Depois da Meia-Noite (Bubblin...

By TersyGabrielle

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Marceline e Bonnibel foram um casal durante o ensino médio. E como todo casal adolescente, estavam certas de... More

Prólogo
Capítulo 1 - Tudo ou Nada
Capítulo 2 - O Baixo e o Sangue
Capítulo 3 - Os Motivos Pelos Quais Eu Deveria Odiar Você
Capítulo 4 - O Céu Nos Olhos Dela
Capítulo 5 - Canela
Capítulo 6 - Espaços Vazios
Capítulo 7 - Deixe Para Lá
Capítulo 8 - Quando Agosto Acabar
Capítulo 9 - Bonnibel, A Sensível
Capítulo 10 - Uma Garota Não Tão Boa
Capítulo 11 - Andrea
Capítulo 12 - O Começo do Fim
Capítulo 13 - O Lugar Que Você Deixou Vazio
Capítulo 14 - Depois Dela, É Minha Vez
Capítulo 15 - O Horizonte Tenta, Mas Não Se Compara
Capítulo 16 - Rosas Pretas e Cor-de-rosa
Capítulo 17 - Um Vislumbre de Nós
Capítulo 18 - Sangue & Lágrimas Azuis
Capítulo 20 - Um Passo Atrás
Capítulo 21 - Papai, Cadê Sua Dignidade?
Capítulo 22 - Chuva a Meia-Noite
Epílogo
Notas Finais e Agradecimentos.

Capítulo 19 - Cartão Postal

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By TersyGabrielle

Eu demorei? Sim.

Mas eu também escrevi fodendo 6000 palavras, então acho que mereço uma passadinha de pano.

Aliás, faltam sete dias.

Enfim, vamos para o capítulo!

Boa leitura!
•~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•

Bonnibel fechou seu notebook lentamente, como se tentasse fazer o momento se estender um pouco mais.

- Então? - perguntou Marceline, afundando um pouco na cadeira.

Elas haviam voltado para o escritório de Marceline naquela noite para a revisão final do manuscrito, por qualquer que fosse o motivo. Talvez para finalizar as coisas onde haviam começado, por mais que o clima naquela sala fosse completamente outro agora.

- É... acho que acabamos.

As duas trocaram um olhar e um suspiro.

Então Marceline esticou as costas, estendendo os braços e soltando um gemido grave ao esticar os músculos.

- Tá com fome? Deve ter algum lugar pra pedir uma pizza.

- Ainda tem vinho?

- É pra ter.

As duas levantaram e foram para a cozinha, ainda no processo de se livrar da sensação de músculos travados. Bonnibel se senta à bancada, balançando de leve os pés, o celular em mãos enquanto procura por alguma pizzaria que ainda esteja aberta as quatro e tantas da manhã.

Marceline pegou a garrafa e olhou para ela, a cabeça levemente inclinada.

- Eu achei que seria diferente.

Bonnibel levantou os olhos para ela, com uma expressão confusa.

- O quê, exatamente?

- O último dia. Sei lá, esperei que você fosse sair daqui assim que acabasse e eu nunca mais iria ver você de novo. Primeiro achei que ia ficar muito aliviada quando acabasse, depois de um tempo achei que ia ficar mal. Muito mal. Mas não esperei isso. Tipo, se passaram seis meses, feitos da maior reabertura de traumas já registrada, e a gente tá pedindo pizza.

Bonnibel soltou uma risadinha, fazendo uma negação de cabeça.

- Bem, eu ainda posso ir embora, se você quiser.

Ela ficou mais alguns segundos olhando para o celular antes de levantar o olhar. Marceline a encarava com sobrancelhas arqueadas, com sua melhor expressão de incredulidade.

- Atreva-se, Andrews.

A risada de Bonnie encheu a cozinha, fazendo com que Marceline a acompanhasse no riso, quase contrariada.

- Eu tô brincando, boba. Você não vai se livrar de mim tão fácil. Até porque meus pais ainda estão esperando você em Ohio.

Marceline deu um sorriso, servindo a taça dela.

- Quase me esqueço disso.

•~•~♪~•~•

- O que anda acontecendo entre vocês duas, hein?

Marceline jogou o cabelo para o lado, livrando o rosto de alguns fios rebeldes. Encarou Simon por alguns momentos, sem saber o que deveria dizer. Se queria contar a verdade; se ao menos sabia qual era a verdade, para começo de conversa. Abriu um sorriso de canto para ele.

- Tá aí uma ótima pergunta, Petrikov.

Ela deu um gole no café, servido em copo de papel, que Simon havia trazido para ela. Jogou os pés sobre a mesa dele, ignorando a cara fechada que ele lançou para ela. Simon revirou os olhos, empurrando os óculos pelo nariz antes de apoiar as costas na cadeira, a observando por alguns instantes.

- Você anda toda alegre e sorridente esses dias, Marcy.

- Por que sinto que você está dizendo isso como se fosse algo ruim?

