiro gole foi difícil, exatamente como a primeira vez em que bebeu conhaque, escondida do pai. Mas depois o sabor forte acabou se adocicando, seu paladar foi aos poucos se acostumando.

A bebida era, de fato, realmente deliciosa. O único problema era que a dor deixada por Hugo ainda latejava, implorando para ser cicatrizada.

**

Estavam todos desesperados e qualquer pessoa que estivesse a um raio de mil quilômetros poderia ouvir os gritos desesperados de Rose Weasley ecoando pelos jardins da Toca.

Ela era ajudada pelos primos e tios, os mais novos procurando no território e os mais velhos, andando até as propriedades vizinhas.

- Ela não pode ter ido muito longe. – Dominique resmungou, logo após chamar Summer pela milionésima vez.

Albus andava ao seu lado de varinha em punho. Ele não queria dar vazão aos seus pensamentos insanos, mas quando se era um auror – e nas atuais circunstâncias – era inevitável pensar em algo mais sério.

- Albus. – Dominique parou de repente, encarando o primo com um medo incomum brilhando nos olhos mais destemidos que Albus tinha visto depois de seus pais. – Você não está pensando em nada demais? Quero dizer... Esse sumiço da Sunny é só uma travessura de criança, certo?

Por um instante, ele quis se abrir com ela e dizer aquilo que a lógica do treinamento lhe mostrava. Porém, seus lábios o traíram:

- Não seja boba, Nick. É claro que é só isso. – Talvez fosse imaginação dele, mas a expressão dela pareceu tranquilizar.

Dominique sorriu, pronta para dizer alguma frase encorajadora, porém, foi interrompida pela tia.

- E então, acharam algum sinal dela? – Ginny perguntou aos dois.

Dominique abaixou a cabeça, negando-se a dizer que tinham fracassado. Albus não precisou dizer nada para que mãe compreende-se. A mais velha, então, meteu-se entre os dois abraçando-os pelos ombros.

- Ninguém encontrou nada, Rose está desolada. – Ginny disse com pesar. – Seu pai está pensando em chamar reforços.

**

Ron, ao contrário do que Hermione tinha implorado, não se juntou aos demais na busca incessante que acontecia do lado de fora da Toca. E não era porque não se importava.

Por mais que renegasse a neta até para si mesmo, ele tinha balançado com a notícia que a esposa tinha lhe dado meia hora antes. Podia não concordar com as escolhas de Rose ou até questionar a existência de Summer, mas nada daquilo mudava uma coisa: eles estavam lidando com o sumiço de uma criança.

É claro que, dadas as circunstâncias, o medo de tudo acontecer novamente falava mais alto. Mas Ron ainda era um auror. E trabalhou demais para deixar de ouvir seus instintos apenas porque tinha sido afastado do ministério.

Ele não estava do lado de fora, gritando como um louco, assim como o resto da família. Mas aquilo não significava que ele estivesse de braços cruzados.

- Vamos lá ratinha, está na hora de você aparecer. – Ele disse para si mesmo, erguendo-se do sofá em que estava sentado, na sala, e caminhando lentamente em direção às escadas.

**

Poucos minutos depois que Ronald subiu as escadas, Victoire entrou amparando Rose com os braços. Tedd vinha logo atrás, segurando Remus no colo, e o resto do clã logo depois.

- Fique calma Rosie, ela deve estar por aí, brincando em algum lugar. – Victoire tentou.

Rose sentou-se na primeira poltrona que encontrou e levantou os olhos úmidos para a prima:

- A questão é: aonde Vic? – Rose questionou, sem esconder as lágrimas. – Eu quero a minha bebê de volta.

Audrey, de repente, apareceu a sua frente, oferecendo-lhe um copo de água.

- Tente se acalmar. – Ela ouviu a tia dizer. – Angelina e George foram tentar encontrar Fred. Talvez ele saiba de alguma coisa.

