Sentado debaixo da única árvore Mallorn que floresceu em Lindon, com seu olhar triste e cansado, o rei observava o pôr do sol.
Park Chanyeol, Alto Rei dos Noldor, Senhor de Lindon, neto do grandioso Gil-Galad (aquele que, junto a Elendil, formaram a aliança entre elfos e homens contra Sauron)... Quanto mais nomes o elfo tinha, mais responsabilidades pesavam sobre ele.
Certo dia, enquanto escutava escondido uma reunião do Conselho Branco, Chanyeol sentiu um incômodo no peito e esse sentimento chato o seguiu durante o dia, e depois durante toda uma temporada. O futuro rei não sabia, mas esse incômodo era parte de umas de suas habilidades sensitivas, afinal, naquela mesma época mais ao leste, o Um Anel tinha decidido sair do rio e foi encontrado por Déagol, e posteriormente roubado por Smeagol(Gollum).
Também conhecido como Conselho dos Sábios, esse grupo foi formado por elfos e magos, para agir contra as forças das sombras que cresciam. Quando o grupo se formou, Chanyeol tinha apenas 400 anos — para os elfos ele era praticamente uma criança — e por isso mesmo foi decidido que, se necessário, ele ajudaria no futuro quando tivesse mais idade.
Infelizmente, na primeira formação não sabiam que o líder — Saruman, o branco —, era um traidor.
E quando Sauron atingiu seu ápice de poder, Chanyeol já participava do Conselho, mas não pôde se juntar aos feitos e nem à Sociedade do Anel rumo a destruição da jóia, em seu lugar estava seu outro grande amigo: Legolas Verdefolha. Foi uma decisão difícil, seu espírito governante queria defender, protejer seu povo e exterminar de vez aquele trazia as sombras para a Terra Média, mas as consequências seriam piores se o que o rei protegia caísse nas mãos de Sauron, ou de seus servos.
Com o rumo que essa guerra estava tomando, outra decisão teve que ser tomada, e junto com parte de suas forças armadas, o rei elfo se juntou à Batalha nos Campos de Pelennor e na Batalha final de Morannon. Finalmente o Um Anel foi destruído.
Após a derrota de Sauron, muitos seres atravessaram o mar, partindo para as terras imortais. Foram-se elfos, hobbits e até mesmo alguns anãos. A grande maioria eram aqueles que sentiam em seus corações que seu propósito na Terra Média havia findado.
Por outro lado, aqueles que ficaram, ainda tinham um dever a ser cumprido.
Nos dias atuais, o Conselho Branco ainda existe como forma de prevenção contra qualquer iniciativa sombria que possa surgir.
Parte do grupo que já tinha partido para Aman (Terras Imortais) incluía Gandalf, Galadriel, Elrond, e a outra parte da primeira formação que ainda estava na Terra Média eram seu padrinho Círdan, o Senhor dos Portos Cinzentos; o marido da Senhora Galadriel: O Senhor de Lothlórien, Celeborn; e seu amigo, o Rei Thranduil.
Os novos integrantes incluíam Aragorn, representando os homens; Minseok, o mago e Senhor das Geleiras do Norte; e por último Samwise Gamgee, representando os hobbits.
Duas semanas atrás, o Conselho se reuniu novamente, dessa vez em Lindon, a capital dos elfos, e o rei Chanyeol, era o motivo da reunião.
— Chanyeol... Chanyeol! Estamos falando com você. — Minseok empurrou o ombro de Chanyeol com seu cajado.
— Você tem que considerar essa ideia — disse Thranduil. Ele olhou para o estado que seu amigo se encontrava e isso o deixava profundamente triste.
A verdade é que, mesmo com todo o seu poder e habilidade, o Alto Rei Elfo estava definhando de tristeza e cansaço. Quando o Conselho expôs sua preocupação em relação à saúde do rei e ao futuro de seu povo, Chanyeol sentiu medo, porque inconscientemente ele sempre soube que poderia falhar e que esse dia chegaria.
— Você sabe que, apesar das tradições, nós sempre damos um jeito de escolher bons líderes. Às vezes, eles não vêm de uma linhagem direta, todavia todos são abençoados por Ilúvatar e guiados pelos Valar. Mas com a casa de Finwë, seu antepassado, é diferente. Sempre foi diferente. — Círdan, olhava amorosamente para o afilhado. — Todos dessa casa são tão poderosos, desde criar Silmarils, anéis de poder, governar a alta liderança dos elfos por milênios e até lutar diretamente com Melkor. Vocês são muito poderosos, você é poderoso, meu filho.
"Nós já vimos tantas batalhas acontecerem, tantas mortes, aprendemos muitas lições e é por isso que não podemos ficar parados vendo você morrer aos poucos. Chanyeol, você já pensou o que aconteceria se você morresse hoje? Nossa preocupação não é apenas com um elfo sucessor... mas sim alguém que também seria capaz de proteger o coração de Lindon, se sua chama apagar nós ficaremos vulneráveis e mesmo com a população élfica crescendo nos quatro cantos da Terra Média e mesmo com o apoio dos homens, anãos e hobbits, não seríamos capazes de enfrentar outra guerra.
