Uma letra de distância do seu...

By Mr_Claggor

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[História concluída] Após acidentalmente ouvir uma conversa entre Enid e Yoko, Wednesday se vê diante de um d... More

Capítulo 1 - Letra A
Capítulo dois.
Capítulo 3 - Letra E
Capítulo quatro.
Capítulo cinco.
Capítulo 6 - Letras S e D
Capítulo sete.
Capítulo oito.
Capítulo nove.
Capítulo dez.
Capítulo onze.
Capítulo doze.
Capítulo treze.
Capítulo quatorze.
Capítulo quinze.
Capítulo dezesseis.
Capítulo 17 - Letra N
Capítulo dezoito.
Capítulo dezenove.
Capítulo 20 - Letra Y
Capítulo vinte e um.
Guia informacional.
Capítulo 23 - Letra W
Capítulo 24 - Letra W [Fim]
Considerações finais.
Extra 1.
Em breve...

Capítulo vinte e dois.

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By Mr_Claggor

Ela sabe, ela sabe sim, no horizonte a dor se esconde,
Em desafios que afligem quem o coração responde,
Reza ao céu, buscando alívio em prece que redime,
Mas eu, em fuga, enfrento as sombras, trilhando meu limite.

...

Enid caminhava pela floresta, sentindo-se desconfortável com o clima úmido que poderia arruinar seu cabelo recém-retocado. A floresta não é muito agradável quando não se sabe ao certo se voltará vivo ou morto e Enid resmungava baixinho meio encolhida pelo frio da mata.

No centro da mata, parou para se localizar, seguindo as orientações de José. Ela prendeu a respiração e aguçou sua audição, focando em cada som ao seu redor. Corujas batendo asas, grilos preenchendo o ambiente com seu canto, e finalmente, o som de um coração pulsando, como um tambor com uma melodia repetitiva. O som vinha de não muito longe, talvez fosse alcançável após uma corrida moderada.

Enid abriu os olhos determinada e começou a correr na direção leste da floresta. Ela sabia que poderia ser mais rápida se se transformasse em lobo, mas não queria correr o risco de ficar nua ou perder os dentes e o diário que levava consigo.

[...]

A casa na árvore não era exatamente o que Enid esperava; na verdade, era bem assustadora. Enid demorou um tempo para encontrar o local onde sentia a presença de Joshua. Foi surpreendida pela altura em que a "casinha" estava, provavelmente a maior árvore da região. Seu tronco robusto e largo sustentava a estrutura precária e coberta de musgo. Não havia escadas para subir, mas Enid conseguia ouvir os batimentos cardíacos humanos, tanto de Joshua como de outro ser, provavelmente Yoko.

Enid escondeu o diário embaixo do moletom e verificou que os dentes estavam bem presos no bolso de sua calça. Ela tirou os tênis e deixou suas garras nas mãos e nos pés crescerem. O chão gelado e úmido da floresta não era confortável, mas ela sabia que era por uma causa maior. A loira nunca tinha escalado com as próprias unhas, mas estava disposta a correr o risco. Firmou suas garras na madeira e começou a subir, sentindo dor e desconforto, mas persistindo. Cada passo era um desafio, mas ela se recusava a desistir. Após um árduo esforço, finalmente chegou ao chão da casinha, ofegante e exausta.

Enid respirou profundamente e virou o rosto na direção da casinha. Milagrosamente, ainda havia uma porta e uma janela, e ela podia ver a luz do lampião aceso lá dentro. A casinha tinha um tamanho mediano, o suficiente para uma pessoa de dois metros entrar. Enid poderia ter fugido naquele momento, mas sabia que Joshua já devia estar ciente de sua presença e que Yoko precisava de sua ajuda. A vampira tinha sido uma das primeiras a apoiá-la quando estava sozinha em Nevermore, e Enid não iria fraquejar agora para protegê-la.

Enid se levantou, sentindo falta dos sapatos, e percebeu que continuaria pisando na madeira fria e úmida, o que a deixaria gripada. Cautelosamente, ela deu um passo e a madeira estalou, provocando um arrepio em sua espinha. O medo de cair daquela altura e morrer de forma humilhante a assombrava.

Decidindo apressar o passo, Enid se dirigiu até a porta da casinha. Não havia maçaneta, apenas uma pequena alavanca de madeira presa a outra. Ela respirou fundo, considerando seriamente o fato de que estava prestes a encontrar seu perseguidor sociopata. No entanto, a coragem prevaleceu e ela levantou a alavanca, finalmente abrindo a porta.

