Querido desconhecido

By oivenus

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Anelise tem uma paixão platônica desde muito tempo por Theo e decide que irá conquista-lo. Passando o tempo m... More

Querido Desconhecido
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62

Capítulo 53

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By oivenus

— Tem um minuto? — Lavínia encarou o meu rosto.

— Sim — Eu disse e logo senti sua mão apertar o meu pulso. A loira me puxou para um canto mais reservado do quintal enorme. Sua face demonstrava realmente seriedade e ao mesmo tempo, um certo nervosismo.

— Olha, eu sei que você só tá sendo educada comigo — Ela encarou o céu por alguns segundos antes de voltar seu olhar para mim — Mas eu agradeço por não ter sido indiferente comigo depois de tudo eu te fiz. — Lavínia apertou os próprios dedos, enquanto isso aquelas palavras ainda processavam na minha cabeça.

— De nada. — Eu falei sendo direta e meio sem graça. — Acho que nos conhecemos de maneira errada. Envolvendo sempre garotos no meio.

Ela suspirou.

— Não precisa pegar leve comigo, Anelise. Eu também fui muito imatura. Entendo ter sentido raiva de mim e querer me dá uns tapas.

— Bom, na parte de dar uns tapas eu não posso negar — Murmurei desviando o olhar e ela sorriu de lado.

— Eu mereço.

— Isso é um pedido de desculpas? — Eu arqueei a sobrancelha.

— Talvez — Eu pude ouvir ela suspirar — O lance com o Theo foi realmente difícil pra você, não é?

— Foi, mas eu tô bem. Tudo ficou claro como água agora — Eu abri um pequeno sorriso tentando parecer convincente.

— Eu fiquei com receio de te contar. Desde que vim pra cá, o lance entre Jade e Theo sempre foi muito bem escondido. No entanto, a família dele já desconfiava e bom, eles não aprovaram ela.

— Queria que tivessem me contado isso antes — Falei pensativa, dessa vez, olhando para o nada — E você se envolveu com ele mesmo sabendo disso. Por que?

— Carência — Lavínia respondeu imediatamente — Foi um pouco difícil o término com o Apolo e depois isso se tornou mais como um capricho — Ela parecia hesitante ao mencionar o nome dele.

Eu a encarei por alguns segundos em silêncio, logo pronta para continuar o assunto. No entanto, meus olhos foram certeiros em cabeleiras loiras e grisalhas.

Apolo adentrava o quintal com seus avós e irmãos, esbanjando elegância e postura só pelo o seu andar. Todos estavam bem vestidos e apreciavam a decoração. Os olhos azuis dele vagaram pelo o lugar parecendo ansiosos e curiosos, buscando por algo. Poucos segundos depois seus olhos se tornaram certeiros na minha direção. Eu desviei o olhar, voltando a minha atenção a Lavínia.

— Eu tenho que ir receber mais gente — Falei com um meio sorriso e ela apenas assentiu.

A medida em que eu caminhava na direção da família, o olhar de Apolo queimava em mim. E eu estava me sentindo intimidada, recordando-me do que aconteceu.

— Como você está bonita — Eleonora sorriu para mim — Feliz aniversário querida — Ela se aproximou e me apertou contra seu corpo. Eu sorri um pouco envergonhada, sentindo minhas bochechas esquentarem.

Cumprimentei cada um da família Di Angelis, até mesmo o pequeno Arthur que havia me dado um pequeno anel de plástico. Recebi os mais presentes que ele me deram e finalmente encarei os braços de Apolo. Ele me pressionou contra ele, me dando a oportunidade de inalar seu cheiro agradável, fazendo-me recordar de suas mãos quentes e macias envolvendo meu corpo com tanta força que ele até deixou pequenas marcas em meu corpo. Ele levou alguns segundos para me libertar.

— Fico feliz que esteja usando o colar que te dei — Ele sussurrou próximo ao meu ouvido.

— Ficou bem em mim — Falei logo desviando o olhar.

Eu admito que esperava mais palavras estúpidas, piadas ou comentários de duplo sentido. No entanto, nada disso saiu da sua boca. O loiro apenas me encarou da cabeça aos pés, observando como uma cobra, pronta para atacar. Era claro apenas pela sua postura, seu olhar e seu comportamento.

A imagem dele nu por um momento vagou pelo meu cérebro malicioso, provocando um arrepio na espinha. Eu não conseguia encarar aquelas orbes azuis sem me lembrar de quão quente e excitado ele estava em cima de mim logo cedo.

