Enemies

By AutoraLow

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*ESTA OBRA É UM DARK ROMANCE* Três anos. Esse foi o tempo necessário para que Mavena se tornasse uma pessoa c... More

𝐀𝐕𝐈𝐒𝐎𝐒!!
𝐃𝐞𝐝𝐢𝐜𝐚𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚.
𝐂𝐚𝐬𝐭.
𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐮𝐦.
𝐏𝐫𝐨́𝐥𝐨𝐠𝐨.
𝐓𝐰𝐨; 𝐡𝐨𝐦𝐞.
𝐓𝐡𝐫𝐞𝐞; 𝐫𝐢𝐝𝐢𝐜𝐮𝐥𝐨𝐮𝐬.
𝐅𝐨𝐮𝐫; 𝐝𝐞𝐚𝐭𝐡 𝐚𝐧𝐝 𝐟𝐢𝐥𝐦.
𝐅𝐢𝐯𝐞; 𝐝𝐞𝐚𝐝𝐥𝐲 𝐠𝐚𝐦𝐞.
𝐒𝐢𝐱; 𝐞𝐜𝐡𝐨𝐞𝐬 𝐨𝐟 𝐠𝐫𝐢𝐞𝐟.

𝐎𝐧𝐞; 𝐫𝐞𝐭𝐮𝐫𝐧.

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By AutoraLow

"Ninguém pode mais curar minha dor
E eu simplesmente não consigo conter
Esse sentimento que permanece"

There She Goes - Sixpence None The Richer

Las Vegas
05 de setembro de 2022

Me acomodo na banqueta do piano e ergo minha coluna para que fique totalmente reta. Deslizo meus dedos pelas teclas sentindo o quanto eu estava com saudades de estar diante de um instrumento musical. Abro a partitura da sinfonia n° 5 de Beethoven e coloco na estante de partituras, mesmo que eu provavelmente não vá ler.

Solto um suspiro e posiciono meus dedos nas teclas iniciais e começo a apertar as teclas do piano como se minha vida dependesse disso. Não olho para as partituras, apenas deixo meu corpo ser levado pelo som das teclas se misturando e formando uma melodia harmoniosa, um sorriso ladino escapa de meus lábios enquanto as teclas são apertadas e o som preenche todo o ambiente vazio e silencioso.

Quando não sobram mais teclas para apertar eu paro, a música acabou e a dor voltou. No momento em que minhas mãos encostam em um instrumento musical e meus pés pisam em um estúdio de dança é como se minha alma saísse do corpo, eu me torno outro pessoa. Uma pessoa que não tem problemas ou defeitos, alguém completo e vivo. Esses e os momentos em que estou com minhas amigas são os únicos momentos em que não me sinto morta.

Me levanto da banqueta e deixo a sala de música para trás. Subo a enorme escada de vidro e vou direto para o meu quarto. Rapidamente tiro minhas roupas, jogo elas no cesto de roupa suja e começo a vestir o uniforme.

O uniforme consiste em uma saia preta básica que bate acima do joelho, uma camiseta social branca com botões, uma gravata preta e um sobretudo preto. Digamos que é elegante. Faço um coque baixo no cabelo com duas mechas soltas na parte da frente e em meus pés coloco um tênis esportivo branco.

Ao terminar, saio imediatamente do quarto, indo para a sala de jantar, onde o café da manhã é servido. Solto um suspiro ao perceber que, novamente, não tem ninguém sentado na mesa. Sempre é apenas eu já que meus pais nunca estão em casa ou tem tempo para tormar café da manhã comigo e, hoje, minha irmã dormiu na casa de sua amiga.

Coloco dois pequenos biscoitos de morango caseiro no prato e encho metade de uma taça com suco de laranja. Comer sozinha é a maior prova de solidão que existe. Apenas ouvir o som da comida ser mastigada e não ter ninguém para conversar é angustiante.

Pego meu celular para ver se o Secret, o site de fofoca mais problemático e nojento que existe, havia postado algo novo, e infelizmente tinha.

"Professores flagrados ficando com alunos no ginásio? Temos.

