Depois da Meia-Noite (Bubblin...

By TersyGabrielle

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Marceline e Bonnibel foram um casal durante o ensino médio. E como todo casal adolescente, estavam certas de... More

Prólogo
Capítulo 1 - Tudo ou Nada
Capítulo 2 - O Baixo e o Sangue
Capítulo 3 - Os Motivos Pelos Quais Eu Deveria Odiar Você
Capítulo 4 - O Céu Nos Olhos Dela
Capítulo 5 - Canela
Capítulo 6 - Espaços Vazios
Capítulo 7 - Deixe Para Lá
Capítulo 8 - Quando Agosto Acabar
Capítulo 9 - Bonnibel, A Sensível
Capítulo 10 - Uma Garota Não Tão Boa
Capítulo 11 - Andrea
Capítulo 12 - O Começo do Fim
Capítulo 13 - O Lugar Que Você Deixou Vazio
Capítulo 14 - Depois Dela, É Minha Vez
Capítulo 15 - O Horizonte Tenta, Mas Não Se Compara
Capítulo 16 - Rosas Pretas e Cor-de-rosa
Capítulo 17 - Um Vislumbre de Nós
Capítulo 18 - Sangue & Lágrimas Azuis
Capítulo 19 - Cartão Postal
Capítulo 21 - Papai, Cadê Sua Dignidade?
Capítulo 22 - Chuva a Meia-Noite
Epílogo
Notas Finais e Agradecimentos.

Capítulo 20 - Um Passo Atrás

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By TersyGabrielle

Olá, meus chuchus! Como estão?

Espero que dispostos a chorar um pouquinho :)

Aliás, capítulo dedicado a @autoradoidae <3 essa coisinha mais linda que me pediu a música desse capítulo.

(Logo, todo e qualquer dano psicológico causado pela escolha da trilha sonora deve ser cobrado dela. Eu ia pegar mais leve kkkkkk)

Vamos para o capítulo.

Boa leitura!

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Restart is not exactly what I planned out
But I guess is my best, last bet
So what if we pink promise to swallow our pride
And just for this time, we walk one step back?

- Faixa 10: One Step Back
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No aeroporto, Bonnibel permaneceu em seu costumeiro silêncio absorto. E assim permaneceu até que um funcionário trouxesse um dos carros de Marceline e elas estivessem em seu interior.

Assim que ela fechou a porta do carro e tirou o bloqueador de ruídos, ela colocou seus olhos nos grandes prédios nova-iorquinos e um sorriso se abriu em seu rosto.

- Tem tanto tempo que não volto aqui - disse ela, se mexendo no banco, animada.

- Sabe, eu venho muito aqui, por conta do trabalho. Mas acho que nunca consegui aproveitar a cidade direito.

- Você nunca vem pra cá só curtir um tempo, umas mini férias? Tem tanta coisa pra fazer em Nova York!

Marceline cobriu a boca com uma mão, tentando disfarçar um sorriso. Olhou de canto para Bonnibel e então voltou a encarar a rua, torcendo para que a outra mulher percebesse sozinha.

Bonnibel ficou a encarando com uma expressão confusa por alguns momentos. Então, lentamente, suas sobrancelhas se moveram de uma confusão franzida para o arquear da compreensão.

- Ah. É, você deve odiar essa cidade.

- Nah, não a cidade inteira. Só a New York University.

Pelo menos, Bonnibel ainda ria do seu senso de humor um pouco mórbido.

- Eu não teria escrito sua biografia se não tivesse feito faculdade, sabia? Seu gerente de marketing é um boçal, ele não me contrataria se eu não tivesse um currículo todo perfeitinho.

- Hm - Marceline ficou em silêncio por um momento, e então deu de ombros. - É, eu não iria querer isso escrito por outra pessoa, e você tem um bom ponto.

- Eu sempre tenho - retrucou ela, com um sorriso vitorioso.

Marceline revirou os olhos, para em seguida apertar os lábios um contra o outro, suprimindo um sorriso.

Em alguns minutos, as duas chegaram ao hotel reservado por Marceline. Suas malas foram levadas, elas fizeram o check-in e subiram em direção ao quarto. Uma vez dentro do cômodo, Bonnibel abriu as grandes cortinas, sorrindo para a vista privilegiada da suíte localizada quase no último andar do hotel.

Marceline parou um pouco atrás dela, também observando a cidade. Ela disse aquilo para Bonnibel em um tom de piada, mas havia um pontinho de verdade: ela não gostava muito de Nova York. A vista da cidade sempre vinha com o abraço do luto mal resolvido que Marceline vivia pelas coisas que não tinha vivido com Bonnibel.

Mas, agora, se via observando a movimentação incessante da cidade, toda aquela promessa de coisas diferentes, oportunidades, sempre algo novo para se fazer.

Um bom lugar para recomeços.

- Bonnie?

- Oi.

- Você já pensou em voltar a morar aqui? - ela perguntou, se apoiando ao lado da janela, sem tirar os olhos da vista urbana abaixo delas.

