Olhos Brancos

By A-L-G-Costa

8.9K 1.9K 6.1K

"Sou mais do que a minha habilidade" Uma garota com uma habilidade jamais vista; Um garoto com algo a mais do... More

Introdução
Book Trailer
Dedicatória
Prólogo
Parte 1
Capítulo 1 - Novato
Capítulo 2 - Acomodações
Capítulo 3 - Avaliação
Capítulo 4 - Solitária
Capítulo 5 - Plano
Capítulo 6 - Fuga
Capítulo 7 - Floresta
Capítulo 8 - Caverna
Capítulo 9 - CHE
Capítulo 10 - Decisões
Capítulo 11 - Caçada
Capítulo 12 - Estudo
Capítulo 13 - Mar
Capítulo 14 - Transporte
Parte 2
Capítulo 15 - Chegada
Capítulo 16 - Hotel
Capítulo 17 - Teatro
Capítulo 18 - Descanso
Capítulo 19 - Reporte
Capítulo 20 - Passeio
Capítulo 21 - Diretoria
Capítulo 22 - Conversas
Capítulo 23 - Apartamento
Capítulo 24 - Escuro
Capítulo 25 - Embaçado
Capítulo 26 - Começo
Capítulo 27 - Confissão
Capítulo 28 - Missão
Capítulo 29 - Partida
Capítulo 30 - Mergulho
Personagens
Capítulo 32 - Flutuando
Capítulo 33 - Habilidade
Capítulo 34 - Sentimentos
Capítulo 35 - Passado
Parte 3
Capítulo 36 - Disfarce
Capítulo 37 - Família
Capítulo 38 - Terceiro
Capítulo 39 - Despedida
Capítulo 40 - Capital
Capítulo 41 - Segredos
Capítulo 42 - Corrida
Capítulo 43 - Genética
Capítulo 44 - Bomba
Epílogo

Capítulo 31 - Volta

52 17 91
By A-L-G-Costa





— Eyder —

Finalmente era hora de ir, eu estava um tanto ansioso para começar a viagem de volta, tinha curiosidade para saber o que Ayra estava fazendo, apesar de ter uma boa ideia do que poderia ser. E queria saber se ela tinha avançado mais alguma coisa, ela era forte e eu tinha certeza que uma hora chegaria a uma conclusão.

Olhei para o relógio, bateu exatamente o tempo que eu achava ideal e disse para eles:

— Está na hora, estão prontos?

Eles foram conferir mais algumas coisas e em 5 minutos estávamos todos prontos na porta para ir a nossa jornada à ilha.

Como eu precisava ser cuidadoso, tomei mais cuidado do que o normal, resolvi não agir exatamente como um protetor sempre age, resolvi agir diferente. Tentei parecer mais com o que eles queriam, com o que o governo acreditava que pessoas com habilidades especiais devessem ser associadas ao governo.

A minha sensação ruim ainda não tinha passado, era melhor tomar todos os cuidados por precaução, nunca se sabe. E minha sensação de inquietude não passava.

— Vamos — eu os chamei e começou nossa jornada clandestina para a ilha. Eles me seguiram sem reclamar, o que me surpreendeu e eu não sei se foi de um jeito bom.

Sem a barreira de Ayra tive que voltar ao modo normal, mas resolvi ir pela cidade, mesmo sabendo do risco. Eu estava basicamente seguindo a minha intuição, não era a melhor ideia, mas eu continuei mesmo assim. Porém não pudemos evitar de acampar na floresta já que tínhamos saído da cidade. A mulher perguntou estranhando:

— Vocês costumam a ir a pé? E acampar?

— Não, só estamos fazendo isso porque mandaram alguém que está sendo procurado, e não é uma boa ideia brincar com a sorte, no meu caso. Eu já estive no domo, e não desejo isso para ninguém, isso que fiquei pouco tempo.

— Por que você ficou pouco tempo? — perguntou o menino.

— Porque logo que eu cheguei uma garota que estava bem trancafiada e não ficava com o resto, planejou algo para fugirmos e chamou todos nós para irmos com ela. Eu me lembro de todos se levantando e seguindo ela imediatamente, afinal ela deu a chance que ninguém esperava ter, ela nos deu a chance de fugir.

— Você fala dela com brilho nos olhos — disse o garotinho com um sorriso. Até ele percebia o quanto eu gostava dela.

— Ele tem razão, você fala dela com gosto, até parece que gosta dela mais do que uma simples amiga — disse a mulher.

— Eu me entreguei — dei uma risada como se estivesse nervoso, mas eu só estava um pouco envergonhado, quantas pessoas sabiam que eu gostava dela se estava tão óbvio assim.