O professor Smith de literatura do último ano foi flagrado transando com a aluna Grace Makhail. Há algumas especulações de que ela está fazendo isso por nota e outras dizem que ela é apenas uma vadia. Qual a sua opinião?

Revelem os seus segredos, caso contrário, eu vou revelar."

Esse site filha da puta sempre acaba as postagens com a mesma frase — uma frase horrível e mal formulada —, chega a ser irritante. Ele está nos perseguindo desde o segundo ano do ensino médio e parece ter algum fetiche em falar sobre mim e minhas amigas, porque em qualquer situação vai ter uma postagem com o nosso nome. Claro que ela fala dos outros mas nós somos um tipo de foco doentio.

É irritante não poder fazer nada porque esse problemático vai postar. Quando eu descobrir quem é o dono dessa merda vou fazer a pessoa se arrepender de ter nascido.

Jogo minha mochila nas costas e vou direto para a garagem. Olho todas as opções de chaves dos carros, minhas mãos param na chave da lamborghini. Destranco o carro e jogo minha mochila no banco do passageiro enquanto entro no do motorista, coloco a chave na ignição e dou partida ouvindo o motor fazer barulho.

Após andar por algumas ruas, paro na porta da casa de Nela. Não espero muito tempo, já que a loira imediatamente imediatamente abre a porta de casa e vem até o carro gritando alguma coisa que tenho certeza de ser para seus pais enquanto sorri. Uma pontada de inveja surge em meu peito mas ignoro, fingindo que nada aconteceu.

— Bom dia, Mavena!! — ela cantarola com um sorriso enorme no rosto.

Reviro os olhos.

— Bom dia, Nela — respondo sem nenhum pingo de animação. — Viu a postagem na conta de fofocas?

A loira entra no carro e coloca a minha mochila em seu colo.

Acelero o carro e vou na direção da escola, se eu não chegar lá em cinco minutos estaremos atrasadas para o primeiro dia de aula, e isso é praticamente considerado um crime.

— Eu vi, não estou nem um pouco surpresa que a vadia da Grace deu para ganhar nota, ela é burra como uma porta — minha amiga diz enquanto se olha em um mini espelho para passar seu gloss.

Grace é a maior vadia que tem nessa escola, essa garota é uma pura cretina. Sempre anda sozinha e fica sozinha na escola, dorme em todas as aulas e é a maior rude que já foi vista no mundo. Se algum dia Grace Makhail for atropelada eu com toda certeza estarei dirigindo o carro e Nela vai estar no banco do passageiro insistindo para conferirmos se ela realmente morreu.

— Lembra aquele dia na educação física que ela bateu o ombro contra o meu e disse para mim parar de ser uma pedra no caminho dela? — Minha amiga comprime os lábios para o gloss se espalhar e logo em seguida o guarda em sua ecobag.

Nela nunca usou mochila, sempre está com uma ecobag diferente. A loira insiste em dizer que é para cuidar do meio ambiente e não matar as tartarugas, mas eu ainda acho que é algum tipo de fetiche doentio. Esse ano a sua ecobag é rosa com vários laços ao redor da alça de pelinhos. Devo admitir que combina com sua personalidade.

— Nela, você estava parada no meio do campo retocando seu rímel, é bem compreensível — solto uma risada nasalada e ela revira os olhos enquanto bufa. Digamos que minha amiga não é a maior fã de esportes. Talvez seja até eufemismo dizer que ela odeia correr atrás de uma bola.

Meu celular e o de minha amiga apitam no mesmo segundo, nos entreolhamos, já sabendo de quem é a notificação. Ela tira o celular da sua bolsa enquanto eu estaciono o carro em uma vaga no estacionamento da escola. A expressão de Nela foi mudando de relaxada para apavorada em segundos.

— Aí meu Deus, Mavena, leia isso — a loira vira a celular para mim, me dando a visão da postagem.

"Olá, galerinha do Elite

Passei as férias todas sem postar nada, apenas recolhendo informações, estou con tanta saudades, vocês também estão?

