A Maldição da Trívia - Uma hi...

By Lady_OnyxD

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Saint Luna viveu em paz durante trinta anos. A Ordem das Bruxas estava mantida, o mal havia cessado e tudo es... More

Epígrafe
Prólogo: A Quarta Fase da Lua
Capítulo 1: Boas novas
Capítulo 2: O Livro das Sombras
Capítulo 3: De Volta à Saint Luna
Capítulo 4: Colar de Família
Capítulo 5: Show de Horrores
Capítulo 6: Paraíso Artificial
Capítulo 7: O Outro Lado
Capítulo 8: Heptagrama
Capítulo 9: Bala Mágica
Capítulo 10: Foguete Luna
Capítulo 11: Morte por Encomenda
Capítulo 12: Duelo de Espadas
Capítulo 13: Hospital Abandonado
Capítulo 14: Amigos de Novo
Capítulo 15: Segundo Ciclo
Capítulo 16: Bruxa da Fertilidade
Capítulo 17: Tread Carefully
Capítulo 18: Pôr do Sol
Capítulo 19: Templo Egípcio
Capítulo 20: Vigilantes da Internet
Capítulo 21: Justiça e Verdade [BÔNUS]
Capítulo 22: O Desaparecimento das Bruxas
Capítulo 23: Hotel Cinco Estrelas
Capítulo 24: Romeu e Julieta
Capítulo 26: Realidade Alternativa
Capítulo 27: Desejo do Inconsciente

Capítulo 25: Verdadeiro Pai

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By Lady_OnyxD

Saint Luna, 10 de setembro de 2021
Sexta-feira - 08:00 P.M.

— Desculpe, o horário de visita acabou.

Levanto o rosto, cansada, quando ouço a enfermeira falar conosco. Olho para o lado e vejo Vincent se ajeitando, enquanto eu lentamente tirava minha cabeça sonolenta do seu ombro.

— Certo. Vou ficar de acompanhante com a Maya. Vocês podem ir para casa. — Vincent diz, se levantando do banco e ajeitando a camisa amarrotada.

— Não. Todos vocês vão para casa. — O delegado Butler se aproxima, encarando todos nós, e logo atrás dele estava Lexie, sua filha. — Podem deixar que eu ficarei esta noite com ela. Devo isso à mãe dela.

— Acho certo. E você tem estágio amanhã, certo, Vince? — Claire questiona, olhando diretamente para Vincent.

Havia se passado cinco dias desde a nossa falha na missão no hotel. Maya estava internada, pois seus ferimentos foram tão graves que nem Claire conseguiu ajudar. Também, quase não tínhamos domínio do nosso poder, por isso usamos esses dias para treinarmos o pouco que tínhamos.

Estávamos exaustos.

Vincent passou dias e noites acordado procurando uma forma de chegarmos até a Ilha do Silêncio, onde é uma reserva proibida do governo. Não podíamos chegar de barco, bote, navio, nada do tipo. Uma viagem de barco leva no mínimo quatro horas para chegarmos, e absolutamente nenhum dos barqueiros topou. Nem mesmo oferecendo dinheiro, muito dinheiro.

Segundo eles, o mar para aquele lado é perigoso. Muitos barcos de pesca entraram e não voltaram mais, tais como nos triângulos das bermudas. É um segredo que ninguém nunca descobriu, mas algo me diz que tem a ver com magia. Monstros? Demônios dos mares? Bruxos piratas? Talvez... mas era lá onde Trívia completaria o sexto ciclo, e então ficaria impossível detê-la.

— Tudo bem. Tem razão. — Vincent admite e pega uma pequena mochila que tinha levado. — Vou indo então. Vai comigo, Claire?

— Ah, claro. Te encontro depois, Kaylee? — A garota pergunta e eu confirmo, vendo-os dar uma última olhada pela parede de vidro, onde fica o quarto de Maya, e finalmente indo embora.

— Descobriu alguma coisa? — Lexie se aproximou de mim, enquanto Alex se afastou e atendeu um telefonema.

— Ainda não. Eu queria tanto... — Suspiro, antes de continuar. — Queria tanto que a tríade estivesse aqui e nos dissesse o que fazer.

— E quanto a mãe de Maya?