- Porque você passou os últimos sete anos pintando a caveira dessa mulher pra mim, ao ponto de ficar com raiva se eu desse razão para alguma coisa que você contava que ela fez, para agora estar indo viajar com ela depois do trabalho de vocês já ter terminado. Me desculpe se me preocupo com você se aproximando de uma mulher que você mesma fez questão de me convencer que é uma megera.

Marceline ficou em silêncio, olhando para atrás dele, pela grande janela de seu escritório.

- Podemos concordar que eu seja algum tipo de narradora não-confiável, eu acho. Se uma terceira pessoa assistindo a situação de fora de contasse a mesma história, você provavelmente acharia que eu sou a megera.

Simon respirou fundo e em seguida olhou para ela, nos olhos.

- Então não preciso me preocupar com você indo passar o Natal com ela?

- Devia se preocupar com os Natais que eu passei aqui enchendo meu rabo de droga, Simon - retrucou ela, com um olhar atravessado. - Vou pra Ohio me encontrar gente com normal, ficar perto da lareira e comer pra caralho. É bem melhor do que qualquer coisa que fiz desde que fui viral pela primeira vez.

Marceline respirou fundo e jogou o corpo contra a cadeira, encarando o teto. Simon a observou por alguns momentos, com um olhar magoado.

- Sempre me preocupei - disse ele, virando a cadeira de costas para ela, obervando Los Angeles abaixo deles. - Mas só se pode ajudar quem quer ser ajudado. E você nunca quis, Marceline. Então não insinue que eu não tenha tentado.

Simon sempre sabia como dar um soco no estômago dela sem sequer levantar uma mão.

Marceline se encolheu na cadeira, deixando a vergonha esmagá-la por um momento.

- Eu sei. Desculpa. Só... estou dizendo que vai ficar tudo bem. Sei que eu não sou a pessoa mais apta a ser confiada com as próprias decisões, mas dessa vez eu vou pedir esse voto de confiança. Vou ficar bem.

Simon virou a cadeira novamente, olhando para ela com carinho dessa vez.

- Sabe que eu vou ficar muito mal se você se machucar nessa, não sabe? Só preciso que você fique bem.

- Eu estou tentando. Juro que estou tentando.

Simon deu um sorriso para ela, abaixando a cabeça por alguns segundos antes de se levantar.

- Vem, vamos tomar um café da manhã descente.

Os dois desceram para a avenida, andando lado a lado até a lanchonete mais próxima que servisse café da manhã. Simon olhava para Marceline pelo canto dos olhos, o sorriso espalhado por seu rosto enquanto ela o deixava virado para o sol, as mãos cruzadas atrás da cabeça.

E ele sabia que tinha alguma coisa que ela não estava contando.

Quando já estavam dentro da lanchonete, sentados e servidos de uma boa pilha de panquecas, ele não pode mais manter a boca fechada.

- Tá legal, pode ir me contando o que aconteceu, Marceline. Não que eu esteja achando ruim, mas tem muito tempo que não te vejo alegrinha assim. Nem sei se já te vi assim. Que merda aconteceu!?

Marceline deixou um sorriso envergonhado se abrir em seu rosto, o abaixando. Depois, se curvando um pouco sobre a mesa, ela o transformou em um sorrisinho de canto e soltou:

- Eu posso, ou não, ter meio que começado a cantar Strawberry Blond pra ela depois de tomar um belo de um cacete. E ela pode, ou não, ter soltado que me ama depois disso.

Simon ficou olhando para ela por uns bons segundos, sem expressão. Então um sorrisinho começou a cruzar seu rosto, até que ele estivesse rindo abertamente, uma das mãos apoiadas na testa, o cotovelo na mesa.

Marceline se permitiu rir um pouquinho também, olhando para a janela. Se inclinou em direção à ela, observando o movimento na rua.

- Então... vocês voltaram?

- Não sei. Acho que não, Simon. Ainda não.

Ele arqueou uma sobrancelha para ela em descrença, e ela revirou os olhos, divertida.

- Eu preciso fazer uma coisa primeiro, Petrikov. Não acho que posso simplesmente fazer uma declaração improvisada no meu quarto e fingir que já está tudo bem. Acho... acho que, pelo menos uma vez na vida, eu preciso assumir as merdas que faço.

- E qual é o grande plano, então?

Marceline olhou para Simon e depois desviou o olhar de volta para a rua, mordendo o lábio. Respirou fundo, tirou a caixinha de seus Air Pods do bolso da jaqueta e deslizou pela mesa em direção a ele.

- Já temos o single de abertura para a era Black & Pink Midnights, Simon.

Ele estreitou as sobrancelhas para ela, colocando os fones. Marceline deixou um sorriso quase envergonhado se abrir antes de dar play em algo em seu celular.

O homem ficou em silêncio, apenas ouvindo aquela que tinha sido a última música terminada por Marceline antes de dar o álbum como finalizado. Um sorriso sincero foi se abrindo no rosto dele, enquanto mantinha os olhos na rua, se concentrando nos detalhes do que estava ouvindo.