Em toda a sua vida, nada como aquilo tinha acontecido antes. Sempre teve Summer debaixo da sua asa, completamente protegida. Se negava a acreditar que sua filha tinha sumido bem debaixo do seu nariz. Que espécie de mãe ela era? Quando Scorpius soubesse daquilo, certamente, enlouqueceria. Quem sabe até não entrasse com um pedido de guarda provisória?

Apenas o vislumbre daquele pensamento a fez arregalar os olhos e cair no choro. Foi Albus quem se aproximou daquela vez:

- Papai e eu conversamos. – Ele se ajoelhou a sua frente. – Se ela não aparecer em uma hora, vamos chamar reforços do ministério. Não vamos poder fazer a queixa enquanto não fecharem quarenta e oito horas, mas não se preocupe, porque não vai ser necessário.

Rose ergueu os olhos para o primo, querendo acreditar no que ele dizia. Ela já tinha perdido o irmão, não queria admitir a hipótese de perder a filha também, ou sequer de vê-la machucada.

- Ela vai aparecer, Rosie. – Dominique disse de forma firme. – Tenha fé.

Tenha fé.

A frase ecoou em sua cabeça milhares de vezes em um único segundo. Deus sabe o quanto ela queria ter aquilo que todos falavam. Ela só não sabia como fazer para conquista-la.

- Vamos lá minha garotinha, apareça. – Ela fechou os olhos, sussurrando para si mesma aquela frase como se ela fosse um mantra.

**

O som começou suave, quando Ron ainda vasculhava o seu antigo quarto a procura da neta.

Percebendo que o barulho não provinha dali ou de nenhum cômodo próximo, ele saiu do quarto, começando a se movimentar em direção ao som, que vinha do andar superior.

Assim que chegou ao sótão, o barulho se intensificou. O que era apenas um ruído no andar anterior se transformou em uma sequência de batidas ritmadas. Com o coração palpitando na boca, ele caminhou até a porta do sótão – antiga casa do velho vampiro – assim que teve certeza de que aquilo que ouvia vinha dali.

Antes mesmo de girar a maçaneta, ele tinha certeza de que a encontraria ali dentro.

Mas Ron não estava preparado para pegar a neta naquela situação específica.

**

Primeiro, ela sentiu um grande alívio percorrer o seu pequeno corpo infantil, assim que ouviu passos atrás da porta. Depois, porém, quando a porta se abriu e revelou a figura indecifrável de seu avô ranzinza, ela sentiu o pânico voltar e o choro preso na garganta voltar com toda a força.

- Pelas barbas de Merlin! – Ela observou Ron se aproximar completamente aparvalhado. – Como é que você foi parar aí menina?

Summer não conseguia falar, estava engasgada.

Só não estava mais assustada do que Ron, que não conseguia entender como uma menina de seis anos tinha conseguido parar em cima de um armário com mais de dois metros de altura.

Summer estava deitada de bruços sobre o móvel, o corpinho quase prensado contra a parede do teto. Chorava bastante também, agora dividida entre a felicidade de ter sido encontrada e o medo do castigo que certamente receberia de sua mãe assim que fosse pega.

- Me tira daqui, vovô, me tira daqui! – Ela implorou com a vozinha completamente mole. Ron pareceu ter levado um murro nas costas ao ouvi-la chama-la de vovô. Era a primeira vez que ela se dirigia a ele diretamente daquela maneira.

Sem pensar duas vezes, Ron levantou a varinha em direção a neta e murmurou o feitiço. Summer parou de chorar assim que se viu escapar daquele buraco apertado e levitar devagar até o chão, em frente a Ron. Assim que colocada no chão, ela não pensou duas vezes antes de dar os dois passos que faltavam e enlaçar as pernas de Ron com as mãos pequeninas.

Desajeitado, Ron remexeu os cabelos ruivos da menina, os bagunçando ainda mais.

- Fique tranquila, você está bem agora. – Ele se pegou dizendo. Summer levantou os olhos para encará-lo e Ronald ficou levemente incomodado com a tonalidade deles. – Agora que tal você contar como foi parar lá em cima, hã?