- Na verdade, já. Apesar de todas as dificuldades - quer dizer, a cidade nunca dorme e eu sou autista, não é bem uma mistura homogênea - eu consegui construir uma rotina até sólida aqui. Eu tinha os meus lugares de conforto, meu apartamento era aconchegante, a faculdade era desafiadora na medida certa... Mas, sei lá. Eu conheci a Phoebe, ela gostou do meu livro e ela trabalha na sede de LA da nossa editora. Fez sentido mudar para lá. E agora tem o Jake, o Finn, a Íris e... então não sei se faria sentido voltar.

- Você comeu uma parte dessa última frase - disse Marceline, com uma sobrancelha arqueada.

Bonnibel sentiu as bochechas ficando quentes, então ela se virou totalmente em direção à janela.

- Tem você, também - murmurou ela, ainda sem encarar a outra mulher.

Um silêncio caiu sobre elas, fazendo com que Bonnibel se virasse um pouco para encarar Marceline, dando de cara com ela olhando para a vista com o lábio inferior preso entre os dentes.

- No que você está pensando? - perguntou, baixinho.

- Nada - Marceline sussurrou de volta.

- Nada, é? - Bonnibel retrucou, com uma sobrancelha arqueada.

Marceline soltou uma risada suave, se abraçando, com a cabeça baixa. Depois, levantou a cabeça, apenas o suficiente para olhar para Bonnibel.

- Só estou sonhando acordada, Bonnibel.

Ela se afastou, indo em direção às malas deixadas no sofá que ficava alguns metros a frente da cama.

Bonnibel permaneceu onde estava, apenas movendo o corpo para poder acompanhar a outra mulher com o olhar. Ficou observando enquanto Marceline tirava peças de dentro de sua mala, até que ela se incomodasse com seu olhar incessante e a encarasse de volta.

- Você pode deixar de só sonhar acordada quando decidir tomar uma atitude, Marceline.

- Sei disso. Mas... eu gosto de jogar no difícil. E, no modo difícil, eu não faço nada até fevereiro.

Bonnibel bufou, mas soltou uma risada em seguida. Depois, caminhou lentamente até Marceline, parando bem de frente à ela.

- Se todo esse suspense for pra me dar o fora no final, eu vou acabar com a sua raça antes de sumir, Abadeer. Eu juro que vou arrancar sangue de você.

- Não sei se era pra ser uma ameaça, mas me pareceu um convite - Marceline retrucou, inutilmente tentando suprimir um sorriso.

Bonnibel estreitou os olhos para ela.

- Chuveiro, Marceline. Cinco minutos.

Sem discutir, Marceline deu meia volta e foi diretamente para o banho.

Voltou dentro do tempo estipulado, ainda com a toalha enrolada no corpo. Sem trocar palavra, Bonnibel entrou no banheiro da suíte, trancando a porta atrás de si.

Marceline secou o cabelo da melhor forma que pode com a toalha e se direcionou à cama, sentando-se sobre as pernas e aguardando, tomando o cuidado de permanecer de cabeça baixa.

Resistiu à tentação de levantar o olhar quando ouviu a porta do banheiro se destrancar e os passos suaves de Bonnibel se aproximando da cama. Permaneceu de cabeça baixa até que Bonnibel levantasse seu queixo com o dedo indicador.

Bonnibel tinha os cabelos um pouco úmidos, ondulando até perto da cintura. Marceline tentava, desde que haviam ido para Ohio, não pensar demais no fato de que ela o havia pintado totalmente de rosa outra vez, da forma que o usava antes, desde que Andrea a havia convencido a pintar.

Deixou seus olhos escorregarem pelo corpo nu dela, cada curva sinuosa, cada lugar de volume que lhe enchiam os olhos, até sentir os dedos de Bonnibel passarem lentamente de seu queixo para sua bochecha e se lembrar de que não devia olhar sem permissão.

Fechou os olhos e aguardou o castigo e o sermão que merecia.

Mas não recebeu nenhum deles.

Abriu os olhos devagar quando sentiu a mão de Bonnibel simplesmente afastar uma mexa de cabelo para trás de sua orelha, dando de cara com uma expressão complacente e suave no rosto dela.

Nem um único indício de irritação. Não estava contrariada, irada, incomoda. Simplesmente ia ajeitando o cabelo de Marceline, mecha a mecha, com o olhar de quem cuida de algo importante.

Depois, Bonnibel se apoiou com as duas mãos no colchão, abaixando o tronco até estar com o olhar na altura do de Marceline. A mulher lhe encarava com um olhar um tanto perdido, como se não conseguisse muito bem acompanhar onde Bonnibel estava indo com suas atitudes e - ora, que irônico - isso a assustasse um pouco.

Então, contra todas as expectativas, Bonnibel sorriu e bateu de levinho no nariz dela com a ponta do indicador direito.

- Perfeita.

Uma única palavra. Quase banal. Batida, até. Um vocabulário descomplicado que poderia ser usado em qualquer lugar, qualquer contexto, por qualquer um.

E, ainda assim, Marceline estremeceu inteira, um suspiro saiu de seus lábios e ela se contorceu bem de leve, os olhos ainda presos nos de Bonnie.

