Depois da Meia-Noite (Bubblin...

By TersyGabrielle

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Marceline e Bonnibel foram um casal durante o ensino médio. E como todo casal adolescente, estavam certas de... More

Prólogo
Capítulo 1 - Tudo ou Nada
Capítulo 2 - O Baixo e o Sangue
Capítulo 3 - Os Motivos Pelos Quais Eu Deveria Odiar Você
Capítulo 4 - O Céu Nos Olhos Dela
Capítulo 5 - Canela
Capítulo 6 - Espaços Vazios
Capítulo 7 - Deixe Para Lá
Capítulo 8 - Quando Agosto Acabar
Capítulo 9 - Bonnibel, A Sensível
Capítulo 10 - Uma Garota Não Tão Boa
Capítulo 11 - Andrea
Capítulo 12 - O Começo do Fim
Capítulo 13 - O Lugar Que Você Deixou Vazio
Capítulo 14 - Depois Dela, É Minha Vez
Capítulo 15 - O Horizonte Tenta, Mas Não Se Compara
Capítulo 16 - Rosas Pretas e Cor-de-rosa
Capítulo 17 - Um Vislumbre de Nós
Capítulo 18 - Sangue & Lágrimas Azuis
Capítulo 19 - Cartão Postal
Capítulo 20 - Um Passo Atrás
Capítulo 22 - Chuva a Meia-Noite
Epílogo
Notas Finais e Agradecimentos.

Capítulo 21 - Papai, Cadê Sua Dignidade?

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By TersyGabrielle

Olá, pessoas LGBT+ fãs de Hora de Aventura!

(Se você não é LGBT+ ou fã de HDA, não sei muito bem o que caralhos você tá fazendo aqui, mas olá pra você também!)

Deus, eu preciso de férias. Falta muito pra junho?? Eu preciso MESMO de férias.

Enfim, vamos para o capítulo.

Boa leitura!

•~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•

Bonnibel e Marceline guardariam uma estranha impressão daquele início de ano. Como se tivesse passado de forma lenta e torturante, mas rápido demais ao mesmo tempo. Quando as pequenas férias de final de ano acabaram, a rotina voltou ao normal com um novo tempero: havia um álbum e um livro que precisavam ser divulgados.

Assim, os dias passaram como água sob uma ponte; uma sucessão de reuniões, photoshoots, entrevistas e compromissos que não pareciam parar um único dia. Mas, ao mesmo tempo, o dia 25 de Fevereiro simplesmente nunca chegava, estendendo aquela espera até o limite do suportável.

Depois de alguma discussão, foi concordado que tanto o álbum quanto a biografia seriam lançados no mesmo dia, já que se complementavam, de certa forma; e as duas sempre saíam daquelas reuniões em meio a risos abafados. Era claro, considerando os olhares sobre elas, que cada pessoa envolvida naqueles projetos e que já havia lido ou ouvido aquelas palavras já sabia o que estava acontecendo ali, mas nada era dito diretamente.

Provavelmente, tinha mais a ver com a incrível capacidade de marketing que aquela situação criava do que com algum respeito à intimidade delas, mas ainda era engraçado.

As vezes, durante aqueles dias inquietos, Bonnibel se dava ao trabalho de ver um ensaio fotográfico ou entrevista que elas haviam feito juntas, tentando identificar que tipo de imagem elas estavam dando ao público até então.

Tinha uma entrevista em específico, em que elas estavam lado a lado em uma espécie de coletiva de imprensa, cuja gravação sempre arrancava boas risadas dela: em determinado momento, Marceline está falando de forma empolgada sobre o processo de cantar, tocar e produzir um álbum inteiro sozinha, enquanto Bonnibel a encara com uma mão abaixo do queixo, segurando o microfone, com o sorriso mais idiota que ela tinha, os olhos brilhando.

Era sempre assim que olhava para Marceline? Era assim que os outros viam a cena?

