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Jack observou Anya sair do quarto apressada e com raiva enquanto ele sorria. Adan, que estava do lado de fora da porta, entrou no mesmo instante.
- Vejo... - Comentou Adan. - que se diverte.
Jack estalou os lábios e caminhou até a janela, voltando a admirar a neve que caía suavemente.
- O que acha dela? - perguntou ele. Adan colocou as mãos para trás e pigarreou, tentando colocar os pensamentos em palavras.
- Acho... que Vossa Majestade arrumou uma boa distração nesses tempos de guerra.
- Não é? - Respondeu Jack com uma risada e fechou a cortina da janela. - Como meu escudeiro você terá menos trabalho a partir de hoje.
- Que bom, Majestade. - Adan respondeu. Não estava acostumado a ver Jack demonstrar interesse em algo, mas tinha que admitir que a aparição de uma bela mulher da cor da neve que aparentemente caiu do céu era um bom motivo para deixar o jovem rei animado.
- O que estava dizendo sobre o Conselho antes de Anya chegar? - perguntou Jack sentando-se à mesa e pegando alguns doces para comer.
- Sua mãe, a rainha... pede que o senhor libere as barreiras até o reino Toledo. Eles estão a caminho.
Jack franziu as sobrancelhas, engolindo o doce cremoso que havia mordido. Estivera fora apenas para conferir uma de suas bases, fazia isso com frequência para coletar relatórios pessoalmente. E a cada vez que saía perdia as reuniões do Conselho...
- Aceitaram se aliar a nós?
- Com uma condição, Majestade...
- Qual?
- Deve se casar com a princesa deles.
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Anya ocupou o quarto que Jack ordenou. Não havia bagagens para levar, então carregou tudo em apenas uma viagem... um vestido arranjado por Mila (além daquele que já estava usando) e alguns cobertores limpos.
- Obrigada. - Disse Anya para a garota, que não parava de lamentar o fato de Anya ter recusado a oferta do Rei.
- As mulheres do harém são cheias de privilégio e luxos... - disse ela pela vigésima vez. - você deveria repensar.
- Não vou entrar no menu sexual de um homem... e eu mal o conheço. - Respondeu Anya. - Além disso ele é enorme.
- E o que tem isso?
- Como assim? Ele partiria meus ossos.
Milla corou levemente dando risadinhas.
- Imagino o quão difícil seria pra você aguentar aquilo tudo... - Comentou ela.
- Você é do tipo que faz piadinha de duplo sentido?
- Ora, claro que sou... bom, vou indo. Sempre que estiver livre me procure. - Disse Milla com um sorriso e se foi. Anya esperou que ela saísse e conferiu se a porta tinha trinco.
- Ufa... - suspirou ao confirmar que poderia se trancar ali. Alguns dos homens que cercavam Jack não lhe passavam confiança.
Não voltou a ser chamada pelo rei, então andou livremente pelo castelo conhecendo lugares novos. Constatou que não havia mesmo eletricidade em todo o castelo, mas isso fazia certo sentido devido ao tamanho do lugar, esse povo parecia ser uma mistura entre o moderno e o antigo. Satisfeita viu que também havia tubulação e água encanada. Jantou na cozinha, sob olhares e perguntas frequentes sobre como ela chegou nesse mundo e se era algum tipo de bruxa, ou fada, ou a tal filha da Lua como as idosas murmuravam pelos cantos.
Foi se deitar cansada de ser tratada como uma aberração, tirou a roupa pesada e dormiu no momento em que tocou na cama.
Porém antes que pudesse ao menos sonhar ouviu alguém lhe chamar. Sonolenta, mandou a pessoa sair e se virou para o outro lado.
- Eu não estou muito acostumado a ser tratado assim, sabe...
Anya arregalou os olhos assustada. Jack a olhava de cima, com os braços apoiados no dorsel da cama.
- Meu Deus!! - Exclamou Anya sentando-se e puxando o cobertor até o queixo para cobrir os seios expostos.- Como entrou?
- Pela porta. - Respondeu Jack.
- Estava trancada.
- Não pra mim...
- Droga, Jack... - Anya queria xinga-lo, mas ele era simplesmente um rei e ela estava em seu castelo. - Pode... pode se virar pra eu colocar minha roupa?
Jack sorriu. Lentamente tirou as mãos do dorsel e se virou de costas. Anya se arrastou para o outro lado da cama, desceu enrolada ao lençol e com grande dificuldade se vestiu sem se desenrolar.
- Fique tranquila... - Disse Jack ainda de costas. - Eu não olhei muito.
Anya sentiu o rosto queimar de vergonha e raiva. Deveria lembrar de nunca mais dormir nua.
- Pode se virar. - Disse ela de má vontade.
- Peço perdão por incomodá-la. - Respondeu Jack sentando na cama de Anya e encostando na parede com os braços atrás da cabeça. O gesto fez a blusa de mangas cumpridas que ele estava usando marcar seus músculos do abdômen e dos braços. Era engraçado, nas roupas reais ele não parecia ser tão... definido.
- Já estou ficando acostumada... - Respondeu Anya desviando o olhar. - O que deseja, Majestade?
- Jack. - corrigiu ele.
- Jack. - repetiu Anya.
- Não consigo dormir. - Disse Jack sorrindo. - Então vim perguntar o que minha assistente sugere para isso.
