𝗠𝗶𝗹𝗲𝗻𝗮 𝗕𝗿𝗼𝘄𝗻
22:45 PM
O luto é uma merda.
Ele tem a plena capacidade de te destruir mentalmente e fisicamente.
O meu peito parou de produzir leite o suficiente para amamentar Helene já fazia uma semana.
E aquilo me desesperou completamente porque além dela ser recém nascida, não era qualquer leite que iria suprir sua fome e deixá-la saudável e forte. Tinha que ser o meu leite, o leite da mãe.
Mas, parece que ultimamente tudo decidiu desmoronar na minha frente.
Mia tinha morrido.
Joel foi preso e Jacob aparecia em casa uma vez na vida e outra vez na morte.
Eu estava sozinha e sem saída.
Ocupados com suas vidas, meus amigos e familiares não tinham tempo em suas agendas para a ❛❛ pobre mamãe desenganada ❜❜, no caso eu.
Resumindo, minha vida era uma porcaria.
Ao colocar o corpinho de Helene no berço, sorri e suspirei pesadamente. A neném era tão delicada e pequena... suas bochechas eram uma tentação para depositar vários beijos. Além de seus pequenos fios ruivos estarem dando sinal de vida em sua cabeça.
Sem dúvidas, a esperança daquela família. A única que restou.
Apaguei a luz de seu quarto, – que ficava do lado do meu – fechei a porta e desci as escadas do corredor. Isso tudo quando garanti que ela já estava dormindo, é claro.
Ser mãe não é fácil, dá um trabalho do cão e resulta em puro cansaço.
Sentei no sofá da sala fechando os olhos. Quando os abri de novo, me assustei ao vê-la entrando pela porta da frente.
A mesma continuava linda e radiante, com seu perfume invadindo o nariz de quem estivesse perto o suficiente.
A minha filha com certeza partiria muitos corações por aí com sua beleza extravagante e extrema.
━ Mia? ━ Murmurei piscando os olhos algumas vezes.
Não podia ser real.
━ Oi, mãe. ━ Ela sorriu de um jeito fraco.
━ Q-que? Como você...? ━ As lágrimas que desciam sobre meu rosto bagunçavam o meu cérebro e me impediam de formar uma simples frase.
Nos encaramos por exatamente cinco segundos e eu logo me aproximei da minha filha, a puxando para um abraço apertado.
Em seus ombros, entrei em prantos, com as pálpebras fechadas.
Era inacreditável, mas finalmente... real.
Senti-la tão perto... tão cuidada e tão cheirosa me lembrava de que Mia cresceu muito rápido. Ela não precisava mais de mim como antes.
Pensar que sonhei tanto com esse momento e que agora ele se tornou realidade, chegava a ser assustador.
━ Ah, olha pra você! ━ Exclamei ao me afastar delicadamente do toque físico. ━ Me disseram que você tinha morrido!
E mais uma vez, as lágrimas voltaram.
━ Eu sinto muito. ━ Ambas nos abraçamos outra vez, porém não durou muito.
Já um tanto mais calma e pronta para o que viria a seguir, observei a purpúrea sentar-se no sofá e me sentei também, enxugando as gotas da minha pele.
━ Mãe... o que eu vou te contar agora vai colocar pessoas que eu gosto em risco de vida. ━ Mia disse calmamente.
━ Como assim? ━ Perguntei cruzando as sombrancelhas.
━ Antes de eu te explicar, você precisa prometer que não vai fazer besteira e nem contar pra ninguém, entendeu? ━ Apesar dela ser sempre carinhosa e brincalhona, a seriedade em seu tom de voz me dava medo.
━ Eu... prometo. ━ Depois de um tempo em silêncio, finalmente cedi.
━ Lembra daquele dia que eu me machuquei jogando lacrosse? ━ A Brown idagou e eu assenti firme. ━ Aconteceu uma coisa no hospital que mudou a minha vida.