Ficava lendo comentários, tweets e threads - a eterna mania do egosearch - tentando determinar o que o público de Marceline achava dela, e estava chegando a conclusão de que gostavam dela. Tentava se tranquilizar com isso.

No final, o mês de fevereiro chegou, deixando suas semanas escorrerem por entre os dedos de duas mulheres que as teriam pulado de bom grado.

Mas uma coisa aconteceu antes do grande dia.


•~•~♪~•~•


Em plena preparação para sua nova era, Marceline havia desligado o modo artista e ligado o modo fã. Há dez dias, tudo que ela e Bonnibel sabiam fazer era dividir o fone de ouvido e decorar todas as letras do novo álbum do Paramore.

- Karma's gonna come for all of uuuus - cantava Bonnibel, segurando o fone junto à orelha.

- And I hope, well, I hope, I just hooope - continuou Marceline, marcando o ritmo com leves tapas na perna.

- She comes... COMES FOR YOU FIRST, OH! - gritaram as duas, ao mesmo tempo, terminando em uma risada.

Simou abriu a porta do carro onde Marceline e Bonnibel aguardavam. Marceline havia participado de uma premiação de voto popular pelo single Good Little Girl, e agora estava indo, com Bonnibel de acompanhante, para o after party.

- Esperem eu chamar pra sair, ok? E fiquem perto dos seguranças.

- Qual é, Simon, nem tem tanto fã aí fora - resmungou Marceline, tentando olhar melhor pelo vidro semiaberto do carro.

- Não são eles que me preocupam - retrucou ele, o tom de voz soando sombrio dessa vez. - O seu pai está aí fora.

O sorriso condescendente de Marceline caiu, substituído por olhos arregalados. A expressão de Bonnibel se deformou inteira, se moldando a um rancor antigo.

As duas trocaram um olhar incomodado, Marceline tentando não se assustar com a raiva dura no olhar da outra mulher.

- Não faça nada, Andrews. Saia do carro, entre no evento e esqueça essa merda.

- Marcel-

- Não, Bonnie - cortou ela, exasperada. - Tem gente com câmeras lá fora. Se eu for uma babaca, nada além do esperado, eu já tenho essa imagem. Se você, a doce, fofa, cor-de-rosa escritora lésbica Bonnibel,  for uma babaca, prepare-se pra ódio virtual e ameaças de morte na sua DM. Independente se está certa ou não. Estamos entendidas?

- Tá, tá legal. Estamos - respondeu ela, depois de uma sonora bufada.

- Vem, podem sair. Vamos rápido - disse Simon ao retornar à porta do carro, estendendo a mão para ajudar Bonnibel a sair.

Elas saíram rapidamente do carro e apressaram o passo em direção a entrada da festa. Mas, mais a frente, as duas viram: Hunson Abadeer conversando com um dos chefes da gravadora de Marcy. Terno fino, sapatos brilhando, a pose imponente de um homem de negócios.

E ele estava entrando no evento ao lado de Phillip, um dos responsáveis pelo marketing de Marceline. O homem responsável pela contratação de Bonnibel.

- Que porra é essa, Simon!?

- Bem... imagino que saiba que, depois que você saiu de Lima e cortou contato com seu pai, ele investiu naquela loja e abriu filiais, certo?

- Tá, ele já estava nessa em, sei lá, 2016. Não me informei mais depois. O que é que tem?

- Seu pai virou um puta empresário por toda Ohio, Marceline. Tá podre de rico. E tá tentando fechar negócio com o Phillip pra umas publicidades. Com você.

Bonnibel e Marceline trocaram um olhar divido entre o surpreso e o apavorado.

- Ah, mas nem fodendo - soltou Bonnibel, em um tom de voz irado.

- Não, mesmo! - exclamou Marceline, agora também sentindo a raiva se espalhando pelas veias.

- Algo me diz que ele sabe que você não aceitaria. O que ele quer é uma desculpa pra ver você - respondeu Simon, e também ele parecia revoltado.