Essa primeira fofoca de hoje? Foi só aquecimento, meninas.
Espero que o trio maravilha não se queimem com o próprio fogo depois do que irei postar sobre elas. Mas lembrem-se, elas não são os meus únicos alvos, todos vocês estão na mira das minhas flechas de fofoca.

Revelem os seus segredos, caso contrário, eu vou revelar."

Essa vadia passou as férias todas sem postar absolutamente nada, era bom de mais para ser verdade. Todos fizemos muitas merdas nessas férias, principalmente eu. Se esse ser humano tiver descoberto tudo que fiz vai ser a gota d'água para mim.

Só pela expressão apavorada de Nela e o meu celular vibrando com uma ligação de Amelie já posso saber que não sou a única que fez merda.

Recuso a ligação e mando uma mensagem avisando que estamos no estacionamento da escola.

Desço do carro e minha amiga segue meus passos, Nela joga minha mochila para mim e quando vou colocar nas costas um corpo se choca contra o meu, fazendo com que nós dois caíssemos no chão. Solto vários xingamentos e resmungos quando sinto o impacto do meu corpo contra o chão. Quando fui me virar para mandar a pessoa olhar por onde anda ou apenas mandar tomar no meio do cu me calei ao ver Amelie caída ao meu lado. Ela tinha um brilho enorme e doentio em seus olhos castanhos enquanto me encarava.

— Beija! Beija! — Nela gritava enquanto levantava a mão no ar e dava pulinhos.

Dou um tapa na cabeça de Amelie e me levanto enquanto passo a mão pela roupa para tirar a poeira do estacionamento sujo.

— Você é idiota? Me derrubou nesse chão imundo, por pouco eu não peguei alguma doença mortal — reviro os olhos e Amelie coloca a língua para fora em uma careta.

— Não seja assim, Mav, não foi de propósito — ela vem na minha direção com os braços abertos e me envolve em um abraço acolhedor que só ela tem.

Sem conter acabo sorrindo um pouco e inclino meu rosto para beijar sua bochecha.

— Own, no fundo Mav se importa, que fofa! — Nela diz fazendo beicinho e eu imediatamente empurro Amelie para longe.

Coloco minha mochila nas costas e fico no meio das duas enquanto andamos pelo estacionamento indo na direção do prédio do ensino médio. Vários olhares são atraídos para a gente com alguns sussurros mas apenas ignoro aquilo.

— Estou com medo do que podem postar no site de fofoca, vocês viram a ameaça? — pergunta Amelie.

— Você fala como se tivesse feito alguma coisa ruim nessa férias — minha amiga cora e vira o rosto para outro lado.

Amelie é a pessoa mais santa que eu já conheci em toda minha vida. Tenho certeza que se ela tentar caminhar no mar vai conseguir, minha amiga foi criada para ser Jesus 2.0, chega a ser difícil falar merda perto dela. Não entendo a preocupação dela com o que vai ser explanado já que provavelmente vai ser apenas sobre eu e a loira que tem cara de santa: Nela.

Paramos diante dos nossos respectivos armários, que por uma grande ironia são um do lado do outro. Coloco minha mochila nele, apenas pegando dois livros didáticos e um estojo. Quando vou fechar a porta, paro para olhar as fotos presentes nela, todas são com Amelie ou Nela. Nossos sorrisos radiantes em todas as fotos refletem como nos sentimos ao estarmos juntas, é adorável.

Fecho o armário e me viro para ir na direção da minha sala. Amelie se separa de mim e Nela deixando um beijo nas nossas bochechas. Ela escolheu fazer exatas, então fica na outra parte do prédio. Continuamos andando pelo prédio apenas jogando conversa fora até que chegamos na sala de história.

Eu ainda não sei por qual motivo escolhi fazer humanas, sou bem melhor em exatas. Talvez seja por preguiça de fazer cálculo, não faço a mínima ideia. Apenas sei que me arrependi, já que todas as palavras do meu livro parecem estar em outro idioma.

Coloco meu material na cadeira e me sento, pronta para virar para trás e conversar um pouco mais com Nela. Solto um suspiro de raiva quando o professor entra na sala sem nem dar tempo de que eu acabe com o assunto da última conversa.