As bochechas de Summer avermelharam, mas ela não disse nada, simplesmente virou-se em direção ao armário em que, minutos antes, estava presa.

E o queixo de Ron quase foi ao chão quando, lá no alto onde Summer estava antes, ele avistou as palhas de uma velha vassoura de brinquedo – que, eventualmente, tinha sido dada a algum de seus sobrinhos quando eram crianças.

**

Ela não sabia mais que horas eram e nem onde estava, mas aquilo não importava mais.

A dor estava diminuindo, e aquilo era ótimo. Estava conversando com o barman agora, que descobriu se chamar Brandon. A conversa era animada e a boca dele se mexia de uma maneira engraçada que fazia Lily gargalhar.

Ela estava tonta, com a visão um pouco embaralhada, é claro, mas se sentia bem. Nas nuvens como há muito não se sentia.

- Eu gostei daqui. – Ela resmungou sorrindo. – E gostei de você, bebê. – Ela disse debilmente, olhando divertida para o copo quase vazio que estava a sua frente.

Ela sabia que estava embriagada, mas pela primeira vez em meses ela se sentia livre da dor. Ela ainda existia, estava lá. Mas com certeza tinha perdido grande parte da sua força. Não a destruía mais.

- E então gatinha? – ela reconheceu a voz do barman, vinda de um vulto a sua frente. – Está melhor? Eu não lhe disse que essa belezinha curava qualquer coisa?

Lily riu, como se tivesse escutado uma boa piada.

- Você sabe de tudo Brady. – Ela o chamou pelo apelido que tinha acabado de inventar. – Que tal mais uma rodada?

Brandon sorriu, mas ela não pode ver. Estava zonza demais com todas aquelas luzes piscando pra ela e todas aquelas sensações novas.

Seu novo amigo não demorou muito para voltar. Poucos minutos depois, a bebida estava a sua frente novamente. Ela não tardou em esticar as mãos para alcançar o copo, mas Brandon havia sido mais rápido, afastando-o dela.

- Nada disso, mocinha. Pensei em alguma coisa mais divertida. – Ela ouviu a sua voz distante. Não conseguiu raciocinar.

- Já está divertido, Brandy! – Ela esganiçou-se, falando mais alto do que deveria. – Me dá logo a minha bebida.

Ela tinha um bico enorme, mas aquilo não o comoveria um homem como Brandon nem em mil anos.

- Eu vou dar a sua bebida. – Ela o ouviu garantir e, em seguida, aproximar-se dela perigosamente. – Mas que tal nos conhecermos um pouco mais... Longe desse lugar.

Lily se assustou com o toque ásperos das mãos dele em seu rosto, mas não conseguiu se esquivar ou se levantar. Estava tonta demais pra qualquer coisa.

- Ei, para com isso! – Ela reclamou, tentando desviar do contato dele.

Estava no papo, no outro dia, provavelmente, ela nem lembraria de nada. Sabendo disso, Brandon investiu contra ela novamente, apoiando-se na bancada pronto para capturar os lábios daquela ruiva para si – e depois, sabe-se lá o que mais.

Lily já estava pronta para pular da cadeira e, provavelmente, quebrar um pé com o tombo, quando tudo aconteceu.

Alguém se colocou ao seu lado, alguém que ela certamente conhecia, mas não se lembrava. Ele tinha um perfume forte e amadeirado, e parecia bastante tenso quando colocou as mãos pesadas sobre os ombros de Lily.

- É melhor ficar longe dela, cara. – A voz ecoou, bastante zangada. – A garota não parece querer nada com você.

O barman ri, debochado.

- Vai querer bancar o machão, agora Zabine? – Ele questionou. – Logo você que sempre levou meninas bêbadas inocentes pra cama. Pra cima de mim não!

Zabine. Zabine. A mente de Lily não raciocinava direito. Será que era Anthony Zabine que estava salvando a sua reputação? E se fosse o que ele fazia ali?