Do outro lado, deparou-se com um homem alto, cabelos cacheados e volumosos, quase longos, olheiras e olhos azuis acinzentados, semelhantes aos de José. Ele estava vestindo uma camisa social vinho e calças pretas, com um tom de pele caramelo escuro. O local estava revirado, com muitos frascos, ingredientes e um caldeirão espalhados pelo chão, além de fotos de José e Sophia preto e branco. Ao lado do homem, Yoko estava amarrada e com a boca tampada, sentada no chão em silêncio. Enid viu um brilho de esperança nos olhos da vampira ao entrar.

-Então, você veio. Achei que estivesse planejando uma fuga... Seu coração está tão acelerado que pensei que já estivesse correndo. - Joshua debochou, com um sorriso discreto.

-Não tenho culpa se você fez o favor de não deixar uma escada. - Enid respondeu, em tom ríspido.

-Pensei que estivesse com medo, mas acho que te julguei mal. Bom, não tenho nenhum banco aqui, mas acho melhor você se sentar. - Joshua propôs, olhando ao redor.

Enid tirou o diário de baixo do moletom e pegou os dentes de seu bolso.

-Eu não vim aqui para conversar. Eu trouxe o que você pediu, agora liberte a Yoko e me deixe ir. - Enid ameaçou, segurando firmemente os objetos.

-Ah! Claro, claro, eu deixarei você e a vampira irem embora. Não sou um lobisomem sem palavra...mas...eu quero conversar um pouco com você. É do seu interesse, a não ser que não se importe com a vida dos seus coleguinhas. - Joshua disse.

Mesmo a contragosto, Enid se sentou no chão com as pernas cruzadas, de frente para Joshua e Yoko.

-Seja breve, Joshua. - Enid resmungou.

-Eu tenho uma proposta para você. Deve ter visto o corpo do seu gato morto, se o José não o jogou fora, claro. Sabe, eu nunca fui apegado a animais. Quando se é um lobisomem, você geralmente só os come de qualquer forma. Mas eu não o matei por nada, foi um aviso, um pequeno aviso do que eu vou fazer na sua vida. - Joshua mencionou com tranquilidade.

Enid engoliu o choro em seco, sua garganta estava em brasa e seus instintos ordenaram que ela pulasse na artéria de Joshua, mas a loira se manteve firme. Por outro lado, Yoko, que ainda não sabia da morte do Amora, derramou lágrimas silenciosas.

-Eu ainda vou ter o prazer de te matar, seu desgraçado. - Enid sibilou, se segurando para não partir para uma briga que ela não poderia ganhar.

-Creio que isso não será possível. Você tem uma língua bem afiada para alguém da sua idade, me lembra muito a namoradinha do José. Ela disse a mesma coisa antes de eu cortar a garganta dela. - Joshua riu sem humor da própria comparação. - A proposta é a seguinte, Sinclair: se entregue por livre e espontânea vontade, ou eu vou atrás de você e mato todos os seus amiguinhos, inclusive a sua namoradinha. Falta apenas uma semana para a lua de sangue, pense bem. Se eu quisesse te capturar, eu conseguiria. Estou te dando a chance de aproveitar sua última semana de vida, nem todos os seres têm essa oportunidade.

-Você sabe que, se a Emily voltar à vida, ela nunca vai te amar, não é? Você torturou o filho dela, transformou a vida dele num completo inferno. Acha mesmo que ela vai ficar com você? É tão cego a esse ponto? - Enid cuspiu as palavras em fúria.

-Eu não quero que ela fique comigo. Já não se trata de amor há muito tempo, Enid. Eu só quero devolver algo que eu tirei. Foi minha culpa ela não ter aproveitado seus últimos meses, e foi minha culpa ela ter morrido no feitiço. Fui burro, ansioso e não pensei antes de agir. O garoto não teve nada a ver com isso, e tenho noção de que o torturei por algo que nunca foi culpa dele... mas isso não importa. Quando se é imortal, a vida perde completamente o sentido. Não importa o que você faça, nada nunca terá consequências. Sabe o quão vazio é viver sem um propósito? Viver com remorso... culpa eternamente? Eu sei. E talvez trazer Emily de volta não vá mudar isso, mas eu quero e vou cumprir com o único sentido que a minha existência tem neste momento. - Joshua revelou, causando espasmos em Enid.

-Se nem mesmo você se perdoar, fica difícil imaginar que alguém vá fazer isso. - Enid respondeu friamente. - Ela pediu que você cuidasse do José, ela pediu que você não se tornasse um assassino. Eu li esse diário e tenho certeza de que você também leu. Se queria tanto assim um propósito para viver, por que não viveu para honrá-la? Por que não viveu para cuidar da última coisa que ela deixou no mundo?

-Acho que você ainda não percebeu, mas o garoto não é exatamente nosso filho. A criança que estava no ventre de Emily morreu durante a gestação... estava parcialmente morta. Por isso eu pensei que não interferiria no acordo com Damballa. Entretanto, aquele demônio colocou novamente uma criança no ventre dela no último momento. José, como vocês o chamam, não é a mesma criança que estava lá antes. Ele é filho de "Damballa" com Emily, só possui a minha aparência, nada mais. - Joshua explicou.