A essa altura, eles já haviam sido dirigidos para uma mesa, onde Keila e Ash já aguardavam.

- O que aquele merda tá fazendo aí? - disse Ash, assim que os três se aproximaram.

- Longa história encurtada: ele deu um jeito de ignorar todos os avisos pra ficar longe - respondeu Simon, sentando-se.

- Isso vai dar merda - resmungou Keila, deitando a cabeça no ombro de Ash, com toda a naturalidade.

Marceline e Bonnibel trocaram um olhar conspiratório após observar a cena. Mas, antes que pudessem se deleitar da pequena distração, Phillip se aproximou da mesa, com Hunsou logo atrás.

- Marceline! Preciso falar com você so-

- Não acha que um after party é um momento ruim pra discutir negócios, cara? - cortou ela, seca.

- Céus. Como é difícil trabalhar com v-

O homem não pode prosseguir com sua reclamação pois, em segundos, Hunson havia se aproximado da mesa e puxado Marceline para um abraço bastante unilateral. Marceline se manteve imóvel, trancando a mandíbula. 

Em pouco tempo, ele tinha a mão de Simon em seu ombro, o puxando para trás; Bonnibel tomando o espaço entre ele e Marceline, Ash e Keila parados atrás dela em posição de alerta. Mas a atenção dele ficou concentrada na mulher de cabelos rosas a sua frente.

Seu olhar foi dela para Marceline e de volta para ela, lentamente. A posição de defesa dela, com queixo erguido e olhar violento. Era auto explicativo.

- Achei que tinha criado juízo e arrumado um namorado - soltou ele, parecendo genuinamente confuso, apontando para Ash com o queixo.

Todos eles estavam em pleno instinto de ataque, prontos para terminar aquela noite em uma delegacia. Mas a reação da própria Marceline foi outra.

Marceline apenas começou a rir.

Colocou as mão na cintura e ficou encarando com um sorriso incrédulo, como se toda aquela situação fosse absurda. E ela era.

Seu sorriso então caiu, substituído por uma carranca intimidadora. Ela tirou Bonnibel do caminho, dando passos longos na direção de seu pai. O puxou pela gola do terno, até força-lo a se sentar à mesa, sentando-se em frente a ele. Phillip fez menção de impedir, mas Simon o parou, colocando a mão em seu peito com força.

- Fica quieto aí, que essa merda é culpa sua - rosnou ele, ameaçador, antes de posicionar atrás de Hunson, pronto para parar qualquer coisa que pudesse sair do controle.

- É muita presunção sua aparecer aqui, senhor Abadeer - disse Marceline, quase em um sussuro. - Muita cara de pau aparecer aqui e ainda achar que pode me julgar pelo o que quer que seja. Muita, depois de toda a merda que você fez.

- Jesus, Marceline. Não sei porque você insiste em me tratar assim desde que sua mãe morreu. Eu perdi minha esposa e minha filha, mesmo que você esteja bem aqui. O que eu fiz pra você!?

Marceline o encarou. O clima ficou tenso e pesado, os outros trocando olhares entre si.

Então Marceline abriu um sorriso de canto.

- Ah, querido. Você quer a lista em ordem alfabética? Que tal? Quer começar pelo abandono afetivo? Com a violência verbal? Ou com a sua homofobia de merda? Que tal começar pelo fato de você ter matado a minha mãe, seu filho da puta!?

O silêncio embebido em desconforto caiu sobre a mesa da mesma forma que uma bomba: rápido, sem muito aviso e deixando o gosto amargo da tragédia na boca de quase todos. Ninguém, além de Bonnibel, sabia o que ela queria dizer.

Hunson apenas a encarou de volta, toda a cor sumindo de seu rosto.