Quando terminou, ele tirou os fones lentamente e os colocou sobre a mesa. Ficou com o olhar fixo em um ponto qualquer por alguns momentos antes de voltar o olhar para ela, e aí deixou uma risada escapar.

- Marceline Abadeer - disse ele, se curvando sobre a mesa em direção a ela, - a gravadora passou os últimos meses arrancando os cabelos para dar um jeito de você não cair no nicho alternativo, tentando bolar alguma estratégia extraordinária pra que sua carta aberta para você mesma ainda fosse, de alguma forma, mainstream.

Marceline apenas franziu as sobrancelhas em confusão.

- Eles inventaram uma biografia e te arrumaram uma autora pra tentar convencer todo mundo que valeria a pena ouvir seu álbum introspectivo e conceitual. E, sem querer, fizeram você escrever a porra do hit que eles queriam. Eu vivi pra ver você, por livre e espontânea vontade, fazer o que a gravadora mandou você fazer, Abadeer.

A risada alta dela reverberou lanchonete adentro, fazendo um e outro olhar incomodado se virar na direção deles por um instante.

Simon deixou que a risada dela (e a sua própria) cessasse antes de voltar a falar.

- Agora é oficialmente sobre ela. Do jeito que você vem jurando há uns seis anos que nunca seria.

- Os outros não eram, mesmo. Mas esse sempre foi, Simon. A diferença é que eu cansei de fingir que não é.


•~•~♪~•~•

- Vou sentir sua falta - murmurou Íris, com um biquinho, enquanto ajudava Bonnibel a retirar suas malas de dentro do carro.

- É só durante os feriados, garota. Volto depois do ano novo.

- Você sempre passa a virada com a gente - disse Finn, entregando o bloqueador de ruídos que ela já ia esquecendo no carro, com um tom de voz acusador.

- Mas esse ano eu tenho planos, Finn. Não são vocês que vivem dizendo que eu devia parar um pouco de trabalhar e fazer algo divertido, que não seja com vocês ou com meus pais? Então, pronto.

Finn trocou um olhar com Jake, que apenas sacudiu a cabeça em negação.

- E qual é a de vocês duas, afinal? - perguntou Jake.

- Não faço ideia.

- Mas e o lance na casa dela? Antes de vocês terminarem o manuscrito? - perguntou Íris, confusa.

- Bem... a gente disse o que disse e meio que só voltou ao trabalho. Mas, sendo sincera, eu não quero resolver isso agora.

Os outros três apenas se encararam em plena confusão, então Bonnibel completou:

- Quero ouvir aquele álbum primeiro.

Os amigos apenas compartilharam um dar de ombros em concordância.

Bonnibel sabia com quem estava lidando. Marceline tinha tomado uma decisão sobre aquilo e, da mesma forma em que havia reunido toda a sua teimosia ao ir para LA naquele fatídico setembro de 2014, ela não iria tomar qualquer outra atitude em relação a situação delas até que aquele álbum fosse lançado.

Não por mero foco profissional, mas porque ela já havia decidido: havia algo que ela tinha a dizer, mas só seria dito por meio dele.

E, de certa forma, Bonnibel preferia assim. Se era para aquilo acontecer, talvez o mínimo que Marceline devia à ela era a gentileza de conquista-la de novo.

Os quatro se aproximram do local onde o carro de Marceline estava estacionado, para poder deixar a bagagem de Bonnie em seu porta-malas. Ela estava apoiada nele, conversando com sua equipe. Ash disse alguma coisa, fez uma careta e Marceline se abriu em uma gargalhada.

Bonnibel deixou suas sobrancelhas franzirem em desaprovação. Mas não conseguiu manter a expressão por muito tempo, pois logo que Marceline notou sua presença e sorriu, a única possibilidade foi sorrir de volta.

Todos se cumprimentaram, e logo após suas malas estarem devidamente ajustadas, Bonnibel sentiu um toque leve em seu ombro, se virando para encontrar Keila parada ao seu lado.

- Oi! Eu encontrei isso pra vender nas minhas andanças e pensei que você fosse gostar - disse ela, estendendo algo em direção à ela. - Considere um pedido de desculpas pelo papelão que eu passei aquele dia no aeroporto.

Bonnibel baixou o olhar para encontrar um chaveiro pop it, cor-de-rosa, em formato de coração.

Ela abriu o maior dos sorrisos, deixando todo e qualquer masking ceder. Soltou uma risadinha animada, quase dando pulinhos de um pé para o outro e, prendendo o chaveiro em seu cordão de margaridas, imediatamente começou a "estourar" as bolhas do objeto.

- Obrigada - disse Bonnibel, segurando o objeto junto ao peito, agora olhando para Keila. A mulher soltou uma risada aliviada junto com um "não há de que".

- Eu disse que a reação dela ia ser a coisa mais adorável do mundo - disse Marceline, com uma risada, fazendo seu caminho para dentro do prédio da gravadora.

