Golden Love

By KissMeXBaby

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Manny é um professor de literatura inglesa do ensino médio, bonito, engraçado e amado por muitos. Mas que esc... More

Personagens
Capítulo 1 - A arte em admirar
Capítulo 2 - Não convencional
Capítulo 3 - Desencontros
Capítulo 4 - Doctor Who
Capítulo 5. Livraria
Capítulo 6 - Pudim e Sorvete
Capítulo 7 - Quem tem um amigo, tem tudo.
Capitulo 8 - Sem inconveniências.
Capítulo 9 - Golden Boy
Capítulo 10 - Laços desfeitos
Capítulo 12 - Halloween
Capítulo 13 - Namoros e namorados.
Capítulo 14 - Você me prometeu...
Capítulo 15 - Não seja melancólico.
Capítulo 16 - Drama e chaves
Capitulo 17 - Piano Man
Capitulo 18 - Seu colo, meu mundo

Capítulo 11 - Pequena Novidade.

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By KissMeXBaby

Manny.

Acordo ofegante com o sonho que tive, com meu peito com mil pedras em pesar. Era horrível essa sensação, horrível esse buraco gigantesco. No sonho eu estava a beira de um penhasco, meu pai estava prestar a cair se eu não conseguisse manter a forçar em continuar o puxando pela mão, eu o impedia de cair. Minha mão agarrava desesperadamente a dele. Minha mãe aparecia e eu pedia sua ajuda, e ela abaixava me ajudando a puxar meu pai, quando ele retorna a terra a salvo, suspirei aliviado me levantando. O olhar que minha mãe lançou sobre mim com seus olhos castanhos firmes congelou minha alma. Era um olhar repleto de desprezo, carregado de um julgamento.

- Você quem deveria ter morrido, não ele. Seu pai teria tanta vergonha de você. - Ela me jogou para o abismo, e eu senti a queda vertiginosa enquanto a terra desaparecia sob meus pés.

Aquelas palavras, tão vividas para mim, palavras que ela me disse quando sai de casa para a faculdade, cortaram fundo em mim, como lâminas afiadas atravessando minha pele. E mesmo depois de tudo eu retornei ano após anos só para ser ferido outra vez.

Ano após ano, eu retornava àquela casa, àquele ambiente tóxico, na esperança de que as coisas pudessem ser diferentes. Na esperança de que talvez ela pudesse enxergar o meu valor, me aceitar pelo que sou. Mas, mais frequentemente do que não, eu era recebido com mais desaprovação, mais julgamento, e mais palavras cortantes que reavivavam minhas inseguranças.

Por Deus, por que me importo tanto? Seria tão mais simples não me importar com nada como Mike sempre faz, como se as preocupações e os dilemas fossem apenas passageiros insignificantes em sua vida.

De superar e seguir em frente sem lamentar como Sophia. Era quase como se ela tivesse uma capacidade inata de encontrar a alegria no presente, sem ser consumida pelos ecos do passado.

Respiro fundo, tentando acalmar minha mente e olho pra o relógio que mostrava ser três da manhã.

Encaro o Stetson marrom que Spencer comprou, sobre a minha cômoda, ele a deixou aqui quando deve que sair para o trabalho, tinha um novo caso. Ele dormiu por aqui dois dias, e fazia quatro dias que foi para algum lugar na California. Havia um misto de sentimentos dentro de mim, uma saudade antecipada, uma preocupação e um desejo silencioso de que ele estivesse ao meu lado.

Eu percebi sua relutância em me deixar sozinho, estava claro como ele queria cuidar de mim como se eu fosse um animal ferido na beira da estrada. Eu não estou bem, confesso. Mas sobrevivo, sempre sobrevivi perfeitamente bem, dia após dia desde a rejeição de minha mãe. Só precisava encarar isso como um fim, não uma continuação, não tinha espaço para um relacionamento mãe e filho quando ela o preenchia com preconceito. Eu sempre soube disso, só custei a aceitar. Meus pensamentos voltaram para minha mãe e as palavras cortantes que ela proferiu. O vazio que ela deixara em nossa relação era evidente, mas eu sabia, no fundo do meu coração, que era melhor viver sem esse relacionamento tóxico do que tentar preencher o espaço com preconceitos e julgamentos.