(...)

Em passos calmos, eu e minhas duas amigas caminhamos na direção do refeitório. Aos poucos o som das conversas e risadas ficam um pouco mais altas, expondo que a quantidade de alunos presentes nele é grande. Normalmente ficam menos pessoas no refeitório, a maioria passa o intervalo na biblioteca ou no jardim da escola. Digamos que, no mínimo, é suspeito esse conjunto de pessoas de uma forma repentina.

Adentro o refeitório, e realmente mais pessoas do que o normal estão aqui. Apenas uma mesa está vazia, ela fica bem destante do centro do refeitório, algo considerado bom por mim mas que Nela provavelmente odiou.

Espero minhas amigas pegarem suas bandejas de comida enquanto fico na mesa, tudo que eu vou comer é uma pequena barrinha de proteína, o que é suficiente para ter energia para o treino das cheerleders, eu sou a última que pode faltar por falta de energia. Sou a capitã do time e obviamente eu não posso deixar de ir.

— Tem muita gente ao redor da mesa do Jeremy — Amelie diz aparecendo do meu lado junto com Nela.

Concordo com a cabeça, ocupada demais abrindo minha barrinha para responder com palavras. De repente, em uníssono, todos os celulares que estão presentes refeitório fizeram o típico som de notificação. Sem pensar duas vezes cada um foi ver o que a página de fofocas postou. Com os dedos cruzados para não ser algo sobre mim desbloqueei o celular e abri no site.

"Olá galerinha do Elite.

Espero que hoje, às meia-noite, todos estejam com seus celulares na mão para receberem a primeira fofoca oficial do ano letivo. Quem aqui está tão animado quanto eu? A Amelie com certeza não está.
Será que nossa loirinha tem algum segredo sombrio? Descobriremos às meia-noite.

Revelem os seus segredos, caso contrário, eu vou revelar."

Olho para a loira na minha frente. Se fantasmas existissem eu encheria a boca para dizer que ela acabou de virar um. Minha amiga está branca como uma folha de papel, sua expressão petrificada e os olhos arregalados. E o fato de que todos os alunos presentes no refeitório estão cochichando e apontando para a nossa mesa não parece ajudar muito.

— Que garoto babaca, o que Amelie teria feito de importante para ter esse mistério todo só para revelar? — Minha amiga bufa.

— Eu... eu... eu fiz algo ruim... — Amelie diz em um sussurro tão baixo que quase não consegui ouvir.

— Oh, Amelie, o que você fez? Ficou uma semana sem dar comida aos pobres patos? — ironizo e Nela prende uma risada.

— Não, foi algo realmente ruim, eu... — Minha amiga é interrompida com o sinal tocando, indicando que todos deveriam voltar para suas respectivas salas de aula.

Eu queria terminar de ouvir o que a loira iria dizer, mas atrasar para as aulas é algo fora de questão no colégio Elite. Me levanto e saio puxando Nela, já que Amelie precisa ir para a outra parte do prédio.

Acabei de fazer uma anotação mental para questionar minha amiga sobre o "algo ruim" que ela fez.

(...)

Todas as aulas já acabaram e o treino de basquete acabou agora. As líderes de torcida estão começando a chegar para o nosso treino e alguns jogadores se acomodam na arquibancada para assistir. Nem sei se posso chamar isso de assistir, eles ficam nos comendo com os olhos como se o treino das cheerleders fossem um maldito filme pornô.

Termino de colocar meu uniforme e me olho no espelho do vestiário, logo em seguida Nela e Amelie aparecem ao meu lado, as duas com o uniforme. A saia é tão curta que fica uns dois dedos abaixo da bunda, graças a Deus tem um short por baixo. Ela é azul escuro com a parte inferior da costura tendo detalhes dourados, a blusa também é azul, ela mostra uma parte da barriga e todas as partes da costura da manga e barriga têm detalhes dourados. Na blusa, há a letra "E" simbolizando a escola, ela é dourada para dar um destaque maior. Nossos cabelos estão presos em rabos de cavalo com duas mechas soltas na parte da frente e fitas azuis, formando laços, na parte da liguinha de cabelo.

