Até Que O Inverno Acabe

By BelaBlair

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E se sua paixão nos tempos de escola fosse capaz de dominar seus traumas? Até Que o Inverno Acabe, conta a hi... More

Informações
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Stefano: Um Amor Além da Máfia
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo Final

Capítulo 13

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By BelaBlair

Minha barriga roncou e olhei para meu celular vendo que já era meio-dia. Eu estava com fome, minha última refeição tinha sido o jantar de ontem à noite. Levantei-me, voltando para a cabana. Eu tinha que limpar os arranhões de minha mão, caso contrário poderia infeccionar. Ao chegar na porta, vi Dylan ajeitar o fogo da lareira. Senti o cheiro da sopa que fiz e constatei que ele havia esquentado novamente.

— Achei que tivesse ido embora. – O tom baixo e tímido de sua voz me tocou.

— Pra quem se diz preocupado, você nem sequer foi atrás de mim – retruquei magoada e suspirei. – Eu só preciso cuidar de minha mão antes de ir.

— O que aconteceu? – ele perguntou dando um passo em minha direção.

— Nada.

Abri algumas gavetas da estante na cozinha procurando pelo kit de primeiros socorros.

— Lisa, eu...

— Se vai brigar de novo...

— Não vou brigar. – Ele me interrompeu e me virei olhando-o. Ele parecia arrependido, mas eu não iria ceder tão fácil. – Você se feriu? – perguntou e olhei para minha mão vendo o sangue que já estava seco.

— Não foi nada.

— Me deixe ver – ele pediu se aproximando e me afastei.

— Eu também posso me cuidar sozinha – afirmei lembrando de suas palavras.

— Desculpa – ele pediu. Fitei seus olhos castanhos vendo sinceridade neles. – Eu sei que fui idiota e se não quiser me desculpar, eu vou entender, mas me deixe pelo menos cuidar da sua mão.

Senti meu coração amolecer. A mágoa ficando para trás diante do Dylan tímido, acanhado e cuidadoso, que estava à minha frente.

— Por favor – pediu e suspirei indo sentar-me no sofá.

Ele buscou uma bacia com água, o kit de primeiros socorros que estava no guarda-roupa e se ajoelhou à minha frente. Dylan colocou minha mão na água morna e suavemente passou seus dedos nos pequenos arranhões da minha mão. Meu coração acelerou instantaneamente, assim como minha respiração.

Eu não conseguia ficar com raiva dele. Não depois de vê-lo na situação que estava ontem. Tão perdido... Tão sozinho. Ele levantou o rosto para me olhar e desviei meus olhos, olhando para a janela.

— Vou passar um remédio, pode arder um pouco.

Ele avisou e não esbocei reação. Devagar ele secou minha mão e fechei meus olhos quando ele pressionou de leve o algodão em meu ferimento e sentindo logo depois um ventinho no local. Ele estava assoprando para que eu não sentisse nada. Mordi meu lábio inferior segurando meu sorriso. Em seguida, pôs o band-aid logo depois se levantou indo até à cozinha.

— Eu esquentei a sopa que fez mais cedo, se quiser comer...

— Você já comeu? – perguntei quando o vi seguir para a porta.

— Já. Pode ficar à vontade, eu vou ficar um tempo aqui fora – falou meio sem jeito e saiu.

Fui até à cozinha colocando a sopa no prato e comendo em seguida. A sopa que eu havia feito estava realmente muito boa. Depois fui ao banheiro, vendo duas escovas de dentes. Sorri sem acreditar. Ele sabia que eu não havia ido embora.

Eu me olhei no espelho ajeitando meu cabelo em um coque frouxo e segui para fora. Dylan estava sentado em um banco de madeira que havia na frente da cabana. Aproximei-me sentando ao seu lado.

Ficamos ali em silêncio por alguns minutos. Minha cabeça estava a mil e meu coração insistia para que eu falasse alguma coisa.

— Sei que talvez não queira falar sobre um determinado assunto, mas... – comecei enquanto olhava a vista a minha frente. – Eu confessei meus sentimentos e sinto que você tem me evitado. Sinto não, você tem me evitado. – Corrigi e respirei fundo. – Eu queria ter dado mais tempo para você pensar, ter lhe dado mais espaço, mas, quando descobri que estava doente e que havia vindo para a montanha, meu coração falou mais alto.

Os sons dos pássaros eram o que cortava o silêncio. Fiquei tentada a olhar para ele e me peguei rindo. A vida nos faz passar por tantos obstáculos.