Olhando para o Stetson, senti uma onda de tristeza misturada com gratidão. A presença de Spencer em minha vida era um presente, uma constante lembrança de que havia alguém que genuinamente se importava comigo. Era difícil não me sentir um tolo, incapaz de ser uma companhia adequada para alguém tão incrível quanto Spencer.

Esfrego minha testa e volto a deitar, preciso dormir. Dormir deveria tornar tudo mais fácil, sem pensamentos, mas até em sonhos sou perseguido.

Inferno.

Encaro o teto e faço minha contagem para tentar dormir.

- Romeu e Julieta, Antônio e Cleópatra, Hamlet, Muito Barulho por Nada, Otelo, Medida por Medida, A Comédia dos Erros.... - vou contando as obras de Shakespeare até pegar no sono novamente.

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Acordo sentindo uma sensação molhada sobre minha bochecha. De novo...e de novo. Me remexo e um cheiro adocicado invade minhas narinas. Eu reconheço esse perfume.

- Sophi... - murmuro quando abro os olhos e encontro um par de olhos castanhos me encarando, seus lábios se estendem em um sorriso largo, e ela volta a beijar minha bochecha em seguida lambendo, me sento na cama a empurrando e limpando a saliva de minha bochecha.

- Que nojo.

- Bom dia, dorminhoco. - ela não parece ofendida com meu comentário e me abraça. O sono despertando me faz raciocinar.

- O que tá fazendo aqui?

- Surpresa. - ela sorri. Olho o relógio, seis e meia da manhã, dormir não me parece realmente uma opção.

- Você não avisou.

- Por isso é uma surpresa.

- Agradável, e desagradável, qual seu problema em chegar em um horário aceitável? - olho para Mike no batente da porta do meu quarto me dando conta finalmente de sua presença.

- Ah o mal humor matinal. Eu amo vocês.

- Por que está aqui? -pergunto de novo.

- Preciso de motivo?

- Sim.- Mike intervém de maneira direta, como sempre.

- Não. - o corrijo.

- Vem cá bobinho, ela estende a mão para ele se aproxima e ele se senta na ponta da cama.

- Você contou para ela não foi? - encaro Mike.

- A pergunta é por que você não me contou? Mas tudo bem, não estou brava. Mas estou aqui por você, ok? Não esquece disso por nem um segundo da sua vida. - ela acaricia meu rosto, e me odeio por sentir vontade de chorar.

- Eu sei.

- Vem, volta a dormir. - Ela me puxa me deitando e me aconchegando ao meu lado. Ela deve ter dito algo a Mike, porque sinto o colchão afundar do meu outro lado, e ele se deita ao meu lado também. Dou uma risada, incapaz de acreditar na cena que está se desenrolando. Três pessoas espremidas em uma única cama já parece um pouco demais.

- Vocês são idiotas - eu comento, mas a sinceridade do meu tom é acompanhada por um sorriso.

- Nos te amamos. Sou entrelaçado com os baços dela, e Mike encosta as costas na minha, seguro um soluço, sei que era seu jeito e aquilo significava muito. O jeito deles de dizer que se importam, e isso significa mais para mim do que posso expressar em palavras.

- Vocês são incríveis.

- Vamos acordar cobertos de abelhas com tanta melação. - Mike responde numa falsa irritação.

Com um sentimento de gratidão, permito que o sono finalmente me acolha novamente, sabendo que, independentemente do que aconteça, tenho minha família, minha verdadeira família ao meu lado.