Solto um sorriso e levanto meu celular para bater uma foto. As loiras ao meu lado sorriem e eu sorri junto vendo minhas duas mechas onduladas entrando no meu campo de visão. A foto ficou consideravelmente boa.

Amelie foi para fora do vestiário já que ela precisa ajudar as garotas a arrumar as coisas no chão do gramado para o treino e ir chamar os garotos que vão nos ajudar. Eu e Nela ficamos no vestiário escolhendo quais vão ser as acrobacias que vamos fazer no próximo jogo. Eu sou a capitã e minha amiga a co-capitã, Amelie entrou no time há seis meses então é apenas, uma animadora de torcida normal mas eu tento ao máximo deixar ela com uma grande visibilidade.

Depois de decidir que no primeiro jogo, que seria daqui um mês, faríamos uma pirâmide, saímos do vestiário e encontramos as garotas com saias minúsculas se alongando enquanto são comidas pelo olhar dos jogadores de basquete e futebol americano.

— MENINAS!! — Nela gritava e assobia chamando a atenção de todas. Como se fossem formigas elas vem na nossa direção e ficam ao nosso redor.

— Como todas vocês já sabem, a melhor torcida dessa primeira temporada ganha um prêmio e nós obviamente queremos ganhar. Eu e a co-capitã decidimos que no primeiro jogo faremos a comemoração do nome da escola, que já fizemos ano passado, então não é estranho para quase ninguém, e faremos uma pirâmide — as garotas soltam alguns suspiros de surpresa.

A comemoração de letras consiseste em todas ficarem lado a lado em cinco fileiras e levantarem os pompons para frente, formando as letras do nome da escola. Posso dizer que é fácil mas exige uma grande concentração e desempenho.

— Sabemos que fazer uma pirâmide no primeiro jogo é bastante arriscado mas precisamos correr riscos para ganhar aquele prêmio. Todas as segundas, quartas e sextas teremos treino após a aula.

Todas as garotas assentiram e começaram a cochichar entre si, provavelmente nos achando retardadas.

— O primeiro treino vai ser simples, nos primeiros trinta minuto faremos as letras e nos outros trinta minutos iremos debater sobre quais devem ser os locais de cada uma na pirâmide, certo? — Nela pergunta por educação, todas sabem que vamos fazer isso mesmo que ninguém queira.

Começo a colocar cinco meninas de pernas dobradas no chão, atrás delas outras cinco de joelhos, em seguida duas fileiras com algumas meninas com o corpo encurvado e, por fim, as garotas em pé, formando um tipo esquisito de escada.

Eu e Nela ficamos na frente delas tentando descobrir quais delas precisam levantar os pompons para formar um "E". Apontamos para as garotas necessárias e pedimos para que levantassem os pompons para a frente e balançassem. Quando vimos que formou um "E" fomos para o "L".

O treino de letras acabou quando os trinta minutos se passaram. Apenas conseguimos treinar as posições de quem forma o "E" e "L".

A pirâmide realmente foi mais complicada. Escolhemos as garotas mais fortes para ficar na base e segurar todas as outras. As garotas escolhidas para a base se reuniram para planejar sobre - não sei exatamente sobre o que estavam planejando, mas pelo menos faziam algo útil.

Depois de uma hora o treino finalmente acabou. Estou sentada no vestiário junto com Amelie e Nela enquanto discutimos quem seriam as melhores para fazer o meio.

— Eu acho que no topo deveria ser eu e Amelie te segurando, Mavena — Nela diz.

— Eu acho uma ótima ideia, posso malhar para ficar mais forte e ter menos riscos de você cair — minha outra amiga diz sorrindo.

— Vou pensar, mas com toda certeza Amelie estará na pirâmide maior - respondo, focada demais no celular para dar uma resposta melhor.

(...)

Estamos deitadas em cima do capô do meu carro. Nós três ainda usamos o uniforme das cheerleders, já virou praticamente uma tradição sair do treino e só trocar de roupa ao chegar em casa.

— Aquela nuvem parece uma vaca — a loira do meu lado direito aponta para uma nuvem que nitidamente não se parece com uma vaca.

