A festa havia se tornado um pouco tensa para mim, passei parte do tempo evitando qualquer tipo de contato com Apolo, embora o mesmo não fazia nenhum tipo de esforço para isso se concretizar. Lavínia parecia querer me ver mais constrangida e se ela tivesse mais tempo, me afogaria com perguntas que eu não saberia responder. Meus amigos estavam mais confusos do que eu, queriam entender toda aquela situação tão repentina, só que, eu já tinha noção de que Lucca teria tomado consciência das coisas. Entretanto, Flora vai ser a pessoa mais difícil de convencer e de compreender tudo.
— Então, espera deixa eu entender, você e aquele garoto estavam conversando pelo Instagram? — caminhávamos pelo estacionamento na direção do carro.
— É — foi tudo que saiu da minha boca.
— Como a Lavínia soube disso? Por que você não me contou tudo antes? Não acredito que tenha gostado dele com algumas conversas pelo o Instagram — ela disparou como se sua cabeça estivesse prestes à explodir — Você estava perdidamente apaixonada por aquele Theo e agora aparece tendo interesse em outro?
— É algo passageiro, relaxa.
— Ele era o admirador secreto? Aquele que te mandou um presente? — ela me seguia em passos acelerados, não conseguia encara-lá.
— Basicamente.
— Por que não me contou? Esse tempo todo estava se envolvendo com um herdeiro? — sua voz transbordava uma pitada de alegria e indignação.
Herdeiro?
— Foi apenas uma conversa — eu disse vagamente, tentando me desvencilhar do assunto.
— Você tem alguma ideia de com quem estava falando? — ela entrou na minha frente segurando os meus ombros — Essa família é tipo a elite, um old money.
— O quê? — eu franzi o cenho, confusa — Fale na minha língua por favor.
A mesma revirou os olhos e suspirou.
— Tudo que precisa saber é que eles são muito ricos e o dinheiro certamente é passado por gerações. — ela sorriu, os olhos dela brilhavam — O meu irmão ser amigo de Arthur já era grande coisa e agora tenho uma prima namorando com um dos irmãos. Isso é tudo. — seu senso ambicioso estava falando mais alto do que ela poderia imaginar.
— Não somos namorados — eu fiz uma cara de tédio e desviei do seu encontro seguindo caminho até o carro — Além do mais, não sei por que tanto alvoroço com esse cara, todos vocês são ricos. A pobre aqui sou eu.
— É que esses ricos também tem prestígio de status, querida Anny — sua voz era quase como um sussurro e manipulação — A família DiAngelis é quase como algo raro por aqui, todo mundo quer estar ao lado deles.
Eu revirei os olhos.
— Então, ele deveria se envolver com alguém rico.
— Bobagem! — ela mais uma vez apressou os passos alinhando-se ao meu lado — Você tem que aproveitar cada minuto com esse cara.
— Não. — falei a olhando séria enquanto chegamos perto do carro — Ele é ex da Lavínia, isso tudo é uma péssima idéia.
— É, você realmente teve um certo azar nisso.
A mesma destrancou o carro e me lançou um olhar desconfiado por baixo da franja. Eu respirei bem fundo antes de entrar no carro quase ao mesmo tempo que ela.
— Porém, ainda acho muito estranho toda essa situação. — concluiu de maneira que um silêncio reinou por ali.
— É estranho pra mim também, acredite. — eu resmunguei enquanto olhava para janela do carro.
— Vai contar pra sua mãe? — minha prima questionou agora com os olhos na estrada.
— Não, acho que não precisa — falei de maneira que parecesse tranquila — Além do mais, não é algo que tenha importância.
Durante o caminho conversamos apenas sobre o Luís, minha prima realmente estava gostando desse cara, o que me impressionava um pouco já que a mesma sempre aparentou meio desapegada e quase sempre afirmava que não se envolveria com ninguém.
— Você já ficou realmente com ele? — questionei curiosa.
Vi a mesma franzi o cenho.