Assim que ouviu aquilo, Bonnibel voltou ao modo "mulher de negócios", deixando o cartão de identificação cair novamente sobre seu peito e alinhando as costas.

- Eu vou te mostrar a "adorável" - sibilou ela ao passar por Marceline, em voz baixa.

- Você vai é respeitar a casa dos seus pais, doida.

Bonnibel apenas revirou os olhos, arrancando uma risadinha dela.

Marceline tinha algumas coisas a deixar resolvidas antes que elas pudessem partir para Ohio. Então, enquanto ela conversava com um dos produtores chefes (provavelmente lhe proporcionando uma última enxaqueca antes do Natal), Bonnibel e seus amigos ficaram em uma sacada larga, próxima ao último andar.

Íris, Finn e Jake mantinham uma conversa leve com Keila, enquanto Bonnibel mais ouvia do que participava de fato. O olhar, pela visão periférica, preso em outro lugar.

Ash parado ao lado de Marceline, enquanto ela esperava a chegada do produtor em frente à uma das salas de reunião, dizendo algo quase ao pé do ouvido dela. Ela ouviu por alguns instantes com uma expressão séria, e então sorriu, virando o rosto para direção contrária a dele. Depois retrucou alguma coisa, ele rebateu e ela lhe deu o dedo do meio. Mas sorria o tempo todo.

Bonnibel se afastou um pouco do grupo, apoiando-se à grade de proteção, e acendeu um cigarro. Deu uma longa tragada e soprou a fumaça devagar, observando enquanto ela se perdia céu afora.

Quase não percebeu quando Ash parou ao lado dela, também tragando um cigarro. Olhou para frente e procurou se concentrar no próprio rosto, tentando soar o mais neutra possível.

Já estava de cara fechada há muito tempo.

- Eu não sou o inimigo que você acha que eu sou, Bonnibel - disse ele, deixando um riso fraco escapar no final da frase. - Sei que pareço e tenho tudo pra ser, mas não sou.

Bonnibel o olhou de cima a baixo e voltou a encarar a cidade abaixo deles.

- Não é como se eu considerasse você ameaça o suficiente pra isso.

Ele soltou uma risada genuína. Ash estava muito confortável e calmo ali, e por qualquer motivo isso a incomodava profundamente.

- Eu vou fingir que, primeiro: você não está dizendo isso meramente por eu ser homem e, segundo: que você não está dizendo isso especificamente agora, que ela não está aqui, porque sabe que ela vai sentir a sexualidade dela atacada por isso. E eu também vou fingir que você não sabe exatamente o porquê disso a incomodar.

Bonnibel engoliu em seco e ficou em silêncio, porque sabia que era verdade. Se Marceline suspeitasse que Bonnibel havia sequer considerado a possibilidade de usar a cartada do "ser trocada por um homem", ela ficaria extremamente irritada.

Marceline era muitas coisas questionáveis, mas não era burra. Não se envolveria com um cara hétero qualquer, babaca ou escroto, tendo tantas outras opções. Se ela havia optado por ele, por mais trivial que pudesse ser o envolvimento, era porque ele era digno o bastante. E se ele havia ficado no seu papel designado, era porque valia a pena. Talvez, tanto quanto Bonnibel. Talvez mais, até.

E talvez fosse ali que morasse o medo dela. Talvez, justamente porque a própria Marceline já houvesse limpado dela a prepotência de se achar melhor que qualquer homem no mundo unicamente por seu gênero e sexualidade. Talvez, por ser tão consciente dos próprios defeitos e falhas. Talvez, por já ter aceito há algum tempo que era da natureza da sexualidade de Marceline que o gênero dos outros não operasse grande peso na paixão dela, e por ela saber que, sim, por raro e difícil que fosse, um cara poderia ocupar o espaço que ela havia deixado aberto melhor do que ela mesma fez.

Talvez por saber que Ash poderia ser essa pessoa, é que tivesse medo que ele realmente fosse.

Ash soprou a fumaça devagar, a olhando de soslaio. Soltou um suspiro antes de voltar a falar.

- Não vou ser hipócrita e fingir que não tive receio pela forma que vocês se aproximaram, porque eu tive. E não vou fingir que não passei um tempo achando que você era uma vaca aproveitadora por continuar dormindo com ela, porque eu achei - disse ele, olhando para a cidade, a expressão séria de repente. Respirou fundo antes de completar: - Mas ficou óbvio que não dava pra confiar plenamente no que a Marcy sempre disse de você. Era uma raiva muito grande que ela mesma inventou, pra não precisar lidar com o quanto ela ainda queria o que deixou para trás quando veio pra cá. No final, tinha mais a ver com quem ela se tornou, do que com quem você é.

Bonnibel virou o rosto para ele, sem saber muito bem onde ele queria chegar. Ele deu um sorriso fraco, olhou para ela e desviou o olhar para a cidade de novo.