— Aquela é... é... o que é aquilo? — Amelie aponta para outra nuvem.

No exato momento que meus olhos foram de encontro com a nuvem eu explodi em uma risada. Me sentei no capô do carro com as mãos na barriga tentando me controlar para parar de rir daquilo. Nela encararou a nuvem e começou a rir junto comigo enquanto me dava alguns tapas e encurvava a barriga.

— Uma... nuvem... de pau... — disse Nela, entre as risadas.

Minha amiga saiu de cima do capô e quando foi ficar em pé suas pernas falharam por estar fraca de tanto rir e ela caiu no chão, fazendo com que Amelie começasse a rir, e minha risada se intensificasse. Minha barriga já estava doendo de tanto rir mas só piorou quando me levantei e estiquei a mão na intenção de que ela usasse de apoio para se levantar. Quando minha amiga fez força na minha mão para se levantar eu perdi o equilíbrio e cai em cima dela.

Nós três já estávamos fracas de tanto rir e com toda certeza foi uma péssima ideia tentar ajudar minha amiga, já que agora eu e a loira estamos caídas no chão imundo dessa escola.

Uma risada alta ecoou pelo estacionamento. Quando levantei o rosto para ver quem era vislumbrei Jeremy vindo na nossa direção enquanto deixava todos os dentes à mostra.

— Foi uma queda linda de se ver, meninas — ele diz entre risos.

Jeremy virou nosso amigo no ano passado, quando ele entramos na escola. Ele nos acolheu e e sempre que podia ficava conosco. Após um certo período de tempo ele se afastou, já que nós havíamos nos familiarizado com tudo. Mesmo não nos falamos muito nossa amizade nunca desandou, é como se todo dia a gente conversasse e fossemos melhores amigos.

— Obrigada — ironizo.

— Por nada. Bem... Vou dar uma festa lá em casa, nessa sexta. Obviamente estão convidadas — ele diz e entrega um convite para cada uma.

Me acomodo no chão deitando minha cabeça na barriga de Nela.

— Primeira semana e já vai dar uma festa? Olha aí o Jeremy que conheço — Amelie diz sorrindo largo.

Minha amiga tem uma quedinha pelo Jeremy desde que conhecemos ele. É aquele tipo de quedinha que só de ver a pessoa seu coração acelera de uma forma que mesmo estando três quarteirões de distância ainda se pode ouvir. Ela é apaixonada no Jeremy mas nunca tentou demonstrar isso. Ela é frouxa.

— Festa só para mostrar quem sou para os novatos — ele sorri, nitidamente sendo irônico. Ou talvez não...

— Isso aí!! — Nella grita e eu lhe dou um tapa na cabeça. — Isso doeu, puta.

— Calada — coloco meu dedo em frente aos seus lábios e ela tenta morder. Afasto meu dedo imediatamente e faço uma careta ofendia enquanto ela ri.

— Tenho que ir, meus pais estão me importunando para que eu chegue mais cedo — Jeremy revira os olhos. — Quer carona, Amelie?

Quando ela ia abrir a boca para responder — provavelmente iria dizer que estava com o carro —, eu falei por ela:

— Ela quer, acredita que Amelie veio de carona hoje? A coitada está sem carro — minha amiga me fuzila com o olhar.

— Eu não... — ela ia começar a dizer alguma desculpa para recusas mas Jeremy intorrompe sua fala.

— Fico feliz com isso. Vamos, Amelie — o loiro estende a mão para minha amiga e ela segura segura fortemente enquanto se levanta do capô do carro.

Sibilo um "por nada" e recebo um olhar fuzilante enquanto ela joga a chave de sua Porshe no chão.

Nela corre para pegar a chave e fica a girando nos dedos antes de destravar o carro e se sentar no banco do motorista.

— Tchau, Mavena! Nos vemos amanhã — recebo um aceno antes da porta ser fechada e a Porshe sair do estacionamento.

Entro na minha Lamborghini e dou partida ao som de "wires". Aumento o som no máximo enquanto grito em plenos pulmões a letra da música. Essa é a minha música e das duas loiras que andam comigo para todos os lados, decidimos isso há uns 8 meses.

