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quando bater as metas,
lanço o próximo capítulo :)
Eu usava um mini short-saia de tecido preto, uma regata branca e um casaco que tinha um comprimento maior que o da saia enquanto andava ao lado do meu irmão até chegar na batalha. Digamos que, depois que eu fiquei com o Doprê, eu e o meu irmão brigamos, mas não foi nada muito sério.
Ele não podia falar muito, ele ficou com a Sofia e escondeu isso de mim por três anos, eu sempre teria essa carta para me livrar de qualquer situação. Inclusive, ainda não tinha falado com a Sofia sobre isso, eu pretendia falar sobre isso com ela, mas não sabia ao certo quando era o momento certo, será que eu não deveria esperar ela me contar sobre?
Na medida em que nós nos aproximávamos, a minha mente pensava na situação confusa em que eu estava me colocando, por que eu fiquei com o Doprê considerando que eu estava completamente louca pelo Bask? Por que que fiz isso? Eu podia tentar negar para mim mesma, mas eu sabia que sentia algo pelo Bask e que esse sentimento não era de hoje, era como se tudo acontecesse como deve ser, eu só descobrir que ele sentia algo por mim naquela época significava que, talvez, eu devesse ter ido para a Inglaterra, talvez voltar e ainda sentir essa quedinha por ele significasse alguma coisa. Ou talvez não, talvez eu só estivesse tentando achar significado nas coisas.
— Ô Lispector – Lip me chamou, me tirando dos meus pensamentos – o Tavin tá sem dupla, o Thiaguinho teve um imprevisto, você pode rimar com ele?
Olhei para o lado vendo o garoto praticamente implorando com o olhar para mim.
— O que ele não me pede chorando é que eu não faço reclamando – murmurei para Lip, que logo sorriu e foi falar com os meninos da organização.
O garoto se aproximou de mim sorridente e me deu um abraço de levantar do chão. Literalmente. Minha reação foi rir, eu imagino que, ele sabendo sobre o que rolou entre eu e o Doprê, ele tenha superado aquele desejo de voltar a ter algo que tivemos há anos e que foi finalizada perfeitamente.
— Não acredito – Maria falou animada quando me viu com o crachá de Mc – você vai voltar?
Eu ri e neguei com a cabeça.
— Só uma batalha não mata ninguém – respondi rindo e abracei a minha amiga, depois vendo a Sofia se aproximando.
— Não creio – ela diz animada e sorridente, depois me dá um abraço apertado, o cabelo dela estava tão cheiroso que era absurdo – Você vai com quem?
— Otávio – respondi, as duas meninas se olharem de forma maliciosa e depois olharam para mim – o que foi?
— Você não acha que você e o seu ex estão muito próximos? – Maria perguntou e eu ri como resposta.
— Quem cala consente – Sofia provocou e eu apenas empurrei seu braço.
— Não tem nada a ver, o Otávio é meio, sei lá.
— Sei lá? – Sofia perguntou e eu confirmei com a cabeça.
— Ele não é mais o que eu procuro, foi bom quando ficamos juntos, mas acho que agora eu preciso de outro tipo de pessoa.
— Tipo como? – Maria perguntou.
Olhamos para o local em que estava Tavin, Lil Vi, Xamu e Lino rindo enquanto conversavam e tomavam alguma coisa alcoólica desconhecida por mim até então.
— Mais velho, eu acho.
— Talvez não seja a coisa certa a se fazer – murmurou Sofia e eu olhei para a minha amiga – ás vezes meninos mais velhos te dão uns traumas desnecessários.
— Acho que isso independe de idade – respondi.
— Por que alguém de dezenove anos iria querer se relacionar com uma menina de quinze, por exemplo? – Maria disse para mim. A história da Maria com isso era bem delicada e tópico sensível – Não é que todos sejam iguais ao meu ex, mas, você devia ficar ligada nisso.
— Você tem alguém em mente? – Sofia perguntou.
— Bem, é complicado – murmurei, eu deveria contar para elas sobre o Bask?
— Se é complicado, não é o Doprê – Maria disse rindo.
O Doprê era um cachorro, ele tinha uma fama péssima, mas acho que, quando você tá no meio dele, você nota que ele é um namoro fácil, ele é fofo quando quer e se rende fácil e, depois do que aconteceu entre nós no ano novo, ele me disse que, se eu quisesse algo, a gente poderia tentar, mas eu dei um chega para lá nele.
Eu e o Bask não temos nos falado direito e eu nem sei ao certo se existe um motivo, mas o que eu sabia era que ele soube de mim e do Doprê, na verdade, acho que todo mundo soube, o Apollo zoou ele em uma batalha da aldeia por causa disso.
— Você vai falar o que perturba sua mente, Rice? – Sofi perguntou, seus olhos eram tão lindos que eu queria poder admirá-los fixamente até perderem a graça.
— Você talvez fique chateada – iniciei, eu sabia que ela não podia saber que eu sabia que ela nunca tinha gostado do Bask.
— Acho que essa é minha deixa para deixar vocês sozinhas – Maria falou e saiu da nossa roda de conversa.
— Você tá gostando do Bask? – Perguntou Sofia da forma mais direta possível.
— Não sei. Talvez? – respondi honestamente e ela concordou com a cabeça.
— Acho que você vai ficar chateada comigo agora, mas, enfim, já tá na hora de te contar.
— Contar? – me fiz de desentendida e ela concordou com a cabeça.
— Bem, eu nunca gostei do Bask. Na verdade, eu gostava do seu irmão.