Ela não teve muito tempo para decidir quem era o vilão e quem era o mocinho, porque dentro de poucos instantes, ela estava sendo agarrada pelo braço.

- Essa garota é minha, não gosto que toquem nos meus brinquedos. – Ela ouviu alguém dizer e,tudo, então, ficou desconexo.

O barman, provavelmente, tentou acertar o rapaz que a defendia, porque ela acabou deslizando da banqueta em que estava sentada e caindo. Não conseguiu ver quase nada depois, a não ser vultos e o que pareciam ser pessoas se mexendo.

Logo depois, sua cabeça pareceu estar sendo tomada por algum tipo de fumaça... E então, rápido como um tiro, Lily Luna Potter apagou no chão imundo de um pub que ela sequer sabia o nome.

**

Ron e Summer desciam as escadas da toca devagar e em silêncio. Para a menina, ele disse que sua mãe poderia ainda estar muito brava com o sumiço dela, por isso deviam ir devagar. Mas o motivo não era esse. Ron sabia qual seria a reação de Rose ao ver a filha: ela correria ao encontro deles e a abraçaria, perdoando qualquer travessura dela no mesmo instante. Era assim que as mães funcionavam. Sua mãe era assim, Hermione foi assim e sua filha, com toda a certeza, não fugiria a regra.

Mas ele queria aproveitar aqueles minutos ao lado daquela criatura tão curiosa. Longe dos olhos dos outros, era mais fácil de admitir que Summer era, realmente, uma criança adorável.

Já podiam ouvir as vozes na sala quando Sunny, de repente, parou de andar.

- Vovô, por favor, não conta nada pra mamãe...

A menina lhe puxava o moletom surrado. Ron se obrigou a sorrir. Ela lembrava Rose naquela idade.

- Não contar o que exatamente?

Summer olhou para os lados, como se certificasse que ninguém ouvia:

- Sobre a vassoura. – Ela falou rápido. – Mamãe acha que vassouras não são legais pra meninas da minha idade que não demonstraram magia.

Ron revirou os olhos. Aquilo era típico de Hermione, não pensou que Rose carregaria consigo aquele legado.

- Está tudo bem, esse vai ser o nosso segredinho.

**

- Harry, eu não vejo motivo para esperarmos. – Ron ouviu a voz angustiada da esposa. – Peça a ajuda do ministério. Não há nenhum sinal de Summer pela Toca inteira.

Um pequeno silêncio caiu sobre a sala, antes de Ron encorajar a neta com o olhar e os dois emergirem de onde estavam escondidos dos olhos de todos.

- Acho que não vai mais ser necessário, Hermione. – Ronald disse, chamando a atenção de todos para eles. – Talvez o tormento tivesse acabado antes se vocês tivessem se lembrado de procurar dentro da casa.

O sorriso convencido deixou a todos incomodados, mas Ron não foi o centro das atenções por muito tempo. Em um tempo que pareceu menos que um milésimo, Rose saltou de onde estava sentada e jogou-se de joelhos no chão, alcançando a filha e trazendo-a para os seus braços.

- Céus, Sunny... – Ela dizia emocionada, com o rosto enterrado nos cabelos da filha. – Nunca mais suma desse jeito, você quase me matou.

- Mamãe... – A menina resmungou, sentindo-se sufocada. – Ar!

Rose afastou-se, observando melhor sua garotinha e conferindo se tudo estava, realmente, bem.

- Ela está mesmo contando os dedinhos dela? – James perguntou baixinho a ninguém específico. Não obteve resposta. Estavam todos presos demais ao desfecho daquilo que, no fim das contas, se mostrava realmente como apenas uma travessura infantil.

Quando percebeu que Summer tinha todos os fios de cabelo na cabeça, ela virou-se devagar para o pai. Estava confusa e bastante curiosa. Quando Hermione disse que ele tinha sumido, ela tinha imaginado que Ron tinha ido para casa, que não se importava mesmo com elas. E agora ali estava ele, com o peito estufado como se fosse algum tipo de herói.