Você é um daqueles que carrega o bom coração em seu sangue da casa de Finwë, o pai de Fëanor (espírito de fogo), e pode controlar as chamas que protegem o núcleo de Lindon. Sabemos que nunca entenderemos por completo sua dor e suas angústias, infelizmente ainda não conseguimos um jeito de te ajudar, Chanyeol. Nosso povo precisa de você, e é por isso que você precisa também de um herdeiro legítimo."
O rei sentia que o discurso de Círdan foi difícil de ser dito. Os elfos só amam uma única vez, como ele se casaria e geraria um herdeiro se seu coração não estava disponível?
Como um governante, ele tinha o dever de manter seu povo protegido, mesmo para a idade dos elfos, já não era tão jovem e estava fraco, se o herdeiro tivesse que vir, tinha que ser agora.
Foi por isso que ele definiu aquela como a última noite em que procuraria entre as Ardas, aquele que ocupou seu coração pelos últimos 600 anos.
Com sua visão élfica, Chanyeol estendia seu olhar para as diferentes Ardas que a Terra Média nem sonharia em escrever sobre.
Ocorreu que em meio às suas visitas ao Condado, ele foi apresentado a um livro perdido em uma livraria perto de Bree, o local era simples, mas muito bem cuidado por um casal de velhinhos hobbits. O livro que ele achou, era um ensaio escrito em Quenya (a língua dos elfos que viveram em Valinor) sobre as descobertas inacabadas de um autor, que descrevia sobre a revelação de que havia infinitas Ardas. O autor também citava a possibilidade de que, com treinamento, elfos poderosos poderiam usar sua visão élfica para observar essas Ardas.
"Seria Ilúvatar tão generoso a ponto de perpetuar suas criações com outras Ardas? Mas é claro que sim ", pensou o rei, na época que descobriu o livro. Naquele momento seu coração se encheu de esperança. Estava cada vez mais perto de reencontrá-lo.
Então, todas as noites antes de dormir, sentava debaixo da majestosa e solitária Mallorn. Com vista para o porto, se deixava levar por entre os vários portais, procurando seu amado. Às vezes procurava por alguns minutos, por outras vezes chegava até o meio da madrugada.
Mas naquela noite foi diferente. Assim que o sol se pôs, a procura durou a noite toda, e quando a manhã chegou, os raios solares clareavam as lágrimas e os soluços sofridos da majestade, como de quem havia perdido seu grande amor. E na verdade, tinha mesmo.
Suas mãos se esquentaram e o bilhete escrito às pressas tanto tempo atrás se desfez em pequenas faíscas douradas, estas que foram levadas pelo vento da manhã.
Estava tão inerte em seu luto que não ouviu o elfo chegar.
— Majestade?
— Sim? — disse com a voz tremida e, ainda de costas, usava as mãos para secar suas lágrimas.
— A comitiva estará pronta para sair em uma hora.
— Tudo bem, descerei em breve.
O elfo o cumprimentou com a cabeça, e desceu.
Não só os elfos de Lindon, mas toda a Terra Média sabiam da triste história de seu rei, os mais antigos chegaram a conhecer o alegre e diplomático elfo, amigo de todas as criaturas. Conforme os anos passaram e as guerras aconteceram, Chanyeol não conseguia achar seu amado, o procurou por todos os cantos e negava-se a acreditar que ele estava morto.
Não sabia explicar como, mas tinha uma certeza dentro de si. Kyungsoo ainda vivia.
Após 500 anos de procura a grande solidão do rei o assolou, governava sabiamente, porém era acompanhado pelo vazio nos últimos 100 anos.
Com um suspiro, o rei se levantou e deu as costas para o sol nascendo.
O vazio cresceu exponencialmente em seu peito, mas antes que pudesse dar mais um passo, olhou para baixo quando sentiu o calor do seu sangue manchando sua roupa. A envenenada flecha de Morgul atracou em sua costela, e outra em seu ombro direito, causando o desequilíbrio do elfo, este caiu no rio que passava por debaixo do local.
Talvez, o arqueiro tenha visto o corpo cair na água, mas ele não tinha certeza, tratou de ir procurá-lo e conferir se tinha finalizado seu trabalho.
O corpo do rei foi recolhido por Ulmo, o Vala senhor das águas, e foi entregue a Vairë, a Valier senhora que tecia os caminhos, ela o enrolou em um manto contendo a história dele e corpo se desfez pelo universo, em milhares de pontos brilhantes que se misturaram com a luz das estrelas.
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NOTAS FINAIS:
Confesso que quando estava escrevendo o prólogo, eu também estava terminando de assitir Last Twilight, então se acharem dramático demais kkkkk é isso.
Coitado do Chan, tudo vai melhorar, mozinho. Até dia 27.