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- Estava almoçando com a equipe, sair para tomar um ar e aproveitei para te ligar. - Spencer diz do outro lado da linha. Pelo trabalho e viagem, sei que a equipe dele é como uma família, eles são muito unidos. Spencer fala muito deles, e para mim devem ser pessoas incríveis. Às vezes, no entanto, prefiro não me aprofundar em por que ele não compartilha nossa relação com eles. Não é como se ele estivesse no armário, mais como se estivesse em um limbo. Eu confio nele e sei que ele tem suas razões, mesmo que nunca as discutamos. A última coisa que quero é pressioná-lo, então evito pensar demais nisso para não criar paranoias em minha mente - afinal, sou bom nisso.

- Sinto sua falta. É muito melhor acordar com você ao meu lado do que com Sophi e Mike - ri.

- Sophi? Ela não estava em Nova Iorque?

- Ela voltou, não sei por quê nem por quanto tempo. Mas está aqui. Sinceramente, não me importo com os motivos. Só sei que gosto de tê-la aqui.

- Fico feliz. Mal posso esperar para conhecê-la - dou um sorriso desanimado. Aí está, é difícil ignorar o fato de que ele conhece praticamente todas as pessoas importantes para mim, enquanto eu não conheço ninguém importante para ele. Parece que estamos vivendo em dois mundos distintos: no meu mundo, ele é meu namorado; no dele, eu nem sequer existo.

- Tenha certeza de que ela também sente o mesmo. Como as coisas estão aí? - ouvi um longo suspiro do outro lado da linha. Eu sabia que ele não gostava muito de falar sobre os casos. Honestamente, entendo que o trabalho dele é sombrio demais para eu querer saber detalhes, mas só saber como ele está lidando com tudo. Me preocupo com ele enfrentando isso diariamente.

- Difícil, mas conseguimos finalizar essa tarde. Por isso estamos almoçando tarde, após seguiremos direto de volta a Quântico.

- Que bom. Ainda mais por saber que esta voltando, estou com saudades.

- Eu sei. Eu também. Estou em frente a uma loja de fantasia, me pergunto qual fantasia ficaria mais assustadora em você. Afinal, você é mais do tipo fantasia assustadora, nerd . - rio

- Fantasia? Depende do que estamos falando.

- Do Halloween, amor. Estamos em outubro, qualquer lugar que olhar há indícios disso. - É verdade, na escola os alunos estão se empenhados em enfeitar a escola.

- Eu nunca comemorei o halloween, acho que por isso nunca lembro. Comemorar é um termo certo?

- Eu estou estarrecido com sua afirmação inicial. O halloween é a melhor época do ano.

- Eu sempre gostei mais do natal.

- Manuel Chapman. Não ouse. Eu sou fascinado por essas data.

- Estou percebendo. - rio

- Nunca se fantasiou para o halloween, é realmente verdade?

- Bem, minha mãe sempre odiava a data, por causa das conotações demoníacas e tudo mais. Nunca participei das festividades quando era jovem. E depois, acho que só não era importante o suficiente - Não exatamente, a cada convide na fraternidade para ir a uma festa eu recusava, era como se eu pudesse escutar minha mãe falando em meu ouvido, sobre as pessoas venerarem o mal. Uma vez no primeiro ano na escola, um amigo do time fez uma festa, eu queria muito ter ido, mas ela foi firme e grossa ao me proibir, como se eu fosse ir ao um ritual tirar sangue de uma virgem para um pacto com o próprio diabo.

- Vamos mudar isso. Deixe-me escolher uma fantasia para você.

- Um convite ou uma convocação?

- Planeja recusar?

- Oh não, eu não ousaria te desobedecer.

- Esperto.

- Então o que está pensado para mim? Um enfermeiro sexy com uma enorme seringa, Freddy Krueger com muito sangue ou algo mais didático como Hipócrates.

-Não sei se estou mais interessado na seringa ou como seria uma fantasia de Hipócrates. - gargalho com sua resposta.

-Sinceramente, se me permite opinar, eu optaria por algo mais... digamos, uma abordagem mais Adão e Eva. Mais carnal.