- Que tal um chá e uma música de ninar? - disse Anya irritada por ter sido acordada para isso. - Peça para uma das suas mulheres do harém.
Jack levantou as sobrancelhas e sorriu.
- Bom... mas sabe, Anya? Eu não estou muito afim da companhia de nenhuma delas hoje. A sua basta.
- Não sei como te deixar com sono.
Jack olhou para Anya com os olhos brilhando e um sorriso brincando em seus lábios.
- Eu penso em algumas coisas que você poderia fazer para me ajudar nisso. - disse ele. - MAS... - acrescentou depressa ao ver Anya agarrar um travesseiro para jogar nele. - podemos conversar, o que acha?
- Tudo bem. - Respondeu Anya, e agarrada ao travesseiro ela caminhou até uma poltrona e se sentou encarando Jack. - Sobre o que quer falar?
Jack acompanhou Anya com o olhar, claramente se divertindo.
- Te obriguei a ser minha assistente, me perdoe pela grosseria ao fazer isso. - começou a dizer ele em tom parecido com o que usou no acampamento. - Mas quero você no cargo mesmo assim. Também não aceitarei um não. Sou soberano aqui, afinal de contas, e você está nos meus domínios.
- Que gentil... - resmungou Anya.
- Você receberá um pagamento, é claro. Mil drakons de ouro quinzenalmente. E sinta-se livre para andar no vilarejo a cada dez dias, mas leve um dos guardas para te guiar.
Anya absorveu as coisas mais importantes no que ele disse: não seria uma escrava ou prisioneira e havia um vilarejo por perto.
- Ham... obrigada. Não sei o que são drakons, mas agradeço.
- Aprenderá essas coisas com o tempo.
- Posso perguntar uma coisa?
- Claro.
- Por que estão em guerra?
Jack suspirou.
- O reino de Villena não têm acesso a água doce. Nós sempre cedemos água para eles, mas meu pai faleceu a pouco menos de um ano, me tornando Rei e eles acharam que seria uma boa ideia tomar nossas fontes totalmente para eles nesse momento de mudanças.
- É uma grande burrice, não é? - comentou Anya. - caso percam ficarão sem água. Muitos morrerão.
- Ainda cedemos água para eles, não queremos matar mulheres e crianças. Se quiséssemos a guerra estaria resolvida.
- E se eles desistirem de atacar?
- Já quebraram nossa confiança, nunca mais abaixaríamos a guarda. Minha única opção é tomar o reino para mim.
Anya abaixou os olhos pensativa... tomar decisões assim deve ser uma coisa tão chata. De repente sentiu uma falta absurda de estar em seu apartamento vendo séries. Deixou sua mente vagar e então percebeu que estava sendo encarada por Jack. Ficou irritada com ele, como se fosse culpa dele ela estar ali.
- Por que me olhou assim? - perguntou Jack. - Disse algo que te ofendeu?
- Não, desculpe. Eu só... será que você pode sair para eu poder dormir?
- Já lhe disse que estou sem sono.
- Mas eu estou com sono. - Disse Anya ficando de pé e atirando o travesseiro ao chão. Os olhos de Jack se fixaram sem pudor nos seios dela, que sacudiram devido ímpeto do movimento e ao vestido mal abotoado. Ele se levantou e caminhou lentamente até ela, com os olhos brilhando novamente em vermelho. Anya recuou assustada e suas pernas esbarraram na poltrona.
- A culpa de eu estar sem sono é sua. - Disse Jack.
- Como assim?
- Estou curioso, Anya... - Jack se aproximou mais, ele era tão alto que Anya nem precisaria se abaixar caso quisesse lhe fazer... Não, ela sacudiu a cabeça para afastar o pensamento obsceno de sua mente.
- Com o que?
- Com você... como pode ser de outro mundo? - Jack passou os dedos em uma mecha do cabelo dela. Anya tentou recuar mais um pouco e caiu sentada na poltrona, Jack sorriu e se ajoelhou em sua frente, apoiando as mãos nas laterais da poltrona e cercando Anya. Seu tamanho era impressionante.
- Achei que respeitasse as mulheres. - Comentou Anya com medo.
- E respeito... porém nunca deixo de conseguir o que quero. - Jack colocou uma das mãos no rosto de Anya com delicadeza. - E eu decidi que iria ter você desde o momento que saiu da minha tenda.
Anya estava assustada, porém meio pateta. O cheiro dele a cercava e sua pele era tão quente que Anya começou a sentir calor. Jack umedeceu os lábios com a língua e ela não pôde controlar seus pensamentos... ele era tão bonito.
- Quero saber mais sobre você, Anya...
- Posso te dizer se você se afastar um pouco...
- Qual o problema? - perguntou ele franzindo o cenho. - Não sou atraente pra você? As mulheres não costumam fugir de mim assim.
- Você é atraente sim. - Respondeu Anya se forçando a sair do transe. - Mas te conheço a três dias. E... você me assusta.
Jack estalou os lábios e fez biquinho, então se levantou.
- Tudo bem. - Disse ele ficando de pé. - Teremos tempo. Vamos ver o quanto você é resistente.
Dito isso ele se virou e saiu. Anya voltou a se deitar se perguntando o quão mimado um rei pode ser.
Nota da autora: Obrigada por começarem a acompanhar essa história ❤️