A dor era um caminho muito mais que conhecido para ela. Um que ela não tinha a menor vergonha de tomar, e com gosto. Qualquer que fossem as razões por trás daquela preferência, a única coisa que importava é que ela a tinha, e não tinha medo de usar.

Mas o reconhecimento a afetava mais. O afeto repentino tinha um efeito muito maior.

Maldito praise kink.

Daddy issues dos infernos.

Bonnibel deu a volta na cama, se sentando atrás dela. Afastou seus cabelos para o lado e deixou um beijo leve no ombro dela.

- As vezes queria que você pudesse se olhar do meu ponto de vista - disse Bonnibel, baixinho, entre um e outro beijo que ia deixando sobre o ombro dela, até a dobra do pescoço. - Talvez, assim, você se desse mais crédito por todas as coisas incríveis que você é e que você faz.

- Tipo? - Marceline respondeu, sem conseguir resistir a tentação de ouvir algo positivo sobre si mesma, para variar.

Bonnibel deu uma risada baixa, e começou a citar, entre os beijos molhados que iam ficando sobre o pescoço, a nuca, o maxilar da outra mulher.

- As suas tiradas rápidas que sempre me fazem rir. O jeito que você decora todas as minhas manias estranhas e se adapta a elas sem esforço nenhum. A forma como você aposta tudo no que acredita, mesmo que nem todo mundo tenha a mesma fé. - Ela puxou a pele de seu pescoço com os lábios, fazendo Marceline arfar e jogar a cabeça para o lado, abrindo caminho. Deslizou a língua até o lóbulo da orelha, circulou-a ali e o prendeu entre os dentes, fazendo a outra mulher gemer baixinho. - Você pode ter se convencido que não, Marcy, mas você é uma boa pessoa. Só tem medo de ser, e como eu sei que tem um tantinho de culpa minha nisso, eu acho que preciso fazer você se lembrar.

Ela colocou a mão na cintura dela, a fazendo se virar de costas para o colchão e se deitar. Trilhou todo o caminho de seu maxilar, entre beijos, lambidas e mordidas, sentindo Marceline se contorcer de leve.

Deixou a mão correr da bochecha dela para o pescoço, onde resistiu a vontade de apertar, apenas deixando seus dedos correrem por ele. Deixou a mão passear por seus seios, brincando com os mamilos enquanto voltava a mordiscar o lóbulo de sua orelha esquerda, sorrindo a cada gemido manhoso que escapava dela.

Passou os dedos muito levemente na cintura dela, se deleitando do arrepio que fez um tremor se espalhar por todo o corpo dela, continuou com movimentos lentos, quase torturantes, até ter dois dedos pressionando o clitóris dela, fazendo Marceline arfar.

- Eu sou uma pessoa literal, Marceline. Você sabe disso, não sabe?

- S-sei - sussurrou ela, com as unhas cravadas nas costas de Bonnibel, a cabeça levemente jogada para trás, os lábios semi abertos.

Bonnibel sorriu e mordeu o lábio inferior. Então, encostou a boca na orelha dela antes de completar.

- Eu falo sério quando digo que você é uma boa garota.

O aperto forte de Marceline contra suas costas e o arfar misturado com o gemido era toda a resposta que ela precisava.

Ela cessou os movimentos por um momento breve para afastar mais as pernas de Marceline, para em seguida deslizar o dedo médio pela entrada dela, subindo e descendo pelo lugar extremamente úmido.

- Bonnie...

- Fala, minha princesa.

- Mete.

Bonnibel riu, mas atendeu ao pedido dela, deixando o dedo entrar e começando um movimento firme, mas lento, de vai e vem.

- Eu poderia corrigir você por ser tão boca dura, mas quer saber? Eu gosto de você assim, do jeitinho que é. Desbocada e sem firulas.

Marceline respondeu apenas com um revirar de olhos quando os movimentos dela aceleraram um pouco.

Bonnibel se ajeitou melhor, se colocando melhor sobre ela, de forma que pudesse dar um beijo quente nela, de boca aberta, sem interromper o que estava fazendo.

Marceline deixou suas mãos se misturarem ao cabelo dela, a trazendo para perto, tirando tudo o que podia daquele beijo, até que precisasse puxar o ar em meio aos gemidos que começavam a subir de tom.

- Ai Bonnie, isso... isso!

- O que você quer, meu amor?

- Mais... Eu quero mais um.

Bonnibel deixou outro dedo escorregar para dentro dela, aumentando a constância dos movimentos.

Marceline agarrou o lençol entre os dedos, jogando a cabeça para trás enquanto os palavrões lhe escapavam pelos lábios.

- Ah, porra, assim... Cacete, isso!

Bonnibel abriu um sorriso torto enquanto via Marceline assim, se derretendo aos poucos sob ela. Abaixou a cabeça e capturou um de seus mamilos com a boca, primeiro passando a língua em movimentos circulares e sem seguida puxando com os dentes.

Deixou seus lábios se arrastarem de modo lento pela barriga dela, deslizando a língua em cada ponto que a fazia arrepiar, descendo, descendo, descendo...

