A Maldição da Trívia - Uma hi...

By Lady_OnyxD

494 59 828

Saint Luna viveu em paz durante trinta anos. A Ordem das Bruxas estava mantida, o mal havia cessado e tudo es... More

Epígrafe
Prólogo: A Quarta Fase da Lua
Capítulo 1: Boas novas
Capítulo 2: O Livro das Sombras
Capítulo 3: De Volta à Saint Luna
Capítulo 4: Colar de Família
Capítulo 5: Show de Horrores
Capítulo 6: Paraíso Artificial
Capítulo 7: O Outro Lado
Capítulo 8: Heptagrama
Capítulo 9: Bala Mágica
Capítulo 10: Foguete Luna
Capítulo 11: Morte por Encomenda
Capítulo 12: Duelo de Espadas
Capítulo 13: Hospital Abandonado
Capítulo 14: Amigos de Novo
Capítulo 15: Segundo Ciclo
Capítulo 16: Bruxa da Fertilidade
Capítulo 17: Tread Carefully
Capítulo 18: Pôr do Sol
Capítulo 19: Templo Egípcio
Capítulo 20: Vigilantes da Internet
Capítulo 21: Justiça e Verdade [BÔNUS]
Capítulo 22: O Desaparecimento das Bruxas
Capítulo 23: Hotel Cinco Estrelas
Capítulo 24: Romeu e Julieta
Capítulo 25: Verdadeiro Pai
Capítulo 26: Realidade Alternativa

Capítulo 27: Desejo do Inconsciente

20 1 19
By Lady_OnyxD

Saint Luna, 11 de setembro
Sábado - 08:09 A.M.

— Eu descobri tudo!

Minha visão estava embaçada e tudo girava. Os guardas na minha frente viraram apenas borrões, e um cansaço incontrolável me atingiu por completo. Meu corpo começou a amolecer, e por mais que eu tentasse lutar, eu já havia perdido.

Realidade alternativa? Sério, Nolen? Seu grande plano era esse o tempo todo?

A elite me apavora.

Não sei quanto tempo fiquei "sonhando", mas quando finalmente consegui despertar, me vi em uma casinha simples de madeira. Minha cabeça doía um pouco e minha memória estava um pouco confusa

Como vim parar aqui?

Tudo parecia razoavelmente bem. Levantei do sofá em que eu estava deitado e comecei a andar pela casa, na expectativa de encontrar alguém.

Quem sou eu?

— Oi, Vincent! Acordou cedo. — Uma voz familiar sai de trás da bancada com um sorriso no rosto.

Minha mãe, Crystal, usava um avental de cozinha enquanto secava as mãos em um pano de prato. Um cheiro de panqueca doce preencheu minhas narinas, fazendo meu estômago roncar.

— É... eu não lembro muito o que aconteceu. — Coço a cabeça, me sentindo bastante confuso.

— Você foi a uma festa de despedida ontem a noite com seus amigos. Mas é melhor curar logo essa ressaca que já já a  sua outra mãe vai te levar para o MIT. Que sorte você e o Noah terem ficado no mesmo quarto!

Sento-me na cadeira e minha mãe coloca duas panquecas no meu prato, colocando um pouco de mel por cima. Começo a comer e sentir um sabor que nunca senti em toda minha vida. Aquilo estava perfeito!

— MIT? — Pergunto, confuso ainda.

— Oh, querido. — Crystal suspira preocupada e faz um leve carinho no meu cabelo enrolado. — Vou te dar um remédio e beba bastante água!

Ela sai dali, me deixando sozinho e pensativo. Quanto mais eu tentava me lembrar, mais ficava difícil organizar minhas memórias. Aos poucos, alguns momentos vão surgindo na minha cabeça. A carta de aceitação da faculdade, Noah e eu indo para a faculdade de engenharia juntos, Claire cursando medicina.... tinha mais alguém.

A campainha toca e eu levanto da cadeira, caminhando até a porta e a abrindo. Dou de cara com Lexie, que usava uma saia quadriculada e uma blusa preta de manga cumprida. Ela sorri para mim e me dá um beijo rápido, deixando-me estático por alguns segundos.

— O que você está fazendo aqui? — Questiono, sentindo como se o que eu estivesse fazendo não fosse certo.

