Sweet Child O'Mine (Rose e Sc...

By JssicaAlmeida6

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Rose Weasley e Scorpius Malfoy seguiam por caminhos separados desde o final do sétimo ano, quando Malfoy term... More

Prólogo
I - Slipped Away
II - Nobody's Home
III - What Now
IV - Clarity
V- Stop Crying Your Heart Out
VI - Demons
VII - I Miss You
IX - Dark Paradise
X - Esta Soledad
XI - Memories
XII - How Long Will I Love You
XIII - The Scientist
XIV - Small Bump
XV - Read All About It
XVI - Save Me
XVII - Hearts On Fire
XVIII - Solo Tu
XIX - Xo
Bônus - Whats Goes Around
XX - When You Look Me In The Eyes
XXI - Dare You To Move
XXII - Time Like These
XXIII - Sweet Child O'Mine

VIII - Pais e Filhos

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By JssicaAlmeida6

Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não te entendem
Mas você não entende seus pais

- Mamãe! Mãmãe! – Summer entrou correndo na cozinha onde Rose terminava de arrumar algumas coisas. – Onde está o meu uniforme Weasley?

Rose riu com a palavra empregada pela filha. Molly havia tricotado um agasalho para a sua pequena bisneta, peça obrigatória para todos os membros da família, e Albus comentou com Summer alguma vez que o blusão dourado com uma letra W enorme era o uniforme que todo mundo usava nos almoços em família. E Summer tinha colocado na cabeça que aquela era uma verdade absoluta.

- Eu o lavei querida. – Rose explicou. – Está em cima da sua cama.

Sem pensar duas vezes, Summer desapareceu para dentro do quarto e Rose suspirou.

Era domingo e, por alguma razão, suas tias tinham inventado um almoço de família na casa de sua velha avó. E ela não podia estar mais desanimada.

Não estava querendo olhar nos olhos do pai, e nem ver a pena de seus tios e tias emanando de seus poros cada vez que ela cruzava com um deles. Mas ela não teve muita opção porque Gina soube jogar muito bem ao convidar Summer primeiro. E ela sabia que Rose seria incapaz de negar a filha qualquer coisa que ela quisesse e que fosse lhe fazer bem.

**

Domingo também era dia de almoço na casa dos Malfoy.

Astoria, por alguma razão que Draco ainda não tinha entendido, tinha resolvido chamar Scorpius e Mandy para almoçarem. Era tudo muito estranho porque Draco sabia que, apesar de gostar muito do filho e da quase-nora, a esposa detestava cozinhar ou receber qualquer pessoa para as refeições. Claramente, ela queria arrancar alguma informação de um dos dois.

E Scorpius estava muito esquisito... Parecia que tinha voltado a ser criança.

Draco não poderia ter estranhado mais quando viu o filho chegar na sexta-feira a noite, anunciando que dormiria em seu antigo quarto, que, aliás, era onde ele estava enfurnado até agora, quase perto de o almoço ser servido.

Assim como Astoria estava tendo uma conversa de mulheres com Mandy na cozinha – que ele não ousaria interromper nem em mil anos – talvez estivesse na hora de ele também ter uma conversinha com Scorpius. De pai para filho. Como nos velhos tempos.

**

E lá estava ele, trancado entre as paredes verdes de seu antigo quarto.

Eram milhares os pensamentos que o invadiam, a maior parte deles, saudosista com relação a sua adolescência e à época em que estudou em Hogwarts.

Pouca coisa tinha sido mexida, Scorpius percebeu. Até mesmo o seu exemplar de O Livro Monstruosos dos Monstros se encontrava no mesmo lugar em que ele deixara – debaixo da escrivaninha, depois que ele recebeu um ataque gratuito por ser um idiota.

Estava deitado na cama, com a barriga para cima e sem camisa. Tinha os braços presos atrás da cabeça e encarava o teto encantado do quarto, seus olhos rolando vez ou outra para as antigas tabelas de campeonatos de quadribol que ele tinha pendurados por ali. E teve saudades de quando o seu maior problema foi ver o seu time perder para o Chuddley Cannons.

Naquele momento, ele tentava recordar Hogwarts e de um pouco de tudo aquilo que viver aqueles anos naquele castelo representou.

Teve alguns problemas no primeiro e segundo ano por causa das coisas que o seu sobrenome já tinha feito, é claro. Mas ele era inteligente e, afinal de contas, um bom sonserino. Não demorou muito para que as pessoas começassem a respeitá-lo.