— Então você gosta mesmo dela, moço? — perguntou o menino com os olhos brilhantes.

— Bem óbvio, não é garoto? — disse o homem.

— Gosto — eu respondi mesmo assim, sorrindo para ele. Foi aí que eu percebi que eu não tinha vergonha do meu sentimento, como se isso fosse algo para ter vergonha.

— E vocês estão namorando? — perguntou o menino ainda mais animado.

— Ainda não, eu ainda não pedi — eu respondi.

— Não teve coragem, né garoto? — o homem falou para mim agora.

— Não é isso, no dia que me declarei me mandaram na missão, e basicamente fui obrigado a vir imediatamente, normalmente não sou do tipo que lida com famílias — eu disse apesar de não saber se eu deveria ter dado essas informações.

— Ela é o que para te expulsarem assim que se declarou? Filha de alguém importante — a mulher perguntou e eu pensei "filha não, mas irmã do diretor só a pessoa que tem mais autoridade na ilha".

— Vocês vão conhecê-la, será sem graça se eu contar tudo a vocês aqui — eu precisava cortar o assunto.

— Eu estou ansioso para conhecê-la — disse o menino — ela é bonita?

— Ela é a menina mais bonita que eu já vi em toda minha vida.

— Uau, ela deve ser maravilhosa!

— E é. Agora durma um pouco amanhã o dia vai ser longo, já que teremos que ir andando.

— Vocês não têm nenhum tipo de transporte para andar por terra? — perguntou a mulher.

Eu teria que responder, mas isso podia não ser uma boa ideia, eu não estava gostando das perguntas daquela mulher.

— Temos, mas eles são enviados somente para missões mais urgentes.

— Urgentes e não mais importantes? — ela questionou novamente.

— Todas as missões são igualmente importantes, ninguém é diminuído, todos carregam uma habilidade especial e todos devem ser salvos do governo. Mas existem missões que precisam de resgate imediato.

— Mas, e as pessoas que têm habilidades mais úteis que as outras, eles não são mais importantes?

Ela estava me irritando com as perguntas, mas eu tinha que respondê-las sem revelar demais, algo me dizia para não revelar demais.

— Todos somos pessoas, então não importa a habilidade de ninguém. Tudo que importa é ter essas pessoas que são injustamente caçadas, sejam salvas e não participem das experiências malucas do governo. — Eu dei um sorriso simpático.

— Que pensamento utópico, fico feliz que meu filho esteja indo para um lugar tão bom.

Sorri de novo.

— Obrigada por responder minhas perguntas — ela disse — agora eu vou dormir.

Percebi que o homem já tinha dormido.

— Não há de que, espero que goste do lugar para onde vamos.

— Eu acho que eu vou gostar — a voz dela não estava mais rígida e seus olhos estavam suaves olhando para o garoto que tinha dormido. Então ela se ajeitou e dormiu também.

Foi quando escureceu um pouco mais que descobri qual era a habilidade do garoto, não era mentira, talvez eu estivesse exagerando quando achei que tudo fosse uma farsa. Afinal uma pessoa normal não brilhava no escuro, parece que a habilidade dele só era ativada quando quase não se via luz, e demorou para ativar porque a luz da lua estava forte. Foi só depois que nuvens negras cobriram o céu que eu o vi brilhar no escuro, achei a habilidade dele um tanto divertida. Ayra iria gostar bastante.

Então me deitei e tirei um cochilo de batalha, aquele que você acorda com o mísero movimento. Afinal eu estava ali para proteger aquelas pessoas, e ninguém ali era tão forte quanto eu, Ayra iria falar que eu estava me achando de novo.

— Ayra —

Eu afundei mais fundo em minhas memórias, chegando em um lugar que era difícil reconhecer.

Eu pousei onde tudo começou, onde eu usei escondido a minha habilidade pela primeira vez. Não era muito longe da lembrança com Murf, mas era um pouco mais fundo, alguns meses antes.

Durante a noite do dia anterior Reid tinha lido um belo conto de fadas para mim, um conto de fadas que contava sobre o reino das fadas e seus poderes. Eu dormi pensando naquilo, e no dia seguinte quando me olhei no espelho vi pela primeira vez meus olhos com uma cor um pouco mais clara, estranhei, mas sorri.

Eu ainda não precisava ir para escola, então eu era mandada para creche, mas aquele dia nosso pai ficou em casa por alguma razão que desconheço. Então ele disse que eu ficaria em casa com ele, era ótimo ficar em casa sem o Murf que tinha acabado de começar a escola.

Passei boa parte do dia brincando com bonecas, até que eu quis brincar de fingir ser outra pessoa. Era depois do almoço e meu pai estava no que eu chamaria de escritório. O importante é que eu estava sozinha pela casa e eu brincava que era uma das fadas daquele maravilhoso conto de fadas.