— Como assim? Claro que já. — ela falou em um sentido totalmente diferente do que eu estava pensando.
— Não é esse tipo de ficar... — eu estava com vergonha de perguntar isso — Se você já dormiu com ele?
— Ah — ela soltou uma pequena risada — Claro que não, pelo menos não ainda.
— Então você nunca fez? — indaguei.
Esses assuntos me traziam um certo interesse, já que eu era muito inexperiente, apesar de sempre me informar sobre, eu mal sabia beijar, criava até cenários ruins na minha cabeça como eu travar na hora H.
— Eu já fiz — sua voz soou casual — Não foi bem como eu esperava, porém, também não foi um dia horroroso.
— Dia? — arregalei os olhos.
Eu vi a mesma segura um sorriso.
— Fizemos ao ar livre de dia — seus pensamentos com certeza eram tomados por lembranças, o seu semblante era nostálgico. — Claro que usamos proteção.
Eu arqueei as sobrancelhas ainda surpresa.
Bom, eu realmente era a freia aqui.
Automaticamente nos encaminhamos para porta que dava até a nossa cozinha. Minha mente estava a turbilhão naquele momento, eu me sentia sufocada e perdida. Apesar de ter me alojado muito bem em meu quarto depois de um banho adorável e morno, eu me sentia inquieta. Esse lance de namoro falso me tomou por completo, parecia que eu estava vivendo mais uma daquelas fanfics do Wattpad.
Anelise
Camila, está acordada?
Camila
Estou, aconteceu algo?
Anelise
Preciso te contar algo, podemos marcar de sair amanhã?
Camila
Claro, só me falar o horário.
Depois de ter marcado um encontro com Camila, meu corpo ainda se encontrava no mesmo estado, acho que nunca havia me sentido tão nervosa para algo. A imagem de Theo nos olhando vinha em meu pensamento, seus olhos transmitiam algo que eu acho que nunca saberia desvendar o que é. Seus olhos verdes quase encarando minha alma e o tom que ele usou para perguntar se eu e Apolo estávamos juntos.
A imagem de Apolo também me tomava a mente, em certos momentos Apolo me forçava a reagir rispidamente. Ele era irritante com aquela pose confiante e arrogante e aquilo havia me tirado do sério, e da minha parte isso não era frequente. Por mais que eu não conseguisse admitir mentalmente que ele me despertava alguma coisa, seja raiva ou ódio, ele estava me intrigando mais do que qualquer coisa. Os olhos azuis, a boca rosada, a mandíbula perfeitamente marcada, os ombros largos...
Estou delirando ou encantada demais por uma beleza um tanto incomum das que eu já vi.
Respirei bem fundo irritada comigo mesma e passei o edredom pelo meu corpo rapidamente, me virando de lado. Fechei os olhos e lancei uma repreensão como quem lança uma maldição, e para tentar me fazer dormir com mais rapidez, comecei a contar ovelhas que pulavam a cerca.
Um.
Dois.
"Posso esperar uma resposta até amanhã"
Droga.
Por mais que meu senso comum esteja capacitado e intuitivamente decidido a arcar com as consequências se eu não aceitasse a proposta, ainda assim, eu teria muitas dificuldades pela frente pra tomar uma decisão como essa.
Meu olhar como imã recaiu sobre minha mesa de cabeceira que ficava ao lado da minha cama, me deparando novamente com os presentes que Apolo havia me dado. As luminárias estavam desligadas, entretanto, me deslizei sobre ela e as liguei. Me posicionei de novo sobre a cama e encarei as lindas luminárias que ali flutuavam sobre a madeira, era magnético demais pros meus olhos pararem de olhá-las.
Meu celular então tocou logo ao lado, espiei pela barra de notificação e era uma mensagem do Instagram de alguém muito familiar.
Apolo
Espero que pense com carinho na minha proposta
Eu revirei os olhos e bufei, dei um certo intervalo antes de decidir responder ele.
Anelise
Vai dormir