- Como você...

Ela não precisou terminar a pergunta, Ron logo sanou todas as suas dúvidas:

- Primeiramente, nenhum bruxo das trevas suficientemente inteligente tentaria raptar uma criança aqui. – Ele começou, olhando diretamente para Harry e Albus. – Eu sei que as coisas não estão fáceis, e que Albus tem um caso importantíssimo nas mãos que pode estar diretamente ligado com a morte de Hugo. Mas eu coloquei a minha cabeça para funcionar. Ninguém invadiria a Toca. É suicídio.

- Se não se importar, tio, já entendemos que não pensamos direito. – Albus resmungou levemente irritado, ganhando um pontapé de Dominique. – Continue, por favor.

Ron riu menos debochado dessa vez.

- Nada de interessante acontece, se quer saber. – Ele voltou-se novamente para a filha. – Eu resolvi esperar um pouco e procurar aqui dentro. Quando estava no meu antigo quarto, ouvi alguns ruídos e os segui. Era Summer, que tinha se trancado sem querer no sótão.

Harry foi o único que percebeu a piscada de olho discreta que Ron tinha dado para Summer, mas não falou absolutamente nada. Aquele era um bom sinal, definitivamente.

- No sótão? – Rose questionou confusa, encarando Summer novamente. – o que você foi fazer lá, meu anjo?

As bochechas de Summer avermelharam.

- Eu não sei... – A menina disse, sentindo as orelhas esquentarem.

Rose estreitou os olhos para a filha.

- Não tente mentir pra mim, mocinha. – Ela disse divertida.

- Eu, eu... Eu estava com sono.

A gargalhada de Harry, Ginny e Hermione foi inevitável.

- Céus, ela tem mesmo sangue Weasley nas veias. – Teddy comentou. – As orelhas estão tão vermelhas quanto às do tio Ron!

Rose estava quase convencida. Summer estava quase suspirando aliviada e se contendo para não abraçar o avô – em parte, porque ele voltou a ficar carrancudo – quando George e Angelina aparataram juntos no meio da sala de jantar.

- Fred disse que Sunny está no sótão! – George berrou assim que seus pés pousaram no chão. – E disse que ela deve estar em cima de uma vassoura, assim como toda boa Weasley.

Rose, então, alterou seu olhar entre Ron e Summer, enquanto a sala explodia em gargalhadas.

Não havia mais argumentos para a neta ou o avô: a coloração das orelhas entregava a mentira à quilômetros de distância. Com uma ajudinha de George Weasley, é claro.

**

- Caramba, Scorpius. Ainda bem que você veio, cara... – Anthony cumprimentou o amigo, assim que ele passou pela porta do seu apartamento.

-É bom você ser rápido. – O loiro resmungou mal humorado. – Vou sair com a Summer logo mais, só vim porque você disse que era urgente.

Anthony fechou a porta atrás de si e encarou o amigo, aflito. Scorpius franziu o cenho para o amigo que não parava de revirar os cabelos, já bastante desgrenhados.

- Céus, Anthony! – Scorpius disse, erguendo as mãos para cima. – Vai me dizer por que me trouxe aqui?

Zabine suspirou, passando a frente do amigo e o chamando com um movimento brusco de braço.

- Não consigo explicar, vou ter que te mostrar.

Em qualquer outro momento, Scorpius zoaria aquela frase. Mas o amigo parecia tão nervoso que ele não achou prudente fazer outra coisa que não fosse segui-lo.

E não ficou surpreso quando Anthony o guiou até o seu quarto, no minúsculo loft que ele ocupava quando achava a velha mansão da família grande demais.

Anthony, então, abriu a porta do quarto, revelando uma das mil cenas que Scorpius jamais, em toda a sua vida, esperaria ver:

- Meu herói! – A mulher gritou, avançando contra eles e puxando Anthony pelo pescoço.