— Desculpa – pedi sentindo seus olhos em mim. – Devo ter interpretado sua gentileza de forma errada, o beijo, enfim... Eu só preciso aceitar o fato de que você não gosta de mim da mesma maneira que eu gosto de você, mas confesso que estou tendo um pouco de dificuldade.

Um breve riso triste saiu de meus lábios ao perceber que ele ainda me fitava. Dylan continuou calado e tomei coragem me virando para olhá-lo também.

— É que você foi tão acolhedor que depois de tanto tempo eu finalmente senti meu coração se aquecer.

— Meu coração também se aqueceu, desde o dia que voltou. – Ele admitiu me pegando de surpresa e suspendi o ar quando ele se aproximou.

Seus lábios vieram calmos e fechei meus olhos vagarosamente sentindo sua mão em minha nuca, me levando para mais perto dele. As batidas do meu coração estavam tão fortes que eu podia jurar que ele sentia quando aprofundou mais o nosso beijo. Sua língua percorria minha boca de forma gentil, era assim que ele era. Dylan me levantou e me fez sentar em seu colo. Senti seu membro cutucar minha bunda e uma rápida sensação de prazer me atingiu. Arfei recuperando o fôlego ao nos separarmos. Dylan abaixou a cabeça me abraçando e sorri abraçando-o de volta.

— Me desculpe, por te magoar.

Ouvi seu pedido de desculpas e o abracei mais forte. Ele havia passado por muita coisa, quer dizer, ao julgar pelo que vi ontem, ele ainda passa. É como se seu passado o assombrasse. Não é culpa dele, agir da forma que age. Na verdade, foi o jeito que ele encontrou de se proteger.

— Você teve seus motivos – digo acariciando suas costas.

— Mas eu não deveria permitir que isso te afetasse.

— Sei que precisa do seu tempo, então quando estiver pronto para se abrir comigo, estarei aqui, pronta para ouvir qualquer coisa que tenha para me dizer.

Dylan levantou o rosto me olhando. Sorri para ele que se levantou me carregando no colo. Ele parecia um pouco nervoso, o que me fez achá-lo ainda mais atraente. Com cuidado Dylan entrou na cabana, fechando a porta e em seguida me levou até sua cama.

— Isso é novo para mim – murmurou baixo se deitando ao meu lado. – Esse sentimento bom que sinto toda vez que você está por perto. – Senti ele entrelaçar seus dedos nos meus e continuei olhando-o. – Todos sabem que fui abandonado quando criança.

Respirei fundo afirmando.

— O que ninguém sabe, é que foi nesta cabana. Fui abandonado primeiro pela minha mãe e em seguida pelo meu pai. – Olhei em volta, me questionando porque ele estaria ali, já que o lugar só trazia memórias ruins. – Era meu pai quem mandava em tudo na casa, inclusive, na minha mãe e em mim. Ele não trabalhava, quem trazia dinheiro para casa era mamãe, e tudo era entregue para ele, que gastava em bebidas e jogos. Havia dias que ela saía e voltava tarde da noite, apenas para conseguir a quantia necessária para o dia. Meu pai era tão covarde que justo nesses dias em que ela trabalhava mais, ele batia nela.

Senti a raiva e o desprezo em sua voz, me aproximei mais dele.

— Você presenciava tudo?

— No início eu apenas escutava os choros, os pedidos para parar, depois eu vi e fiquei tão assustado que não consegui fazer nada. Depois disso ele passou a me bater também por qualquer coisa que eu fazia.

— Quantos anos você tinha?

— Quatro, eu acho. Isso durou por mais dois anos, até que mamãe foi embora e as coisas se tornaram piores. Ele dizia que a culpa era minha, que eu não era um bom filho e a deixava triste todos os dias. Que as surras que ela levava era por minha causa e que por isso ela nos abandonou.

— Tenho certeza de que isso não é verdade.

— Verdade ou não, eu fiquei sozinho com ele. Eu tentava ficar escondido o máximo que podia, mas isso o enfurecia. Como punição, ele me deixava em qualquer lugar da montanha para que eu encontrasse o caminho de volta. Não importava se era dia ou noite, se estava frio ou quente, se nevava ou chovia. Ele só me tirava de casa e me deixava em qualquer lugar.

— Você era apenas uma criança – murmurei em angústia por pensar em tudo que ele viveu.

Encaixei-me em seu peito o abraçando. Podia sentir o coração batendo rápido.