Ué, como assim? — Ela pergunta. — Hoje é nosso aniversário de um ano de namoro, esqueceu? Vamos comemorar antes de você ir para o MIT.

— Namoro?

— A ressaca te pegou de jeito, hein. — Ela sorri e entra, empurrando a porta atrás de si. — Esse foi o melhor ano das nossas vidas! Tem noção de que está dando tudo certo?

Tinha alguma coisa que eu não conseguia lembrar de jeito nenhum, e algo dentro de mim gritava que era importante. Todos ao meu redor pareciam... vazios. As coisas não são como deveriam ser, e por algum motivo meu corpo reagia negativamente a tudo isso.

— Tem algo errado acontecendo. — Me afasto de Lexie e saio para a rua. O sol brilhava e estava tudo perfeito. Perfeito demais.

Corro pelas ruas, e lembro de tê-las visto nos meus flashbacks, mas mesmo assim eu não conseguia me sentir familiarizado.

— Vincent! — Lexie grita, correndo atrás de mim. — O que está acontecendo?

— Cadê o meu fusca vermelho?

— Que fusca vermelho? — Ela pergunta confusa.

Arregalo os olhos.

Meu fusca vermelho.

— Cadê a Maya? — Pergunto, mesmo sabendo que não tinha muito contato com os gêmeos.

— A Maya da escola? Eu sei lá. Por que?

— Desculpe. — Dou as costas e começo a correr pelas ruas. Algumas pessoas ignoravam totalmente a minha presença, mas algumas pareciam reais demais.

Vincent! Acorde!

Uma voz gritava na minha cabeça, mas eu não sabia exatamente de onde ela vinha. Era uma voz masculina e muito poderosa, quase como se fosse divina.

Então, a euforia dentro de mim cessou. Voltei para casa, ainda confuso, e decidi dormir.

• • •

Alguns dias se passaram e eu tentei ignorar o fato de que estava enlouquecendo. Mesmo já estando no MIT e minha vida estando perfeita demais, a sensação de que o espaço e o tempo estavam desordenados, não saiu de mim.

Olho pela janela do campus e observo o céu com muitas estrelas brilhando. A lua estava bem fraca, pois acabara de entrar na sua fase nova.

Isso me lembrava de alguma coisa.

Toda vez que eu dormia, não conseguia sonhar. Sentia meu corpo recarregar, mas nunca de fato sonhar. Pego meu celular e coloco meus fones, deixando uma playlist aleatória tocando. Deito na cama, apenas ouvindo música por música, até por fim cair no sono.

Dessa vez eu me lembrei.

Havia um ser na minha frente, com o corpo feito de madeira, no lugar dos pés haviam cascos e um enorme chifre na sua cabeça. A natureza daquele lugar não correspondia com a aura daquela criatura, que exalava poder e selvageria.

Cernunus. Oh, grande deus das matas, senhor dos bosques, protetor dos animais, grande Pai! Salve ao deus e à... — Meu corpo preferia a saudação sozinho, mas antes de continuar, um estalo veio na minha cabeça. — Deusa mãe!

— HÉCATE! — Acordo suando frio, vendo que ainda estávamos no meio da noite.

— Pesadelos? — Ouço a voz de Noah e o vejo do outro lado do quarto.

— Era para você estar... — Não termino de falar, pois o clarão vem de novo. — Esquece.

Aquele cara que vi nos sonhos parecia bem familiar e poderoso. Era real, e parecia estar falando comigo. Tudo confuso demais, a natureza estava em desarmonia.

Vou até o banheiro e me olho no espelho. Quem era eu? Por aquela não parecia ser a minha vida? Saio do campus sem ninguém me ver e encaro o céu. Uma risada fria e maléfica sopra pelos meus ouvidos como vento, e eu logo me recordo dela.

— Trívia. — Sussurro comigo mesmo, e então uma explosão de lembranças me atinge com força.

Trívia, o desaparecimento de Hécate, nossa missão em Saint Luna, os planos de Nolen. Nada do que eu estava vivendo era real e Noah está morto.

Coloco as mãos na minha cabeça e me ajoelho no chão, sentindo uma dor aguda me atingir. Eu precisava dar um jeito de sair desse lugar o mais rápido que eu podia. Se esse tempo todo realmente tiver passado, provavelmente perdi muita coisa importante lá fora. Estava tudo perdido.