Porém, durante seis anos e meio, houve uma única pessoa que ele não conseguiu dobrar, ou convencer. Rose Weasley era espirituosamente ruiva, mal humorada e mandona. E não gostava dele. Mas Scorpius nunca aceitou uma derrota e decidiu mudar isso, assim que iniciou seu sexto ano.

Porém, assim que aquela lembrança invadiu a sua mente, Scorpius a repeliu, junto com todas as outras que viriam depois. Então, levantou-se da cama e, disposto a fazer o aquilo que viera fazer na casa dos pais, andou até onde suas roupas do dia anterior repousavam. De dentro do paletó, retirou um papel dobrado e um pouco amarelado.

As lembranças estavam voltando de novo. E pior do que isso, ele estava querendo recordar.

Lutando contra algo dentro de si, Scorpius fechou os olhos com força, abrindo-os em seguida:

- Pela última vez. – Ele disse, antes de abrir o papel que, na verdade, era uma fotografia.

Ela havia sido tirada ainda em Hogwarts, antes de todos os problemas entre Rose e ele se iniciarem. Na fotografia que se mexia, a menina ruiva ria enquanto Scorpius tentava fazê-la largar um livro velho para pousar para a câmera que, Scorpius se lembrava bem, era segurada por Dominique Weasley, a fiel guarda-costas de Rose – e dele, de certa forma, já que era sempre ela que evitava que os dois fossem descobertos.

Aquela fotografia, durante muitos anos, esteve escondida dentro de uma de suas gavetas, no seu apartamento. Já era mais do que a hora de ele se livrar dela.

Observou a imagem por alguns bons segundos, antes de dobrá-la novamente e enfiá-la em uma caixa prateada que havia em cima da mesa de cabeceira. Ele ainda lembrava-se das palavras de sua mãe no dia em que o tinha presenteado com ela, no seu aniversário de treze anos:

- Eu sei que você, sendo um menino, vai achar esse presente estúpido, mas quero que saiba que ele é muito importante. – Ela disse a ele. – Essa caixa, era da sua avó e depois foi minha durante vários anos. E agora eu estou dando-a a você.

- O que eu vou fazer com isso? – Ele se lembra de ter perguntado, incapaz de compreender porque não havia ganhado a vassoura legal que ele tinha pedido.

- Você vai guardar as coisas que são realmente importantes pra você. – Astoria explicou pacientemente. – Tudo aquilo que você achar que, de alguma maneira, mudou a sua vida, você guardará aqui dentro, como se fosse uma extensão da sua memória. Assim, se você esquecer, e um dia quiser se lembrar, terá um jeito fácil de resgatar esses momentos e vive-los mais uma vez. E se não quiser mais vive-los, estarão presos aqui dentro. Como as memórias dentro de você.

Na época, Scorpius não tinha entendido nada. Nem a importância que aquele objeto do século passado tinha para sua mãe, que sempre teve como ponto fraco tudo aquilo que vinha de sua avó, Ariana Greengrass. Porém hoje, ele entendia boa parte daquele sentimento.

Naquela caixa de metal reluzente, realmente estava tudo aquilo que um dia foi importante pra ele. Tinha as notas dos NOM's e dos NIEM's, uma foto com o time do United Puddlemere e outra com ele segurando a taça do campeonato de quadribol, e até mesmo sua coleção de figurinhas que vinham nos sapos de chocolates. E agora, mais um item completava aquele emaranhado de memórias escondidas.

E de todas as lembranças que Scorpius Malfoy tinha, aquela fotografia de Rose Weasley e os sorrisos dela, era tudo o que ele mais queria esquecer. Mas isso parecia ser impossível quando ele a enxergava até nos trejeitos de Summer.

**

- Desconfortável, não? – Albus se jogou ao seu lado, em um dos sofás na sala da Toca.

- Summer não acha isso. – Rose resmungou, embora sorrisse um pouco ao ver a filha do outro lado da sala acompanhada de Teddy e Fred II, que faziam palhaçadas com as suas varinhas para divertir a criança.

- Ela me trocou. – Albus ensaiou um bico enorme, recebendo um tapa de leve no braço, vindo de Rose. – Mas eu estava falando sério. Olhe em volta, se tirarmos Teddy, Fred e as nossas tias, ninguém está realmente bem por estar aqui.