━ O que aconteceu?
A garota relaxou os músculos e encostou as costas no sofá.
Pude notar em seu pulso uma pulseira dourada que tinha o pingente de morango em volta, devia ser o presente de alguém bem especial para ela usar.
Mia sempre foi viciada em morangos e aquele fato me deixava encantada.
Mas agora... parte de mim sabia que eu não a reconhecia mais como antes. E isso me matava por dentro.
Era curioso pois em seus aniversários ela ganhava bijuterias de amigos e parentes, mas ela nunca usava. Esse alguém tinha que ser bem especial mesmo então.
━ Depois que a enfermeira me examinou com o raio X, eu dormi. ━ A menina voltou a falar, me tirando de pensamentos distantes. ━ Aí, quando acordei o corredor estava vazio. Chamei por algo e encontrei... uma coisa.
━ Que coisa? ━ Curiosa, me enclinei mais perto de sua estrutura.
━ O nome dele é wendigo. Ele tem os dentes afiados, como os de um leão. O corpo dele tava coberto de sangue e seus olhos brancos. ━ A risada se prendeu em minha garganta.
História inventada ou contada por uma pessoa idiota?
━ E ele tinha matado a mesma enfermeira que me atendeu. ━ Encarei a íris verde da de sardas e dentro dela tinha convicção. Não era mentira.
━ Isso é... loucura. ━ Deixei um riso frouxo se perder no ar.
━ Não é! ━ Mia continuou. ━ Meu coração saiu pela boca quando ele começou a correr atrás de mim e me levou pro edifício do prédio.
━ Mia... ━ Tentei interrompê-la, mas sua teimosia falou mais alto que eu.
━ Ele escorregou e me jogou na beirada, eu tive que me virar só com uma mão! Mas aí, um amigo apareceu no lugar e sua única opção pra me salvar era... era me mordendo, mãe.
━ Como assim te mordendo? ━ Outro riso frouxo meu ecoou no local.
━ Ele... não podia usar as mãos porque o wendigo lutava com ele.
━ Mia, olha só, os livros que você leu são realmente impressionantes, mas... ━ Um movimento brusco da minha filha barrou a minha fala.
━ O Scott também tinha dentes afiados, mas ele não era do mal como o outro. O Scott era um lobisomem, um alfa. ━ O jeito que Mia expressava sua historinha me confundia. ━ O Scott teve que me morder pra me salvar, se não eu ia morrer de verdade!
━ Já chega! ━ Levantei do sofá, gritando.
━ A mordida dele resultou na minha transformação, eu sou uma loba agora!
Os nossos gritos certamente acordariam Helene se fossem mais adiante.
━ Qual é o seu problema, garota? ━ Assim que a mais nova levantou, empurrei seu corpo para o sofá em retrocesso. ━ Eu quero saber como vários policiais me disseram que você tinha morrido, e agora você volta fazendo graça?!
━ Não é graça, é verdade! ━ Me fitando em ressentimento, Mia voicifera ainda sentada.
━ Então você é uma loba só porquê seu amigo te mordeu pra te salvar?
━ Sim!
Um minuto de silêncio se instalou na sala. Passei a mão entre minha testa suada e bufei, andando de um lado para o outro.
Só podia, não, era!
A porra de uma brincadeira de mal gosto.
━ Como foi que você voltou dos mortos?
━ Zombei, entrando em seu jogo sujo.
━ A verdade é que... ━ Mia soltou sua frase e encarou o chão, parecendo lembrar de algo.
De repente, sua expressão facial se transformou em fúria. Ela levantou do sofá e caminhou em minha direção.
━ Acha que eu sou mentirosa, mamãe? ━ Me questionou, enquanto seus olhos passeavam sobre os meus.
Suas esmeraldas eram intensas e transmitiam uma raiva que me deixava completamente desconfortável.
━ E-eu não sei... me diz você. ━ Cruzei os braços, a poucos centímetros dela.