Estaciono o carro na frente da enorme mansão, que eu carinhosamente apelidei de jaula, e saio sem nada nas mãos, já que deixei os livros na escola. Arqueio uma sobrancelha ao perceber a BMW dos meus pais estaciona na porta da casa. Eles estavam em uma viajem de negócios que duraria até o fim da semana, porque vieram mais cedo?

Atravesse o enorme jardim da frente e paro diante a porta da casa, giro a chave e destranco a porta, dando de cara com minha mãe segurando uma tigela cheia de salgados e meu pai com uma jarra de suco e uma bandeja com copos de cristal indo na direção da sala de estar.

— Mavena, querida! — minha mãe diz com empolgação. Ela parecia genuinamente feliz em me ver. Eu até poderia acreditar nisso, mas a conheço bem demais para saber que tudo não passa de uma farsa.

Arqueio uma sobrancelha.

— Pensei que ficariam na viajem até o fim da semana — digo com desdém.

Ela bufa, provavelmente irritada com o meu tom de voz.

— Tivemos que voltar para resolver alguns... hum... assuntos?

— Isso foi uma pergunta? — ironizo.

— De uma forma ou de outra, viemos resolver alguns assuntos, Mavena — meu pai diz rígido, tentando ser ameaçador e eu repreendo a vontade de rir.

Meu pai é a pessoa menos ameaçadora do mundo. Talvez a Mavena de um ano atrás teria se encolhido, murmurando um pedido de desculpas e subido para o quarto, mas hoje em dia tudo que sinto é dó e vontade de rir.

— Deixa eu adivinhar, eu e Octavia não estamos inclusas nesses assuntos — fecho a porta atrás de mim e encaro os dois com uma falsa inocência.

— Mavena... — meu pai resmunga tentando evitar a discussão.

Toda vez é assim, eu e Octavia nunca fazemos parte dos assuntos que eles têm que tratar. Eu já deixei de ir em inúmeras competições para ficar com minha irmã quando ela adoece, mas eles nunca deixaram de ir em uma viajem de negócios ou de trabalhar para ficar com a gente quando precisamos, chega a ser impressionante.

— Temos visitas que você vai adorar — o tom de voz da minha mãe muda drasticamente, ela sorri meiga e aponta para a sala de estar.

Meu corpo paralisa no exato momento em que vejo aquelas duas famílias me encarando. A Senhora Grey sorri grande enquanto me encara com brilho no olhar, e o Senhor e Senhora Cox fazem a mesma coisa, os três com sorrisos radiantes.

Se eu já estava branca só de ver eles, no momento que alterei meu olhar para os garotos ao lado da Senhora Cox tenho certeza que fiquei mais branca do que já estava, caso isso seja possível. Blaze Cox está me encarando de cima a baixo com curiosidade.

Ele está extremamente diferente do que três anos atrás. Seu maxilar está mais marcado, ele tem algumas tatuagens no braço, seus cabelos loiros ondulados agora estão maiores e mais bonitos e ele obviamente ficou alto para caralho.

Ao seu lado estava Zion Grey, que me encarava fixadamente, em seus lábios há um sorriso ladino de molhar calcinhas. Seu cabelo liso e preto está um pouco maior do que antigamente, suas orbes pretas estão fixas nos meus olho. Meus olhos passeiam por todo o seu corpo percebendo o quão musculoso está, deve ser alguma espécie idiota de atleta.

— Pensei que haviam morrido — digo ríspida e minha mãe dá duas tossidas falsas, obviamente querendo que eu me cale.

Meus olhos continuam fixos no herdeiro dos Grey e as vezes alternam para o herdeiro dos Cox.

Quando eu tinha 14 anos essas duas famílias foram embora de Las Vegas e nunca mais foi ouvido falar delas. Me surpreende bastante que depois de três anos eles tenham voltado com a maior cara lavada como se nunca tivessem sumido de repente e me deixado preocupada.

