Now Or Never - Camren

Por cameelajaureg4y

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Michelle Morgado teve uma noite totalmente apagada de suas memórias. Conforme tenta deixar para trás as lembr... Más

Capítulo 1 - Weird Night
Capítulo 2 - Party
Capítulo 3 - Inspirations
Capítulo 4 - Moving On
Capítulo 5 - Date Night
Capítulo 6 - Ghosted
Capítulo 7 - Karla
Capítulo 8 - Dinner
Capítulo 9 - Girlfriend
Capítulo 10 - Birthday Party
Capítulo 11 - Blond Hair
Capítulo 12 - Mistrust
Capítulo 13 - Answers
Capítulo 14 - Parachutes
Capítulo 15 - Threat
Capítulo 16 - Broken
Capítulo 17 - Lost
Capítulo 18 - Kidnapper
Capítulo 19 - Flashbacks
Capítulo 20 - Trapped
Capítulo 21 - Visitor
Capítulo 22 - Handcuffs
Capítulo 23 - Revelations
Capítulo 24 - Lifesaver
Capítulo 25 - Explanations
Capítulo 26 - Flashbacks II
Capítulo 27 - I Hate You
Capítulo 28 - On Fire
Capítulo 29 - Survivor
Capítulo 31 - Deal
Capítulo 32 - To Begin Again
Capítulo 33 - The Winner

Capítulo 30 - Afraid

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Por cameelajaureg4y

Em um hospital, a única coisa pior do que a comida e o excesso de branco por todo lado é o silêncio. Seria possível ouvir uma pena cair no chão, e alguém certamente se apressaria para limpá-la. Apitos dos aparelhos, passos discretos ao longe, e nada mais. Depois da partida de Normani, meus pensamentos pareciam mais barulhentos do que nunca. 

O último plano de Camila havia resultado em um hotel em chamas. A mulher que ameaçava a vida de sua filha queria conversar, tinha olhos e ouvidos por toda parte, e eu precisaria sair do país sem que ela soubesse, ao lado de uma assassina de aluguel. Era um plano complexo, pensado às pressas, que poderia ruir no menor dos erros. Se tudo saísse como o planejado, estaríamos juntas em um avião nas vinte e quatro horas seguintes, e talvez essa realidade me assustasse ainda mais do que qualquer possível deslize. Estar completamente sozinha com Camila em um país desconhecido, ainda que de maneira temporária.

- Está pensando demais outra vez. - A protagonista de minhas preocupações manifestou-se, como se pudesse ler minha mente. Forcei um sorriso e dei de ombros, mudando de posição na poltrona que parecia ser feita de espinhos.

- Você não?

- Vem, vamos pensar juntas então. - Observei conforme ela fazia espaço na cama e me chamava com o dedo indicador. - Na melhor forma de entrar no seu prédio sem chamar atenção, por exemplo.

- Pela porta da frente. - Concluí, como se fosse óbvio. Dois passos hesitantes na direção dela, que deu batidinhas na cama ao seu lado, indicando que eu me sentasse.

- Normani ou eu podemos entrar como da última vez, usar o apartamento de cima, que estava vazio, mas ainda assim é um risco. Muito mais olhares estarão sobre nós, seu sumiço pode ter gerado comentários... - Camila prosseguia com as explicações e traçava estratégias em sua mente, como se não escutasse o que eu dizia.

- Isso consumiria um tempo que não temos, e ninguém lá conhece vocês. É muito melhor que eu vá, posso entrar e sair sem levantar suspeitas por estar mexendo em minhas próprias coisas. Apenas reconheça que sou sua melhor alternativa.

Seus olhos fugiram dos meus e ela enrolou uma ponta do lençol entre os dedos, como se pensasse no que me dizer.

- Não, não faz sentido, podemos cuidar disso. Eu só preciso pensar melhor, planejar melhor... - Ela soou incerta, e, subitamente, algo me ocorreu.

