A viagem foi totalmente tranquila, dormi horrores antes do avião pousar. O aeroporto dos States é muito grande e tinha tanta gente, que parecia a fila do sus. Andei o aeroporto todo à procura da pessoa que ia me levar para o acampamento, até que eu encontrei um cara que estava com uma placa escrita "welcome Dandara Reis". Ele parecia um adolescente entediado, estava com um moletom azul e calças pretas, o cabelo era encaracolado e estava desarrumado, também tinha olhos castanhos escuros.
— oi — me aproximo dele
— seja bem vinda Dandara Reis - ele repete o que está escrito na placa
— muito obrigada, garoto da placa
— me chamo Jhonny — diz baixo
— Jonas? Tipo Jonas Brothers? — pergunto
— não é Jonas, é Jhonny — diz um pouco impaciente e começa a andar
— seu português é muito bom, Jonas
— português? Não estamos falando em português — ele para de andar e me olha como se eu fosse uma idiota
— OI? — agora quem para sou eu — como não estamos? Eu estou entendendo tudo que você fala e nunca aprendi outro idioma
— estamos falando em inglês — ele faz uma cara que diz "óbvio que estamos falando em inglês, estamos na América" — isso provavelmente tem haver com o seu parente divino
E QUEM FOI QUE DISSE PARA O MEU "PARENTE DIVINO" QUE EU QUERO APRENDER INGLÊS? TANTA COISA QUE PODIA ME DAR E ELE ME FAZ BILÍNGUE, TÁ DE SACANAGEM
Fomos para o estacionamento do aeroporto,que era gigantesco, confesso que fiquei com medo de me perder no meio de todos esses carros. Jonas vai até uma caminhonete azul, que tinha caixotes com morangos na parte de trás.
— morangos, posso comer um? — pergunto enquanto ele entra na caminhonete
— não são meus, e se fossem eu também não deixaria — diz colocando o cinto de segurança
— Nossa Jhonny, você é tão carismático — digo irônica enquanto entro no carro
— Agradeço o elogio — ele diz irônico também
— como é o acampamento — digo curiosa
— quando você chegar lá, irá descobrir — diz concentrado
— você é simpático igual coice de cavalo — tô começando a achar que você é um
— na verdade eu sou um sátiro — diz ofendido
— sátiro? Você é um homem bode? — digo espantada — não era para você estar dirigindo, você não tem pé
— não preciso de pé para dirigir — ele dá uma treinada me fazendo bater a cabeça — ... Na maioria das vezes, eu não preciso
— tô começando a achar que nós deveríamos trocar de lugar — digo massageando a minha cabeça
— não precisa, nós vamos chegar vivos até o acampamento — ele diz, mas eu não senti firmeza na sua voz
— essa viagem vai ser longa — falo reforçando o cinto de segurança
🔥
Ficamos conversando por bastante tempo, descobri que ele tem uns 37 anos com a aparência de um adolescente que está terminando o terceiro ano do ensino médio. Mesmo ele sendo ignorante igual um cavalo, beeeeeeeeeem lá no fundo ele parece ser uma pessoa (ou um sátiro?) bem legal.
— falta muito para chegar no acampamento? Não aguento mais — digo entediada
— falta pouco, estamos quase perto — diz impaciente
— aqui está muito calmo, cadê a emoção desse lugar?
— não é como se alguma coisa fosse acontecer só porque você... — ele para de falar e começa a farejar alguma coisa — ..... quer
— o que houve — olho preocupada e ele faz a mesma cara — não me diga que...
— tem um monstro atrás da gente — ele entra em pânico
— calma — respiro fundo e tento acalmar ele — vai dar tudo certo
— vai dar tudo certo, vai dar tudo.... — ele enxerga a criatura pelo espelho, ele era tipo um The Rock versão touro, tinha chifres grandes e afiados, focinho com um piercing no septo, usava uma cueca marrom horrorosa, e para piorar, CORRIA ATRÁS DA GENTE — ERRADO
— PISA FUNDO NESSE ACELERADOR — digo após perder toda a paz que habitava no meu corpo, após ver o tamanho do braço daquela coisa — ANDA, SEU FILHO DA PUTA
— EU TÔ TENTANDO — ele diz pisando no acelerador com uma certa dificuldade — ISSO É TUDO CULPA SUA, VOCÊ TINHA QUE ABRIR ESSA BOCA DE SACOLA
— AI MEU DEUS EU VOU MORRER — digo apertando o cinto — PAI NOSSO QUE ESTÁS NO CÉU...