E o maldito ainda me encarava.

Ele estava me encarando como se fosse me devorar.

"Fica quietinha, amor. Alguém pode escutar."

A visão dele entre as minhas pernas..

Passei alguns minutos o mais longe possível de Apolo, seu olhar e seu comportamento sério e quieto estava me deixando inquieta. Algumas vezes me desconcentrava nas conversas dos outros convidados porque ainda podia sentir seu olhar forte em mim. Meu corpo se arrepiava a cada vez que ele fazia isso.

— Senhorita Anelise — Elizete, uma das empregadas da casa se aproximou.

— Sim?

— Tem uma garota lá fora querendo falar com você, disse que era urgente — A mulher disse parecendo tímida.

— Que estranho, ela disse o nome dela? — Questionei.

— Não, senhorita.

Apenas me desloquei até a porta de entrada, despedindo sutilmente de todos e instigada pela curiosidade. Devido ao cabelo comprido e às mechas azuis, minha ansiedade incitante desapareceu em um instante.

Jade.

— Você aqui? — A minha voz saiu mais alta do que eu imaginei.

— Oi Anelise — Sua voz saiu fraca e dócil — Podemos conversar?

Ela tinha olheiras profundas, o cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo. Sua face demonstrava cansaço e tristeza.

— O que veio fazer aqui, Jade? — Uma carranca se formou em minha testa, analisando seus traços com impaciência.

— Quero que você me escute — Ela suspirou — Eu sei que você está magoada por mim, mas precisamos ter essa conversa, goste você ou não.

Cruzei os braços e decidi esperar ela continuar. Meu coração começou a acelerar e o sangue fluiu com mais violência em minhas veias. Olhar para o seu rosto só me lembrou daquela noite.

— Hoje é seu aniversário. Trouxe uma coisa para você — Ela me entregou uma caixinha e de lá foi revelada uma pulseira brilhante, com minha inicial. Fiquei olhando para o presente por alguns segundos e depois voltei a olhar para ela — Você gosta de acessórios, pensei que gostaria disso com sua inicial.

— Tudo bem, e você vem aqui com a maior coragem do mundo depois de tudo que aconteceu, pensando que vai me comprar com uma pulseira?

Eu vi sua boca abrir e fechar ao mesmo tempo.

— Não.. — Ela baixou o olhar, dava para ver a confusão em sua mente — Eu sei que cometi um erro ao esconder isso de você. Quando você me contou sobre seu interesse pelo Theo no começo, eu quis deixar de lado o que aconteceu entre ele e eu, e deixar o caminho livre. Por favor me perdoe.

Jade deu um passo à frente, esticando as mãos em minha direção provavelmente para me tocar, mas eu recuei com o rosto amargo.

— O caminho livre?! — Levantei a sobrancelha e o tom da minha voz saiu indignado.

— Anelise, por favor, não quero que a gente termine por causa de um menino.

— Pare com isso, Jade! Para com a merda desse teatro — Eu quase berrei — Você conhecia todos os meus segredos, sabia como eu me sentia sobre tudo isso e se fez de sonsa!— Eu podia sentir meu rosto esquentando.

Jade respirou fundo olhando para cima.

— Lavinia também ficou com Theo e mesmo assim ela tá na sua festa.

— Lavinia não é minha amiga — Eu disse rispidamente — Você era!

Então as palavras sumiram da sua boca, os olhos marejados, os lábios esmagados.

— Se ao menos tivesse me dito que tinha algo com Theo antes, eu teria entendido. Nunca estragaria nossa amizade por causa de garoto nenhum. Mas não! Tu preferiu deixar tudo chegar a esse ponto.

— Eu queria deixar o caminho livre!

— Beijando ele na festa da Lavínia? — franzi o cenho.

— Porra, Anelise! — Ela quase gritou — Você deveria entender mais do que ninguém como é difícil se sentir dividida assim. Você estava com Apolo, não tava? E ainda assim saiu com Theo.

— Não meta Apolo nisso. — Falei fervendo. — As coisas com ele são bem diferentes.

A morena passou as mãos pelo rosto parecendo estar em uma luta interna consigo mesma. O silêncio de segundos era constrangedor e tenso, como se um nevoeiro tivesse cobrindo tudo.

— Eu posso até te perdoar, mas eu não vou conseguir confiar em você de novo.