Até que, por fim, puxou Marceline para mais perto, empurrou suas pernas pelas coxas, até que seus joelhos estivessem o mais próximo possível da altura de seu rosto, e deslizou a língua da entrada da boceta até o clitóris, o sugando sem muita cerimônia.

A mão de Marceline foi direto para os seus cabelos, e ela não fez qualquer movimento para impedir. Deixou que ela os puxasse, controlasse a velocidade e a pressão, jogando o quadril contra seus lábios e gemendo cada vez mais alto.

- Porra, Bonnibel...

Ela apenas levantou o olhar na direção dela, sem ousar parar o que estava fazendo.

Marceline sustentou o olhar dela, o peito subindo e descendo descompassado. Quando Bonnibel fez um movimento de sucção mais forte sobre seu ponto mais sensível, deixou a cabeça cair para trás em um gemido arrastado.

- Eu... eu vou gozar... Uh, BONNIE!

Marceline cerrou os olhos, a mão que ainda estava nos cabelos de Bonnibel se fechando com força. Sentiu a onda de espasmos se espalhando pelo corpo, o instinto de fechar as pernas sendo impedido por Bonnie, que empurrava suas coxas de volta.

E mesmo quando tudo nela já havia colapsado, Bonnibel não fez menção de parar.

Marceline sentiu um tremor forte pelo corpo, cada músculo parecia tensionado, cada terminação nervosa no limite da sensibilidade, os gemidos que lhe escapavam dos lábios beirando os gritos.

E Bonnibel continuou até ouvir seu nome sair de forma gutural dos lábios dela e sentir sua mão soltar seu cabelo, caindo fraca sobre a cama.

Sentou-se sobre os joelhos e se permitiu observar enquanto o corpo de Marceline permanecia tendo pequenos espasmos e ela ia lentamente se encolhendo na cama.

- Tudo bem, minha linda?

Marceline mal teve forças para acenar que sim com a cabeça.

Bonnibel sorriu e afastou os cabelos dela do rosto, mordendo o lábio quando ela estremeceu de leve outra vez, em meio a um suspiro.

- Vou passar a virada com cólica por sua causa - murmurou ela, manhosa, com nada mais que um fio de voz. Um sorrisinho se abrindo no canto da boca.

Bonnibel soltou uma risada e deixou um beijo lento na testa dela.

- Linda.

- Hm.

- Minha linda.

- Melhorou.

Bonnibel deixou outra risadinha deixar seus lábios, antes de se sentar outra vez.

- Não dorme sem ir no banheiro primeiro. Eu não vou te levar pro hospital pra cuidar de uma infecção urinária.

- Cuidados médicos de emergência não são meio que parte da sua obrigação no meu after care?

- Banheiro, Marceline.

- Como se eu conseguisse levantar.

Marceline fechou os olhos, apenas na intenção de descansa-los. Quando Bonnibel notou sua respiração desacelerando, não viu outra opção que não carrega-la para o banheiro.

(...)

Marceline acordou horas depois, confusa com a iluminação fraca do quarto e sem saber que horas eram.

Se soltou lentamente dos braços de Bonnibel, vestindo um robe caminhando para o banco em frente a grande janela no quarto. O brilho alaranjado no horizonte indicando que o sol nasceria a qualquer momento.

Sentou sobre o banco e encostou a cabeça na janela, observando a rua que, mesmo na transição entre madrugada e manhã, se encontrava cheia, as milhões de histórias que aconteciam em Nova York formigando pelas ruas.

Soltou um longo suspiro, levantando o olhar para cama. Bonnibel tinha sua expressão suavizada pelo sono, o peito se movendo devagar pela respiração leve. Sabia que, a qualquer momento, daria pela falta dela na cama e acordaria.

Mas ela ainda podia admirar um pouco antes disso acontecer.

Deixou os olhos correrem por ela, sentindo o peito apertar um pouquinho mais a cada instante. Tinha um anseio tão grande, e um nervosismo tão maior.

Tanta coisa que ela queria e não sabia se ainda tinha o direito de querer. Se ainda havia tempo de querer.

Sentia falta do começo, sentia falta da Marceline que havia ido tirar satisfação com Bonnibel naquela biblioteca e que tão rapidamente a havia adotado como sua protegida. Sentia falta de rir dos olhares confusos nos corredores da escola, que não entendiam onde poderia existir liga entre duas garotas tão diferentes. Sentia falta daquele frio na barriga e da descoberta de que Bonnibel significava para ela muito mais do que apenas sua introvertida de estimação. Sentia falta de aprender a lidar com todas as pequenas questões que Bonnibel tinha, de se forçar a ser um pouco menos impulso e respeitar a necessidade de rotina dela.

Deus, como sentia falta de como sua maior preocupação era uma garota gótica de cabelo verde beijando a garota que ela não havia aceitado, ainda, que amava. Escolher o colar perfeito e o buquê com as rosas mais bonitas. Não deixar transparecer o quanto havia amado suas cuidadas rosas negras.

Sentia falta dos passeios de carro na Arabella, de ouvir o AM sem sentir vontade de chorar, de ficar dois dias inteiros com os dedos sujos de pigmento rosa por ajudar a pintar o cabelo dela.

