10/ Minha Melhor Versão

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                         Ana Flávia NARRANDO

Encarava a parede do meu quarto enquanto balançava o corpo pra lá e pra cá sentindo as lágrimas rolarem sem parar pelo meu rosto

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Encarava a parede do meu quarto enquanto balançava o corpo pra lá e pra cá sentindo as lágrimas rolarem sem parar pelo meu rosto.

Meia hora atrás

- Ana? - a voz da minha mãe soou baixo do outro lado da linha e suspirei -

- fala - fui rude -

- tudo bem filha ?

- não me chama assim - revirei os olhos - oq você quer ?

- seu pai, ele pegou esse vírus desgraçado

- e você me ligou pra contar isso? olha, eu sinceramente...

- ele morreu, Ana Flávia

Engoli em seco e olhei os meninos que me olhavam confusos e preocupados, ela nunca me ligava e quando ligava era pra pedir algo ou só ser inconveniente.

- eu to feliz que ele tenha morrido - falei e tratei de secar a lágrima solitária que desceu pelo meu rosto - tomara que ele queime no inferno

- Ana ? é assim que você fala do seu pai?

- pai? aquele filho da puta que tentava abusar de mim e você passava pano? ele é um merda igual você

- eu to sozinha agora, eu preciso de alguém aqui comigo

- você não pensou nisso quando deixava ele me tocar

agora
 
A porta do quarto foi aberta e o Gustavo passou pela mesma trancando ele segurava uma sacola cheia de besteiras e na outra mãos um moletom preto.

- com frio? - perguntou receoso -

- um pouco  - sussurrei-

- trouxe um moletom

- eu tenho moletom,Gustavo

- eu sei que você gosta de roubar os meus - sorriu enquanto se aproximava -

- eles têm seu cheiro e são confortáveis

- eu sei - me entregou o moletom -

- obrigada - sorri de lado e vesti o moletom -

- quer conversar? - neguei com a cabeça - tudo bem - suspirou -

Eu nunca me senti confortável pra falar sobre minha relação com meus pais, era uma coisa que eu sempre evitava porque me machuca demais.

- eu trouxe doce pra você - me entregou a sacola -

- obrigada, gatinho - sorri -

- vou te deixar sozinha

Ele deixou um beijo demorado na minha testa e segurei sua mão apertando com força em seguida.

- fica comigo - sussurrei -

Ele tirou as chinelas e se deitou na cama, puxou meu braço me fazendo deitar com ele e me abraçou enquanto olhava meu rosto.

- você é feia chorando - riu enquanto passava o polegar no meu rosto na intenção de secar as lágrimas -

- obrigada - ri fraco -

- eu admiro muito você - murmurou -

- sério? - perguntei surpresa -

- sério - fez carinho no meu rosto - tu é mo guerreira

- obrigada, Gu

- lembra quando tu chegou lá no estúdio metendo mo bronca?

- "vocês vão se arrepender se não me contratarem" - ri fraco repetindo a frase que eu falei no meu primeiro dia de trabalho -

- com certeza eu me arrependeria muito, tu virou luz na minha vida

- você que virou luz na minha vida, tá sempre cuidando de mim - sorri -

- sou o mais velho, tenho que cuidar da criança da casa

- idiota - ri -

- já consegui arrancar um sorriso

- você arrancar sorriso meu nem é tão difícil, tu é mo palhaço

- vou levar isso como um elogio - riu -

- tá - pisquei e ele sorriu - que foi?

- quero te beijar

- viciou né gatinho? - repeti suas palavras e ele riu -

- pior que sim

Ri e juntei nossos lábios, o beijo foi calmo e gostoso assim como todos os outros, eu com certeza nunca enjoaria de beijar ele.

- eu vou te proteger de tudo - sussurrou contra meus lábios -

- você não é o super herói de um gibi - ri fraco -

- mas você com certeza é a princesa de algum filme

Abri um sorriso enorme sentindo minhas bochechas doerem e neguei com a cabeça.

- vamo comer meu doce?

- trouxe pra você pô

- mas você vai comer ué - ri -

Me sentei entre as pernas dele, botamos um filme de comédia e assistimos enquanto comíamos as besteiras que ele trouxe.

Com ele eu até esqueço meus problemas, minha melhor versão com certeza é ao lado do Gustavo.

Quarentena - MIOTELA  ✓Where stories live. Discover now