- Você achou que ela não ia me contar? Nem no leito de morte dela? Achou que eu morreria sem saber da sua mania nojenta de trair minha mãe em cada puteiro de quinta, que a coagiu a transar com você em pleno puerpério, que você fez dela estatística? Mais uma mulher monogâmica e fiel se tornando soropositiva porque se casou com UM MERDA - berrou ela, com um tapa na mesa. Suas mãos tremiam e seu rosto estava vermelho. Ela se levantou, o puxando pela gola do terno até que ele estivesse quase deitado sobre a mesa, o rosto quase colado ao dela. - Mamãe morreu porque você, além de ser um nojento de merda, era um pão duro do caralho que nunca se preocupou em pagar um seguro de saúde descente pra mulher que você infectou. Ela morreu de complicações que não teriam acontecido se ela não vivesse com a imunidade tão frágil, se tivesse um tratamento adequado. Você matou a minha mãe, Hunson. E eu sei que não há karma nenhum, porque você está aí, esbanjando dinheiro no seu terno de merda. Então é bom você nunca mais aparecer na minha frente, porque eu estou a um passo de ser o seu karma. E essa merda vai ser olho por olho.

Marceline saiu andando, sem um rumo certo, só queria sair dali. Bonnibel acelerou o passo atrás dela. Elas entraram em um banheiro e Marceline tirou um momento para respirar, Bonnibel abanando seu rosto com sua pequena bolsa lateral.

- Como você está? - perguntou Bonnibel, baixinho.

Marceline respirou fundo e soltou o ar com força.

- Quer saber? Bem mais leve.

- Imaginei. Mas, ei, se não estiver afim de queimar o seu réu primário com ele, posso fazer isso pra você. Com todo o prazer.

- Boba - soltou Marcy, com um riso leve. Puxou Bonnibel para um abraço, deixando um beijo demorado no topo de sua cabeça. Depois de algum tempo, pegou a mão dela, se dirigindo para fora do banheiro. - Vamos, ainda temos uma festa pra participar lá fora.

De volta a mesa de seu grupo, Marceline já havia passado pelo bar e se abastecido de alguns drinks.

- Desfaçam essas caras de merda! Estamos a cinco dias do lançamento do melhor álbum da minha carreira e eu exijo que todo mundo saia daqui bêbado - disse ela, colocando a bandeja sobre a mesa.

Bem, ela sempre conseguia o que queria.



Alguma horas depois, as rodadas de artistas cantando para os convidados parou em Marceline, que começou a andar para o palco sob os gritos bêbados de comemoração. Estava pronta para sair da personagem pop rock e cantar um pop farofa e bem sexual, quando sua visão caiu em um canto afastado.

O que aquele infeliz ainda fazia ali?

Hunson ainda se encontrava ali, em alguma conversa idiota com um bando de empresários. Tão profissional que alguém sem o contexto necessário só o tomaria por mais um grande empreendedor.

Um grande homem.

Marceline arqueou uma sobrancelha e se dirigiu para os responsáveis pelo som. Era um lançamento muito recente, mas será que eles poderiam conseguir aquilo para ela?

Pouco depois, Marceline estava na frente do palco, os gritos lhe arrancando uma risada. Quando o som dos instrumentos de sopro se fizeram ouvir, Bonnibel foi a primeira a reconhecer a música, soltando uma gargalhada alta o bastante para fazer Simon a encarar como se fosse louca.


Don't mean to stare at you from across the room
Não tive a intenção de te encarar do outro lado da sala
It's like I'm glued to the sheer sight of you
É como se eu estivesse colada à sua visão
And you're so smooth, it's pitiful
E você está tão tranquilo, é lamentável
Know you could get away with anything
Sabe que você pode se safar de qualquer coisa
So that's exactly what you do
Então é exatamente isso que você faz


Do olhar à postura, passando pelo tom de voz, tudo em Marceline berrava sarcasmo. Hunson havia levado sua atenção para ela assim que a música havia começado, com uma expressão curiosa que caiu para algo entre horror e tristeza quando ela cantou os últimos versos daquela estrofe.