Internamente, Rose concordou. Lily, pra começo de conversa, tinha se negado a aparecer. Ela tinha dito que estava superando, aos poucos, a morte de Hugo, mas que ainda não estava pronta para sentar à mesa nos jardins da Toca e ver o seu lugar vago. E Rose não só concordava com ela, mas também acreditava que ninguém estava realmente pronto para aquilo.

- E Dominique e Victoire, porque estão muito entretidas babando em cima do pobre Remus. – Albus balançou a cabeça, observando as duas garotas juntas de Angelina e Fleur, próximas à porta da cozinha. – E, é claro, Louis.

A cara que Albus fez foi hilária ao ver o primo em cima do bebê igual as irmãs faziam – inclusive nas caras e bocas. Rose sabia que Albus não julgava a provável opção sexual de Louis, mas sabia também que, certamente, ele o respeitaria mais se ele assumisse aquilo que realmente era.

- James vai vir? – Rose quebrou o silêncio que se seguiu. Sorriu ao lembrar do primo.

- Alguma vez, James já perdeu algum almoço da vovó? – Albus perguntou retoricamente. – Além do mais, acho que ele tem novidades interessantes pra contar hoje.

Rose acendeu os olhos curiosos para o primo:

- Parece que ele recebeu uma proposta para trabalhar no Saint Mungus. Vai sair da Romênia e voltar a morar em Londres.

Ela abriu um largo sorriso. Aquilo era uma maravilha! James, realmente, era alguém que lhe fazia muita falta. Era óbvio que ela e Albus, por terem a idade muito parecida, eram bem mais próximos. Mas James, era James. Era simplesmente impossível não gostar dele ou de suas travessuras e ironias.

- Na boa, não dá pra acreditar que o seu irmão vai administrar alguma coisa no Saint Mungus. – Dominique se meteu na conversa, jogando-se ao lado de Albus no sofá. – Quero dizer, ele não sabe nem administrar a própria vida. Não dá pra entender como ele administra alguma coisa.

Albus olhava para Dominique estranhamente, ainda assustado com a forma como ela tinha aparecido. Rose apenas ria. Já tinha percebido que a prima tinha se aproximado e ouvia a conversa dos dois.

- Faz sentido. – Rose concordou com ela. – Aposto que se essas pessoas que contratam o James conhecessem a vida pessoal dele, desistiriam na hora!

Albus e Dominique riram, mas assim que a loira ameaçou abrir a boca para soltar mais um piadinha infame, Summer apareceu ofegante na frente de Rose:

- Mãe! Mãe! Mãe! – Ela dizia, arrancando risadas de todos.

- Eu estou ouvindo, criança. – Rose respondeu, segurando-a pelos ombros. – Respire fundo e me diga o que quer.

Obedecendo a mãe, Summer graciosamente inspirou e expirou. E em seguida começou a falar:

- Tio Teddy e tio Fred querem me ensinar a jogar quadribol. – Ela soltou de uma vez só. – Eu posso mãe?

A reação foi automática: imediatamente, Rose estreitou os olhos na direção dos primos, fazendo com que Fred se encolhesse levemente enquanto sorria, e Teddy tirasse Remus do carrinho, fazendo do filho uma espécie de proteção. Rose voltou seus olhos para Summer:

- Você ainda não demonstrou magia, Sunny. Não vai conseguir subir em uma vassoura. – Ela explicou pacientemente. – E, além do mais, quadribol é um esporte muito perigoso. Ainda mais para meninas delicadas e da sua idade.

Summer fechou a cara:

- Não gosto de ser delicada. E nem de ser criança.

Dominique e Albus seguraram o riso, enquanto Rose respirava profundamente:

- Você não tem a mínima ideia do que está falando. – Recriminou Rose de forma suave. – Ser criança é muito bom...

- Não é, não. – retorquiu a menina. – Criança nunca pode fazer nada.

Por que ela tinha que ser tão birrenta quanto o pai? Ela se perguntou.

A cara de Summer era tão convincente e dava tanta pena que até mesmo Rose estava se sensibilizando. Acabou abrindo uma exceção, afinal, era a primeira vez que Summer vinha a uma reunião de Weasley. Era importante que ela se sentisse a vontade:

- Tudo bem, Fred e Teddy podem ensinar você. Mas eu não quero você em cima de uma vassoura, entendeu? – Ela falou. – Eles podem ensinar toda a teoria que precisa aprender e, depois, quem sabe, eu deixe você ser erguida alguns metros do chão.