Malfoy, então, tentou processar sobre o quê faria Anthony lhe mostrar uma garota em seu quarto. Até que finalmente ele a reconheceu.

Era Lily Luna Potter, a filha ruiva e super protegida de Harry Potter, quem estava pendurada no pescoço de Anthony como uma lunática. Vestida apenas de calcinha e sutiã, vale salientar.

- Por Merlin, Lily. – Anthony se afastou com dificuldade dela, andando alguns passos e pegando uma toalha que estava pendurada na cabeceira da cama. – Veste isso, caramba!

Ela fez um bico enorme, mas obedeceu. Inicialmente, sentou-se na beira da cama, mas a cena não durou mais do que cinco segundos porque, logo, ela estava de pé girando no lugar em alta velocidade e rindo como uma verdadeira louca.

- Devo perguntar o que está acontecendo? – Scorpius questionou ainda chocado. Ele conhecia Lily desde os tempos da escola e nunca tinha visto aquela menina sair da linha. O índice mais alto de rebeldia dela tinha sido ficar noiva de um primo.

Anthony deu um longo suspiro:

- Ela está de porre. – Sentenciou o moreno. – Mas não sei se o barman não estava misturando outra coisa na bebida dela.

- De porre? Como assim de porre?

Anthony revirou os olhos.

- Como você acha que uma pessoa fica de porre, Malfoy? – Ele questionou, irritado. – Ela estava em um bar trouxa que eu costumo frequentar. Mas a questão não é essa...

Scorpius suspirou:

- E qual é então?

- O que eu vou fazer com essa maluca? Você sabe, Albus me mata se souber que eu fiquei sozinho com irmã dele de porre, no meu loft! Eu preciso de ajuda!

Albus conhecia muito bem a reputação do loft de Anthony, portanto, era compreensível a preocupação do amigo. Sem contar que Albus, sendo todo certinho como era, certamente também teria um infarto ao saber que irmã mais nova tinha perdido a linha. Mas Scorpius não podia ajudar, pelo menos não diretamente. Não estava disposto a adiantar seu primeiro passeio sozinho com filha para ajudar Anthony a sair de uma enrascada.

Mas, ele nunca deixaria Zabine na mão. E conhecia alguém confiável o bastante para ajuda-lo com a Potter. Alguém que certamente tentaria trucidar os dois antes mesmo de entender o que tinha acontecido, é claro. Mas felizmente, os anos o tinham feito ficar imune, pelo menos, aos gritos e surtos histéricos de Rose Weasley.

All my friends tell me
I should move on
I'm lying in the ocean, singing your song
Ahhh, that's how you sang it
Loving you forever, can't be wrong
Even though you're not here, won't move on
Ahhh, that's how we played it

**

N/A: Viram? Não demorei dessa vez *--* e dessa vez uma boa notícia: Ron começando a dar sinais de rendição. O que acharam da cena? E a Lily curtindo a fossa e sendo salva pelo Anthony? O que esperam para o próximo capítulo? Me conteeeeeeeem!!

Aproveitando, postei uma one-shot nova (capítulo único) e o primeiro capítulo de uma short-fic (primeiro de quatro), se quiserem ler apareçam no meu perfil e sejam bem-vindos! E pelo amor de Merlin, espero que estejam gostando da trilha sonora (todo começo de capítulo temos uma música).

Beeijo


Continue Reading

You'll Also Like

1M 112K 57
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
14.7K 1K 36
Após todos os esforços gastos, todos os perigos passados e todos os sacrifícios feitos para finalmente recuperar a Atena Partenos, os sete da profeci...
258K 38.5K 72
Eu fui o arqueira, eu fui a presa Gritando, quem poderia me deixar, querido Mas quem poderia ficar? (Eu vejo através de mim, vejo através de mim) Por...
396K 40.4K 46
O que pode dar errado quando você entra em um relacionamento falso com uma pessoa que te odeia? E o que acontece quando uma aranha radioativa te pica...