Big man, ooh, little dignity
Grande homem, uh, pouca dignidade
Big man, ooh, little dignity
Grande homem, uh, pouca dignidade
No offense, but you
Sem querer ofender, mas você
You got no integrity
Você não tem integridade
Big man, ooh, l-l-l-little dignity
Grande homem, uh, p-p-p-pouca dignidade


Marceline começou a se mover pelo palco na entrada do refrão, com uma dancinha tão cínica que soava como se seus saltos pretos estivessem pisoteando o rosto de quem quer que fosse seu alvo.

Bem, vontade definitivamente não lhe faltava.

Algumas pessoas que já haviam decorado ao menos o refrão da música, que mal havia ultrapassado a primeira semana de vida, cantavam junto, se unindo a aquele sapatear figurativo na cara de Hunson Abadeer.


Well, well, well, look at you
Bem, bem, bem, olha pra você
Don't you clean up nice?
E não é que você está muito bem arrumado?
Bet it feels good to leave the past behind
Aposto que é bom deixar o passado para trás
Your subscription to redemption has been renewed
Sua assinatura de redenção foi renovada
You keep your head high
Você anda com orgulho
Smooth operator in a shit-stained suit
Um adulador com a porra de um terno manchado


O balanço quase perfeito entre ira e sarcasmo na voz era o que fazia aquele trecho. A tiração de sarro mergulhada na revolta.

Porque, no final, era verdade: não havia consequências reais para homens como eles. Todos continuariam de cabeça em pé, em seus ternos idiotas.


Big man, ooh, little dignity
Grande homem, uh, pouca dignidade
Big man, ooh, little dignity
Grande homem, uh, pouca dignidade
No offense, but you
Sem querer ofender, mas você
You got no integrity
Você não tem integridade
Big man, ooh, l-l-l-little dignity
Grande homem, uh, p-p-p-pouca dignidade


Mas, ainda assim, ela se permitia ter a diversão da sua dancinha de garota branca, com toda a sua condescendência, projetando as letras "t" das palavras "little dignity" e "integrity" com a língua, quase em um sotaque britânico.

Um sorriso de canto e um sorriso cínico. 


Ooh, I can't look away
Uh, não consigo desviar o olhar
I memorized all your lines
Eu decorei todas as suas falas
I can't look away, you're like a movie that I love to hate
Não consigo desviar o olhar, você é como um filme que eu amo odiar
I fantasize your demise
Eu fantasio a sua morte
I should look away because I know you're never gonna change
Eu deveria desviar o olhar porque sei que você nunca vai mudar

I keep thinking
Eu continuo pensando que
This time, the end will be different
Dessa vez, o final vai ser diferente
But it isn't
Mas não é
I keep thinking (keep thinking)
Eu continuo pensando que (continuo pensando)
The end is gonna be different
O final vai ser diferente
But you keep on winning
Mas você continua ganhando


Ali, ela deixou transparecer um pouquinho mais de raiva e rancor. Ela não gostava nada daquilo.  Não gostava de pensar que o karma não estava correndo atrás de todos eles, nem de saber exatamente quem eram os piores. Odiava ter certeza de que, independente de quanto karma fosse uma vadia, ela não pegaria Hunson primeiro.

Mas, quando seu olhar caiu sobre Bonnibel, afastada do centro da festa e cantando aquela letra a plenos pulmões, praticamente pode ouvir a voz de Andrea em seus ouvidos, o conselho que ela havia cansado de dar.

Esqueça seu pai, querida. É um caso perdido. Olhe pra frente. Tem coisas muito melhores com as quais você pode gastar sua energia. E uma delas está piscando na sua frente em rosa neon, então não se faça de cega!

Marceline abriu um sorriso para a dancinha quase constrangedora de Bonnie. Como sempre, Andrea tinha razão.


Big man, ooh, little dignity
Grande homem, uh, pouca dignidade
Big man, ooh, little dignity
Grande homem, uh, pouca dignidade
No offense, but you
Sem querer ofender, mas você
You got no integrity
Você não tem integridade
Big man, ooh, l-l-l-little dignity
Grande homem, uh, p-p-p-pouca dignidade


A música foi se desfazendo em seus sua guitarra, seguida da suavidade de uma flauta, quase perdida na leva de aplausos.