O rosto de Sunny, imediatamente, se converteu. A menina, então, pulou sobre a mãe e lhe encheu de beijos. Mas ela não saiu sem uma última recomendação:

- E tente não se empolgar muito, não que esqueça que você tem um compromisso depois daqui.

Summer assentiu, sorrindo ainda mais e, então, virou-se, correndo na direção de Teddy e Fred que a arrastaram para os jardins:

- Que compromisso uma criança de seis anos pode ter em um domingo de tarde, Rosie? – Dominique quis saber. Albus a acompanhava, caprichando na expressão curiosa.

Rose deu de ombros, fingindo não se abalar:

- Scorpius pediu para levá-la ao circo.

Imediatamente, as expressões dos dois se confundiram:

- Circo?

- Scorpius?

- É, circo e Scorpius, na mesma frase. Estranho, eu sei, mas Sunny deu com a língua nos dentes quanto à um espetáculo que está acontecendo no centro de Londres. E Scorpius me pediu se podia leva-la.

Albus tinha a boca levemente aberta:

- Scorpius raramente vai à Londres trouxa. – Ele argumentou. – Só foi algumas vezes e, em todas elas, estava bêbado demais para se lembrar de alguma coisa.

Imediatamente, Rose abriu a boca, repensando sobre sua decisão. Dominique se intrometeu:

- Você não ajuda falando assim. – Ela reclamou, beliscando o braço de Albus. – E você não faça essa cara, Rose. Sabe perfeitamente bem que o cara está se esforçando. – Ela sussurrou a última parte.

Rose não retrucou, em parte, porque James aparatou exatamente no meio da sala de estar, causando um reboliço enorme entre os Weasley e o choro de Summer, que tinha se assustado. Mas havia uma outra parte, muito maior que essa, e que Rose jamais admitiria: ela sabia que era verdade e que Scorpius estava, verdadeiramente, querendo se aproximar de Sunny.

Ele faria de tudo para recuperar o tempo perdido, Rose tinha certeza disso.

**

- Eu sei que deve estar sendo difícil pra você, querida. – Astoria disse carinhosamente, afagando as mãos de Mandy sobre a mesa. – Mas você precisa reagir. Scorpius é meu filho, mas você não pode continuar aceitando que ele faça essas coisas com você. E se eu, que sou a mãe dele, percebi, acho que você também deveria perceber.

Mandy soltou um longo e cansado suspiro. Em seguida, ergueu a xícara de chá que Astoria tinha lhe oferecido até os lábios e bebericou o líquido quente e aconchegante.

- Eu sei que há alguma coisa errada com ele. E sei também que ele deveria me contar, afinal de contas, estamos juntos há mais de um ano. – Astoria ouvia atentamente a narração de Mandy. – Mas eu não queria ter que obriga-lo a nada. Eu queria que Scorpius tivesse a liberdade de se aproximar de mim e me falar o que está acontecendo. Só assim eu teria certeza de que o problema não sou eu.

Astoria sentiu pena de Mandy quando a viu abaixar os olhos porque sabia exatamente o que ela estava pensando:

- Acredite, qualquer problema que vocês tenham no relacionamento de vocês, não está ligado a sua saúde.

Ela ergueu os olhos, um pouco confusa:

- Scorpius contou? – Ela questionou, levemente surpresa.

- Sim. Mas eu conheço o filho que eu criei. Embora eu saiba que Scorpius quer muito ser pai, sei que ele não iria se afastar de você por isso. – Astoria explicou, servindo a si própria com mais chá. – E, além do mais, existem várias soluções para o caso de vocês. Mandy, se você realmente não conseguir engravidar, existe um monte de crianças por aí precisando de uma família.

Astoria foi sábia, e estava certa. Mas aquela frase não contribuiu para melhorar o estado de Mandy.

Ela, mais uma vez, abaixou os olhos. Mandy sabia que sempre existiria a opção da adoção. Mas seu problema não era esse; seu problema estava ligado ao fato de que àquela deficiência afetava a sua feminilidade. Cada vez que se lembrava de que não era capaz de ter filhos, ela se sentia menos mulher. E esse era o seu maior problema.

Sem contar que havia outra coisa em seu íntimo que a incomodava. Um pequeno fato, que tinha acontecido na sexta-feira e a atormentava. Achou justo consigo mesma compartilhar aquela informação com Astoria:

- Mas a minha esterilidade não é o nosso único problema. – Mandy disse, olhando nos olhos de Astoria e a surpreendendo. – Acho que Scorpius nunca a esqueceu.