- Tem medo que eu desista do plano.

Camila não respondeu de imediato. Os lábios rosados se curvaram em uma careta, e seus ombros caíram quando ela se deu por vencida.

- ... um pouco, sim. Não posso mentir pra você.

- Inacreditável. - Exclamei, em um riso carregado de ironia. - Caso não tenha notado eu poderia tê-la entregado a aquele policial sem pensar duas vezes, ou fugido para bem longe daqui enquanto estava desacordada.

- É diferente, Michelle. Diferente de entrar no apartamento que você chamou de lar durante anos, aceitar que está prestes a deixar tudo e todos para trás por tempo indeterminado para fugir com uma criminosa. Uma assassina, como você mesma fez questão de reforçar diversas vezes. Seria compreensível, para qualquer pessoa normal, querer desistir.

- Não sou qualquer pessoa. Levei você para conhecer meus pais homofóbicos em menos de um mês de convivência, aceitei pular de um helicóptero ao seu lado, e sair do bar em uma noite escura para entrar no carro de uma completa desconhecida que, por sinal, planejava me matar. E então a convenci a não fazer isso, bêbada e dopada, sem ter ideia do que acontecia. Pareço normal para você? - A risada adorável que soou em seguida quase me fez querer sorrir também. - Terá que confiar em mim em algum momento, ou acha que vai me levar a Londres como refém?

- Certo, tudo bem. Tem razão. - Ela ergueu as mãos em rendição, e um sorriso fraco estabeleceu a trégua entre nós duas.

O carinho suave em meu rosto foi uma surpresa, eu a senti contornar minhas feições com a ponta dos dedos até que seu olhar caísse sobre o curativo em meu braço.

- Está ferida.

- Estou bem, isso não é nada. Olhe para você.

- Já estive pior. - Ela disse, e foi minha vez de retribuir aquele sorriso, sem me dar conta. 

- Desculpe por ontem à noite. - Murmurei, sem querer olhá-la. - Eu não quis dizer que foi um erro, eu não estava pensando direito...

- Tudo bem. - O toque reconfortante em minha mão sobre o colchão me tranquilizou. - Mesmo, eu entendo.

- Eu só não queria estar brigada com você. Teremos que trabalhar juntas, proteger uma à outra, ao menos até que seja seguro cada uma seguir seu caminho, e penso que será mais fácil se fizermos isso como amigas.

Camila ergueu uma sobrancelha e disfarçou o riso.

- Amigas que se beijam?

Foi impossível conter minha própria risada, encarei nossas mãos ainda unidas entre os lençóis e neguei com a cabeça.

- Bem, vamos ver quanto a isso.

💎

A expressão concentrada de Camila ajeitando o cachecol vermelho em meu pescoço era adorável, quase como se ela fosse minha namorada ajeitando minhas roupas para ir ao trabalho, exceto que nunca seríamos namoradas nem nada parecido, e eu na verdade me arrumava para sair na rua escondida de toda uma facção criminosa, ou algo do tipo. Quase um perfeito conto de fadas.

O frio não era nem de longe o bastante para justificar aquilo, ou o sobretudo grosso que cobria meu corpo mas, segundo ela, quanto menos pele estivesse à mostra, melhor. Sem perucas ou acessórios chamativos, apenas mais uma mulher comum caminhando através dos quarteirões sem intenção alguma de ser notada. Normani ajudaria como pudesse, mantendo os olhares de seus colegas longe de mim até que tudo estivesse feito, criando distrações e garantindo nossa segurança.

- Dinah não pode vê-la agora, ela saberia que algo está errado. - Camila citou, visivelmente preocupada, conferindo o próprio reflexo no espelho pela vigésima vez.

A aparência abatida de antes já não lhe pertencia, um pouco de maquiagem era realmente capaz de transformar qualquer pessoa. Os poucos ferimentos não estavam visíveis, os lábios rosados ganhavam vida com um batom de cor discreta, e o delineado preto contornava perfeitamente os olhos castanhos que já me fizeram cometer loucuras. 