Eu procurava eles dia e noite, o desespero que eu sentia era enorme. Mesmo que Zion e Blaze fossem os maiores babacas que faziam bullyng comigo eu ainda considerava eles meus amigos e tinha uma paixão por Zion Grey, aquele garoto era um crime de tão gostoso.

— Quem é vivo sempre aparece, amore mio — a senhora Grey vem na minha direção com os braços abertos para me abraçar.

Michelle usa um vestido rosa longo que realça o seu cabelo loiro. Seus olhos azuis ainda estão brilhando e um sorriso meigo está presente em seus lábios.

Ela envolve seus braços em meu pescoço enquanto distribui beijos por todo o meu rosto fazendo com que eu tenha vontade de vomitar. Ela some por três longos anos e volta como se nada tivesse acontecido e me enche de beijos como se eu fosse a mesma garota ingênua de 14 anos que teria aceitado essa velha de braços abertos quando voltasse? E ainda decide de que seria uma ótima ideia usar apelidos antigos que obviamente não tem mais o direito de usar.

— Senhora Grey... — Tento cumprimentar mas fica mais como uma súplica para que pare com todo o afeto desnecessário.

— Prefiro que me chame de tia Michelle — ela lentamente sai do abraço.

Sempre a chamei de tia Michelle. Dos meus 10 aos 14 anos considerei a senhora Grey como uma mãe, ela fazia tudo que a mãe verdadeira não fazia por mim, ainda sou grata por isso. Mas ela não tem a porra do direito de voltar para Las Vegas e pedir que eu a chame por um apelido carinhoso.

Sorrio, venenosamente.

— "Tia" é apenas para os íntimos, senhora Grey.

A mulher encara o chão por alguns segundos como se pensasse em algo mas logo em seguida ergueu seu olhar para mim e sorriu forçado, a dor está estampada em seu rosto velho e cheio de plásticas para tentar ser gostosa.

— Eu entendo... — ela sussurra enquanto se afasta.

— Fico feliz que entenda — dou um aceno com a cabeça para os Senhores Cox e eles repetem o mesmo ato.

Sempre fui mais próxima da Senhora Grey, mas eu ainda amava os Senhores Cox e eles me amavam. Provavelmente só não me abraçaram por causa do que aconteceu com a mãe de Zion.

— Mãe! — Ouço o grito estrangulado de Octavia e imediatamente um sorriso radiante surge no meu rosto enquanto encaro a garota descendo as escadas de vidro.

A senhora Grey se vira para a minha irmã no mesmo instante. Seu olhar cheio de ternura ao olhar para a morena indica que ela sentiu falta dessa pirralha.

— A mãe da Amelie ligou hoje, ela queria falar com você — ela diz para mim enquanto abraça minha mãe, e eu sumo com o sorriso para que ela não veja.

Eu e Octavia temos a mesma altura mesmo que ela seja um ano mais nova. Minha irmã tem cabelo castanhos, curtos e lisos diferente dos meus que são castanhos e longos. O rosto de Octavia é delicado e passa uma calma interior, já o meu passa poder e soberba. Não poderia esperar nada melhor sabendo que cada detalhe do meu rosto é o mesmo do rosto de Victoria.

— A tia Luna ligou e você bem para me mandar mensagem? Que bela irmã eu tenho — de relance vi a Senhora Grey abaixando o rosto e sendo confortada por Blaze Cox com algumas palavras positivas que não consegui entender.

— Bom, foi ótimo ver que vocês não morreram, mas agora se me dão licença, preciso subir — digo para as duas famílias que estão na sala e não espero uma resposta antes de ir para meu quarto.

Babacas.






E essa conta de fofocas? Sinto cheirinho de merda quando der meia-noite. Ou talvez Amelie resolva isso...

Eu não sei se gostei desse capítulo, achei bem fraco. Mas fiquei satisfeita por conseguir mostrar um pouco da personalidade das três principais.

Preciso admitir que me arrependi amargamente de escolhe o nome Blaze, mas como escolhi há 6 meses e já considero um traço de personalidade não consigo mudar.

Peço perdão por qualquer erro de ortografia.

Tradução do título do capítulo: retorno.

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