Astoria franziu o cenho, um pouco confusa:

- Quem ele nunca esqueceu, querida?

Mandy respirou profundamente, resolvendo que talvez fosse lhe fazer bem compartilhar aquela informação com a quase-sogra:

- A menina da foto. – Ela respondeu simplesmente. – Há alguns meses, eu encontrei em uma das gavetas de Scorpius uma fotografia dos tempos de escola dele, onde ele e uma menina ruiva sorriam para a câmera, parecendo serem bastante íntimos. Havia uma pequena dedicatória no verso da fotografia, escrita com a letra de Scorpius, onde ele dizia que não importava o tempo que passasse, ele sempre a amaria. E que, um dia, ele enfrentaria o mundo para estar ao lado dela.

Astoria permaneceu em silêncio, tentando entender como a mente da nora estava trabalhando aquela informação. Quando percebeu, foi inevitável o tom de incredulidade:

- Você não está com ciúmes de uma foto, está Mandy? Por Merlin, vocês mesma disse que ela é do tempo de Hogwarts! Sabe há quanto tempo Scorpius não deve ver essa garota?

Foi a vez de Mandy sorrir. Um sorriso sarcástico, irônico e perigoso. Um sorriso típico de mulher ferida:

- Fazem quase dois dias. – Ela respondeu na ponta da língua, surpreendendo Astoria mais uma vez.

- Como é?

Mandy levantou-se da cadeira onde estava sentada, nervosa com a situação.

- Exatamente. Estava tudo bem pra mim quando eu pensava que aquela garota ruiva que eu vi era apenas uma fotografia velha e gasta na gaveta de Scorpius. – Ela respondeu, rindo sem emoção. – Mas sexta-feira eu resolvi passar pelo apartamento do seu filho pra ver se ele precisava de alguma coisa. E então, eu a vi.

Ela ficou quieta por alguns instantes, como se tentasse recordar os detalhes daquela noite:

- Ela estava saindo do apartamento dele, Ast. – Mandy disse, sem conseguir mais segurar as lágrimas. – E eu, como a boa covarde que sou, não tive coragem de aparecer e me mostrar a eles. Preferi me esconder em um corredor paralelo.

- O que eles estavam fazendo, Mandy? – A voz de Astoria saiu em um sussurro. Dependendo da resposta da nora, ela mesma subiria ao quarto de Scorpius e o ensinaria a ser um homem.

- Estavam apenas conversando, mas eu não conseguia ouvir sobre o que. Eu estava muito longe. – Mandy explicava. – Ela não era mais a menina da foto, tinha crescido, parecia mais sisuda e madura. Mas ainda assim continuava linda. Tão linda que Scorpius se via incapaz de desviar os olhos dela. – Ela riu outra vez, sem humor. – E, céus, Merlin sabe o quanto eu já desejei que Scorpius olhasse pra mim como olhou para ela.

E, então, ela desmoronou, obrigando Astoria a se levantar e abraçar aquela mulher, agora tão menina, da maneira que apenas uma mãe sabia fazer.

E Mandy se deixou soluçar. Pelo homem que nunca seria de todo seu e pelos filhos que nunca seria capaz de gerar.

**

- Eu não acredito que no meu primeiro contato com ela, eu a faço chorar. – James estava inconsolável, sentado no sofá, enquanto observava Rose tentando acalmar os soluços, já bem mais baixos, de Summer.

Em volta deles, quase todos os adultos – exceto Ron e Hermione, que ainda não tinham chegado – se divertiam com cena.

- E a culpa é toda sua. – Gina resmungou, apontando o indicador para o filho mais velho. – Francamente, Sirius. Você parece um adolescente que acabou de conquistar a licença para aparatar e não um adulto que já o faz há anos.

Albus, como nunca perdia a chance de tirar uma com a cara do irmão, logo se pronunciou:

- Você devia ouvir mais a mamãe, Sirius... – Ele disse zombeteiro, usando o nome do meio que sabia que James tanto detestava porque sempre o fazia lembrar da mãe, que só o chamava assim quando estava aborrecida.

- Ah, cale a boca, Albus! – Retrucou o irmão.

Albus ergueu o dedo do meio pra mostrar para o irmão, mas assim que sua mãe se ergueu, Rose – que estava ao seu lado – o estapeou:

- Não ousem começar com as suas porcarias na frente da Summer. – Ela avisou. – Eu não vou ficar duas horas tentando explicar as palhaçadas de vocês pra ela depois. E deixa de drama, James. Você já conhecia a Sunny. – Ela revirou os olhos.

