Viola e Rigel - Opostos 1

By NKFloro

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Se Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a... More

O Sr. Olhos Incríveis
A Cara de Coruja *
A segunda impressão
O pesadelo *
O Pedido
O Presente
O Plano
O Livro
A Carta
O Beijo
A Drums
A Raquetada*
O Queixo Tremulante
Cheiros
Os Pássaros *
O Pequeno Da Vinci
O Mundo era feito de Balas de Cereja
O Dia do Fundador
BOOM! BOOM! BOOM!
A Catedral de Saint Vincent
Ela caminha em beleza
Anne de Green Gables
O Poema
Meu nome é Viola
Cadente
Noite de Reis
Depósitos de Estrelas
70x7
A loucura é relativa
Ó Capitão! Meu capitão!
E se não puder voar, corra.
Darcy
Cupcakes
Capelletti e Montecchi
Ensaio sobre o beijo
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Metamorfose
Perdoar
Natal, sorvete e música
Anabelle
Clair de Lune
Eu prometo acordar os anjos
Red Storm
Purpurina da autora: O que eu te fiz Wattpad?
Palavras
Como dizer adeus
Macaco & Banana
Impulsiva e faladeira
Sobre surpresas e ameixas
Infinito
Como uma nuvem
Sobre Rigel Stantford (Mad Marshall Entrevista)
Sobre Viola Beene (Mad Marshall Entrevista)
Verdades
Rastejar
O Perturbador da Paz
Buraco Negro
O tempo
Show do Prescott
A Promessa
O tempo é relativo
Olá, gafanhoto
Olhos de Safira
O caderno
De volta ao lar
A Missão
A pior noite de todas
Grandes expectativas e frustrações maiores ainda
Histórias de amor e outros desastres
Sobre escuridão e luz
Iguais
Sobre CC e RR
Salvando maçãs e rolando na lama
O infame
PRECISAMOS FALAR SOBRE PLÁGIO

Promessas

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By NKFloro

As últimas horas foram de longe as mais dramáticas da minha vida.

Prendendo a respiração, conto até cinco. Embora prestes a implodir em um misto de raiva, dor e medo, seguro o choro e tento parecer o mais calmo possível.

Sorte minha o vovô Adolf não estar aqui, ou diria para me recompor e agir feito um homem.

— Vai ficar tudo bem, garoto — padre Cadence garante, a mão no meu antebraço. — Tenha fé.

Dá para ver que está exausto. Pudera, depois de passar a noite inteira tentando impedir que eu desmorone, fica difícil manter as aparências.

No fundo, tenho pena do padre Cadence, ele executa bem o seu papel de sacerdote, mas a verdade é que não sou sua responsabilidade, não era dever dele estar aqui, com certeza tem gente lá fora bem mais necessitada da sua ajuda do que eu. Contudo, ele escolheu ficar ao meu lado e desempenhar um dever que qualquer pessoa com um cérebro funcional julgaria pertencer à minha mãe, meu ente mais próximo; e embora desconfie que esteja fazendo isso não por apreço a mim, mas por lealdade ao meu pai, não posso deixar de me sentir grato, não fosse por ele, eu estaria mais só que um rato-toupeira.

Erguendo os olhos, sorvo o ar gelado da sala de espera, o cheiro de desinfetante e flores rasteja pelas minhas narinas me deixando nauseado.

Do lado oposto do cubículo branco, Eliza Beene conforta a filha. A Cara de Coruja deixa a cabeça pender sobre o ombro da mãe enquanto me observa com olhos inchados de tanto chorar. Por um louco momento desejo que ela estivesse ao meu lado.

Venha até mim.
Acorde os anjos!
Faça o céu cantar outra vez.

Ela funga, enxugando o nariz ranhoso com um lenço, os cachos vermelhos roçando as bochechas mais vermelhas ainda. Diferente de mim, Viola Beene não tem vergonha de ser quem é, ela não se importa de revelar ao mundo a sua bagunça.

"Deus se move de maneiras misteriosas, para executar suas maravilhas, ele estabelece suas pegadas no Oceano e cavalga sob a tempestade" — a voz do padre Cadence me tira do devaneio.

Desvio o olhar para ele, seus dedos escuros rolam as contas do terço.

— Por que não tenta rezar mais baixo? Duvido que Deus tenha problema de audição.

— Não estou rezando, estou recitando um poema. — Faço uma careta confusa. — Meu pai costumava recitá-lo para mim quando eu era pequeno e me via tentado a questionar a sabedoria divina.

Pronto, ele vai começar.

— Sério? E Isso funcionava para o senhor? Porque não está funcionando pra mim. Honestamente, saber que Deus se move de maneiras misteriosas pra realizar o que quer que seja, só me deixa ainda pior, não me sinto nada confortável com a ideia de que alguém, além de mim, tenha algum poder sobre o meu destino.

Ele me lança um olhar complacente.