— O que essa talarica tá fazendo aqui? — A voz de Camila tirou nossa atenção.

— Ela já está indo embora — eu disse, olhando Jade nos olhos.

— Como você ousa vir aqui? — Camila deu um passo, prestes a atacar Jade, que apenas ficou ali parada com um olhar sério. Coloquei minha mão no pulso de Camila, segurando-a.

— Calma — puxei Camila para trás, que ainda olhava irritada para a garota a sua frente — Vá embora, Jade. Já conversamos o suficiente. — Virei as costas acompanhado do meu amigo do lado, pronto para desaparecer da vista deles

— Vou para o colégio interno — Ela disse me fazendo parar. Senti meu coração acelerar em surpresa com a sua fala. Ela realmente iria sair da escola?

Eu me questionei por segundos por que ainda me importava, por que sentia aquela estranha pontada que incomodava meu peito. Se ela fosse para um internato, talvez eu nunca mais a visse. Era algo que eu queria, certo?

— Depois das férias, acho que nunca mais nos veremos — concluiu, me fazendo perder o fôlego.

Desta vez, vi minha visão começar a ficar embaçada. Segurando as lágrimas que eu não tinha ideia que ainda estavam se formando por causa de Jade. Olhei para Camila, que franziu os lábios, silenciosa e preocupada.

Um nó se formou na minha garganta.

— Então, boa sorte.

Apressei meus passos para dentro de casa. Erguendo o olhar, tentando não deixar cair nenhuma lágrima e tentando afastar os pensamentos melancólicos.

— Você tá bem? — Camila perguntou próximo a mim.

— Sim. — Respondi rapidamente com um meio sorriso.

Passei algum tempo durante a festa tentando me convencer de que não me importava e que eu não deveria me importar com alguém que havia me traído daquela forma. No entanto, pensar em como minha amizade com Jade havia chegado a um ponto completamente desastroso fez meu lado emocional ficar descontrolado. Não parecia ser tão fácil deixar de gostar e se apegar a alguém que era realmente importante.

Andei pela casa com a intenção de evitar a maior parte das pessoas que se encontravam no quintal e também para organizar meus pensamentos. Era meu aniversário e eu precisava afastar tudo de ruim que tinha acontecido. Eu precisava de tempo.

Em meu quarto, eu retoquei a maquiagem que havia sido manchada por algumas pequenas lágrimas e apertei firme o meu rabo de cavalo. Encarei meu reflexo no espelho e desci a saia do meu vestido um pouco mais para baixo.

— Pensando em que? — A voz potente me tirou do transe em que eu estava, me fazendo saltar. Apolo estava encostado na entrada da porta com os braços cruzados e os olhos brilhando.

Recuperei minha postura.

— Em como a minha maquiagem é exagerada — falei, tentando parecer o mais leve possível.

— Hum, séria demais para quem estar pensando em maquiagem — Ele disse, descruzando os braços e dando um passo à frente. Fiquei olhando para ele em silêncio por longos segundos.

— Acho que é influência da Flora.

Observei o sorriso que se formou em seus lábios e prendi a respiração quando o vi se aproximar um pouco mais, com os olhos fixos em mim. Eu não consegui me mover.

— Você realmente usou elas — Seus olhos azuis estavam direcionados para algo logo atrás de mim e eu segui seu olhar, vendo que as luminárias flutuantes que ele havia me dado estavam bem posicionadas na mesinha.

Entretanto, o seu corpo a poucos centímetros do meu me deixou um pouco tonta.

— Claro, por que não?

— Achei que você não iria usar já que as ganhou de um estranho — Seu olhar se voltou para mim.

— Eu gostei delas e você não é um estranho, Apolo. Não mais.

Seus lábios estavam um pouco abertos, o jeito que ele me encarava era difícil de decifrar. Apolo era sempre assim, parecendo estar sempre calculando o próximo passo quando queria encurralar alguém, quando queria intimidar. E ele estava conseguindo. Meus olhos vagaram para qualquer outro canto da sala. Eu não conseguia olhar para ele, ainda me sentia nervosa toda vez que se mantinha perto, que o encarava de frente.

Seus olhos desceram para o meu corpo, observando sem vergonha alguma.

— Anelise, você- — A voz de Flora chamou nossa atenção. Minha prima parecia estática nos primeiros instantes — Desculpa, atrapalhei né?

— Não. O que houve?

— Mamãe está atrás de você.