Marceline conseguiu se deleitar da sensação de dar o dedo do meio para ele uma última vez antes que ele cochichasse algo para os homens a sua volta e se retirasse, constrangido. Se ela tivesse sorte, pela última vez definitivamente.

- Agora eu quero muito ver eles tocando essa ao vivo - disse Bonnibel, com um sorriso, quando Marceline se aproximou.

- E desde quando o Paramore sabe montar setlist? Se contente com The Only Exception, Still Into You e Decode pela milésima vez.

Os outros compartilharam uma risada e ela pegou seu celular para checar as horas. Já passava das duas da manhã.

Como o esperado.

•~•~♪~•~•

O lançamento do álbum seria exatamente a meia-noite e um minuto do dia 25. Haveria um evento de lançamento e o lançamento oficial de um single que Marceline apresentaria ao vivo naquele horário. Estava chegando a hora.

No dia 24, Bonnibel acordou cedo. Seu sono havia se tornado uma bagunça graças aos seis meses de horários malucos, mas naquele dia seus olhos se abriam as sete e meia e se recusaram a fechar outra vez.

Ela levantou e procurou se distrair como podia: começou a limpar a casa, colocou a roupa para lavar, regou e cuidou de suas muitas plantas, decidiu cozinhar algo para almoço ao invés de pedir algo. Pouco depois da uma da tarde, estava colocando as poucas coisas na lava louças, quando ouviu a campainha.

Abriu a porta sem saber quem poderia ser, dando de cara com Ash, segurando uma grande caixa cor-de-rosa.

- Entrega para Bonnibel Andrews!

- Oi! - disse ela, surpresa, pegando com cuidado o pacote que lhe era entregue. - O que diabos é isso?

- O pior é que eu também não faço ideia - disse ele, encolhendo os ombros. - Marcy só disse que eu precisava te entregar isso, porque ela não pode te ver antes do lançamento.

- Tem alguma superstição sobre ver a pessoa pra quem você escreveu as músicas antes? Tipo não poder ver a noiva no vestido antes do casamento?

- Na cabeça dela, deve ter. Ela inventa os próprios rituais - respondeu ele, e os dois riram. - A única coisa que ela quis deixar claro é que você precisa abrir sozinha. Ninguém pode saber o que tem aí além de você, não antes da meia-noite.

Bonnibel olhou para a caixa, analisando seu tamanho, e sentiu o coração sair do controle no peito.

Sabia exatamente o que tinha ali dentro.

- Obrigada, Ash.

- Não foi nada. Vejo você hoje a noite!

Ela ficou parada por um momento, vendo Ash se afastar, antes de voltar para dentro de casa. Foi para a sala e colocou a caixa sobre a mesa de centro, com as mãos trêmulas.

Desfez o laço delicado devagar e com cuidado e levantou a tampa da caixa com certo receio. O primeiro conteúdo por baixo de todo o papel de presente era uma carta, em um envelope preto. Mas ela teria que esperar um momento, pois as mãos de Bonnibel tiraram da caixa o olhar enigmático de Marceline em sua coroa de flores.

Gravado em disco de vinil, o Black & Pink Midnights aguardava por ela.

•~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•

Hayley Williams pronunciando 'litiou dignití' ao invés de 'lirou digniri' é a minha nova religião.

E eu achando que não ia sentir tão cedo aquela dorzinha no cu que eu senti quando Agridoce tava acabando. Ai.

Bem, não se esqueçam de comentar, e deixar um voto se tiverem gostado!

(Aliás, caso alguém aq não tenha visto, Tudo Permanece Agridoce já está com dois capítulos, corre lá!)

Vejo vocês em breve, 

- Tersy 🥀

ps: como eu não posso deixar de puxar um jabá pro Paramore, aqui vai:

A música que elas cantam no carro:

A música que a Marcy canta pro pai:

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