- Só você escolheria uma fantasia com uma conotação religiosa para o Halloween.

- E o Halloween não tem um viés religioso?

- Não posso discordar. Halloween era uma celebração celta chamada Samhain, que marcava o fim do verão e o início do inverno, além de ser um momento de transição entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Os celtas acreditavam que durante essa época, os espíritos dos falecidos podiam retornar ao mundo dos vivos, e eles realizavam rituais para honrar e apaziguar esses espíritos. Com o tempo, as tradições do Samhain foram influenciadas por diversas culturas e religiões, incluindo o Cristianismo. A Igreja Católica, por exemplo, instituiu o Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro, como uma maneira de honrar os santos e mártires. A véspera desse dia, 31 de outubro, ficou conhecida como "All Hallows Eve", Véspera de Todos os Santos, que acabou evoluindo para o termo "Halloween".

- Ah, é muita história.

- Mas afinal, quem seria a Eva?

- Ah, eu definitivamente aceitaria algo que envolvesse uma grande serpente - Spencer grunhi do outro ado da linha, e seguro o riso entre os lábios.

- Está me tentando.

- Não era esse o papel de Eva?

- Que fique claro, figuras bíblicas descartados.

- Justo. Mas confio em você -escuto alguma voz o chamando de fundo.

- Eu preciso ir, te vejo quando voltar.

- Beijos. - ele desliga.

Halloween? Seria estranho celebrá-lo depois de velho. Não que eu esteja assim tão velho, mas os anos estão se acumulando, e a ideia de me fantasiar para uma comemoração tão adorada pelas crianças parecia bobo.

A vida adulta trouxe consigo responsabilidades, horários de trabalho, contas a pagar e uma série de outras preocupações. E o Halloween, bem, parece um pouco infantil para mim agora. Não que eu não aprecie uma boa festa ou uma desculpa para socializar. E o próprio Spencer não é de festa, estou curioso pela forma dele adorar o halloween e sua maneira de se divertir.

Nunca tive a chance de comemorar o Halloween. Desde criança, minha mãe sempre foi muito firme em relação a essa data. Ela via o Halloween como uma celebração ligada ao obscuro, aos espíritos malignos e às coisas que, em sua opinião, não deveriam ser celebradas. Me lembro de que, quando meus colegas de escola se entusiasmavam com a ideia de se fantasiar e sair para pedir doces, eu ficava de fora. Minha mãe era inflexível quanto a isso, e sua convicção era inabalável. Ela sempre foi.

Ela e papai quando vivo costumavam me contar histórias sobre as origens pagãs do Halloween e como algumas culturas associavam a data a coisas negativas. Para eles, não era apenas uma questão de diversão, era uma questão de princípios. Minha mãe acreditava que, ao não participar das festividades, estávamos nos protegendo de influências indesejadas e mantendo nossos valores intactos.

Embora eu nunca tenha entendido completamente suas razões na época, eu a respeitava. Mesmo quando meus amigos voltavam com sacolas cheias de doces e histórias de travessuras, eu aceitava a minha situação. Era um pouco solitário, é verdade, mas eu sabia que estava fazendo o que minha mãe achava melhor para mim.

À medida que cresci, a tradição de não comemorar o Halloween continuou. Quando meus amigos conversavam sobre festas a fantasia ou planos para a noite de Halloween, eu ficava de lado, sem experiência própria para compartilhar. Não que eu me sentisse excluído, mas havia momentos em que me perguntava como teria sido se eu tivesse tido a oportunidade de participar dessas celebrações quando criança.

Hoje eu sei que nem tudo que minha mãe despreza, é desprezível. Eu sou a maior prova.

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- Eu odeio vocês. Por que não tem um doce decente nessa casa? - Sophi exclama, deixando escapar um falso tom de raiva.

- Porque Manny é um rato de academia e eu não como açúcar - Mike responde, enchendo um copo com suco de forma tranquila.