— Ninguém consegue falar com ela. Adrian já foi até o templo sagrado das bruxas em Nova York, mas o lugar está simplesmente abandonado. As armas continuam lá, alguns pergaminhos de feitiços também, exceto todas as bruxas. Isso é tão bizarro! — Coloco a mão na cabeça e me encosto na parede. — Está tudo dando errado. Eu não sei mais o que fazer!

— Vocês não conhecem outras bruxas que podem ajudar? — Lexie pergunta receosa.

— Não que eu lembre. A maioria do mundo inteiro está em missão por causa do roubo do Livro Primordial das Sombras. A tríade, Nantai, Josephine, Adrian, Mariana .... Tem os bruxos arcanos também, mas esses são mais... como posso dizer? Eles não gostam muito de se "misturar" conosco. A magia deles não é proveniente de um deus, então eles não se juntam aos covens destinados aos deuses, entende?

— Existe algo poderoso o suficiente que não seja necessariamente uma bruxa ou feiticeiro? — Lexie pergunta, padecendo interessada. — Ou, todas as bruxas têm superpoderes?

— Existem muitas coisas, Lexie. Bruxas, feiticeiros, arcanos, druidas, elementais, fadas, ninfas, sereias, lendas folclóricas. Prefiro não me aprofundar a seres místicos como lobisomem ou vampiros, pois a existência não é comprovada. Mas é, a magia não é algo exclusivo de bruxos e bruxas. — Tento explicar. — Tudo o que é irreal aos olhos humanos é chamado de magia. E não, nem todas as bruxas têm poderes. A maioria são devotos apenas. Bruxos com poderes, ou são dados diretamente por deuses, ou são herdados pelos pais. Assim como Claire, Maya, Dener, Adrian e eu.

— Entendo. — Lexie cruza os braços e suspira. — Sinto muito pelo Lucas. Conseguiram encontrar a Ava?

— Não. Nada dela.

Apesar de salvarmos o quinto sacrifício com vida, Lucas foi levado pela Trívia. Estava tudo dando certo, estávamos quase lá, até esse último golpe. Ainda me lembro da sua bondade e sua generosidade, do seu amor por Ava. E agora, apenas cinzas levadas pelo vento.

Cada vez a fúria se despertava mais dentro de mim. Quanto mais eu me achava inútil por não conseguir impedir Trívia, mais raiva eu tinha dela. Prometi a mim mesma que a mataria, custe o que custasse.

— Eu tive uma ideia, mas parece meio absurda. — Lexie solta uma risada, constrangida, e se encosta na parede ao meu lado.

— Suas ideias não são absurdas. No hotel teria dado certo se não... — Dou uma pausa ao lembrar de Lucas. — Você foi muito bem colocando aquele lugar para baixo. Tenho certeza que salvou muitas vidas que iriam entrar lá de curiosidade e que seriam decoradas por aqueles carniçais.

Lexie fica em silêncio por alguns segundos, mas logo começa a dizer.

— Tentar impedir a Trívia de completar os rituais é burrice. Temos apenas duas chances antes do inevitável. E se... prendêssemos a Trívia? Tipo, uma armadilha? Deve haver algum ritual ou feitiço para ela voltar de onde veio.

— Até tem. Só que está no Livro Primordial das Sombras e não sabemos onde ele está.

— E daí? Quem precisa dessa bíblia de bruxa ridícula? — Antes que eu possa xingá-la, Lexie para na minha frente e sacode meus ombros. — Não deve haver só um ritual. Podemos procurar, buscar uma enciclopédia de bruxa, pergaminhos, algum lugar da cidade ou fora da cidade! Nem que sejam chances mínimas, Kaylee, mas não custa tentar.

Pisco incrédula algumas vezes. Eu já havia pensado nessa possibilidade, só que sem o Livro das Sombras era quase impossível. Nossos poderes aos poucos ficam mais fracos, quanto mais Nolen destrói a nossa natureza, nossa fonte mais pura de poder, menos energia temos. Minha vantagem era apenas da minha descendência de poderes infernais, pois meu avô era um grande bruxo satânico.

— Pode ser. Tenho uma ideia por onde começar. — Lexie abre um grande sorriso. — Mas antes, tenho que fazer uma coisa. E você vai comigo.