- Tenho medo de perder minha melhor amiga, Bonnibel. Tenho medo de acordar um dia, abrir o twitter antes de levantar da cama pelo mesmo mal hábito de sempre, e descobrir por um perfil de fofoca que ela morreu de madrugada antes que outra pessoa consiga me contar do jeito certo. Tenho medo de entrar bêbado no quarto de hotel dela no meio de uma turnê e achar o corpo dela na banheira, com a seringa ainda jogada perto do braço. Tenho medo de a encontrar em casa, jogada na sala, com o olhar vidrado e a cara suja de pó. Eu... eu tenho pesadelos com essas merdas, entendeu? Há anos. Malditos anos nos quais eu não consigo tomar a porra de uma decisão por mim mesmo porque tenho medo demais de um dia ela simplesmente se matar.

Ash desviou o olhar por um momento, e sem querer o deixou parar em Keila. Os cabelos negros e curtos jogados para o lado direito, o side cut do lado esquerdo decorado por um padrão tribal, as tatuagens que tomavam quase a totalidade de seus braços. A risada quase tímida que lhe deixava os lábios, tão divergente do riso escandalosos de Marceline.

Risos que ele amava tão profundamente, mas de forma tão esmagadoramente diferentes.

- Tenho tanto medo disso que simplesmente coloquei minha vida em stand by, esperando que ela pare de só sobreviver um dia após o outro, e talvez eu possa viver um pouquinho também.

Bonnibel deixou seu olhar ir até onde o de Ash havia se perdido, e por um momento se sentiu idiota por não ter percebido antes.

Ela voltou a olhar para o horizonte, com uma expressão mais amena. Respirou fundo, bem devagar.

- Estou começando a me sentir uma merda por ter deduzido que ela estava vivendo o sonho americano esse tempo todo, antes de começar o livro.

- Você não tinha como saber. Na verdade, acho que as vezes ela fazia um esforço pra que, onde quer que você estivesse, pensasse exatamente isso - disse ele, deixando um sorriso um tanto triste se abrir em seu rosto. - Aqui, entendo completamente seu receio comigo. Você pode não acreditar muito, pelo jeito que a gente se relacionou nesses anos, mas eu vou te contar mesmo assim: deixou de ser super legal há uns dois anos. Eu já superei minha quedinha nela bem antes disso, mas nem aquele tesão todo que eu tinha nela tá realmente aqui. É muito mais sobre evitar que ela se foda lá fora do que querer alguma coisa dela. Por mim, eu tinha virado essa página e Marceline seria praticamente minha família desde um bom tempo atrás, mas... Mas ela continuava voltando para o que ela achava seguro. E eu preferi abrir mão do resto, porque a alternativa me assusta, Bonnibel. Me assusta pra caralho.

Bonnibel não pode resistir ao próprio sorriso entristecido ao ouvir aquilo. Se perguntava como ele ficaria ao ler aquele livro, todo o grande capítulo dedicado à ele e aos medos de Marceline, o medo de que exatamente aquilo acontecesse. E, por um momento, se perguntou se ela mesma tinha alguém disposto a tanto sacrifício por ela.

- A última vez foi o dia da festa de comemoração do lançamento - soltou ele, de supetão.

- Perdão?

- A última vez que ela me procurou. Depois disso, ela nunca mais tocou em mim. E ela parece... Alegre. Animada. Ela foi conversar agora com o produtor sobre o álbum pronto, e ela parece tão... orgulhosa. Muito, mesmo. E eu sei que é sobre você, e ela parece estar vivendo de verdade desde que você apareceu de novo.

Ele respirou fundo e a olhou de canto antes de prosseguir:

- E eu não me enfiaria no meio de algo que finalmente parece fazer com que ela viva, Srta. Andrews. Eu não sou seu inimigo, eu sou amigo dela. E se é você que vai adoçar a boca Marceline Abadeer, adoça a minha também. Eu estou saindo de cena, entendeu?

- Entendi.

- Mesmo?

- É sério, Ash. Sem ressentimentos aqui. E obrigado por me esclarecer isso.

- Certo, não há de quê.

- Agora pare de perder seu tempo aqui e vá atrás da sua garota.

Ash arregalou os olhos de leve. Não esperava ter sido tão óbvio.

- Você me lembra eu mesma dez anos atrás - soltou Bonnibel, quando viu Ash encarando Keila com uma expressão de dúvida. Abriu um sorriso. - Eu tinha medo dela tanto quanto eu queria ela. Só arranca o band-aid de uma vez, é melhor.

- Certeza?

- Absoluta. Anda logo.

Ash abriu um sorriso meio tímido, dando dois tapinhas no ombro dela antes de se afastar.

- Feliz Natal, Bonnibel.

- Feliz Natal, Ash.

Pouco depois, Marceline parou atrás dela, deixando um beijo despreocupado no alto de sua cabeça, como se fosse natural. Como se não significasse grande coisa.

- Vamos, Andrews, temos um vôo pra pegar.

