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Janna despertou antes do nascer do sol. Sua respiração estava ofegante e havia uma dor latente em seu coração. Trêmula ela se levantou e deu a volta na cama a fim de observar o semblante sereno do marido. A princesa se abaixou e ficou bem próxima do rosto dele. A respiração de Louis era calma e compassada.
Janna!
O grito desesperado da irmã ecoou em sua mente lhe trazendo um calafrio. Em seguida veio a memória de Ayra sendo sugada para o fundo de um rio de águas escuras.
O pesadelo que tivera tinha sido tão real que era como se ela tivesse realmente vivido aquele momento assustador.
Ela se ajoelhou ao lado da cama e orou. Pediu pela irmã e pelo reino de Jaipur, intercedeu até mesmo pelo pai e a Rainha-consorte. Só percebeu que tinha pego no sono orando quando acordou sentindo as pernas dormentes.
Louis ainda dormia quando ela se levantou e foi ao banheiro.
Ao contemplar seu reflexo ela derramou algumas lágrimas e como se para afastar aquela angústia, massageou seu peito na região onde a dor se concentrava.
Deus, por favor! Me diga oque está acontecendo. Ela suplicava.
Quando retornou para o aposento, a princesa estava com uma postura relaxada e caída e tinha um olhar vago. Ela caminhou até a mesa de trabalho do Duque e pegando um livro começou a ler.
— Que tal você ler aquele livro para mim?— A pergunta de Louis a tirou daquele torpor e ela o olhou.— Você parou na parte que dizia que um homem importante foi ver o Grande Mestre em segredo.
Louis estava sentado com as costas apoiadas na cabeceira da cama.
— Você quer que eu leia a bíblia para você?— um pequeno um sorriso surgiu nos lábios da princesa.
— Então era aquela bíblia que você estava lendo?— ele gracejou e em seguida deu um sorriso cheio de segundas intenções.— Eu não me importo qual seja o livro, desde que você leia para mim.— Louis passou a mão no lugar ao seu lado na cama a convidando para se aproximar.
Janna o olhou desconfiada mas aproveitando aquela oportunidade de compartilhar algo da palavra de Deus resolveu apenas aceitar.
— Espere um pouco.— ela se levantou foi até o quarto ao lado e logo retornou trazendo a bíblia consigo.
Com certa timidez, a princesa se aproximou da cama e se sentou ao lado do marido.
— Vejamos...— ela abriu o livro sagrado e procurou pelo capítulo em questão. Enquanto ela o fazia Louis a analisava bem de perto.
O Duque ouviu o capítulo três do livro de João em completo silêncio. Ficou absorto na narrativa e quando Janna terminou ele a olhou com uma expressão confusa.
— Eu não entendi.— Louis ficou pensativo.— Imagino que deva ter uma lição de moral ou valor escondido nessa história mas não consigo compreender.
— Oque exatamente está te confundindo?
— Tudo.— Ele foi sincero.
Janna o explicou que também não era uma especialista na bíblia mas que acreditava que o que ele precisava saber através daquele capítulo é que Deus amou tanto o mundo que deu seu filho único em remissão dos nossos pecados. E quem recebe o filho de Deus tem o privilégio de ter uma nova vida, nascer de novo. Eles ficaram juntos conversando sobre algumas passagens e personagens bíblicos até a hora do café da manhã.
Janna se aprontou e como o Duque já tinha ido desceu sozinha. Ela não pode deixar de reparar que naquele dia rosas vermelhas se destacavam nos vasos de decoração do castelo. Eram flores naturais lindíssimas.
A princesa estava exatamente sentindo o aroma que emanava de um arranjo que estava na sala de refeições quando a madame Léa entrou trazendo consigo uma bandeija com vários tipos de pães recém-assados.
— São lindas não são?— A senhora perguntou.
Assim que Janna se aproximou ela a reverenciou.
— São deslumbrantes!— Janna sorriu encantada.
Ver e sentir aquelas flores trouxe um certo alívio no lugar da tristeza que insistia em a abater.
— Bom dia, Léa.— Louis entrou no salão com passos firmes e logo chegou ao seu lugar na ponta da mesa e se sentou.
O Duque vinha da área externa pois tinha acabado de se despedir do embaixador.
Janna ocupou o lugar ao lado dele e assim que ele segurou a xícara para tomar seu chá ela percebeu vários arranhões no dorso de sua mão.
— Pareço uma criança não é?— Louis percebeu a direção do olhar dela e tocou a própria mão.— Me esfolando por nada.
A princesa sorriu em resposta e mesmo que estivesse cheia de curiosidade não fez nenhuma pergunta. Ela ainda estava decidindo oque comer quando algumas pessoas entraram na sala a surpreendendo. Eram: Lohan, Melanie e por último a doutora Carlota.
Eles cumprimentaram os anfitriões e prestaram reverências.
— Eu chamei vocês aqui porque quero comunicar algo na presença de todos.— Louis chamou a atenção deles.— Alguns assuntos urgentes surgiram e terei que fazer uma viagem. Mas gostaria de levar vocês comigo.
— Eu estou mais que dentro.— Todos os olhares foram direcionados à Carlota.
A postura impecável de Lohan e seu olhar solene denunciavam que ele estava pronto para ir para onde quer que fosse por seu trabalho.
— Seria uma honra.— Melanie disse com voz delicada.
