Na escola o assunto mais comentado era a festa da Lavínia, a maioria pareciam estar muito ansiosos e animados. Não era muito atoa, até porque o local da festa era em um dos clubes mais populares e com uma ótima estrutura, ninguém havia feito festas assim por aquele local. Pelo o que eu ouvi falar, a loira só conseguiu fazer sua festa pois seu pai tinha uma amizade de alguns anos com o dono, fora que seu pai era sócio de lá. Dizem que tem piscinas, um salão enorme, campo e quadras para esportes como golfe — um clássico —, tênis, etc. Era um clube muito diverso, de idosos até crianças.
— Não era mais fácil ter pago um salão de festas? — Jade falou enquanto andávamos pelos corredores da escola.
— É o que eu penso também — Falei dando de ombros.
— Lavínia pagar um salão de festas quando se pode ter o salão do clube mais cobiçado de Monte Campo só pra ela?! — Lucca sorriu de lado.
— É, ela é bem ambiciosa mesmo — Eu disse.
— Que eu saiba clubes são feito para lazeres e fins culturais, não para eventos de festas, como os sócios de lá vão ficar com isso? — Jade questionou.
— Não faço a mínima ideia, mas pelo o que da pra ver, ela conseguiu — Dei de ombros.
— Mas pelo o que eu ouvi falar, vai ser algo um pouco formal, já a ideia de fazer essa festa lá foi mais da mãe dela, os pais dela vão estar com ela durante a festa e depois disseram que ela pretende fazer uma festa mais informal, só pra galera jovem — Lucca falou em um tom um pouco baixo.
— Duas festas? — Eu arqueei a sobrancelha. — Ela realmente deve ter muito dinheiro.
— Ah, o pai dela herdou uma fortuna do pai e parece que ele é dono de uma empresa de tecnologia, algo assim. — Lucca falou.
— Sabe Lucca você tá se tornando um grande fofoqueiro. — Jade disse provocando-o, o mesmo fez uma cara de repreensão.
Eu sorri.
— Realmente.
— Na verdade eu sou apenas uma pessoa bem informada — Ele deu de ombros.
— É claro que é — Eu rolei os olhos.
Antes que me desse conta, esbarrei no corpo de alguém e meus olhos automaticamente encontraram a pessoa, me deparando com aqueles olhos esmeraldas novamente e um certo frio na barriga se instalou de maneira muito veloz.
— Oh, desculpe — Eu falei.
— Tudo bem — Ele me olhou com um sorriso — Como você está?
— Estou bem e você? Notei que faltou — Olhei para trás e vi que meus amigos já estavam longes, eu franzi um cenho encarando eles se afastarem e darem um aceno com a mão.
Filhos da..
— Tinha acordado com muita dor de cabeça, não consegui nem levantar da cama.
— Do nada? — Perguntei.
— Não, foi por conta do vinho que tomei com os meus familiares. Nunca imaginaria que seria algo tão ruim assim na manhã seguinte — Ele passou as suas grandes mãos pelos cachos.
— Ah, entendi. Vinho realmente da uma ressaca forte.
— Sabe, eu tava pensando, a gente poderia marcar um dia pra sair. — Eu notei seu olhar pousar em meus lábios mas depois subiram para encarar meus olhos.
— Pode ser, adorei a ideia.
— Talvez até andar de bicicleta como você gosta.
— Achei incrível
— Só não vai tentar me partir ao meio com ela de novo em — Ele sorriu exibindo seus dentes brancos.
— Não posso prometer nada. — Sorri de volta. — Além do mais naquele dia foi você que atravessou a rua de maneira negligente.
— Ah eu? — Ele soltou um ar irônico da boca e passou a língua pelos lábios — Você que vinha com quase setenta naquela bicicleta.
— Você deveria agradecer por quase ser atropelado por alguém como eu — Falei erguendo o queixo.
— Ah, mas é claro! Me desculpe, senhorita.— Seu tom era provocativo.
— Isso só me faz lembrar que a gente discutiu por isso — Eu falei soltando uma pequena risada.