• • •

Anos se passaram.

Passei meses e meses buscando uma saída, estudando cada canto desse lugar, viajando de barco, avião, trem, carro. Nunca sabíamos daquela bolha. Não existiam outros países, outras civilizações. Eram apenas nós.

Orei e implorei para Cernunus ou Hécate me escutar, mas era impossível. Cernunus não poderia ter poder dentro de um lugar onde absolutamente nada é natural e tudo é artificial, e Hécate estava desaparecida. Esperei alguém me encontrar, esperei uma saída. Esperei Claire e Kaylee, mas pelo tempo que fiquei aqui, só existia uma resposta.

O plano deu errado. Perdemos, e Trívia e Nolen venceram. Eu não sabia para onde as outras pessoas iam e se elas também viviam com projeções das outras pessoas assim como eu, pois, com um tempo, pude perceber que as pessoas daqui são apenas parte do meu consciente.

Projeções da minha mente.

Mas eu sabia que ali existiam pessoas reais, assim como eu. Não era uma realidade individual, era uma realidade projetada. Só que, como nem todos realmente estão presos aqui, os espaços são preenchidos até que elas cheguem. Meus amigos e minha família nunca chegaram, e isso me fez acreditar que ou conseguiram fugir da Trívia ou estavam mortos.

— Vincent? Está tudo bem?

Era madrugada e eu estava em uma casa em frente à praia.

Minha faculdade já havia acabado, e os estudos foram reais demais. Agora eu estava trabalhando em uma empresa de mentirinha que projetava foguetes, enquanto vivia minha vida de mentirinha, com pessoas de mentirinha.

— Oi Maya. — Suspiro, sabendo que não era a minha Maya, mas o fato de vê-la (ou pelo menos uma outra versão dela) deixava minha mente já enlouquecida mais calma. — Eu... eu desisto.

— Desiste? Do que está falando? — Ela questiona preocupada e me dá espaço para entrar. — Entre. Vamos conversar lá dentro.

— Eu posso ficar? — Pergunto, sentindo mágoa, dor e cansaço.

Era melhor brincar de marionete do que acabar enlouquecendo, no final das contas.

• • •

— Eu não quero ficar presa aqui! A gente vai dar um jeito! — Claire estava quase enlouquecendo, e no fundo eu sabia exatamente o que ela estava sentindo.

— Eu lembro de ter visto uma versão de vocês aqui. Claire estava terminando a faculdade de medicina e estava noiva de Noah. E Kaylee estava na Espanha, mas como vocês estão aqui de verdade, talvez as coisas mudem. Não sei. — Dou de ombros. — Vocês precisam assumir suas versões, e aí a gente vê um jeito de sair daqui.

Tive que expulsar Noah de casa antes que a mente de Claire ficasse confusa. Esse lugar mexe com nossas memórias, nos deixando incapazes de diferenciar o que era real e o que era invenção.

— Sair daqui?

O ambiente começa a ficar pesado, e as duas recuam ao ouvir a voz de Nolen Black.

— Nolen! — Falo com raiva, pela primeira vez, vendo-o ali.

— Está gostando da sua vida, Vincent? Eu te dei tudo tão perfeito, do jeito que você queria. Para que continuarem lutando naquele mundo real repleto de pragas, doenças, de maldades humanas que aqui não existem? — Ele diz como se fosse óbvio demais, e aquilo me dava nos nervosa.

— Muitas pessoas inocentes vão morrer se deixarmos o mundo real. — Kaylee afirma, se colocando ao meu lado e encarando Nolen. — Isso aqui não é brincadeira. Não pode colocar um fio na nossa cabeça e fingir que isso aqui é a vida real!

— Claro que eu posso. Aqui eu sou um deus, eu posso tudo. — Nolen sorri. — Esse país é um lugar tão real quanto o que vocês viviam. Seus cérebros viviam naquele lugar podre e agora vivem aqui. Continua sendo vocês, a consciência continua sendo de vocês, seus medos, seus sonhos, seus desejos. Só que agora vocês têm a chance de viver uma vida sem se sacrificarem em vão.

Nunca aceitaremos isso, Nolen! — Claire intervém, mas Nolen apenas suspira decepcionado.