Mas naquela época eu não queria ter o poder que elas tinham, eu queria ter o poder do glitter, de fato era engraçado, bem coisa de criança, mas também queria ter o poder do sol e da lua. Eu nem me lembrava mais disso, mas na história isso não existia, as fadas só tinham poderes elementais, nada tão fora da realidade, quanto o que eu tinha criado para mim.

Lembro de ter criado asas e voado naquele dia, eu era a fada que eu sempre quis ser dos contos de fadas, mas eu não entendia bem o que tinha acontecido. Depois comecei a brincar que eu era uma princesa com poderes também, mas quando minha mãe chegou com meus irmãos da escola, ela parecia tão brava com algo que esqueci o que estava fazendo e não voltei a fazer.

Mas era isso, isso era a minha habilidade, a razão de eles nunca terem me deixando imaginar demais, porque o pouco que eu imaginava era letal. Minha mente tinha finalmente clareado, eu sabia qual era a minha habilidade especial. Eu tinha um nome para minha habilidade especial, eu finalmente compreendi o que antes era confuso. Era hora de voltar.

Comecei a subir, mas era mais fácil descer em minha mente que subir, mesmo assim me forcei a subir, parecia um peso que tinha sido posto no meu corpo e ele me mandava para baixo. Eu tinha ido muito fundo nas minhas próprias memórias, será que eu conseguiria voltar? Será que eu queria voltar?

Eu queria, principalmente agora que as coisas estavam melhorando para mim, eu não poderia desistir de tudo e ficar presa em minhas memórias. Eu tinha que voltar, essa era minha resolução, eu queria ver meu irmão, minha amiga e principalmente eu queria rever Eyder, que estava numa missão naquele exato momento. Eu não podia ficar presa ali quando eu tinha prometido revê-lo.

Deixei meu corpo inerte e senti meu corpo subir lentamente. Eu não sabia se eu conseguiria voltar tudo, mas tentaria, ao menos eu sabia o quanto eu queria subir, o quanto eu desejava voltar para minha realidade, mesmo que ela não fosse perfeita. E agora que eu sabia o que era minha habilidade eu poderia finalmente ajudar a todos.

Então me esforcei e continuei tentando.

— Eyder —

Estávamos quase chegando no local que deveríamos pegar o submarino, fui até a cidade, deixei eles escondidos na floresta antes, foi um pouco difícil deles entenderem que eu precisava fazer algo e que eles não podiam ir junto. Poder, poder, eles até podiam, mas eu não queira, ainda com aquela intuição esquisita me dizendo para não confiar muito neles, podia ser que fosse só por serem uma família e eu não acreditar muito em famílias.

Até foi por isso que Reid não me mandava para as famílias, e agora aqui estou eu, tudo para me deixar longe de sua irmã, será que eu seria dessa forma se tivesse tido uma irmã mais nova? No meu caso, eu duvido muito.

Segui meu caminho até o orelhão mais próximo, realmente era útil ter decorado o mapa, dei uma risadinha de mim. Fiz todo o processo para ligar para Reid até que ele atendeu.

— Então? — ele perguntou.

— Estou chegando na ilha, preciso que me envie um submarino, ou algum outro meio.

— Você sabe que só temos os submarinos para chegar na ilha.

— Eu sei, mas vai que.

— Não confia neles?

— Desculpa, mas não consigo confiar.

— Eu entendi, eu entendo. Vou enviar um submarino.

— Vai mesmo?

— Vou, achou que eu ia te deixar preso, você também é alguém que contém uma habilidade especial.

— E das mais fortes.

— É, eu sei.

— Mas achei que você queria se livrar de mim por causa da Ayra, não foi?

— Ayra... — ele disse em um tom que não me agradou muito.

— Aconteceu alguma coisa com ela?

— Se foque na missão, quando você chegar resolvemos o resto. Que horas você chega no ponto?

— Ao entardecer de hoje.

— Perfeito. Vou preparar seu transporte.

A voz de Reid era de cansado, mas minha única preocupação era o que tinha acontecido com Ayra. Voltei para onde as pessoas que eu devia proteger estavam, mas minha mente não queria voltar para realidade de agora, eu só queria saber o que estava acontecendo com ela.

Cheguei a pensar que Reid talvez só estivesse fazendo isso para me deixar preocupado, mas então lembrei da voz dele, ele não parecia estar de brincadeira.

— Fez o que você tinha que fazer? — perguntou a mulher parecendo um pouco irritada.

— Sim, agora falta pouco, vamos chegar aonde temos que chegar ao entardecer, depois é mais rápido. Agora vamos.