— Não é trabalho de Deus fazer você se sentir confortável, Rigel — sua voz se torna mais paternal. — Mas acredite, embora os planos de Deus possam parecer árduos e nebulosos a princípio, o fim deles é feliz e bom.

— Ótimo. Por que não aproveita que são íntimos e pede a Ele pra ir direto para o fim, então?

Padre Cadence dá um tapinha no meu ombro.

— Até nisso você se parece com seu pai, embora na sua idade, ele fosse mais como eu.

Eu bufo.

— Não estou surpreso, aos quinze anos a maioria das pessoas acredita em qualquer coisa.

— Aos quinze anos a maioria das pessoas não acredita em nada, além de si mesmas, você é prova disso.

Antes que ele se prolongue, eu assinto, fingindo concordar, quem sabe assim ele não desista de tentar me converter. Apoiando a cabeça na parede, fecho os olhos, se ele voltar a falar sobre os desígnios de Deus e coisa e tal, vou fingir que estou dormindo.

Há algum tempo uma enfermeira carrancuda informou a Eliza Beene que o infame passa bem, seu quadro é estável. Quando o padre Cadence perguntou do meu pai, no entanto, ela veio com a ladainha de que não estava autorizada a dar informações e que o Dr. Karuma aguardava a chegada de um familiar adulto, fez questão de ressaltar, me olhando como se eu tivesse cinco anos e comesse caca.

Contrariando as expectativas do corpo médico, a mamãe só foi aparecer horas mais tarde, com a pior cara de ressaca que se possa conceber. Ela mal teve tempo de me dizer "oi", a enfermeira carrancuda se aproximou com a desculpa de leva-la até o Dr. Karuma.

Faz quase uma hora e nada dela retornar. Enquanto meus nervos são cozinhados em banho-maria, enfermeiras vêm e vão, passam por nós apressadas, cochichando entre si como se fossemos invisíveis.

Estou quase desistindo de esperar, quando a enfermeira carrancuda aparece para me acompanhar até a sala do médico, onde, segundo ela, minha mãe me aguarda.

Começo a tremer como se meu corpo inteiro fosse um composto gelatinoso ao ver médico e enfermeira desaparecem atrás da porta, me deixando a sós com a minha mãe. Ela levanta da poltrona alisando seu suéter e vem até mim, sem dizer uma única palavra, pega a minha mão entre as suas e abaixa a cabeça, desenhando círculos invisíveis na minha pele, como quando eu era pequeno e precisava ser acalmado.

Desta vez não vai funcionar, eu não tenho mais cinco anos, minha aflição não se deve a um bicho de pelúcia estragado ou a um machucado qualquer no joelho, mas ao meu pai, a pessoa mais importante para mim no mundo inteiro, mais importante até do que eu mesmo.

Afundo as mãos nos bolsos, a fim de evitar seu toque.

É tarde demais para bancar a mãe carinhosa e preocupada, eu passei a noite inteira sem pregar os olhos, aboletado em uma poltrona dura de hospital enquanto você dormia à sono solto em uma cama confortável, alheia ao ruir do mundo à minha volta, pra variar.

Como ela continua mais muda que um personagem do Chaplin, peço que fale de uma vez. Estou cansado demais para lidar com seus dramas e sinuosidades, aflito demais para esperar por mais um minuto que seja.

Algo na maneira como ela me encara deixa implícito que não vou gostar do que está por vir. Que se dane, é meu direito saber o que está acontecendo, pouco importa em quantas partes isso me dilacere.

Ela pede que me sente e oferece um copo de água. Eu recuso ambos. Diferente de mim e do papai, a mamãe tem o péssimo hábito de desperdiçar palavras, de modo que gasta os minutos seguintes usando de subterfúgios para evitar ir direto ao ponto, colocando em jogo o que resta da minha sanidade. Em certo ponto, chega inclusive a se desculpar pelo papelão com a bebida e pelos absurdos que despejou em cima de mim, assim como por não ter estado ao meu lado nas últimas horas. A mamãe é boa nisso, fazer você acreditar que ela se importa. Para seu azar, no entanto, desta vez não estou disposto a ceder e fingir que não sei como isso funciona — ela pisando na bola dez vezes, e eu a perdoando onze.

Engolindo a irritação, insisto que me conte o que está acontecendo.

E enquanto seus lábios se movem, registro palavras como:

complicações      
                                pós operatório                             grave hemorragia       UTI

recebendo   os cuidados necessários            

nos manter fortes unidos

É mais do que suficiente.

Mordendo os lábios, me impeço de chorar.

— Eu quero vê-lo. — minha voz treme. — Quero ver o meu pai.

— E o verá, mas não pode fazer isso agora. — Ela se aproxima, toca uma mexa do meu cabelo. — Teremos que esperar. Entendo que isso seja difícil para você, mas precisa se acalmar.

Enquanto a sala gira, mamãe segue falando, mas tudo que ouço é um zumbido intermitente nos ouvidos e o palpitar desenfreado do meu próprio coração.