- Mas ela era um bebê que ainda usava fraldas! – James se defendeu. – E, além do mais, eu não tenho culpa se o Albus é um veado mal comido que tem tempo pra implicar comigo.

As mulheres arregalaram os olhos, ao mesmo tempo em que Victoire e Gina lhe davam um tapão em cada lado da cabeça. Rose, imediatamente, levou as mãos até os ouvidos de Summer, os tapando. Mas já era tarde demais:

- Igual ao Bambi? – Ela questionou, olhando confusamente para Rose.

Os Potter, imediatamente, gargalharam gostosamente, afinal, eles conheciam o desenho trouxa ao qual Summer se referia. E sabiam que não era à ele que James fazia referência quando chamou Albus de veado.

Rose colocou as mãos no rosto, tentando esconder o riso que tentava escapar. Acalmou-se por alguns segundos e, logo, encarnou a mãe cuidadosa de sempre, lançando um olhar irritado na direção de James.

Aquele seria um longo dia.

**

Scorpius levou um susto tremendo quando a porta de seu quarto abriu em um rompante, sem ninguém bater à porta:

- Caramba, pai. – Ele reclamou. – Quer me matar?

Draco aproximou-se dele em passos largos, o que deixou Scorpius ainda mais assustado:

- Sem dramas, Hyperion. – Ele avisou. – Não é do seu feitio.

Scorpius, que ainda segurava a velha herança de família de sua mãe, acabou deixando a caixa de metal cair em um baque mudo. Alguns papéis e pergaminhos se espalharam, sendo rapidamente pegos por Scorpius, que estava bastante incomodado com a repentina intensidade no olhar do pai.

-Não estou fazendo dramas. – Ele resmungou, juntando a caixa e a colocando no lugar.

Draco, por sua vez, observou o objeto – agora sobre o criado mudo – com certo interesse. Ergueu as sobrancelhas assim que reconheceu aquele maldito porta-trecos que era de Astoria – e que tantas vezes foi a causa das discussões entre o casal.

- Não sabia que a sua mãe tinha lhe dado. – Ele comentou, apontando a caixa.

Scorpius deu de ombros, embora por dentro estivesse tremendo diante da possibilidade de o pai resolvesse ver o que ele tinha ali dentro.

- Já faz um tempo. Está cheia de bobagens. – Ele argumentou.

Draco, surpreendentemente, perdeu o interesse no assunto e desviou os olhos da caixa para o filho que, ele percebia, parecia bastante incomodado com a sua presença.

O tempo havia ensinado à Draco Malfoy muitas coisas, inclusive a farejar quando algo estava errado. E foi por isso que não fez rodeios para falar com Scorpius. Foi direto, como achava que deveria ser:

- E então, Hyperion? Qual é o problema?

**

Um estalo foi ouvido na lareira e todos os risos cessaram diante da chegada de Ronald e Hermione.

Os dois estavam sérios, embora Ron, de longe, fosse o pior no quesito aparência. Hermione estava razoável para uma reunião de família: jeans e uma malha jogada sobre o corpo. Os cabelos impecavelmente presos e a expressão pouca coisa mais suave que a do marido. Ron, por sua vez, estava em estado deplorável. Vestia um velho moletom do Chuddley Cannons, aliado à barba mal feita e a expressão sisuda. Claramente ele não queria estar ali e tinha sido obrigado por Hermione.

Enquanto a mulher cumprimentava a todos – especialmente a filha e a neta – com um caloroso abraço, ele tentou escapulir dos olhos de todos, dirigindo-se em direção ao jardim. Porém, Molly Weasley estava atento ao seu filho mais sensível e o pegou em plena ação:

- Ronald Weasley! – Ela bradou da velha poltrona onde estava sentada. – Nem pense em sair por essa porta sem cumprimentar sua mãe! Estou velha, mas ainda tenho permissão para usar a varinha para castigar um filho mal criado!

- Mamãe... – Ele resmungou, contrariado por ser o alvo de todos na sala.

- Ande logo, Roniquinho.

O riso escapado, foi de George, prontamente repreendido por Angelina e Gina, aflitas com Ron, que se dirigia em passos lentos para abraçar Molly. O ruivo grandalhão, abraçou a mãe um pouco desajeitado. Ela o acolheu com tanto carinho que ele quase não quis mais sair dali.