•~•~♪~•~•

Marceline não havia contado com
todo aquele nervosismo. Não esperava ficar tão ansiosa em cruzar aquela entrada de carros outra vez, não imaginava que ficaria tão alarmada com a possível reação dos donos da casa. Afinal, eram apenas o Sr. e a Sra Andrews, não é?

Bem, talvez fosse só o receio de que tudo aquilo ficasse real demais ali, onde a linha tênue entre passado e presente quase não existia mais.

A porta se abriu e a primeira coisa que Marceline percebeu é que os cabelos de Camilla Andrews estavam começando a ficar um pouco grisalhos. De um jeito que os cabelos de Andrea nunca tiveram tempo de ficar.

Não era o primeiro pensamento que ela esperava ter, e levou alguns segundos para que ela pudesse afastar aquela ideia.

- Marceline! Ah, minha menina, olha só pra você!

Os braços dela tomaram Marceline de supetão, e levou alguns instantes para que Marceline reagisse e devolvesse o abraço. Fechou os olhos e apertou um pouquinho mais.

- Como vai, Camilla?

- Eu vou bem, querida. Aqui, deixe eu olhar pra você, - a mulher deu um passo atrás, segurando o rosto de Marceline e o virando devagar de um lado ao outro, observando bem. - Parece mais saudável do que estava na TV na última vez que te vi, Marcy.

- Provavelmente eu estou, mesmo - murmurou ela, com o olhar preso em Bonnibel, que apenas virou o rosto e entrou em casa, constrangida.

- Só está muito magrinha. Vamos resolver isso esse final de semana - retrucou Mark, pai de Bonnibel, a puxando para um abraço também.

- Foi pra isso mesmo que eu vim.

Elas haviam chegado tarde, então não houve muito que pudessem fazer para ajudar, praticamente tudo estava pronto. Os tios e primos de Bonnie já haviam chegado e as receberam logo, colocando a conversa em dia. Então, pouco mais de uma hora depois, Marceline estava à mesa desfrutando de uma boa ceia de Natal.

Os pais de Bonnibel haviam se dado bem com a mãe dela por um motivo: eram tão abertos e atenciosos quanto ela. Então, Marceline não teve problema algum em contar suas histórias de turnê, mesmo as um pouquinho sórdidas, pois sabia que seria sempre bem recebida por uma alta risada de Mark e um comentário ainda mais sujo de Camilla.

Em algum momento do jantar, Marceline se permitiu encostar na cadeira, se afastando um pouco da conversa e se colocando em um ponto externo de observação.

O jeito que todos riam um pouco alto demais agora que o vinho fazia efeito, o barulho dos talheres no prato e um ou outro murmurar de boca cheia. A sensação de calor causada pela casa cheia. O cheiro de comida de mãe invadindo as narinas e a sensação inconfundível de estar em casa.

Aquilo se desenrolava em sua frente quase em câmera lenta, como se fosse uma cena clichê de filme de Natal. Mas era só mais uma ceia na família Andrews. Era a rotina anual se repetindo, e ela poderia apostar que um ou mais deles até mesmo detestasse aquela reunião, por um motivo ou outro.

E se perguntava se, em alguma outra linha do tempo, onde a decisão dela tivesse sido outra, aquela teria sido a sua própria rotina de final de ano. Se ela teria estado presente em todas as outras sete reuniões daquela que havia perdido, se seria ou não parte do grupo dos que, no fundo, nem sequer queriam estar ali.

Mas, principalmente, se perguntava se Bonnibel se lembrava daquilo.

Em setembro, elas dividiram seus caminhos. Em meados de novembro, Bonnibel já havia praticamente evaporado no ar. No início de dezembro, o número de telefone que Marceline sabia de cor já não chamava mais, e as mensagens nunca eram sequer enviadas.

Mas teve uma última coisa antes que Bonnibel virasse o fantasma perseguidor dos pesadelos de Marceline.

Ali pela segunda semana de janeiro, Marceline recebeu uma última correspondência no apartamento minúsculo que ela estava alugando com o pouco de economias que tinha e suas apresentações pelos bares.

Um cartão postal.

Uma foto de Bonnibel e seus pais posando próximos a lareira, o velho cachorro da família, que não viveria para ver Marceline voltar, jogado preguiçosamente no colo dela. A audácia do sorriso quente dela. E uma única frase escrita atrás.

"Eu não devia. Mas ainda amo você, Marceline Abadeer."

E aquilo foi a última coisa que Marceline teve dela até dar de cara com Bonnibel naquela sala de reuniões.

E, da mesma forma que teve um pressentimento ruim quando não conseguiu rasgar o cartão naquele dia, agora ela sentia algo amarrando na boca.

O gosto azedo da breve sensação de arrependimento. A eterna sensação de que, em outra vida, ela estaria na foto daquele cartão postal.

A sensação que tinha toda vez que esbarrava nele ao mexer em suas coisas: como se espiasse pela janela, bisbilhotando a vida familiar que ela havia decidido que não queria, enxergando todas as coisas que pareciam um comercial de margarina e, para Bonnie, eram só o dia a dia.