E então, o ambiente inteiro muda. Estávamos em uma festa, até nossas roupas eram outras. Claire usava um vestido verde esmeralda longo, estava bem maquiada e com os cabelos louros presos em um penteado, uma espécie de coque em forma de rosa. Eu estava usando um termo azul marinho, com o interior todo de camursa e uma grava borboleta. Maya estava ao meu lado, usando um vestido vermelho levemente decotado, o qual desenhava perfeitamente as suas curvas.

Já Kaylee usava preto. Seu vestido tocava o chão e tinha uma enorme fenda em uma das pernas. Todos nos olhamos confusos, enquanto uma música lenta tocava no salão.

— O que é isso? — Kaylee questiona intrigada, e em meio a conhecidos e desconhecidos, uma figura masculina chamou a atenção.

Dener usava um paletó branco e estava dançando junto a um rapaz, também de branco, Kai. Aparentemente era um casamento.

— Quem diria que estaríamos aqui hoje, não é mesmo? — Maya questiona ao meu lado, observando emocionada o irmão e o cunhado dançando juntos. — Depois de derrotarmos a Trívia, das nossas mães terem voltado, nossa faculdade, nosso emprego. Continuamos juntos e tudo está perfeito. Isso não é maravilhoso?

Sweetheart, te procurei em todos os lugares. — Noah se aproxima de Claire e lhe dá um beijo na bochecha.

Claire permanece estática, e eu nem poderia imaginar tudo o que ela estivesse sentindo agora. Vendo o namorado falecido, bem na sua frente, como se fosse real.

— Você não pode ser... — Claire tenta dizer, e eu presumo que a próxima palavra seria real, mas Noah solta uma risada e se aproxima dela, colocando uma mecha do seu cabelo para trás.

— Eu estou aqui, querida. Estamos juntos agora e eu prometo que absolutamente nada vai nos separar. — Noah segura a mão de Claire com delicadeza e deixa um beijo suave ali.

— Claire, Noah está morto. Esse lugar está aqui para mexer com a nossa... — Kaylee tenta alertar, mas então uma pessoa chega por trás dela.

— Meu amor, estou lembrando quando foi a nossa vez. Bateu até saudades do dia do nosso casamento. — Adrian solta uma risada. — Estou tão orgulhoso do Dener.

— Adrian? — Claire questiona chocada ao ver o irmão com a Kaylee, que parecia não ter palavras para responder. — Kaylee, por que seu desejo inconsciente tem o meu irmão?

— Eu... Claire, é muita coisa para explicar. — Kaylee diz nervosa, e agora, eu fico surpreso.

Essa parte eu não vi na minha vida fictícia, provavelmente porque fazia parte apenas de Kaylee.

— Você está tendo um caso com meu irmão? E nunca me contou nada? — Claire questiona furiosa e se aproxima de Kaylee. — Isso é real, Kaylee? Me conta a verdade!

— Sim! — Kaylee diz sob pressão, e ainda assim, bastante tensa. — Já tem um tempo, mas nós não... Claire, eu ia te contar.

— Não, Kaylee! Você mentiu para mim esse tempo todo, e eu descubro por causa de uma realidade paralela estúpida? Sério? — Claire ri nervosa e se afasta.

— Acho que vocês podem discutir sobre isso mais tarde. Precisamos dar um jeito de sair daqui primeiro. — Falo, ficando entre as duas.

E então, o cenário ao redor começa a faiscar. É como se a tela de uma TV estivesse com problema de captar sinal, e tudo padece confuso demais.

Estávamos tendo uma interferência. Alguém veio nos buscar.

• • •

Continua...

Continue Reading

You'll Also Like

4.7K 1K 22
LIVRO2 (AS CRÔNICAS DE SCOTT) Zaia Scott aprendeu da pior maneira possível que não se pode confiar em todos que estão a sua volta. Após a traição de...
12.2K 437 18
Anos após a guerra, novos vilões banidos para uma nova ilha e o desaparecimento da herdeira do trono, o rei Ben e a rainha Mal decidem voltar a receb...
11K 1.2K 73
E se Rhaenys não morresse na batalha? E se Maegor não fosse tão cruel? E se Visenya Targaryen visse a destruição de sua casa? E se outra dinastia fos...
31.8K 3.7K 25
Charlotte Evans era mais uma garota típica e normal vivendo em sociedade num planeta chamado Terra. Uma jovem tímida, mas tagarela e criativa. U...