Mas a magia durou pouco, isso porque tanto mãe quanto filho se assustaram com os gritos de Rose:

- Nem pense nisso Fred! – Ela bradou, fazendo todos os olhares se dirigirem para onde o filho de George e Angelina estava com Summer.

Ele revirou os olhos:

- Não seja tão chata, Rosie. – Ele pediu, tentando convencê-la. – Seriam apenas alguns centímetros! Você não confia em mim?

Rose estreitou os olhos pra ele:

- Se eu fosse você, não iria querer saber a resposta dessa pergunta, Fred! – James brincou lá do fundo da sala.

- Não é questão de confiança. A questão é que Summer é uma criança que ainda não demonstrou magia e eu não a quero em cima de uma vassoura!

- Eu ganhei a minha primeira vassoura infantil aos dois anos, se quer saber. – Fred ainda tentou argumentar.

- Porque seu pai é maluco. – Angelina acusou.

- Ei!

O grito de protesto de George acendeu uma faísca e, logo, todos estavam envolvidos na discussão, que só foi interrompida quando Gina anunciou que almoço estava pronto.

A família, então, se dirigiu para os jardins.

O sorriso de Summer, porém, não habitava mais o seu rosto. Ela tinha alguma esperança de que se Ronald a visse em cima de uma vassoura, talvez se interessasse um pouco por ela. Mas nem isso parecia desperta o interesse de seu avô chato e ranzinza, que sequer olhou direito pra ela.

**

Draco estava inquieto enquanto almoçava ao lado da mulher. Fuzilava Scorpius com os olhos, e estava mais sério do que de costume. Aquele almoço tinha um clima pesado, Astoria logo percebeu.

O filho estava fechado em seu universo particular e Draco, aparentemente, estava bastante irritado com alguma coisa relacionada a isso. Mais tarde, ela perguntaria a Draco o que estava acontecendo. Por hora, a única coisa que ela conseguia fazer era repreende-lo silenciosamente com chutes dolorosos nas pernas.

- Estive pensando, nós podíamos jantar os quatro fora hoje a noite. – Mandy se pronunciou alguns minutos de silêncio depois. – O que acha Scorp?

Scorpius, porém, permaneceu em silêncio, ainda preso em seu mundo.

Foi preciso que sua mãe o chamasse, com um belo beliscão no braço:

- Ai! O que foi mãe? – Ele exclamou, alisando o braço enquanto fazia uma careta.

- Eu estava falando com você. – Mandy respondeu dura e de cara fechada. – Coisa que anda meio difícil ultimamente.

- O que foi, amor?

Mandy revirou os olhos.

- Perguntei sobre o que você acha de nós quatro jantarmos fora hoje à noite..

Imediatamente, a mente de Scorpius começou a trabalhar em uma desculpa. Mas nada parecia ser bom o suficiente:

- Não vai dar, desculpem. – Ele disse, recebendo olhares suspeitos da namorada e da mãe. – Tenho que terminar de analisar alguns dados para mostrar ao Potter amanhã, sinto muito.

Mandy tentou dizer alguma coisa, mas foi interrompida com a sensação de algo queimando dentro do bolso do casaco. Rapidamente, tirou de lá uma velha moeda, que piscava bastante. Não demorou mais que dois segundos para limpar a boca e se levantar:

- Vou precisar sair, tem alguma emergência no hospital. – Ela anunciou, se desculpando com Astoria e Draco. Logo depois, seus olhos se tornaram frios. – Quanto a você, mais tarde conversamos.

- Francamente, Scorpius. Trabalho? – Foi questionado pela mãe assim que Mandy saiu da sala.

- É mãe, trabalho. – Ele repetiu impertinente. – Qual o problema?

Astoria estreitou os olhos pra ele:

- Você sabe exatamente qual é o problema. E se você estiver escondendo alguma coisa daquela mulher, ou de nós, é melhor que você abra o jogo logo. Não tenho paciência para joguinhos, você sabe.

Por alguns instantes, ele se sentiu tentado a dizer o que estava acontecendo. Mas, então, percebeu que nem ele havia digerido direito a história. Seus pais não conseguiriam entender e piorariam ainda mais a situação.

E foi por essa razão que ele passou o resto do dia dizendo a sua mãe que tudo estava bem. E que nada havia mudado.