Sentia falta daquele último mês de agosto. Sentia falta da sensação de que ser feliz era só a normalidade e que não tinha jeito daquilo acabar.

Sentia falta de Andrea e da proteção dela, da benção que ela dava às duas e as vezes parecia ter sido enterrada com ela.

Sentia falta de quem ela mesma era antes.

Levou a mão ao pescoço e tocou o pingente de morcego. Ficou brincando com ele entre os dedos, observando a cidade abaixo, um suspiro pesado se deixando levar pelo ar.

Acima de tudo aquilo, sentia o peso da verdade incontestável: Bonnibel era, em geral, ainda a mesma garota da última vez em que se viram. Talvez mais madura e um pouco mais calejada, mas nada que a adaptação da vida adulta não exigisse de todos.

Marceline sentia que ela mesma já não tinha quase nada daquela garota, mesmo querendo tanto ter. Não era mais desbocada. Não era mais audaciosa. Não tinha mais aqueles ataques de coragem.

Como o céu da madrugada se transforma em outro ser pela manhã, ela havia se tornado uma bela de uma covarde.

- Marcy?

Bonnibel coçava os olhos, devagar, sentada na cama. O cabelo um tanto amassado. Olhou para Marceline com os olhos ainda meio apertados de sono.

- Vem pra cama.

- Vai dormir, princesa. Perdi o sono.

- Você tá chorando!?

Só então Marceline sentiu a temperatura das lágrimas quentes que haviam escorrido sem qualquer autorização. Passou a mão pelo rosto, constrangida.

- Não é nada.

- Marcy... Sabe que eu odeio quando não fala comigo, não se comunica. Odeio quando tenta guardar tudo pra você.

- É sério. Não é nada. Eu já vou deitar com você, ok? Volta a dormir.

Bonnibel manteve os olhos nela, o brilho preocupado deles deixando Marceline um tantinho mais triste.

- Não mente pra mim.

- Bonnie...

- Marcy, por favor. Não vou deixar você ficar se torturando com o que quer que esteja pensando até fevereiro. Você vai me dizer agora mesmo o que é que está passando nessa sua cabecinha de vento.

Um riso um pouco sofrido deixou os lábios dela, a obrigando a secar mais umas lágrimas rebeldes.

- Eu... não sei nem onde começar. Você é a que fala bonito, Andrews. Eu, no máximo, sei escolher a música certa.

- Então, escolhe. Não sei como, mas você vai botar essa merda pra fora. Agora.

Marceline quis discutir, mas então ouviu a música ideal tocando no fundo da própria mente. Desviou o olhar para a janela e deixou um suspiro trêmulo sair, soltando os ombros em desistência.

- Ok. Mas que fique claro que foi você quem pediu.

Ela fez sinal para que Bonnibel pegasse o celular dela, esquecido na mesa de cabeceira. Bonnibel o levou até ela e se jogou no sofá, de repente parecendo um pouco nervosa.

Marceline ficou um momento encarando o celular, se dando conta de que o que estava prestes a fazer talvez causasse uma onda de reclamações nos quartos vizinhos. Ainda não eram seis horas da manhã.

Mas ela não ligava tanto assim.

Ela tinha o áudio daquele instrumental salvo desde a primeira vez que havia testado se tinha alcance vocal o bastante para aquela música. Bem, ainda bem que tinha.

Ela deu play e jogou o celular a sua frente, voltando a olhar pela janela.

Bonnibel reconheceu os acordes de guitarra imediatamente e sentiu o coração começar a espancar a caixa torácica. Deixou um suspiro trêmulo escapar quando ouviu a voz suave de Marceline soa pelo quarto.

Think of me when you're out, when you're out there
Pense em mim quando você estiver fora, quando você estiver lá fora
I'll beg you nice from my knees
Implorarei de joelhos, gentilmente
And when the world treats you way too fairly
E quando o mundo te tratar de maneira muito justa
Well, it's a shame I'm a dream
Bem, é uma pena que sou um sonho

All I wanted was you
Tudo que eu queria era você
All I wanted was you
Tudo que eu queria era você



As guitarras ao mesmo tempo barulhentas e melódicas de All I Wanted, do Paramore, estouraram quarto adentro, fazendo um arrepio se espalhar pelo corpo de Bonnibel, fazendo com que ela abraçasse as próprias pernas, quase procurando um lugar para ancorar.

A voz de Marceline voltou a soar e ela tentou de alguma forma não deixar que suas lágrimas intrusas tomassem seu rosto.


I think I'll pace my apartment a few times
Acho que vou andar pelo meu apartamento algumas vezes
And fall asleep on the couch
E adormecer no sofá
And wake up early to black and white reruns
E acordar cedo para reprises em preto e branco
That escaped from my mouth
Que escaparam da minha boca

Oh, oh



Bonnie fechou os olhos e respirou fundo. Sabia que ia doer quando viesse.

E quando a voz de Marceline rasgou o silêncio sagrado do começo da manhã naquela nota alta, alguma coisa dentro dela apenas caiu, fazendo com que seu corpo pendesse um pouco para frente, um soluço nada bem vindo para acompanhar.