━ Quem é Miela? ━ Sua pergunta começou a ecoar sem parar na minha mente. Então, paralisei no meio da sala e minha pele ficou pálida, como se eu fosse um fantasma. Meu rosto se transformou em espanto completo.
Merda.
Como ela descobriu que foi adotada?
━ Eu não sei. ━ Menti e suspirei aliviada quando Mia se afastou de mim.
Mas, uma risada que ela expressou me amendreontou seguidamente.
━ Tão hipócrita. ━ Seu deboche me irritou e eu segurei seus ombros, antes que ela se afastasse.
━ Olha o respeito com a sua mãe!
━ Com a minha mãe? ━ Mia retirou minhas mãos de seu corpo com brutalidade. ━ Acha que eu não sei da verdade? Acha que eu não sei que você não é a minha mãe biológica? ━ A mesma gritava altamente, conforme chegava mais perto de mim em repetição. ━ Você não acreditou em mim e insiste para que eu acredite em você?
A interrompi, depositando um tapa forte em seu rosto.
━ Abaixa o tom de voz. ━ Segurei seu pescoço com força e a levei até a parede, encurralando-a ali mesmo. ━ A sua única mãe sou eu, ouviu bem?
━ A respiração dela foi ficando lenta, conforme eu a enforcava sem piedade e cada vez mais firme.
O que me surpreendeu foi que a ruiva não me impediu, suas mãos ficaram paradas e ela nem se quer tentou se defender.
━ Mentirosa. ━ Pontuou com dificuldade. ━ Eu sei que sou adotada, sei que o Joel matou a minha mãe de verdade.
A soltei lentamente, sendo atingida por suas palavras.
O pescoço dela – que a dois segundos atrás tinham meus dedos marcados – voltou ao normal rapidamente.
━ O que foi isso? ━ Maravilhada, resmunguei fitando a parte corporal citada.
━ Eu quero que você tome no meio do seu cú e se foda, Milena. ━ Praticamente cuspindo seus xingamentos na minha cara, a de sardas se virou e subiu as escadas com pressa.
A segui, pisando fundo e extremamente estressada.
━ A onde você pensa que vai?! ━ Atenta aos seus movimentos, vi que ela abriu o guarda roupa de seu quarto, pegou uma mochila e jogou dentro dela algumas peças de roupas.
━ Não vou morar mais com você, idiota. ━ Após um tempo, a menina respondeu, indo até o canto de sua cama e pegando com cuidado seu filhote de coelho, que estava preso na gaiola.
━ E vai morar com quem? Quem vai querer uma puta como você?
━ Cala a boca e não pensa que me insultando vai conseguir o que quer! E puta foi a mulher que te deu a vida!
Bufando feito um touro, abri a porta do meu quarto, fuçei uma gaveta, peguei um pano e um pequeno vidro de clorofórmio que Joel usava para desmaiar a garota, quando ele queria abusa-lá sem ser interrompido.
Depositei o líquido no tecido e me aproximei da purpúrea.
A sufoquei usando todas as minhas forças, e apesar dela ser extremamente forte para sua idade, não conseguiu lutar contra mim.
Logo, seu corpo foi demonstrando fraqueza e instantaneamente caiu em cima do meu.
A joguei de qualquer jeito no sofá e tirei uma mecha de cabelo de seu rosto, sorrindo vitoriosa.
━ Você vai ficar comigo. ━ Afirmei entredentes e apertei sua bochecha.
O telefone de Mia começou a tocar, aparecendo um nome estranho na tela. Stiles.
Desliguei o aparelho e o guardei dentro da mesma gaveta anterior, usando o meu aparelho para discar um número.
O número da Casa Eichen.
• Eu não falei q vcs iam odiar a Milena 🤢🤢
• E vai piorar ainda mais o ódio de vcs!
• Enfim, deixem o comentário e a estrela pra eu saber que vocês estão gostando ❤
• Até o próximo cap!