Estava apostando corrida com Lucca na bicicleta, eu sentia meu sangue ferver, ele estava me provocando faz horas e eu seria facilmente irritada se ele continuasse. Avancei com a bicicleta de maneira rápida, forcei minhas pernas e meus pés dando impulso na pedalada. Meu olhar quase acompanhava o avanço de Lucca, mas quando me dei conta já estava quase perto de bater em alguém, então apertei no freio antes que acontecesse um desastre.
— Você tá maluca? — O garoto de cabelos encaracolados me olhava em espanto e irritação.
— Me desculpa eu... — Tentei falar mas fui interrompida.
— Poderia ter me atropelado sabia? Não enxerga não? É melhor tomar cuidado da próxima vez — Na sua testa continha uma carranca.
— E a sua mamãe não te ensinou a olhar pros dois lados antes de atravessar a rua? Idiota! — Posicionei meus pés mais firmes nos pedais e acabei perdendo Lucca de vista.
— O que você disse?
— O que você ouviu.
— Você é uma louca. — Ele quase gritou.
— E você é um idiota. — Retruquei. — Podia ter passado por cima de tu com essa bicicleta — Dei as pedaladas me distanciando.
— Vai embora mesmo, louca.
— Vai te lascar. — Gritei.
Theo agora estava rindo junto comigo enquanto relembrávamos do primeiro encontro. Não foi um dos melhores, mas o bom era que nos resolvemos depois.
— Eu estava irritado naquele dia. — Ele comentou casualmente — Bom, vai a festa da Lavínia?
— Vou sim e tu? — Questionei.
— Sim, ela anda bem estressada com esse lance de festa, tá querendo fazer até duas festas, acredita? — Ele suspirou.
— Acredito. Vocês são bem amigos, não é? — Meus olhos quase semicerraram.
— Somos, ela é legal. — Ele disse — Você é bem amiga da Jade e do Lucca não é?
— Sim, nos tornamos um trio.
— Percebi — Sua fala parecia demonstrar um certo desconforto.
— Por que? — Indaguei curiosa.
— Nada.
— O que vai vestir para festa da Lavínia? — Flora questionou rodeando meu guarda-roupa.
— Não sei, eu tinha pensado usar aquele meu vestido com a manga caída sabe? — Falei pensativa.
— Ah não, tem que usar algo que pareça elegante mas também não tão formal, já que vai ser em um clube tem que usar algo meio a meio — Flora me olhou.
— Mas esse é o melhor vestido que eu tenho — Dei de ombros — Tudo bem que tem um tempo que eu usei ele, mas ainda serve e tem uns babados lindos.
— Prima, você tá indo para um aniversário em um clube. O vestido é bem bonito, mas não o suficiente para se destacar em um lugar como esse — Ela se aproximou. — No máximo da pra ir a uma praça com ele ou uma resenha com os amigos.
— Bom — Me aproximei do guarda-roupa e peguei um vestido que eu tinha no cabide —, que tal esse?
Mostrei um vestido justo preto de alça fina e que tinha pequenas plumas da mesma cor como acabamento, o que era o charme do vestido.
— Foi sua mãe que me deu — Coloquei em cima da cama.
— É bonito, mas acho que tenho um vestido melhor — Ela caminhou para os corredores indo em direção ao seu quarto.
Poucos segundos depois Flora apareceu com o cabide em mãos pendurando um vestido. Ele era vermelho quase vinho, curto e pela aparência era feito de cetim, havia apenas uma pequena fenda e alças finas.
— O que acha?
— Não acha muito nu? — A encarei.
— Não, ele cobre um pouco das coxas. A gente coloca uns acessórios e pronto. — Ela sorri colocando o vestido em cima da cama.
— Pode ser.
— Seus amigos vão? — Flora questionou.
— Sim — A encarei — Por que?
— Só estava pensando em algo. — Ela suspirou.
— É por causa do Lucca, não é?
— Não gosto dele, Luís vai estar lá comigo e se ele estragar tudo de novo? — A castanha parecia preocupada demais, seu olhar estava confuso e um rubor crescia nas suas bochechas.
— Ele não vai, aquilo foi só um acidente e Lucca já se desculpou.
— Isso não muda as besteiras que ele fez, me deixou como ridícula na frente de um dos caras mais gatos da escola e que eu mais tô afim.
— Relaxa, vou tentar evitar encontros desastrosos entre vocês.