All I wanted was you
Tudo que eu queria era você
All I wanted was you
Tudo que eu queria era você
All I wanted was you
Tudo que eu queria era você
All I wanted was you
Tudo que eu queria era você



Marceline mantinha os olhos fechados o tempo todo, a cabeça jogada contra a janela, projetando a voz o máximo que podia.

Mas, naquela ponte, em meio as lágrimas tão expostas e o olhar tão abertamente ferido, ela se permitiu encontrar outra vez o céu escondido nos olhos de Bonnibel.

E, dessa vez, mesmo em meio a tristeza úmida e vulnerável deles, ela conseguiu ver.

Todo o cuidado e a preocupação, o carinho nada disfarçado, a quase devoção de uma mulher que sabe que está olhando para aquela coisa que importa mais que todas as outras.

E, talvez, se não fosse só uma esperança infantil, todo o amor que Bonnibel sempre deixou tão exposto, tão literal e sem rodeios.

Marceline não tirou os olhos dos dela naquele trecho inteiro. E, dessa vez, Bonnibel mal sentiu o anseio de desviar o olhar.



I could follow you to the beginning
Eu poderia seguir você até o início
Just to relive the start
Só para reviver o começo
Maybe then we'll remember to slow down
Talvez assim nós lembraríamos de ir mais devagar
At all of our favorite parts
Em todas as nossas partes favoritas



Quando os olhos de Marceline voltaram a se fechar, Bonnibel sentiu um instinto primitivo de desviar o olhar. Sabia que aquilo seria tão, tão doloroso de olhar.

Mas não conseguiu.



All I wanted was you
Tudo que eu queria era você



A voz de Marceline rasgou o ar, entrando por seus ouvidos, vibrando em cada terminação nervosa, atormentando o ar em volta delas até que não houvesse nada além daquele lamento desesperado.

Marceline se curvou sobre si mesma, abraçada ao próprio tronco, quase caindo pelo o próprio peso. Então, jogou o corpo de volta para trás, o recostando na parede, deixando a voz rasgar a garganta, pois não havia espaço para lembrar de técnica.

Deixou machucar porque aquilo doía, precisava doer.



All I wanted was you
Tudo que eu queria era você
All I wanted was you
Tudo que eu queria era você
All I wanted was you
Tudo que eu queria era você
All I wanted was you
Tudo que eu queria era você



Quando acabou, aquele acorde esquecido de guitarra morrendo lentamente, Marceline estava exausta.

Mas leve.

Bonnibel ficou em silêncio por alguns longos momentos, deixando Marceline recobrar o senso de respiração. Depois, caminhou para o banco onde ela estava, sentou-se ao lado dela e a puxou até que estivesse com a cabeça deitada em seu ombro.

Marceline ajeitou a cabeça, respirando fundo o cheiro da pele do pescoço dela, deixando que ele invadisse seus pulmões e a acalmassem, sem tempo de ter vergonha disso.

- Eu ainda quero você, Bonnibel Andrews.

- Que grande coincidência.

Marceline sorriu contra o pescoço dela, se aproximando mais, tentando absorver o que podia dela.

- Bonnie?

- Oi, linda.

- E se... e se a garota que você quer for ela, e não eu?

Normalmente, Bonnibel se irritava com as frases indiretas de Marceline. Se confundia com suas metáforas, hipérboles e comparações. Mas, dessa vez, sabia exatamente o que ela queria dizer.

- Eu passei oito anos da minha vida tentando não morrer de saudades daquela garota. Eu amei enlouquecidamente aquela garota. E a primeira coisa que eu percebi no minuto que coloquei os olhos em você naquela sala de reuniões é que já não tinha muito dela em você. - Bonnibel engoliu em seco, sentindo a voz embargando. Se forçou a continuar. - Mas quer saber a verdade, Marceline? Eu não precisei sequer dos seis meses completos pra reaprender a amar você. Acho que amo mais. E, por mais que uma parte de mim ainda queria correr de volta pro começo, tem essa outra parte muito maior que quer começar aqui. Com essa Marceline que entende a perda e o luto, que não quer só a glória e o dinheiro do que ela faz, mas que quer sentir alguma coisa. E eu quero que seja por mim. Que sinta essa alguma coisa... por mim.

- A porra do álbum é literalmente pra você, Bonnibel. Acho que não precisa se preocupar com essa parte.

Ela riu, aquela risada fina e adorável. Puxou Marceline um pouquinho mais pra perto.

- Me conta o nome dele.

- Black & Pink Midnights.

Bonnibel a afastou um pouco para poder a olhar nos olhos. Não esperava que ela fosse contar.

Marceline sustentou o olhar dela até que Bonnibel se visse obrigada a desviar.

- Combina com o "Depois da Meia-Noite". Gosto de como se encaixa com o livro - Bonnibel sussurrou, ajeitando o cabelo dela.

- Como eu e você.

Bonnibel sorriu, olhando para a janela.

- Ok, eu vou arriscar um palpite: tem uma música em específico que é a que você realmente quer que eu escute antes que a gente dê o próximo passo.