— Para onde vamos?— Janna perguntou causando um sorriso nos demais.
— Isso é uma surpresa. Terá que confiar em mim.— Louis sorriu para ela.
Em resposta Janna semicerrou os olhos. Naquele momento Carlota pegou a mão de Lohan que estava ao seu lado e a examinou.
— Parece que alguém entrou em uma briga, ou no mínimo em um arbusto cheio de espinhos.— A médica observou.
— Eu não sou seu paciente.— Lohan retirou sua mão da vista dela rapidamente.
— É isso que eu ganho por querer ajudar as pessoas!— Carlota dramatizou.
A refeição foi regada à conversas e muitos risos. E ao terminar os últimos detalhes da viagem foram acertados.
Mais tarde naquele mesmo dia Louis convidou a princesa para um passeio na cidade. Diferente das outras ocasiões ele sugeriu que fossem somente os dois. Enquanto se aprontava sem muito ânimo Janna ouvia a conversa entre as camareiras.
— A ponte dos amantes está de tirar o fôlego!— Eve exclamou sonhadora.— Existe uma lenda que diz que se dois amantes se beijarem no meio da ponte eles ficarão unidos para o resto de suas vidas.— contou com um grande sorriso.
A princesa deu um pequeno sorriso e se levantou. Naquele momento elas ouviram batidas na porta. Quando Eve abriu se deparou com o Duque esperando do lado de fora.
Eles foram à um restaurante tradicional da cidade. Era um prédio antigo de vários andares que tinha vista para o rio. As toalhas das mesas eram brancas e as cadeiras de madeira escura. Bem diante da mesa deles havia duas portas abertas diante de uma pequena sacada com vista para o céu estrelado.
— Quando vai me dizer o que está te incomodando?— Louis perguntou assim que o garçom saiu com os pedidos.
Os olhos da princesa dobraram de tamanho e em seguida ela apertou os lábios.
— Eu sinto muito. Estou feliz por ter me trazido, por essa noite, mas...— Ela estava tensa.— Qual é o sentido de esconder algo de você?— Janna soltou o ar pela boca.— Devemos sempre ser sinceros um com outro não é mesmo?
Louis demorou um pouco para responder pois as últimas palavras dela o atingiram em cheio.
— Você tem razão.— Foi oque disse.
— Na noite de ontem eu tive um sonho com a minha irmã.— ela começou.— E foi tão real que eu não consigo tirar essas imagens da minha cabeça o dia todo.
— O quê... você sonhou?— Louis indagou com voz um tanto vacilante.
— A Ayra estava se afogando — Janna abaixou o olhar.— e eu tentei! Eu tentei muito!— seus olhos se encheram de lágrimas.— Mas não pude fazer nada para salvá-la.
Louis repousou o queixo sobre uma de suas mãos e deu uma risada curta.
— A ligação que existe entre vocês é muito forte.— Ele divagou.
— O quê?— Ela franziu as sobrancelhas pois não conseguiu entender o que ele falava.
Louis deslizou sua mão sobre a mesa e alcançou a mão dela.
— Não se preocupe tanto. Tudo ficará bem.— Ele procurou confortá-la embora em seu interior a culpa por estar escondendo tantas coisas dela estivesse o corroendo.
Janna envolveu a mão dele e a trouxe para junto de seu rosto. Louis acariciou a bochecha dela de maneira suave. Aquele gesto por mais simples que fosse somado à forma com que ela fechou os olhos foi muito doloroso para ele.
Ele não merecia toda aquela confiança... aquele amor que ela demonstrava ter por ele.
— Eu não sei para onde estamos indo, mas será que podemos... talvez, passar por Jaipur?— Ela perguntou abrindo os olhos.
Um canto dos lábios dele se ergueu.
— Por mim tudo bem.— Louis concordou dizendo à si mesmo que até o fim daquela viagem tudo estaria resolvido entre eles.
Logo após o jantar eles caminhavam de mãos dadas devagar pela rua. Agora os papéis haviam se invertido. A princesa estava encantada e falando sobre como cada coisa naquela cidade parecia ter saído de um conto de fadas e Louis estava perdido em seus próprios pensamentos.
Quando Louis deu por sí já estava na ponte dos amantes e Janna o conduzia guiando-o pela mão até o meio dela.
— Você conhece a lenda da cidade que diz...— ela foi interrompida por ele.
— Que se dois amantes se beijarem no meio dessa ponte eles ficarão unidos para sempre?— ele perguntou se virando para contemplar o horizonte diante deles.
No escuro da noite as águas do rio abaixo deles assumiam um tom intenso de azul. Em volta da ponte árvores enormes com grandes galhos sem folhas a emolduravam.
— Você não acredita nisso não é mesmo?— ele perguntou.
— Não. Eu não.
Louis não precisou olhar para ela para saber que ela estava sorrindo.
— Mas, pelo benefício da dúvida...— Ele se virou e a tomou pela mão trazendo-a para junto de sí.
E ali, tendo a natureza, o céu e as montanhas como testemunhas ele a beijou.
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Boa noite gente!!! 🥰🥰🥰🥰
Parece que o cerco está se fechando.😟
O que será que aguarda o Duque a sua princesa e toda a trupe nessa viagem?
Leitoras novas sejam muito bem-vindas!!!
Beijoss e até breve!!! 😘😘😘