Naquele momento, o sentimento era o de olhar por um portal distorcido que a fazia viajar pelo espaço-tempo, assistindo de fora toda a vida da qual havia aberto mão.

Depois de servida e comida a sobremesa, Bonnibel puxou Marceline pela a mão, a levando para a entrada da casa e fazendo com que ela vestisse seu casaco.

- O que está aprontando, Andrews? - perguntou ela, desconfiada.

- Te comprei uma coisa. Sabe, desde que eu comprei a Arabella II -

- Vamos mesmo chamar de Arabella II? - interrompeu Marceline, um sorriso genuíno se abrindo no rosto dela.

- Vamos - respondeu Bonnibel, tentando não se perder no jeito que os olhos dela ficavam pequeninos quando ela sorria. - Enfim, já que eu comprei outro conversível idêntico ao que eu tinha... Achei que você fosse querer isso de volta também.

Bonnibel abriu a porta e puxou Marceline para os fundos da casa.

Junto ao carro da família, amarrado em um grande laço vermelho, estava uma caminhonete verde.

Praticamente idêntica a caminhonete de Andrea.

Marceline ficou imóvel por um momento, tentando tão inutilmente não chorar. Deu passos lentos até o automóvel, deixando os dedos encostarem devagar no capô gelado.

Lentamente, ela fechou os olhos e se curvou sobre ele, deixando seu corpo quase se deitar sobre o carro. Abriu um sorriso que Bonnibel não conseguia decifrar até que ponto era alegre, ou triste, ou nostálgico.

- Eu amei - sussurrou ela, mordendo a boca quando sentiu um soluço rebelde tentando escapar.

- Fico feliz por isso - Bonnibel sussurrou de volta, lhe entregando as chaves.

Marceline voltou a ficar totalmente em pé, segurando as chaves com certa força. Olhou bem para os arredores: talvez fosse mesmo o fim do mundo, pois estava calor demais para dezembro. Nem mesmo um sinal de neve no chão. Mas, talvez, aquilo fosse bom naquela noite.

- Você ainda tem aquela barraca aí? - perguntou ela, voltando o olhar para Bonnibel.

Pouco tempo depois, Marceline dirigia quase que ilegalmente devagar por entre os caminhos de terra batida da área de acampamentos do Ottawa Metro Park, pegando o caminho menos visível para o antigo ponto de encontro delas.

- Se tivessem nos pegado naquele época, teríamos ficado de castigo. Se nos pegarem hoje, podemos muito bem ser presas por invasão de propriedade privada - disse Bonnibel. Mas estava sorrindo.

- Naquela época eu não tinha grana pra pagar nossa fiança. Hoje, eu tenho.

A risada de menininha de Bonnibel lhe encheu os ouvidos, e Marceline não pode evitar o comentário que lhe escapou pelos lábios.

- Deus, como eu adoro sua risada.

Bonnibel a olhou de canto, sentindo as bochechas quentes.

- Você não devia ficar dizendo essas coisas, Marceline.

- Devia sim, Bonnibel. Era exatamente o que eu deveria estar fazendo há muito tempo.

Bonnibel deixou aquilo afundar no peito, se limitando a abrir um sorriso tímido.

Pouco tempo depois, elas estavam novamente sobre o mesmo velho morro, as árvores tampando a visão atrás delas, o céu totalmente aberto a frente.

Elas montaram a barraca no mesmo lugar de sempre e, quando tudo já estava pronto, Bonnibel andou até o ponto mais alto, de onde conseguiam ver o marasmo e a calmaria da vida noturna de Lima.

- Tão diferente de Los Angeles ou Nova York - murmurou Bonnibel, baixinho.

- É quase um mundo a parte. Um mundo bem monótono - Marceline murmurou de volta.

- E, mesmo assim, as memórias que eu guardo com mais amor estão todas aqui. Isso não faz sentido, Marceline. Você ter feito isso possível não... não faz sentido.

Marceline mordeu o lábio, retendo um sorriso bobo. Olhou para o céu, denso de nuvens, apenas um reflexo um pouco apagado da lua, talvez ameaçando chuva.

- Hoje não vamos conseguir ver muita coisa - disse Marceline, com um dar de ombros.

- É. Dezembro no hemisfério norte não é exatamente o melhor momento e lugar para ver corpos celestes como Vênus - Bonnibel murmurou de volta.

- Ainda bem que eu não preciso olhar para o céu pra ver - retrucou Marceline, com seu sorriso de canto.

Bonnibel deixou um sorriso abobalhado se espalhar por seu rosto e, quando percebeu, bateu o pé no chão, contrariada.

- Droga! Eu não acredito que cai na mesma cantada de novo!

- Qual é, me dê algum crédito. Ela é boa pra cacete - respondeu Marceline, soltando uma gargalhada quando Bonnibel a encarou com olhos semi cerrados.

- Faltou o requinte da citação artística dessa vez - disse Bonnibel, dando de ombros.