**

Rose, Albus, Dominique e James se encontravam nos jardins, debaixo de uma árvore. O almoço tinha acontecido melhor do que o esperado, embora Hermione tenha chorado um pouco ao perceber o lugar de Hugo vazio algumas cadeiras depois da sua. Ronald permaneceu irritado com tudo e todos a sua volta, embora respeitasse a Molly. Não falou com ninguém o tempo todo, nem sequer com a neta, que tinha lhe feito uma pergunta boba com relação a figurinhas de sapo de chocolate, que agora ela colecionava.

- Você parece cansada. – James disse de repente, olhando para Rose.

- Bela observação. – Dominique ironizou, levando um tapa de leve do primo de volta.

- É sério! Você costumava ser mais divertida.

Rose riu um pouco.

- Só estou preocupada, Jay. – Ela disse. – Você sabe, com a adaptação de Summer nesse mundo novo, com as reformas no bar e, também, com os meus pais.

- Tio Ron 'tá meio pirado. – James comentou. – Não falou com ninguém o almoço inteiro. Não sou acostumado com um tio Ron sem piadas ou sem se gabar de alguma coisa.

- Ninguém está acostumado, se serve de consolo. – Albus comentou.

- E sabem o que me deixa mais irritada? – Rose perguntou retoricamente. – Ele está envolvendo a minha filha nisso. Ele destrói o coraçãozinho de Summer cada vez que a ignora, posso ver isso nos olhos dela.

- Ele ainda vai aceitar, Rose. Ele só precisa de tempo para...

- Tempo? – Ela perguntou. – Fazem quase sete anos! Ele já devia ter entendido, ter tentado pelo menos! Summer cresceu pensando que o avô a odiava. Coisa que hoje, sinceramente, eu não duvido mais.

- Ele não a odeia, Rosie. – Albus defendeu. – Ele só não aceitou muito bem o fato de você não contar pra ninguém sobre o pai dela. E agora, com esse lance do Hugo e tudo mais, é muita coisa pra ele também.

- Sempre foi muita coisa pra mim também, e em momento algum eu fugi. E se ele está sofrendo com a morte de Hugo, Summer e eu também estamos.

Eles ficaram em silêncio, então, apenas observando a neblina de fim de tarde encobrir os raios de sol. Foi só então que Rose percebeu que já devia passar das 17 horas e que ela precisava levar Summer para casa para se arrumar.

- Céus, perdi a hora! Preciso levar Summer pra casa! – Ela se levantou de surpresa, apressada.

- levar Summer? – James se adiantou. – Eu ainda nem curti a menina direito!

Rose deu um sorriso amarelo para o primo e argumentou que a menina precisava fazer a lição e dormir cedo – o que não era de todo uma mentira. E em seguida, sem esperar uma réplica do primo, ela correu em direção da Toca, gritando pela filha.

- Merlin, Rosie! – Hermione veio ao seu encontro da cozinha. – Onde é o incêndio menina?

Ela deu uma breve olhada na sala, vendo seu pai e tio Harry conversando em um canto, enquanto George fazia caretas para o carrinho de Victoire, que estava com Teddy ao seu lado. Estranhou, achou que Summer estivesse com ele e Fred.

- Onde está Fred? – Ela perguntou a Hermione enquanto o procurava com os olhos.

- Ah! Ele precisou sair pra resolver problemas da loja. – Hermione disse.

Rose olhou para a mãe, um pouco preocupada.

- Achei que Summer estivesse com ele e Teddy, mas se Teddy está com a Vic e o Fred saiu...

- Ela não estava com vocês? – Hermione interrompeu bruscamente, observando o rosto da filha aos poucos perder a cor. – Quando Fred saiu, há mais de meia hora, Sunny disse que ia atrás de você. Ela não foi?

Rose sentiu o peito se comprimir. Ela sequer respondeu a pergunta da mãe, saiu em disparada para os jardins. Summer não a tinha procurado, sequer tinha passado perto deles.

- Summer! Summer! Onde você está?

Os gritos de Rose chamaram a atenção de todos. Os adultos, correndo, se aproximaram de Hermione, que ainda estava parada no mesmo lugar.

- Mione, o que houve?

Os olhos de Hermione, porém, se focaram diretamente nos de Ron:

- Sunny sumiu.

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há

**

N/A: Desviando dos avadas de vocês hahahahaha

E agora, o que aconteceu com a Sunny? Algum palpite? Isso, fora a relação delicada de Mandy e Scorpius, que não parece estar lidando muito bem com a volta da nossa Rosie :)

Beeijo


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