quarto capítulo

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quando bater as metas,
lanço o próximo capítulo :)

Hoje seria a última Norte do ano e eu cheguei a tempo para presenciar, depois dela, era só a Ragnarok de quarteto.

Eu usava uma regata branca de alça fina e uma calça moletom preta, meu irmão iria rimar hoje, ele era dupla do Youngui, eu tinha poucas memórias dele, quando eu sai daqui, ele era bem underground, agora ele já tinha um nome mais atrativo e estável na cena.

O Rogério usava uma bermuda preta e uma regata branca, estávamos vestidos iguais, mas tinha sido uma mera coincidência. Desde que ele me contou sobre ele e a Sofia, estive pensando sobre isso, aconteceu tudo embaixo do meu nariz e eu não notei nada? Ok, os dois são da mesma idade, ela vivia na minha casa e é linda, será que isso começou agora ou já acontecia na época em que eu morava aqui? Será que ela realmente tinha uma queda pelo Bask?

— Você tá bem pensativa, Clarice – afirmou a namorada do meu irmão enquanto andávamos até o local da batalha.

— É, eu nem consigo negar isso.

— Fico feliz que você esteja aqui, é bom finalmente te conhecer.

Ela usava uma saia longa de tecido preto e um cropped verde musgo, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e sua tatuagem de borboleta, infelizmente, estava coberta. Era engraçado ver meu irmão apaixonado de verdade por alguém, ele ficava bobo e derretido, não lembro de já ter me sentido assim antes, não tanto quanto ele, acho que as pessoas têm diferentes capacidades de amar e ele pegou o lado bom do amor da nossa família para ele enquanto estar apaixonada para mim significa enjoos e quedas capilares.

Nós nos aproximamos das pessoas e logo vejo o Otávio ao lado do Big Mike conversando com um menino consideravelmente baixo, eu fui na direção deles enquanto a Triz e o Apollo seguiram para outra direção.

— Lispector – Bigão fala sorrindo para mim, depois se aproximou e deu um beijo na minha cabeça – você ta enorme!

— Lispector? – O menino, ainda não identificado, pergunta.

— Eu? – perguntei e ele riu.

— Eu assistia muito suas batalhas quando eu era mais novo, você sumiu!

Lispector era um bom vulgo, ninguém podia negar isso.

—  É, eu me mudei e parei de rimar.

— Você foi para onde?

— Inglaterra, eu até assisti algumas batalhas por lá, mas não sei, acho que eu não rimava tão bem em inglês e as pessoas não eram como elas eram aqui. Perdeu a graça.

— Mas isso não significa que você não pode rimar por aqui – Bigão falou sorridente, depois me puxou para um abraço, eu senti tanta falta daqui.

— Quem sabe? – murmurei – eu volto se o Leozin voltar – isso significava um "nunca" em capslock.

— Acho que alguém tá com medo de perder pra mim – Escutei a voz do Bask.

Olhei para trás e vi o menino que parecia um armário de tão alto, ele estava com as suas tranças de sempre e seu sorriso brilhante. Era estranho vê-lo de novo tão perto de mim depois de tanto tempo, mas, a única coisa que era mais estranho que isso, era achar ele tão bonito, ele era tão lindo aos meus olhos que eu desviava o olhar dele toda vez que ele estava perto de mim, mas também amar admirá-lo quando estava longe de mim.

— Eu nunca perderia para você, Jorginho – respondi tentando manter uma postura firme e focando meu olhar no seu peito.

— Ta com tanto medo que nem olha nos meus olhos, né, Temakinha? – provocou e encostou seu dedo indicador no meu queixo, depois levantando levemente a minha cabeça e fazendo nossos olhares se encontrarem – agora fala que não tá com medo de mim.

Senti o ar faltar. Ele sorriu provocante de uma forma encantadora. Eu vou me matar na frente dele.

— Você não vai ganhar de mim, Neguinho – falei tentando manter uma persona, ele riu e concordou com a cabeça.

— Quem sabe? Você está aposentada, agora eu tenho chance – respondeu rindo e eu acabei por rir também.

Ele soltou meu rosto e tomou uma distância consideravelmente segura de mim, agradeci mentalmente por isso, precisava que ele ficasse distante, quando ele estava próximo, sentia algo estranho.

As batalhas demoraram mais tempo do que eu lembrava que demoravam, agora também tinham investimentos bem pensados e uma organização admirável comparado ao que era antes. A final foi meu irmão e o Youngui contra Bask e Guri, sendo que Bask e Guri levaram a vitória, como esperado por mim.

O Guri era um dos maiores Mcs atualmente e, bem, mesmo que eu nunca tivesse perdido para o Bask, eu sabia que ele agora era um dos maiores, além de que a batalha da norte era dele.

Depois disso, empolgaram ir no barzinho de esquina que ficava lá próximo, eu não gostava de cerveja, mas, se tivesse sorte, acharia algo que eu gostasse. Quando chegamos, o local era bem sujo e essa foi a primeira coisa que notei, meus amigos se sentaram em uma cadeira de plástico amarela e pediram dois litrões.

— Você vai beber? – Perguntei para a Triz e ela negou com a cabeça.

— Alguém vai ter que levar o carro, mas e você?

— Não gosto de cerveja.

— Você não tem cara de quem bebe cerveja mesmo – Tavin falou – Vou pedir uma beats para mim, a gente pode dividir.

E foi o que fizemos, eu passei a noite dividindo bebidas com o Tavin. Ele me contou que parou de falar com o pai, o que eu já imaginava que cedo ou tarde aconteceria, ele também disse que estava morando sozinho em São Paulo em tipo uma república de universitários, mas disse que não está fazendo curso superior e nem técnico.

— Por que não? – perguntei e ele deu os ombros.

— Você já me imaginou fazendo algo que não fosse isso? Eu não sirvo para outra coisa que não seja música.

— Claro que você serve.

— É tipo você com letras, não consigo te imaginar fazendo algo que não seja letras.

— Não é porque você imagina que significa que ela não tem capacidade – Jorge falou, ali notei que ele estava escutando nossa conversa mesmo que estivesse visivelmente bêbado. Droga, ele era lindo, muito lindo.

— Tipo o quê? – decidi perguntar, eu não acho que eu sirva para outras coisas além de letras.

— Qualquer coisa, você sempre foi um mini gênio, Clarice, você pode fazer engenharia química, biomedicina, psicologia, direito, arquitetura, moda, qualquer coisa da área de comunicação, você só não serve para computação, mas tudo é um processo.

— Você não acha que tá analisando demais minha irmã? – Rogério perguntou rindo e deu um gole da sua bebida.

— Larga de ser otário – respondeu Bask, também rindo e voltou a beber.

O Otávio ficou mais retraído depois do fecho que o Bask deu nele, mas continuou conversando comigo e bebendo, ele acabou pagando por tudo que bebemos em conjunto, fiquei feliz por isso, eu queria gastar o mínimo possível. Me despedi dele e entrei no banco de trás do carro do meu irmão, Triz entrou na frente com ele e Bask acabou sentando do meu lado, depois deitando sua cabeça na minha coxa e fechando os olhos.

Eu vou acabar me derretendo por esse menino, pensei. Isso era estranho, mas era um sentimento familiar, era como ser adolescente de novo.

como tudo deve serWhere stories live. Discover now