- Droga - Marceline resmungou, bufando, sem resistir ao sorriso que se abriu quando Bonnibel voltou a rir.

Elas decidiram montar uma pequena fogueira e ficar ali, observando as poucas luzes da cidade em meio a conversa trivial e confortável. Depois de algum tempo, Marceline observou o rosto da outra mulher e notou a expressão pensativa.

- Desenbucha - disse ela, quebrando o pequeno transe de Bonnibel, que se encolheu um pouco no casaco antes de responder.

- Não é nada. Só... queria poder pular um pouco no tempo e ouvir esse álbum de uma vez. Sou curiosa e ansiosa, Abadeer, e você não tem a decência de me dar uma palhinha dele.

Marceline soltou um suspiro e uma risadinha, quase ao mesmo tempo. Olhou para a cidade com o lábio inferior entre os dentes, antes de ficar de pé.

- Tudo bem, então. Só uma palhinha.

Bonnibel arregalou os olhos, mas se ajeitou para vê-la melhor. Marceline deu alguns passos para trás, coçou a garganta.

Mas aquele sorriso sacana deu uma brecha no canto da boca antes que ela pudesse começar, e Bonnie soube o que iria acontecer antes que ela abrisse a boca.

- Daddy, why did you eat my fries? I bought them and they were mine - Marceline começou a cantar, com uma emoção um pouquinho exagerada, a não no peito.

- MARCELINE! - Bonnibel exclamou, em meio a gargalhada que tomava conta dela.

- But you ate them, yeah you ate my fries... And I cried, but you didn't see me cry - Marceline prosseguiu, se movendo como se estivesse no palco, com toda a presença que se esperaria dela na divulgação de um single.

- Meu Deus, você é completamente insuportável! - Bonnibel soltou, caminhando em direção a ela.

Marceline apenas a segurou por um dos pulsos, a puxando para perto a fazendo dançar com ela ao redor da fogueira

- Daddy, do you even love me? Well I wish you'd show it, 'cause I wouldn't know it - Marceline continuou, rodopiando Bonnibel em seus braços

- Eu vou matar você, Abadeer - Bonnibel soltou, mas Marceline apenas depositou um dedo sobre seus lábios, a calando, antes de empregar um tom melódico e dramático em seus versos finais.

- What kind of daddy eat his daughter's fries and doesn't even look her in the eyes? Daddy, there were tears there, if you saw them would you even care? - Marceline completou, fazendo uma pausa dramática, com uma mão no peito. Então, respirou fundo e olhou para Bonnibel. - O que foi? Você mesma disse que eu tinha perdido um hit por não ter lançado essa! Só segui seu sábio conselho escolhendo ela como single de lançamento.

- Tá bom, já entendi! Eu vou esperar a porra do lançamento - Bonnibel respondeu, com um soquinho amigável contra o peito dela. E aquele sorriso que simplesmente não largava o rosto dela.

- Boa garota - Marceline devolveu, balançando as sobrancelhas. E antes que houvesse tempo de emendar qualquer outra brincadeira, sentiu o atrito conhecido dos cinco dedos de Bonnibel do lado direito do rosto.

- Saiba qual é o seu lugar, Abadeer - Bonnibel falou, no tom baixo, firme e autoritário que Marceline adorava.

- Sim, senhora - sussurrou ela, tirando um sorriso satisfeito da outra mulher.

Bonnibel deu meia volta e estava pronta para retomar seu lugar à fogueira quando notou uma coisa, mais ao longe. Em instantes, sua pose cedeu para um sorriso infantil e ela começou a correr.

Aquele lugar já havia sido redescoberto por outras pessoas, que haviam instalado um balanço de madeira em uma das árvores mais afastadas das demais. A posição e as cordas grossas permitiam que se balançasse com certa força.

Bonnibel sentou-se nele e imediatamente começou a tomar impulso.

Marceline se perdeu um pouco na vista, até sentir uma gota gelada na bochecha. Estava começando a chover. Ela virou o pulso e constatou o que já sabia: já havia passado da meia noite e meia.

- Vamos, Bonnie! Não quero que você fique doente agora, ainda temos nossa viagem para a virada em Nova York!

Mas a única resposta dela foi a gargalhada escandalosa, quase infantil, quando o balanço se lançou para frente com força.

E Marceline apenas ficou ali, paralizada com a sensação de que Bonnibel brilhava. Quase emanando luz própria, a encarnação de um raio de sol.

Um raio de sol no meio da chuva a meia-noite.

E, dessa vez, Marceline não teve um pingo de dúvida.

Sabia exatamente onde queria estar quando Bonnie ouvisse aquela música pela primeira vez.

•~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•

Sim, doutor. O motivo do meu colapso foi essa porra aqui que eu mesma escrevi.

Mal momento pra dizer que estamos indo de reta final? Porque nós estamos :')

Enfim, não se esqueçam de deixar um comentário, e um voto se tiverem gostado!

Vejo vocês em breve (talvez não necessariamente aqui),

- Tersy 🥀

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