- Tem.

- Me dá um spoiler.

- Tem uma breve citação sobre aquele cartão postal.

Bonnibel engoliu em seco e mordeu o lábio.

- Você guardou aquilo, não é?

- Você sabe que sim.

- Queria você naquela foto. Naquele Natal.

- Eu queria estar lá.

Bonnibel suspirou e a puxou para perto do peito outra vez.

- É bom que 2023 seja melhor do que a bagunça dos últimos oito anos.

- É bom, mesmo, Bonnibel.

•~•~♪~•~•

Marceline segurou firmemente a mão dela, decidida a não soltar por nada. Ainda resmungava alguma coisa sobre Bonnibel ser incapaz de respeitar os próprios limites, de só se arrepender quando já tinha acontecido o que ela disse que iria acontecer.

Não é como se Marceline já não tivesse reservado o aluguel da vista mais privilegiada da Time Square, onde elas poderiam assistir a contagem regressiva de uma proximidade aceitável, no conforto de uma sacada. Mas, não... Bonnibel queria assistir a queda da bola lá embaixo, na avenida. No meio da multidão.

Elas podiam dar um jeito na sensibilidade auditiva dela lá em cima. Sempre havia o risco da crise - aliás, por que diabos ela havia proposto um encontro na merda do evento mais barulhento do ano!? - mas, ali, seria mais controlável.

Agora, o que diabos é que Bonnibel planejava fazer com sua sensibilidade tátil no meio das centenas de milhares de pessoas que tomavam a avenida naquela noite, era um mistério.

- Você é impossível, Andrews.

- Nesse meio tempo, eu já fui em dois shows seus. Por que isso seria um problema?

- No segundo, eu mesma tomei todas as precauções pra que você ficasse o mais confortável o possível o tempo todo. E, caso tenha esquecido, nós brigamos porque você insistiu em ir para a área da mídia, sendo que podia ter ficado na lateral do palco. Deus, você queria ir para a grade, Bonnibel! As vezes acho que acorda já caçando um motivo pra ter uma porra de uma crise sensorial.

- Mas eu não tive nenhuma crise, tive?

Marceline apenas olhou de canto para ela.

- Eu vou ficar bem, Abadeer.

- Não larga minha mão.

- Tá bom. 

- E a gente vai encontrar com meus seguranças lá na frente.

- Marceline!

- Pode descontar tua raiva depois, Andrews. Nesse momento, estou focada em não deixar nada estragar nossa virada de ano.

Bonnibel revirou os olhos, mas não discutiu mais.

Havia um paredão de pessoas entre elas e o local onde os seguranças de Marceline aguardavam, guardando um bom lugar privilegiado para elas. Marceline respirou fundo e se virou para Bonnibel, ajeitando bloqueadores de ouvido de encaixe nas orelhas dela, e depois incluindo mais um, em formato de fones, por cima.

- Sabe de uma coisa? Acho que você me bate com dó - disse Marceline, virada de costas para ela como se procurasse algo em meio as pessoas, de forma que Bonnibel não pudesse ler seus lábios. Bonnibel não a acertou em cheio na cara, ou sequer esboçou reação.

Ótimo, ruídos totalmente bloqueados.

Marceline fez um sinal de 'joinha' com a mão, as sobrancelhas arqueadas em ar de pergunta. Bonnibel fez que sim com a cabeça, animada.

- Eu me pergunto se tem alguma coisa que eu não faria pra agradar você. - Marceline murmurou.

- Posso ler seus lábios, Abadeer  - disse Bonnibel, com a voz um pouco alta.

- Eu sei - respondeu ela, sorrindo.

E então, sem aviso prévio, Marceline agachou em frente a Bonnibel, de costas para ela e pegando suas pernas, levantando em um único impulso, levando Bonnibel de cavalinho multidão adentro.

Marceline, sem muita ceromônia ou preocupação de que virasse matéria no dia seguinte por ter sido estúpida, saiu abrindo caminho avenida adentro, a cara o mais amarrada o possível, o que fazia com que as pessoas lhe abrissem passagem sem questionar muito.

As coisas que ela faria para que ninguém saísse esbarrando em Bonnibel e estragasse sua noite. Bem, não podia reclamar. Não quando tinha a mulher quase agarrada ao seu pescoço, rindo alto toda vez que ela segurava suas coxas com mais força e a impulsionava para cima, quando sentia que Bonnibel estava começando a escorregar.

Chegaram ao lugar onde Marceline queria, logo sendo cercadas por uma equipe de seguranças que mantinham os demais a uma distancia segura.

- Assim não tem graça! Eu já assisti a queda da bola aqui outras vezes, sabia? - disse Bonnibel, forçando uma cara emburrada.

- Ah, é? E quantas vezes isso deu merda?

A resposta dela veio em forma de bochechas vermelhas, evidenciando as suas poucas sardas do nariz.

- Foi o que eu pensei.

Bonnibel revirou os olhos, mas não conseguiu segurar o sorriso por muito tempo. Estava empolgada.