- Dinah estará trabalhando nesse horário, ela nem vai saber que estive lá.

A morena parou o que fazia e a aproximou-se até estarmos cara a cara, como se o que estivesse prestes a dizer exigisse toda a minha atenção.

- Se desviar do caminho, estamos mortas. Se contar isso a qualquer pessoa, estamos mortas. Se estiver no lugar errado na hora errada, se cometer um erro sequer...

- Ficarei bem. - Me apressei em dizer, antes que ela criasse mais cenários catastróficos. Um carinho leve em meus cabelos, e um sorriso fraco se desenhando em seus lábios, como se memorizasse cada detalhe do meu rosto.

- Precisamos falar sério agora. A ideia é que eu a encontre no aeroporto depois de falar com Allyson, mas preciso que você esteja naquele avião não importa o que aconteça.

Imediatamente me alarmei, e o brilho em meus olhos esmaeceu.

- Como assim, Camila?

- Se por acaso eu não aparecer...

- Você vai aparecer. - Falei, por impulso, e engoli em seco. - Não vai?

- A ideia é essa, sim, mas...

- Não, esqueça. Eu vou com você, e depois vamos juntas ao aeroporto. - Arranquei o cachecol do pescoço e fiz menção de desfazer meu penteado quando seu toque sobre meu pulso me deteve.

- Michelle...

- Sem chance que vou deixá-la sozinha com aquela mulher, cuidamos dos documentos depois. Eu não vou, não vou... - Um nó se formou em minha garganta, e as palavras me faltaram. Era o que eu temia, desde o início, ser dominada pelo pânico e desespero no pior momento possível.

As mãos de Camila sobre meus ombros me colocaram de frente para si novamente, meus olhos nos dela, uma realidade que eu me recusava a encarar de frente.

- Não temos tempo para nada isso. Precisa seguir o plano, é nossa única chance. Se eu não aparecer, muito provavelmente estarei morta ou presa a essa altura. Se você ficar, terá o mesmo destino. É o que quer? - Não respondi. Eu queria sair dali, fugir das palavras duras, mas seu toque firme me impedia. - Preciso de você viva, foi o motivo pelo qual me meti em tudo isso, não se esqueça.

Respirei fundo e me sentei sobre a cama com as mãos no rosto, tentando manter a calma e colocar minha cabeça no lugar. Era difícil ouvir aquilo, e mais difícil ainda saber que era a verdade. Estar com Camila em um país desconhecido era asustador. Estar sozinha seria milhões de vezes pior.

- Elle... minha linda, olhe para mim. - Pediu, e eu o fiz, conforme ela se sentava ao meu lado.

- Seja sincera, quais as chances de isso dar certo?

- Altas. Tipo, mais de setenta por cento.

Setenta era um bom número. Trinta, por outro lado, me parecia alto demais.

 - Prometo fazer tudo o que eu puder para estar lá na hora combinada, você tem minha palavra. Mas preciso que me prometa que, quando o avião decolar, você estará nele. - Neguei com a cabeça, e seu dedo indicador no meu queixo voltou a unir nossos olhares. - Por favor. Preciso de você bem, preciso que alguém diga a minha filha que eu a amo.

A súplica em seus olhos me consumiu. Nossa única chance. Minha única chance de fazer as coisas darem certo.

- Certo, eu prometo. - Proferi, a muito contragosto. - Mas não precisarei, você mesma vai dizer isso a ela.

- Sim, tem razão. - Um abraço rápido consumou suas palavras, o cachecol voltou a envolver meu pescoço, e, poucos segundos depois, eu estava impecável novamente. Pronta por fora, aterrorizada por dentro. - Tome cuidado, não fale com ninguém, sejá rápida.

Assenti e fiz menção de ir embora, quando seu chamado me trouxe de volta.