— Um ano depois que minha mãe foi embora, ele morreu. Certo dia em que voltei da montanha, encontrei ele morto em sua própria poça de vômito. Depois disso, eu fiquei vagando pela montanha, até o Sr. Noah, meu pai, me encontrar e me adotar. – Ele respirou fundo me abraçando forte. – Você me perguntou uma vez, porque eu vinha para a montanha. A verdade é que eu ainda tenho esperança de que minha mãe volte, se ela ainda estiver viva, é claro. Não quero acreditar que ela me abandonou por minha causa.

— É claro que não foi. Você não teve culpa de nada – murmurei após a ideia de que ela já estaria morta passar pela minha cabeça, no entanto, eu não tiraria a esperança de que existia nele.

Dylan se afastou apoiando seu cotovelo na cama. Seus olhos pousaram em mim me observando. Seu rosto estava tão próximo ao meu que eu podia ver a melancolia e o brilho que crescia em seus olhos.

— Eu gosto de você mais do que pode imaginar – ele admitiu me deixando sem fala. – E preciso confessar que tenho medo de que possa me deixar também.

— Como eu poderia te deixar? – sussurrei acariciando seu peito. – Eu já me apaixonei por você!

A pupila de seus olhos dilatou e senti seu coração acelerar. Dylan abaixou a cabeça me beijando e quando nos separamos, ele me puxou me deitando em seu peito.

— Você adora me pegar de surpresa, não é? – brinca me fazendo rir.

— Vá se acostumando.

— Do que você gosta? – ele perguntou após o silêncio, deixando para trás o clima pesado de antes.

— Gosto de várias coisas. O que quer saber em específico?

— O que fazia quando não estava trabalhando na capital?

— Caminhava em um parque que tinha perto da minha casa, assistia filmes, tocava piano.

— Você ainda toca? – perguntou surpreso.

— Claro... Posso tocar para você, se quiser – digo lembrando-me do piano sem cauda que tem em sua livraria.

— Gostaria muito de ver isso. – Ele deseja e entrelaço nossas mãos beijando o dorso da sua mão em seguida.

— E você? Tem alguma coisa favorita que gosta de fazer?

— Gosto de escrever – murmurou pensativo.

— Sério? Sobre o que escreve?

— É segredo.

— Por quê? – indaguei curiosa.

— Porque minhas escritas são sobre uma certa pessoa.

— Eu conheço? Quem é? – Levanto-me fitando-o e ele sorri.

— É segredo – diz me beijando e percebo que não terei minha resposta. – Você gostava de preto antes, qual sua cor preferida agora?

— Branco.

— A minha também – ele diz e volto a me deitar em seu peito. — Estação do ano preferida?

— Atualmente... Inverno – digo e escuto seu riso baixo.

— Por que voltou para Pitikin depois de tanto tempo?

— Queria dar um tempo do meu trabalho. – Resumi não querendo entrar nos detalhes do meu motivo.

— E por que foi embora de Pitikin?

— Minha tia achou melhor eu ficar longe daqui depois que me formei – murmuro lembrando de quando ela veio me contar que eu iria para a capital.

— Falando nela, como estão as coisas entre vocês?

— Parece que houve uma trégua, desde o Natal.

Dylan respirou fundo, soltando o ar pela boca.

— Isso é bom – falou sincero.

Levantei minha cabeça novamente olhando-o. Dylan havia acabado de contar sua história para mim e agora estava tranquilo. Beijei seus lábios molhados e pousei minha mão em seu rosto acariciando sua barba ralinha.

— Você está bem depois de ter me contado sua história?

— Estou. — Ele sorriu enquanto me olhava. – Obrigado por ter esperado.

— Eu que agradeço por confiar em mim – digo e suspiro olhando-o. — No que está pensando agora? – questionei curiosa.

— Que eu estou encrencado.

— Por quê? – sorri com sua resposta.

— Porque eu estou perdidamente apaixonado por você – confessou.

Sua confissão me fez sorrir e esquentar ainda mais meu coração. Depois de tantos dias, Dylan havia finalmente se entregado para mim. Ele havia me contado sobre seu passado e seus segredos profundos que ainda o machucava e eu, me sentia agora a mulher mais sortuda, por ter alguém como ele ao meu lado.

Ele me puxou para perto de seu corpo e me beijou outra vez.

— Durma um pouco – ele murmurou após me aninhar em seus braços e fechei meus olhos me permitindo adormecer ao seu lado.

Esse foi mais um capítulo! Estão gostando do livro da autora Sally Matos? Deixe seu like e seu comentário e sigam ela no instagram para mais novidades!

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