- Ah, claro, tirando os 15 muffins de final de semana - eu rebate, arqueando uma sobrancelha.

- É pelo equilíbrio.

- Vocês são dois idiotas - Sophi conclui com uma risada.

- É o que você pensa, mas sabe, estou curioso. Quando vai nos contar o que está fazendo aqui? Com malas, aliás - acrescento, fazendo referência às duas malas de Sophi que encontrei na sala depois que acordamos. Tentei perguntar sobre isso, mas ela desconversou habilmente.

- Já disse, vou passar um tempo com vocês.

- Não temos outro quarto.

- Eu durmo com o Manny. - entorto o nariz coma sugestão mas não falo nado. Sophi era uma bagunça.

- Acho que essa conversa pede um vinho. - Pego a garrafa e as taças e quando vou servi-la ela impede.

- Não estou bebendo, obrigada. - dou de ombros e sirvo Mike.

Respeito a decisão dela, embora tenha sido um pouco surpreendente a conhecendo. Enquanto Sophi se acomoda na cadeira, tomo um gole do vinho e olho para ela com curiosidade.

- Desde quando você está evitando bebidas? - Pergunto e Sophi ri suavemente, balançando a cabeça.

- Não é uma mudança permanente.

- E por que? - Mike a encara. Ela olha para nós dois e sorri, como se estivesse prestes a revelar um segredo.

- Porque vocês são meus amigos - ela diz com um brilho travesso nos olhos. Eu rio comendo mais do meu almoço, e Mike aperta a faca com força.

- Não se faça de... - Sophi o interrompe, provocando-o com um sorriso.

- Ok, Mickelson

- Meu nome não é Mickelson. - responde, claramente irritado.

- Deveria ser, já que você é insuportável - ela rebate, rindo.

- Adolescentes de 15 anos são mais comportados do que vocês. - comento. - E Sophi, pode ficar o tempo que achar necessário, e não precisa se explicar agora. Sabe disso.

- Obrigada, Manu. - responde com um sorriso suave.

- Tá legal, eu sou o mostro por querer saber o que aconteceu.

- Por que você acha que aconteceu algo, Mike? - ela retruca.

- Por que você sempre apronta alguma coisa.

- Serio, Mike?

- Eu não tão sou insensível, tá. Mas nós três sabemos disso, é um fato. Eu só quero te ajudar - Mike diz, sua expressão agora mais séria. Eu sei que ele está sendo insistente porque se preocupa com Sophi. Ele percebe que algo está errado e quer entender para poder ajudar.

- Mike tem um jeito estranho de mostrar que se importa - comento, sorrindo para Sophi. - Mas ele está certo, estamos aqui para você, não importa o que esteja acontecendo.

- Vocês vão me julgar.- seu olhar era preocupado.

- Sem duvidas, mas continuaremos do seu lado. - Mike responde.

- Pode se abrir Sophi. O que está acontecendo?

Sophi hesita por um momento, como se estivesse lutando internamente antes de finalmente começar a falar. Suas palavras saem devagar, como se estivesse escolhendo cada uma com cuidado.

- Tem um cara. - ela começa e observa nossas reações, tento permanecer neutro e acredito que Mike esteja fazendo o mesmo. - Estávamos saindo a alguns meses, e eu descobri que ele é casado.

Surpreso, mas nenhuma novidade. Quem nunca cruzou com um babaca infiel que atire a primeira pedra, desses tinha de monte de todos os tipos.

- Ele dizia que estava se divorciando - ela adiciona, e eu não posso deixar de sentir empatia por sua inocência em acreditar em suas desculpas.

- Vocês terminaram? - pergunto encorajando-a a continuar.

- Eu meio que fugi dele.

- Ele é um lixo assim que pode de fazer mal? - Mike pergunta e sinto seu lado protetor tomar frente.