• • •

Miami, 11 de setembro de 2021
Sábado - 10:28 A.M.

Era a manhã de um sábado ensolarado. Estávamos em Miami, na Flórida, mais especificamente em frente a uma casa branca de madeira beirando o mar. Não era fácil atravessar o estado em menos de uma hora, mas eu usei o mesmo feitiço que minha mãe usou para me levar para Saint Luna. Nos transportamos de carro.

A energia de Miami era totalmente diferente. O ar era mais puro e a natureza mais viva, diferente de como Saint Luna estava ultimamente. Eu sentia meus poderes revigorados. Sentia o grande deus Cernunus comigo.

— Ave, Cornífero! Gratidão! — Agradeço, sentindo os raios solares atingirem meu rosto e uma leve brisa marítima me atingir, fazendo-me sentir o cheiro da maresia.

Ouço uma risada logo atrás de mim.

— Cornífero? Isso é alguma piada? — Lexie pergunta, com o cabelo ondulado e curto solto, usando um óculos de sol e um chapéu vermelho com listras brancas, enquanto tomava água de coco.

Ela realmente achava que estávamos tirando férias?

— Não zombe do grande deus da natureza e da fauna! — Digo irritada, mas Lexie só ri ainda mais. — Tira esse chapéu. Nem combina com você!

— Em minha defesa, nunca estive na Flórida antes. Na verdade, nunca estive fora de Saint Luna antes, a não ser quando fui visitar meus avós em Oregon. — Lexie dá de ombros. — Não tenho culpa se nasci pobre, sua elitista!

— Tá, tá. Tanto faz! — Cruzo os braços e volto a encarar a porta, tomando coragem para apertar a campainha.

Estávamos há uns dez minutos esperando eu finalmente conseguir bater à porta. Mas a ansiedade percorria todo o meu corpo, sem saber exatamente qual seria a reação do meu pai ao me conhecer. Talvez fosse como nas cartas que trocamos, ou como nos SMS. Eu estava empolgada para conhecer sua vida, principalmente depois que ele foi solto da prisão.

Eu não tinha minha mãe comigo. Precisava pelo menos do meu pai.

— Cara, aqui é igualzinho GTA VI! — Lexie olha ao redor, ainda impressionada. — Pena que a gente não pode sair roubando carros e atropelando pedestres.

— A gente até poderia só que... — Antes de eu completar minha frase (que eu juro que não seria em uma intenção ruim), vejo a porta se abrir, me deixando paralisada por alguns segundos.

— Posso ajudá-las? — Um homem pergunta, mas eu travo por alguns segundos.

Ele era alto, um pouco acima do peso, tinha um cabelo ralo e os olhos castanhos. Lembro-me de ter visto uma única foto dele há uns anos, então pude comprovar que aquele realmente era o meu pai.

— O senhor é Sean McCreevy? — Pergunto timidamente. — Eu... sou... Kaylee Breyner. O senhor se lembra de mim? Sou sua filha, trocamos algumas mensagens e....

— Filha? — Ele questiona, mas não aquele "nossa filha, que bom te ver!". Soava mais como "filha? Que filha?".

— Há dezoito anos o senhor teve um caso passageiro com a minha mãe. Seline Breyner, aliás, que foi responsável por te... prender. — Digo constrangida e puxo meu celular, mostrando uma foto da minha mãe para ele.

— Ah, conheço ela! — Diz ele, com mais entonação na voz. — Aquela vadia me enganou em Las Vegas! Boa mulher, pena que ela me entregou para a polícia.

Sean solta uma risada folgada e eu finjo rir também. Aparentemente as coisas estavam caminhando.

— Então... pai. Posso te chamar assim? — Questiono, e ele me olha confuso.

— Não, não. Deve ter sido algum engano. Não tive nenhuma relação com a agente. Eu não tenho filhos, me desculpe. — Ele diz, coçando a cabeça um pouco confuso.

— Espera, e as cartas? — Puxo da minha bolsa um punhado de cartas escritas à mão e entrego à ele. — E as mensagens?

— Não escrevi isso. Sinto muito. — Sean dá uma rápida olhada nas cartas e logo me devolve. Uma mulher o chama logo atrás, avisando que o almoço estava pronto e nos dá um breve sorriso. — Tenho que ir. Boa sorte procurando seu pai, garota!