Ela olhava ao redor, o mar de rostos e corpos que tomavam toda a extensão da avenida, a multidão que virava quase um corpo por si só. Com vida própria, respirando.

Olhava com um quê de horror e um quê maior de plena admiração.

- Tem certeza de que isso é uma boa ideia? - perguntou Marceline, segurando o queixo dela com o indicador e o polegar, virando seu rosto para que pudesse ver o que Marceline estava dizendo.

- Absoluta.

- Na real, por que diabos a queda da bola? Por que aqui embaixo?

Bonnibel deu uma risada fraca, desviando o olhar por um momento. Tinha um sorriso brincando no canto do lábio quando respondeu:

- Porque aqui no meio eu posso lembrar que somos todos pequenos e insignificantes, umas formiguinhas com mania de grandeza que não percebem que são tão pequenas e repetidas quanto grãos de areia no deserto com relação ao universo inteiro. Só massa orgânica flutuando no espaço, numa rocha flutuante em meio as bilhões de rochas flutuantes que giram entorno das bilhões de estrelas que giram em torno de um buraco negro no centro de uma galáxia, enquanto bilhões de galáxias fazem sabe-se lá o quê num universo que não para de expandir sabe-se lá pra onde. 

Ela soltou tudo aquilo quase na mesma lufada de ar, acelerada como seus próprios pensamentos, tentando se manter lógica no momento que menos havia se sentido lógica em toda a sua vida.

- E, aí, quando der meia noite e eu beijar você por alguma superstição idiota de que isso vai trazer boa sorte, esperando que, talvez, a boa sorte faça com que nós duas sejamos de novo o que nunca devíamos ter deixado de ser, eu não vou me sentir boba e sentimental. Porque, afinal, independente de como o universo funcione, de todos os segredos lógicos e científicos que ele pode dar, e que eu posso descobrir; no final do dia continuamos sem saber o que caralhos estamos fazendo aqui, porque caímos nesse quase erro do universo que é a existência de vida orgânica, sem saber se existe algo maior por trás ou se é só a conjunção de todas as coincidências certas. A vida continua não tendo um sentido, Marceline, então eu posso fazer o que a humanidade continua fazendo por milênios: eu vou inventar um sentido para ela, e como eu continuo sendo insignificante pro universo independente se sou uma boba sonhadora ou alguém que enxerga as suas regras com seriedade, eu posso simplesmente... dar um passo atrás. Eu posso voltar atrás nas minhas convicções tão cheias de lógica, eu posso decidir que o único sentido é você.

Marceline apenas ficou olhando para ela, com a respiração alterada. Com aquela sensação de borboletas que há tanto tempo parecia morta dentro dela. O sorriso mais idiota do mundo se abrindo no rosto e, pela primeira vez em muito tempo, ela só se deixou levar pelo calor de ser vista. Finalmente, a garotinha animada que Marceline escondia atrás de sua máscara de mulher sem sentimentos se abriu para Bonnibel outra vez.

- Isso foi bem melhor que a minha cantada sobre Vênus. Droga.

Antes que Bonnibel pudesse responder, o coro de vozes se fez ouvir por Marceline:

- CINQUENTA E NOVE! CINQUENTA E OITO! CINQUENTA E SETE!

A bola havia iniciado sua descida de 43 metros. Bonnibel virou o rosto para cima, se deixando invadir pelo show de luzes que se abria a sua frente, protegida pelo silêncio e pelo calor de Marceline a abraçando por trás. 

Quando a descida de um minuto teve fim, Marceline se sentiu engolida pelos gritos de comemoração e a estourada alucinada de fogos acima delas. Viu os olhos de Bonnibel se arregalarem para as luzes, o sorriso alegre demais se espalhando pelo rosto inteiro.

Quando os olhos de Bonnibel caíram sobre os de Marceline, ela se sentiu especialmente feliz por não ouvir quase nada.

Ajudava na sensação inebriante de não havia mais ninguém no universo além delas.

Mas, se ela tivesse a condição de estar ali sem tanto aparato, talvez tivesse tido a mesma oportunidade que Marceline para perceber aquele pedacinho de magia.

Quando Bonnibel se levantou um tantinho na ponta dos pés e capturou a boca de Marceline na sua, pela primeira vez em oito anos sem qualquer toque de malícia ou segunda intenção, apenas o amor genuíno demais que escondiam; Marceline sentiu, antes de tudo, o choque.

Porque ela ainda sabia, de alguma forma, que estavam no meio da Times Square, em plena meia noite do dia primeiro de Janeiro.

Mas, ainda assim, tinha certeza absoluta de que não havia mais ninguém no universo inteiro.

~•~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•~

Usando ciência pra falar de amor porque nunca te ensinaram a lidar com seus sentimentos de cara, Bonnibel?

Quanta coincidência.

(Pqp Ju, eu já sofro ouvindo All I Wanted, agora vou sofrer mais, igual sofro ouvindo I Love You da Billie >:( )

Enfim, espero que tenham gostado! Se sim, não se esqueçam do voto, e de deixar um comentário!

Vejo vocês em breve (amanhã, na verdade. Mas não aqui hehe),

- Tersy 🥀

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