E eles me seguiram, desta vez não tivemos que andar muito na floresta pois tinha mais um vilarejo e então chegamos aonde deveríamos. Estava no pôr do sol. Fui até o ponto marcado e peguei a arma de localização, sempre temos que dar um jeito de chegar nesses pontos, ou eles nunca iriam nos achar. Atirei na água.

— O que foi isso? — perguntou a mulher.

— Só estou avisando quem eu preciso avisar, que chegamos no ponto. Pode ficar tranquila, logo estaremos lá.

E não demorou nada o submarino submergiu.

— Que legal! — gritou o garoto muito animado, pulando para um lado e para o outro, olhando cada ponto do submarino.

— Admito que por essa eu não esperava — disse a mulher.

O homem continuou quieto, estava quieto o dia inteiro, mas sua expressão também parecia de surpresa, realmente não queria ter mostrado nossos submarinos para eles. Só que era como Reid disse, não é porque eu não confio que eles não seriam confiáveis. Então seguimos em frente e entramos no submarino, afinal agora quem se importava com meus problemas, existia algo muito mais preocupante do que as minhas dúvidas, algo tinha acontecido com Ayra.

O restante do caminho foi como das outras milhões de vezes, chegamos lá mais rápido por estarmos em um submarino menor do que aquele que voltei com 50 pessoas. Eu realmente preferia esse tipo de resgate a qualquer outro, mas ali estava eu regatando uma família, acho que agora Reid vai ignorar minhas preferências desde que consiga me deixar longe da Ayra.

"Eu não ligaria de ter uma família com ela..." coloquei a mão na boca quando tive esse pensamento, eu sempre odiei famílias, e agora eu tinha vontade de ter uma. Isso era loucura, mas eu gostava de Ayra, como nunca gostei de ninguém antes.

Eu admito que me assustei comigo, mas era isso. Eu não podia dia dizer que não pensei isso, porque pensei, cheguei à conclusão que talvez alguma coisa tivesse parado de funcionar no meu cérebro. Então pensei em comentar isso com o Reid, e me lembrei que ele é irmão dela, aí repensei novamente e percebi que era realmente uma boa ideia falar para ele.

Chegamos e eu os tirei do submarino, vi Reid me esperando, dessa vez não tinha ninguém ao seu lado, até que percebi que alguém, que eu conhecia, estava chegando, mas algo estava estranho. Então pensei "é lógico que está estranho, alguma coisa aconteceu com Ayra".

Reid deu suas calorosas saudações, mas seus olhos não tinham o brilho de sempre, naquele momento eu sabia que ele estava se forçando a abrir um sorriso. Ele fez toda a explicação e os levou para o hotel, mas antes de se despedir ele disse:

— Eu peço desculpas a vocês que acabaram de chegar, mas devido a grande quantidade de pessoas que chegaram aqui no último mês com habilidades especiais, o que eu demoraria para fazer em no máximo uma semana está levando 2 a três semanas. Por esse motivo a realocação de vocês está prevista só para daqui duas semanas. Afinal graças aos esforços de Eyder e Ayra, conseguimos resgatar 50 pessoas das mãos do governo.

E só depois ele saiu deixando seu ajudante com eles, sabendo que quem iria cuidar deles era ele, e ele não se importaria se eu não ajudasse, fui correndo até Reid, antes que o perdesse de vista? E perguntei assim que o alcancei:

— O que aconteceu com Ayra?

Olá pessoal, como estão? Obrigada por lerem até aqui, esse capítulo estava bem grande comparado com os outros, só para vocês saberem ele está com exatas 2594 palavras! Eu espero mesmo que vocês tenham gostado!

E então o que aconteceu com Ayra? Eu quero saber de vocês? Ela vai conseguir voltar ao normal? E vocês esperavam que Eyder fosse chegar sem maiores problemas e que na verdade quem passaria por algo seria a Ayra? Me contem suas ideias!

Não se esqueçam de votar e comentar se estão gostando da história, faz toda diferença para mim!

Bom final de semana e até sexta-feira que vem!

Continue Reading

You'll Also Like

332K 34.1K 41
(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantad...
3.6K 603 21
Dizem que a beleza modesta, longe dos olhos de qualquer um, é aquela mais linda. Um pensamento que não se encaixa no Reino de Âmbar. Um reino onde o...
65.5K 8.5K 29
E se eu te dissesse que, com 26 anos, você iria se casar com uma pessoa maravilhosa e ainda por cima trabalharia entrevistando celebridades? Elena f...
469K 54.4K 38
• Livro 1 da Trilogia Escarlate Quando dois dos quatro grande impérios entram em guerra, as coisas tendem a mudar drasticamente. Haylock, a brilhant...