— Não tem como... — Sussurro, vendo a porta se fechar na minha frente. — Como...

— Ei, tudo bem? — Lexie pergunta preocupada e se aproxima de mim.

Meu interior estava totalmente bagunçado. Estava confusa, decepcionada. Minha mãe mentiu para mim esse tempo todo? Se sim, por quê? Se Sean não era meu pai, então quem era meu verdadeiro pai?

— Não, eu só... — Sinto a mão de Lexie segurar meu braço e me levar de volta até o Porsche. — Não entendo.

— O que você vai fazer agora? — Ela pergunta, entrando logo depois de mim.

— Vamos para Geórgia. Acho que conheço alguém que possa saber a verdade sobre mim. — Respondo um pouco fria, sentindo minha presença distante. — Quer dirigir?

— Eu posso? — Lexie pergunta chocada e eu concordo com a cabeça. — Você vai fazer aquela coisa da gente voar no meio do espaço-tempo igual em De Volta Para o Futuro e surgirmos em outro estado?

— É, tipo isso. — Solto uma risada fraca com seu comentário.

— O que foi?

— É que eu disse a mesma coisa pra minha mãe da primeira vez que ela fez esse feitiço comigo.

Trocamos de lugar e logo Lexie começou a dirigir pelas ruas de Miami. Sua felicidade era evidente no seu rosto, o que estranhamente me fez sentir satisfeita. Sua companhia estava sendo gratificante nesses últimos dias, e eu finalmente pude conhecer seu lado mais amigável. Lexie não era tão ruim quanto parecia no começo.

Em pouco tempo, estávamos na Geórgia. Lexie deixou o carro na rua e logo saímos na direção da entrada de uma casa tradicional de família. Havia uma árvore com folhagem rosa bem na frente da casa, e logo tratei de dar algumas batidinhas na porta.

Uma senhora abriu para mim. Ao me ver, abriu um enorme sorriso surpreso.

— Kaylee! Quanto tempo! — Ela me puxa para um longo abraço apertado, e logo olha surpresa para Lexie também, como se já a conhecesse. — Lexie! Que prazer em conhecê-la. Você está a cara do seu pai!

Minha avó Mariyah abriu a porta e nos convidou para entrar. Lexie estranhou tudo aquilo, mas não falou nada. Meu avô Stephen logo desceu as escadas, contente por me ver. Fui recebida com mais um abraço de urso, e logo estávamos todos empolgados no sofá bege confortável da sala de estar.

— E então? O que traz vocês aqui, queridas? — Minha avó pergunta, oferecendo café e bolo para nós duas. — É sobre a missão?

— Não... espera, vocês sabem? — Pergunto e eles concordam — As coisas estão um pouco complicadas. Precisamos de ajuda.

Comecei a contar tudo o que havia acontecido desde o início. Óbvio, algumas coisas eles sabiam, mas alguns detalhes eram novidade. Contei dos ciclos e dos rituais da Trívia, dos padrões que seguimos e do plano de Lexie. Meus avós ficaram duramente preocupados com o sumiço da deusa e da tríade, mas ambos colocaram fé que elas logo voltariam.

— Trívia é uma entidade muito antiga. Rituais de selamento são perigosos, complicados... a natureza precisa estar de acordo. — Meu avô diz, trazendo um pouco de melancolia na sua voz. — Por outro lado, você, Kaylee, pode pedir ajuda à Lilith.

— Lilith?

— Sim. Ela é a patrona dos seus poderes satânicos. Você precisa apenas despertá-los. — Meu avô se levanta e caminha até uma estante de livros, puxando lá um pequeno diário com a capa de couro preta e entregando a mim. — Aqui tem algumas anotações que fiz ao longo da minha jornada. Talvez alguns rituais vá ajudá-la nisso. Lilith irá dar-lhe uma saída, com certeza, um feitiço que prenda Trívia pelo resto da vida, assim como fizemos com Lúcifer.

— Obrigada, vô. — Agradeço, pegando o diário e o agarrando a mim. — Tem outra coisa que eu queria perguntar.