— Eu não vou me acalmar porcaria nenhuma.

Queria que isso tudo fosse um pesadelo.

Tem que ser um pesadelo.

Dá pra ver o terror nos seus olhos quando passo por ela e disparo pelo corredor em direção à saída. Preciso de ar, estou quase hiperventilando, o coração latejando nos ouvidos, nas palmas, na planta dos pés.

Do lado de fora do hospital, o sol muda a cor do horizonte. Aperto os olhos contra a luz da manhã.

Mamãe segue no meu encalço, tentando me fazer parar. Apresso o passo, meu cérebro filtra seu discurso, registra nada além de fragmentos de frases sem sentido.

Passando o dorso das mãos pelos olhos, impeço que as lágrimas ultrapassem a barreira dos cílios, segurando o choro o máximo que consigo.

Quando enfim paro no estacionamento do Memorial, sinto alguém se aproximar e braços envolverem meus ombros por trás.

— Fique calmo, querido — mamãe pede. — Respire devagar. Vai ficar tudo bem. Eu prometo.

Eu me viro para encarar seu rosto descorado.

— Assim como prometeu que pararia de beber?

— Rigel, por favor, não é hora para isso.

Eu bufo.

— Tem razão. Primeiro, vamos fingir que temos algum poder sobre a vida e a morte, que o precioso dinheiro do meu pai pode garantir a ele mais um ou dois anos de vida, com sorte, até três. Depois, podemos partir para o lado prático e colocar na mesa todas as promessas que você fez só para quebrá-las no instante seguinte. — Ela tenta tocar meu rosto, mas eu recuo. — Chega disso, estou cansado de fingir que tá tudo bem, quando não está. E estou mais cansado ainda das suas mentiras e promessas fajutas.

— Não fale assim comigo, eu sou sua mãe.

— Ah, sim. Que bela mãe você é.

— Rigel, eu já disse, não é hora para isso. Não está sendo fácil para mim também, mas precisamos ser fortes e...

— Não está sendo fácil pra você? — Cerro os dentes, tristeza e indignação apertam a minha garganta. — Essa é boa. Provavelmente deve estar soltando fogos por dentro.

— Cale a boca. Está excedendo todos os limites, como pode supor uma coisa dessas? O Max é tão importante para mim quanto é para você, eu me preocupo com ele tanto quanto você, afinal ele é meu marido e eu o amo.

— Ama tanto que o traiu.

Ela olha ao redor para se certificar de que ninguém me ouviu, então se volta novamente para mim.

— Você perdeu o juízo, do que está falando? Eu nunca trai o seu pai.

— Por favor, nem se dê o trabalho de negar, eu sei de tudo.

— De tudo o quê?

— Da porcaria do seu caso com aquele merda italiano — minha voz sai embargada. — Você adora bancar a vítima e culpar os outros pela desgraça do seu casamento, mas esquece de olhar pra si mesma, se estamos nesta situação, em parte a culpa é sua, afinal foi por sua causa que viemos parar neste lugar de bosta cheio de gente mais bosta ainda, não foi?

Mamãe dá um passo atrás, ultrajada.

Aperto o punho contra os lábios, olhando para além dos seus ombros.

Parada alguns metros adiante está Viola Beene, seus olhos azuis arregalados. Antes que ela possa esboçar reação, Eliza Beene cruza a porta de correr, envolve seus ombros e a guia de volta para o interior do hospital.

Olá, gafanhotos!

Ainda bem que quase não demorei a atualizar dessa vez, né?

Falando sério agora, obrigada por não desistirem de VeR, é tão gratificante saber que mesmo depois de tanto tempo ainda há pessoas interessadas na história.

Saibam que eu tive motivos para dar um tempo da história, perdas familiares, problemas de saúde, períodos de depressão em que eu mal conseguia continuar respirando. Foi tanta coisa, que só consegui lidar mesmo pela bondade de Deus.
Pra piorar, sempre que eu intentava voltar com o livro algo acontecia e eu acabava desistindo, esse capítulo mesmo está nos rascunhos há alguns dias, faltava só concluir a revisão quando consegui a proeza de travar minha coluna — pensem em uma dor. Daí, tive que fazer uma pausa em tudo, porque era impossível realizar mesmo movimentos simples, ficar sentada escrevendo então, nem em sonho, foram dias de fisioterapia e na sexta passada recebi alta, por isso estou aqui plena postando para vocês.

Vou tentar finalizar as postagens dessa vez, faltam só uns oito capítulos para o final do livro.

Mas agora vamos ao que importa?

Gostaram do capítulo?

O que me dizem de Rigel?

E de Padre Cadence.

E de Melissa?

Parece que Liam escapou da Miss Machado?

Será que Max terá a mesma sorte? Façam suas apostas.

Pra quem tá sentindo falta, em breve teremos alguma interação entre os protagonistas.

O poema citado pelo padre Cadence é do poeta W. Cowper.

Cheiros e queijos!

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