Eu apenas assenti entendendo o recado.

Encarei todo o pessoal lá fora com um sorriso nos lábios, o que para mim parecia mais fácil do que encarar Apolo. Foram servidos alguns aperitivos e depois foi houve tempo suficiente para cantarem os parabéns. Ter todas as atenções voltadas para mim era um pouco estranho, mas estava sendo divertido conversar, receber presentes, elogios e comer mais do que eu poderia.

— Que tal todos irmos à uma boate? — Flora questionou para todos na roda.

— Boate? — Questionei.

— Sim, tem uma que é maravilhosa e não é longe. — Flora encarou cada — Aproveitar que nós estamos de férias e que já estamos no embalo de uma festa.

— Por mim tudo bem — Lucca deu de ombros.

Pedir permissão para os pais não era nada fácil pra alguns dali, mas até que a maioria se virou bem os convencendo. A boate era uma das mais bonitas que eu já tinha visto, a iluminação, o espaço era grande o suficiente e parecia ser bem mais luxuosa do que o normal. E como sempre, deixaram o menores de idade entrar prol da responsabilidade dos outros já maiores de idade.

Algumas luzes me deixaram meio tonta.

Decidimos ir comprar alguns drinks, o que foi suficiente para colocar Flora na pista junto com Camila e Lavínia. Eu fiquei apenas observando de longe, tentando evitar a dança por um momento.

Notei o olhar de Lucca direcionado muito na pista, quase não piscava. Eu intercalei meus olhos entre Lucca e Flora, entendendo um pouco a situação.

— Acho que você tá babando, Lucca. — Comentei próximo ao ouvido dele.

— Do que tá falando?

— Tá comendo minha prima com os olhos — Respondi com um meio sorriso e ouvi ele bufar.

— Óbvio que não, só tô surpreso. Ela parece muito solta hoje.

— Eu até imagino o motivo.

Os meus pensamentos saltaram sobre Luís, provavelmente ela estava se comportando como se não ligasse para ele, mas minha prima ligava. Ela se importava bem mais do que imaginava.

Espiei pelo o canto dos olhos a reação de Apolo, que permanecia calado e sério, o que era incomum nele e mais incomum ainda era a quantidade de álcool que ele ingeria a cada minuto. Ele pediu mais drinks do que o resto do pessoal. Não demorou muito para que ele fosse logo ao banheiro, tomando rumo sozinho.

Algumas garotas faziam questão de encara-ló sem pudor algum enquanto ele passava próximo à elas, o observando como se ele fosse um pedaço de carne. E não as culpo, ele realmente era muito atraente.

Os minutos se tornaram uma eternidade sem ele, não era impressão minha ele estar demorando a voltar. Quando menos percebi, minhas pernas ganharam vida na mesma direção em que o loiro havia passado. Um corredor largo e iluminado por ledes se revelou à medida que me aproximava. A boate era mais longa e cheia de lugares escondidos. Entretanto, o cheiro de cigarro me incomodava.

— Aposto que Anelise também tá aqui, não é? — Uma voz familiar me chamou a atenção e levantei a sobrancelha ao notar Theo, eu me escondi próximo a uma parede sendo coberta por alguns casais. Era possível notar uma pequena garrafa em suas mãos — Não te incomoda que eu possa ir atrás dela?

— Pode tentar, ela te odeia — a voz de Apolo ressoou alto.

— Ódio é uma palavra muito forte — Theo disse com a voz embargada, visivelmente bêbado — Eu diria que ela está magoada. Claro, porque até algumas semanas atrás ela era louca por mim e estávamos nos beijando.

A mão de Apolo se fechou tão rapidamente, mas uma pequena risada escapou de seus lábios.

— Você disse certo, semanas atrás.

— Isso não te incomoda, Apolo? Que ela saiu comigo e nos beijamos? — Ele continuou, provocando e Apolo ficou em silêncio, parecendo estar se controlando de alguma forma.

Era impressionante como Theo conseguia ser estraga prazeres em tudo e mais um pouco. Nem nas férias eu conseguiria me ver livre dele.

— Sabe Apolo, não dá pra esquecer de quando saímos juntos, de como aproveitamos a noite, como ela dançou comigo e como nos beijamos.

Nojo.

Depois de um tempo, recordar daquela noite me dava um embrulho no estômago. Como ele conseguia ser tão descarado e tão babaca assim? Eu estava tão cega assim gostando dele que nem conseguia perceber?