— Diga, querida. — Diz minha avó, com um sorriso.

— Vocês sabem algo a respeito do meu pai? — Quando pergunto, ambos se entreolham. — Minha mãe disse que era um ex presidiário, mas fui até ele. Era mentira. Todas as cartas, mensagens, tudo o que acreditei na minha vida toda não passava de invenção.

— Sua mãe não teve muitos relacionamentos, Kaylee. Desde... bom, desde o Chris. — Minha avó diz, evitando ao máximo falar sobre o ex namorado morto da minha mãe. — Óbvio que ela teve alguns namorados, alguns casos, mas ela sempre foi bastante prevenida nisso. Sei que ela não fez por mal, só quis te proteger.

— Então como eu nasci? Se vocês sabem de alguma coisa, por favor, me falem!

— Você nasceu em Saint Luna, no dia 14 de dezembro de 2003. Sua mãe raramente ia para a cidade, normalmente apenas para os Sabbaths. E você foi gerada na época do Ostara. Quando sua mãe entrou nos nove meses de gestão, Hécate pediu para que ela lhe desse à luz na cidade. Então sua mãe ficou um mês em Saint Luna e foi para Madrid, te criar onde ela foi criada metade da vida.

— Isso não explica quem é o meu pai. — Meus avós se olham novamente.

— É complicado. Não sabemos, mas temos uma suposição. — Minha avó diz. — Além do Chris, houve uma outra única pessoa por quem sua mãe se apaixonou. Uma pessoa impossível, que ela queria manter afastado desse mundo sobrenatural à todo custo. Seline nos contou a última vez que eles se viram.

— Na semana do Ostara. — Meu avô completa. — Ambos já eram adultos, só que ele estava casado com outra mulher. Foi um erro, um erro inevitável o qual sua mãe se arrependeu amargamente. Mesmo que o casamento não fosse muito saudável, ainda não era certo. Ele nunca soube de você, provavelmente acha que você nasceu fora do país é que é filha de outro cara.

— Só que quando você nasceu, ele descobriu que a esposa dele estava grávida. — Minha avó continua. — Ela já tinha um filho de outro relacionamento, não queria mais um. De início rejeitou a criança e não demorou muito para ir embora com o outro filho depois de tanta briga. Seline, se sentindo culpada, conheceu a filha dele e lhe entregou um colar com o símbolo da família.

Conforme falavam, minha ficha ia caindo aos poucos, mas eu me recusava a acreditar.

— Um colar de proteção. Mesmo não sendo uma bruxa, Seline sentia que devia aquilo à menina. — Finaliza meu avô. — Conhece essa história, Alexie?

Lexie parecia o piscar. Apenas os encarava pensativa, fazendo alguns movimentos repetitivos com os dedos no pires repousado em sua mão.

— É, conheço. — Lexie dá uma fungada. — Eu lembro disso. Mesmo eu tendo, sei lá, quatro ou cinco anos. Lembro dela na minha casa.

— Então quer dizer que... vocês acham que o pai da Lexie pode ser meu pai? — Pergunto, sem acreditar ainda.

Era tudo absurdo demais. Por um lado eu entendia o porquê da minha mãe esconder aquilo, mas eu me sentia mal e frustrada esse tempo todo. Meu pai estava no mesmo lugar que eu esse tempo que estive em Saint Luna, e eu nem sequer sabia que ele e minha mãe haviam tido um relacionamento no passado.

— Vá até ele e descubra.

• • •

O resto da viagem de carro foi em silêncio.

Estávamos quase chegando em Saint Luna, quando Lexie disse:

— Eu não vou dividir o meu quarto com você. — Ela não parecia estar brincando.

— Eu vou cobrar dezoito anos de pensão atrasada se ele realmente for meu pai. — Respondo de volta.

— Justo. Tá, você pode ficar com um colchão no chão. — Diz, tirando os olhos da estrada e me olhando rapidamente.

— Não quero um colchão no chão do seu quarto. — Nego, indignada com a oferta. — Isso é inacreditável. Por isso reconheci o colar naquele dia.

— Sabe. — A garota suspira, com os pensamentos distantes. — Seria legal ter uma irmã. Uma irmã viva.

É, Lexie. Até quando estaremos vivas?

• • •

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