— Do Rogério? – perguntei rindo e ela acabou rindo, depois concordou com a cabeça.
— Nós ficamos por um tempo curto, mas não deu certo, enfim, é isso, eu entendo completamente se você ficar chateada comigo por ter escondido isso por tanto tempo, mas eu acho que, sei lá, pensei que isso poderia estragar a nossa amizade, sabe?
— Besteira, é o Rogério, tem mais chance de eu odiar ele do que você – ela riu e me abraçou.
— Fico feliz que você não tenha ficado chateada comigo e, sobre o Bask, acho que é recíproco.
Franzi o cenho e me afastei.
— O Bask não gosta de mim.
— Dá em cima dele, Clari. Ele vai, ele só tá esperando você dar brecha.
As batalhas iniciaram e seguimos com isso, a primeira fase foi contra o Xamu e o Lil Vi, nós ganhamos de twolala. O Xamu começou a falar sobre sermos ex e acabamos conseguindo lidar bem com isso.
O segundo round já foi mais difícil, foi Black Panter e Youngui, nós quase perdemos, eles levaram o segundo round e, por muito pouco, não levaram o terceiro também.
O Tavin estava rimando melhor que nunca, além de estar bem animado. Eu confesso que nem sabia que ainda conseguia rimar e estava me surpreendendo com o que eu estava conseguindo fazer.
A semi foi contra a Maria e o Nicholas, que passamos com twolala de novo. Quando ganhamos esse round, eu e o Otavio nos abraçamos com força, senti os olhos do Bask em nós dois enquanto isso acontecia. Bask. Eu ia na final contra ele.
O Jorge e meu irmão estavam de dupla. De alguma forma louca, o Bask estava tomando infinitamente bem, parecia que ele estava com raiva e ao mesmo tempo debochando de mim. Eles levaram o primeiro round.
Respirei fundo e deixei o Tavin começar, ele começou a fazer uma analogia péssima de Scooby Doo e passou para mim, eu continuei nessa linha, mas eu ia me perder e sabia disso, quem rimaria depois de mim seria Apollo e, eu sabia que, para deixá-lo perdido e para também deixar o Bask perdido, eu podia seguir a dica da Sofia.
— Só que se é para pegar pederastia, Bask só quero perguntar se você tá namorando.
Todos ao nosso redor gritaram. Eu sorri com aquilo. Os dois estavam mais confusos que nunca.
Ele começou a rimar algo confuso e meio amplo, mas finalizou com:
— Ai, eu não to namorando, mas eu não te respondo na DM porque você tem só catorze anos.
Ele sorriu de canto e eu olhei para o chão, eu pensei que seria um twolala, mas sou surpreendida com pessoas pedindo um terceiro round e, visivelmente, torcendo para que eu fosse contra o Bask nele.
Nós nos organizamos e ficamos de frente um para o outro, depois tirando o ímpar e par. Eu ganhei e decidi que ele iria começar, eu sempre fui melhor defendendo. Ele sorriu e deu um gole na sua água, depois se organizando para começar a rimar.
— Eu não entendo nada, o que arrancou o fatality não foi um ataque, e sim uma cantada. Aí é foda, na moral, mano é que eu já tenho maior idade penal.
Ele não olhava para mim, eu sabia que ele sabia que, se olhasse para mim, perderia. Eu faria dezoito anos em janeiro. Sorri e comecei a minha rima.
— Maior idade penal, isso que te impede? Eu faço verso bolado, ce sabe que procede, mas isso não tem problema, rimo na realidade, daqui a duas semaninhas Lispector é maior de idade.
Ele acabou olhando para mim e sorrindo, ele sabia que tinha perdido. Eu apenas dei um sorriso vitorioso e ele continuou.
— "Eu sou maior de idade" mas eu ainda não vou quere, e sua cara? Como que nós vai fazer? – todos, inclusive eu, rimos e ele continuou – é foda, ela ta me intimando, mas aí, nem se eu tivesse fumado, eu ia ta te pegando.
— Nem se eu tivesse bebendo e eu to versando, cê entende que eu faço o verso bolado, eu to te matando, mas eu pensei mais à frente, freestyle que conduz, e se esse for o problema, apaga a luz.
O Bask arregalou os olhos e rachou de tanto rir, ele me puxou para um abraço enquanto nós dois riamos, mas eu me afastei um pouco para continuarmos a batalha.
— Apaga a luz, apaga tranquilão, ela falou que quer apagar a luz com o negão, vai ser com a luz acessa não, porque com a luz apaga que nós enxerga ssombração.
Todos gritaram e começaram a se empurrar, inclusive empurrando eu e o Bask de tão animados que estavam ficando, o Jorge me abraçou para que eu não fosse empurrada para longe e, depois que se acalmaram, eu me afastei de novo.
— Pra ver assombração, eu não me calo, se for para ir pode deixar que a gente tira os espelhos do quarto, ai, verso de coração, se cê não se olhar no espelho, cê não vê assombração.
— É sete anos de azar, é sem problema, mas se eu quebrar a Lispector é sete anos de pena. É que eu lembrei do parceiro que na cadeira foi forjado, meu cabelo ta mó bonito, eu não quero ele raspado.
— Cê não quer ele raspado, cê sabe eu faço o procede, se cê não quer raspado, cê sabe que no fim das contas garanto não vai ter, mas te explico uma coisa, eu provo que eu sou mc, eu falei sou maior de idade, janeiro já ta ai.
Todos gritaram e, mais uma vez, pularam em cima de nós dois, o Bask, como antes, me abraçou para que eu não saísse de perto dele.