- Elle? - Me virei para olhá-la, e encontrei a imensidão em seus olhos. - Amo você.

Um longo instante silencioso que mais pareceu uma eternidade, a incerteza sobre como reagir, e o impacto imenso daquelas palavras sobre mim. Não era a primeira e nem a segunda vez, e ainda assim, meu coração parecia querer pular do peito. Por fim, um breve aceno com a cabeça anunciou minha partida, e a última vez que vi aqueles olhos brilharem antes de atravessar a porta. Precisaria estar preparada para o que enfrentaria do lado de fora. É agora ou nunca.

💎

Conforme eu caminhava através das calçadas de Seattle, a sensação do vento no meu rosto trouxe lembranças de quando eu era livre para fazer o que desejasse, estar com as pessoas que amava, sair de casa sem medo. A estranha sensação de estar sendo observada havia sido substituída por um receio constante, uma ansiedade que me consumia, e a necessidade de mascarar cada uma dessas sensações. Apenas uma pessoa comum em seu trajeto cotidiano. Nada mais.

Percorri cada uma das ruas menos movimentadas que conhecia perfeitamente bem, o bairro no qual havia passado os últimos anos, as fachadas de locais que compunham um cenário que já não seria parte da minha vida, ao menos em um futuro próximo. Nenhum rosto conhecido avistado, para a minha sorte. Não queria ver ninguém e nem ter que dar explicações, quando sequer deveria estar ali.

Adentrei o apartamento sentindo a nostalgia me atingir como um baque. Alguns dias longe dali, e o perfume dos produtos de limpeza que costumávamos usar me fez sentir em casa outra vez. Abri a porta do meu quarto, notando cada objeto no exato mesmo lugar em que havia sido deixado, exceto pela janela que estava fechada. Nem sinal de toda a confusão que acontecera ali, nem da insanidade na qual minha vida havia se transformado de uma hora para a outra. 

Eu tentava não pensar na loucura que estava prestes a fazer conforme abria as gavetas, buscando os documentos necessários o mais rápido que podia. Meu olhar congelou sobre o porta-retratos que continha uma foto minha abraçada a Dinah ainda na época da escola. Sentiria falta dela, de cada cantinho daquele lugar no qual eu havia descoberto quem realmente sou e quero ser, e vivido tantos bons momentos.

Balancei a cabeça na intenção de dissipar aqueles pensamentos, voltando a me concentrar no que importava. Não havia tempo a perder, ou espaço para hesitações àquela altura. Eu estava envolvida até o pescoço, e a única saída viável dependia do sucesso daquele plano. Era a única saída, certo? O zíper da mochila em minhas costas foi aberto, mas o som foi diferente do esperado. Som de passos se aproximando, das batidas aceleradas do meu coração, da esperança se estilhaçando como vidro, em milhares de pedacinhos.

Não havia tempo para pensar ou me esconder, em um segundo eu me virei e vi os olhos dourados sobre mim, parecendo ainda mais incrédulos do que eu estava. Dinah piscou algumas vezes, como se quisesse se certificar de que eu era real, e realmente estava ali. Ela não deveria estar ali. Não deveria, mas estava. Um planejamento frágil e pensado às pressas, e lá estava o imprevisto que levaria tudo abaixo.

- Elle? - Seu olhar caiu sobre o passaporte em minhas mãos. - O que está fazendo?

Ela me examinava de cima a baixo e exigia explicações que eu não tinha, e seria incapaz de elaborar. Apertei o documento entre os dedos, puxando o ar com dificuldade, querendo sumir dali, mas sabendo que não podia. Eu não tinha mais para onde correr.

💎

Esse capítulo e o anterior foram realmente mais curtos porque eles deveriam ser um só, mas eu acabei dividindo para poder postar antes. Espero que tenham curtido, apesar disso.

Votem e comentem bastante! É a minha forma de saber que vocês estão gostando. Now Or Never ainda tem muitas surpresas pela frente.

Até a próxima 💕

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