— É bom guardar esse dia, Theo. — O loiro disse bruscamente — Porque nunca mais vai acontecer. Você só tem a porra de uma lembrança, mas sou eu quem tenho ela. Agora, amanhã e depois!

Levantei minhas sobrancelhas surpresa com as palavras dele. As pessoas que estavam em volta pareciam não se importar com que acontecia e a música parecia mais abafada daquele lado da boate. Eu senti um fervor na barriga que me tomou por alguns instantes e meus batimentos pareciam mais frenéticos.

Ouvir Apolo falando daquela forma, me causou uma estranha e genuína felicidade. No entanto, eu não queria me iludir de novo. A minha mente cética, me recordava de o que estava acontecendo entre a gente não era um romance. Nos entregamos apenas a um desejo mútuo e carnal e estávamos em um namoro falso. Apenas.

Enquanto a maioria do meu grupo se deleitava nas bebidas e dança, eu tentava me manter o mais sóbria o possível. Me divertia o máximo que meu cérebro deixava e não conseguia deixar de manter um contato visual com o loiro. Às vezes ele e Lavínia trocavam conversas, falavam um no ouvido do outro sobre algo e aquilo me deixava um pouco incomodada.

Não vi Theo por um bom tempo e quando o vi, tentei me manter longe dos olhos dele. Para falar a verdade, eu parecia uma fugitiva.

— A tia vai nos matar, falamos que íamos chegar meia-noite, já são mais de duas da manhã — Falei enquanto saímos do local e Flora pegava as chaves do carro na bolsa.

As únicas pessoas que estavam parcialmente sóbrias era eu e Flora, principalmente porque minha prima iria dirigir. Camila se encontrava enjoada, Lavínia xingava mais do que conseguia andar, Apolo continuava quieto mas cambaleava também e Lucca tinha aumentado o seu pico de energia.

— Quem ela vai matar sou eu, você ainda é a sobrinha preferida.

— Que vontade de correr — Lucca disse com a voz embolada.

— Ah não — Coloquei a mão no rosto.

Lucca começou a dar passos acelerados pelo o lado da rua vazia.

— Flora vai atrás dele por favor — Pedi enquanto checava as meninas.

— Eu tô de salto.

— Flora, por favor! — Eu quase implorei.

Ela revirou os olhos respirando tão fundo que o peito dela desabava e caminhou pisando duro atrás de Lucca.

— Lucca se você não parar de correr eu vou te acertar — Vi a mesma se inclinar para tirar um dos seus saltos.

— Meninas, como estão se sentindo? — Perguntei diretamente para Camila e Lavínia que estavam apoiadas uma na outra.

— Ainda meio enjoada e Lavínia vai ficar bem, eu ajudo ela até o carro — Camila disse com um meio sorriso, mas não me pareceu muito convincente.

— E você, Barbie? — Encarei Apolo e coloquei a mão em seu rosto analisando. — Como tá se sentindo?

— Quem é você? — Ele franziu o cenho cambaleando e eu abafei uma pequena risada.

— Agora tenho que cuidar até de um desmemoriado — Passei os dedos pelo o seu rosto retirando algumas mechas loiras que atrapalhava seu belo par de olhos azuis e acariciei suas bochechas.

— Eu tenho namorada, sabia?

— Ah, disso você se lembra né? — Passei os dedos pela gola da sua camisa e dei um pouco mais de abertura.

— S-Sai, a minha namorada não vai gostar disso. — Ele afastou o rosto e deu um passo para trás.

Soltei uma pequena risada, descreditada.

— Eu sou sua namorada, Apolo.

— É? — Ele franziu o cenho.

— Isso doeu! — Lucca gritou enquanto Flora puxava ele pelo braço e segurava um dos saltos na mão.

— Eu avisei que eu ia te acertar, agora entra na droga do carro — Ela disse com uma carranca na testa, arrastando ele como se estivesse arrastando um carrinho de compras.

— Por que tá tudo escuro? — Lavínia perguntou.

— Abre os olhos — Eu respondi, vendo a mesma com os olhos fechados girando o rosto.

— Ah é — Ela sorriu.

Flora destrancou o carro e vi Camila levar Lavínia até o banco de trás. Ela empurrou a loira na porta com uma força tirada pela bebida e as duas caíram no chão. Balancei a cabeça negativamente e não aguentei uma risada descontrolada.

Tive que tentar colocar as duas no banco de trás sem cair.

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