Ana Flávia NARRANDO
- não vai responder? - olhei o Gustavo que negou com a cabeça -
- depois eu respondo
- hm
- tá com ciúmes? tentou descontrair e suspirei-
- não, eu só não vou com a cara dela
- ela é maneira pô
- bem longe de mim
- por que essa implicância toda?
- porque quando você ficou todo fudido por causa dessa garota eu cuidei de você, eu aguentei você se lamentar, aguentei seu choro e ainda aguentei você escrevendo musica pra ela mesmo estando todo fudido - mordi o lábio - você me fez ficar com raiva dela e agora você fala com ela como se nada tivesse acontecido
- eu não guardo mágoa das pessoas, tu tá ligada disso e ela se desculpou
- Gustavo me poupe, se ela pedir pra voltar você volta igual um cachorrinho porque no fundo você ainda gosta dela - ele suspirou - vou pro meu quarto
Levantei do seu colo irritada, dei boa noite pra galera e fui pro meu quarto sentindo meu corpo ferver de raiva.
Eu tinha medo por ele, o Gustavo é um cara incrível que já se magoou muito por sempre mergulhar de cara em coisas rasas.
Com a Juliana não foi diferente, ele se apaixonou muito, era lindo de ver os olhos dele brilhando quando ela chegava, o jeito que ele falava dela, em alguns momentos até falei que queria um relacionamento assim, mas ela fez questão de acabar com tudo.
Eu cuidei dele por um bom tempo, porque é isso que os amigos fazem e cuidaria de novo, mas eu não tenho mais psicológico pra ver alguém que eu amo triste.
- Ana Flávia
Escutei sua voz atrás da porta e revirei os olhos.
- que foi? - murmurei -
- posso entrar?
- entra
Ele entrou, fechou a porta e caminhou devagar até mim, se sentou na ponta da cama e soltou um suspiro longo em seguida.
- o que foi? - perguntei -
- desculpa - sussurrou -
- você não tem que me pedir desculpas por nada, eu não tenho nada com sua vida
- claro que tem
- não, não tenho - suspirei - eu só me preocupo com você - ele me olhou - eu não quero que você sofra de novo pela mesma pessoa
- eu não vou, é diferente agora
- por que? você acha que ela vai largar a carreira dela por você?
Ele me encarou boquiaberto e respirei fundo me arrependendo das palavras que usei.
- eu sei me cuidar, Ana - me encarou sério e revirei os olhos -
- toma cuidado, por favor
- pode deixar - piscou -
(...)
Acordei e ri vendo o Gustavo dormindo do meu lado, quando a pandemia acabasse eu ia me ferrar pra dormir sozinha de novo.
Em poucos dias eu me acostumei a ser esmagada por seus abraçados apertados no meio da noite, a perder a coberta e ficar com frio e acordar olhando seu rosto amassado e seus lábios entre abertos.
Ontem depois da nossa "conversa", ficamos conversando sobre sua live e acabamos dormindo um por cima do outro.
Levantei e fui pro banheiro, escovei os dentes, tomei um banho, me troquei e fui pra sala encontrando o huff conversando com o Gil sobre o aniversário do Gustavo amanhã.
- o Gustavo não é burro - o Gil falou e me sentei do lado dele -
- que houve? - perguntei curiosa -
- essa festa surpresa pro Gustavo, vocês acham mesmo que ele vai sair de casa?
- de casa pode não sair, mais do quarto - ri -
- e tu vai perder a aposta? - o huff perguntou entre risadas -
- shiu, deixa que eu dou meu jeito
- tá, beleza
Enquanto eles falavam sobre o que iam fazer amanhã eu fui até a cozinha tomar meu café.
- bom dia - o Luan resmungou entrando na cozinha coçando os olhos -
- bom dia, amigo - dei um gole na minha vitamina - tá cansado?
- pra caralho
- é porque você não viu o tanto de fotos que eu tenho que editar
- não queria estar na sua pele - riu e se sentou do meu lado -
- nem eu - ri fraco -
Terminei de tomar meu café, limpei a cozinha com a ajuda do Luan e voltei pro quarto pra pegar minhas coisas.
O Gustavo estava de bruços mexendo no celular e ri fraco, caminhei até ele e me sentei encima da sua bunda.
- que bundinha gostosa hein - ri e botei a mão na boca vendo que ele estava fazendo chamada de vídeo com a tia Jussara -
- oi Ana - ela sorriu simpática como sempre -
- oi tia
- relaxa, ela não escutou - o Gustavo sussurou e soltei um suspiro de alívio -
- tudo bem aí? - ela perguntou -
- tudo certo e aí?
- tudo bem graças a Deus
- fica tranquila que eu to cuidando muito bem da criança aqui - passei a mão nos cachos do Gustavo e ela riu -
- eu sei que sim - sorriu -
Conversamos com ela por um tempinho e ela teve que desligar pra ajudar a Letícia e a Giana em algo.
O Gustavo largou o celular e se virou me fazendo cair na cama e subiu encima de mim em seguida.
Ele me deu alguns selinhos e finalmente me beijou, segurei sua nuca com força enquanto suas mãos percorriam pelo meu corpo da maneira mais gostosa possível.
- depois querem dizer que não são um casal
Soltei os lábios do Gustavo e olhei o Gil que nos olhava da porta com um sorriso divertido nos lábios.