— O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, SUA LOUCA? — começamos a ver um monte de colinas com árvores grandes — estamos quase chegando, o acampamento está muito próximo
Eu acho que o minotauro ouviu,por que ele começou a correr mais rápido e conseguiu alcançar a caminhonete. O monstro deu um empurrão, fazendo o automóvel rolar colina á cima. Ficamos pendurados de cabeça para baixo, por sorte, eu só tive alguns arranhões, nada grave.
— vamos Jonas — digo tirando o cinto, fazendo eu sair do banco e cair em cima do vidro do carro — dá tempo para a gente fugir
— não consigo sair, as minhas pernas estão presas — e ele diz fazendo força — sai daqui, é você que ele quer. Eu vou ficar bem
— para de ser cabeça dura , Jonas — digo tentando tirar o cinto de segurança dele
— você precisa ir ,Dandara — ele diz farejando o minotauro — ele está vindo, salve a sua vida
— eu vou voltar para te buscar — saio do automóvel com dificuldade e sinto que o monstrengo está mais perto — não morre por favor
Corro colina á cima para ficar longe da caminhonete, vejo o "minorock" chegando perto do Jonas. Começo a gritar para ele me seguir e sair de perto dele,o monstrengo começa a correr atrás de mim e eu só tive uma alternativa: subir em cima de uma árvore. Foi a primeira coisa que veio na minha cabeça, e eu acho que é a única que funcionaria. Tipo, o minorock está vindo atrás de mim, ele é o dobro do meu tamanho (o braço dele é maior que a minha cabeça) e ainda é mais veloz. Pode acontecer dele também saber subir em árvores, não é possível que eu seja tão azarada assim
— ai caralho, como que sobe nesse troço — subo, mas deixo um dos meus sapatos no chão para o monstro sentir o meu cheiro
Subo até o final da árvore, assim eu fico bem longe da aberração. Nesse momento, eu lembro que eu tenho o meu chaveiro. Confesso que eu tinha esquecido na hora do pânico, mas agora lembrei. Pego as minhas chaves e aperto o desenho da cartinha, que faz o chaveiro virar uma sniper rifle marrom,com mira para ajudar na distância. Quando o minorock se aproxima, ele começa a farejar o meu cheiro, até que encontra o meu sapato "perdido".
Ele sente que o meu cheiro está perto, mas não sabe onde. É nessa hora que o predador vira presa, o meu foco é a testa dele, agora está ficando cada vez mais fácil usar essas armas. Após mirar no ponto certo, aperto o gatilho fazendo a bala feita de bronze celestial, que sai do rifle indo parar exatamente na grande testa peluda do minotauro. Ele cai morto no chão, ele se desintegra deixando um dos seu chifres no chão.
-—chupa, seu filho da puta — digo feliz da vida
Como que se desce de uma árvore? Subir foi super fácil, mas descer está sendo uma merda. Enquanto eu tentava descer, acabo pisando em uma PORRA DE GALHO SECO, que me faz despencar até o chão em uma velocidade super rápida. Agora para piorar a minha desgraça, eu acho que quebrei a minha perna esquerda e eu ainda tenho que chegar sozinha no acampamento.
— ai que delícia de vida, amo viver — digo irônica enquanto tento me levantar
Me levanto enquanto sinto a dor na minha perna me consumindo, eu não posso desistir. Eu não vim de tão longe para desistir, eu tenho um chifre de minotauro e uma história. Subo a porcaria da colina e finalmente chego no acampamento, minha dor aumentou mais ainda. Eu preciso de ajuda para salvar o Jonas, eu não posso desmaiar ainda.
— socorro,o Jonas está lá embaixo e ele precisa de ajuda..... — digo a primeira pessoa que eu vejo, meu corpo não aguenta mais a dor e eu acabo desmaiando