Concordo com um aceno de cabeça, solidário com a situação de Sophi. Esses tipos de situações são sempre difíceis de lidar, especialmente quando alguém que confiamos se revela ser alguém completamente diferente do que pensávamos.

- Só não sei como lidar.

- Com ele ser casado? Olha, isso é uma merda, mas não é sua culpa. Zero, nenhuma. Ele te enganou, Sophi, ele é o culpado - respondo com firmeza.

- Não tem que fugir dele se ele foi quem errou - Mike concorda, tentando oferecer apoio. - Como fica o seu trabalho?

- A peça está em pausa, e quando retornar eu não estarei mais nela. - ela responde com uma voz cansada.

- Por que? - pergunto, surpreso. Sei o quanto atuar é importante para Sophi. Ela é talentosa e nasceu para os palcos, para o drama.

Quando a conheci, imediatamente me encantei com seu jeito todo alegre de ser. Minha amiga sempre levou a vida de forma simples e sua paixão pelo teatro era invejável. Ela brilhava no palco, e sua energia contagiante sempre iluminava qualquer ambiente em que ela estivesse. Acompanhar seu crescimento como atriz foi uma jornada inspiradora, e ver como ela trazia vida a cada personagem era uma verdadeira obra de arte.

Sophi nunca tinha medo de ser ela mesma, e sua sinceridade e autenticidade eram qualidades admiráveis. Sempre me encorajou a correr atrás de minhas paixões como ela fazia. Ela acreditava que o teatro era uma forma de se expressar e se conectar com o mundo de uma maneira única, e isso a tornava uma artista notável.

- Eu... estou grávida - ela finalmente revela, e o silêncio preenche o espaço.

- Merda - Mike solta.

- Deus, isso é... - minhas palavras ficam presas na garganta, sem saber o que dizer.

- Eu sei - Sophi murmura.

- E você quer? - pergunto, sabendo que essa é uma pergunta válida a se fazer. Sophi ainda é jovem, e ter uma criança muda completamente a vida em todos os sentidos possíveis.

- Sim. Eu pensei muito, eu quero essa criança. Certeza. - seu olhos eram firmes. Um sorriso bobo se forma em meu rosto com a notícia.

- Oh, parabéns. - me levanto a abraçando- a.

- Você vai ser uma mãe incrível. - Mike sorri e pega em sua mão.

- Calma, nós vamos ser titios - digo pausadamente, olhando para Mike e depois para ela.

- Vamos ser titios - ele repete, e vejo um brilho de animação cruzar seu olhar. Ficamos ali por um momento, nos abraçando

- Imagino que o pai não sabe. - digo.

- Nem deveria saber, não é? - Mike intervém, sua expressão indicando uma opinião clara.

- Eu não sei o que fazer ainda. - ela admite.

- Não contar, obviamente - Mike responde rapidamente, sua postura protetora vindo à tona novamente.

- Claro que não, Mike. Ele é o pai merece saber. - eu argumento.

- Ele é um babaca enganador, que tipo de pai seria ele? A criança não merece isso.

- Não temos como saber.

- Vocês são a personificação de anjo e demônio em meus ombros.

- Eu só estou te ajudando a fazer o melhor. - Mike defende, suas sobrancelhas franzidas.

- Mas ela também deve fazer que é certo.- sei que nem sempre a escolha certa é a mais fácil.

- Certo e melhor não são sinônimos.

- Manu, Mike... - ela começa, pegando nossas mãos. - Eu vou pensar, juro. É tudo que venho fazendo, mas nesse momento, eu só quero o apoio de vocês, por favor.

Troco um olhar com Mike e vejo a compreensão refletida em seus olhos. Aperto a mão de Sophi gentilmente e sorrio.

- Claro. Nos desculpe, pode contar conosco. Não importa qual seja sua decisão, estamos aqui para você.

- Sempre, Sophi. Você não está sozinha nisso.

Com nossas mães entrelaçadas sorrio ao concordar com Shakespeare em Tito Andrônico. Sou rico em meus amigos.

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