-Então... o demônio colocou outra criança no ventre dela? - Enid perguntou surpresa.

-Exatamente. Ele fez isso para me ver sofrer, para se divertir com as minhas lágrimas. Quer um conselho, Enid? Nunca faça acordos com o Damballa. Ele pode te prometer o mundo com seu sacrifício, mas ele vai tirar o dobro do que pediu. - Joshua suspirou. - Você pode ir, leve a vampira com você, mas antes me entregue o diário e os dentes.

Enid se levantou cuidadosamente e entregou rapidamente os objetos para Joshua, tentando ao máximo não se aproximar muito, talvez com medo de que ele desistisse de deixá-la ir.

-Obrigada por cumprir o acordo, mas lembre-se da proposta que eu te fiz. Se você não vier, eu vou te buscar, e não vou ser nada agradável. - Joshua comentou com uma voz mais ríspida, desamarrando a vampira, que correu imediatamente para abraçar Enid.

[...]

Wednesday e José esperavam ansiosos no quarto da Addams, mesmo sabendo que o rapaz poderia ser expulso se o pegassem no prédio Ophelia, principalmente no quarto de duas garotas. Porém, ele não poderia deixar Wednesday desamparada. Era a terceira vez que o dedo do moreno era cortado pela faca de prata da Addams. Para aliviar o estresse de Wednesday, José permitia que ela o torturasse, arrancando seus dedos, que se regeneravam rapidamente, mas nem isso parecia acalmar a trançada.

-Ela vai voltar, você não precisa... AH! CUIDADO COM OS OSSOS! - José gritou quando a faca de Wednesday atingiu seu osso do dedo mindinho, sendo a quarta vez que ela o machucava.

-Do que adianta ser imortal se você sente dor como uma criança medrosa? E não me peça calma, não é a sua namorada que está em perigo constante por causa de um sociopata maníaco. - Wednesday respondeu com raiva.

-Acho que você esquece do fato de que ela é uma lobisomem extremamente forte. Sei que você quer protegê-la a todo custo, entendo isso, mas se não confiar nela, vai ser difícil vencer o Joshua. - José retirou a faca do dedo, grunhindo de dor para que pudesse se regenerar melhor. - Olha, eu não concordo com essa troca com o Damballa. Você está sendo egoísta. Você vai morrer aliviada por ter salvo a Enid, mas já pensou sobre o que ela pensa sobre isso? Como ela vai ficar depois que você se for?

-...Não. - Wednesday respondeu ríspida, não querendo admitir que o moreno estava certo em parte.

-Eu já vi essa história acontecer antes, sacrifícios, demônios, uma paixão mórbida... reconhece essa história? Exatamente, Joshua e Emily. Você é melhor que isso, Wednesday. Converse com ela, podemos encontrar outra solução! - José pediu calmamente.

-...Eu não consigo... olha, me desculpa, promete que vai cuidar bem dela? Que vai acordá-la todos os dias com cuidado e lembrá-la de fazer a lição de casa? Promete que vai garantir que ela se case apenas com alguém que realmente gostar! E que vai tirá-la daquela família abusiva? Por favor, realize meu último pedido depois da minha morte, faça ela ter uma vida de rainha nesta terra. - Wednesday escondeu o rosto com as mãos, envergonhada por estar implorando por algo.

José olhou para a parede, pensativo. Suspirou, cansado de tentar convencer Wednesday a não entregar sua vida para um demônio, mas foi em vão. O garoto abriu o bolso do uniforme e retirou uma pulseira dourada, sem muitos detalhes, como uma correntinha.

-Toma, é para você. - José estendeu a pulseira para Wednesday. - Quando nos conhecemos, eu disse que você era uma covarde, que eu tinha escolhido o amor, nem que fosse apenas por um segundo, e você sequer o assumia. Eu paguei com a língua, aceite este presente como um sinal de vitória, você me venceu.

Wednesday olhou desconfiada para o objeto brilhante, mas encarou aquilo como um sinal de paz, o nascimento de uma nova...amizade? Talvez.

-Obrigada. - Wednesday agradeceu de forma simples, abotoando a pulseira por debaixo da manga do uniforme.

O som da maçaneta da porta fez eco em todo o quarto, chamando a atenção de José e Wednesday. Enid foi a primeira a entrar, com os cabelos arrepiados. A loira só não estava nua porque usava o casaco de Yoko para se cobrir. Yoko entrou logo em seguida, sem seus costumeiros óculos que acabou perdendo. Enid queria chegar o mais rápido possível e por isso tinha se transformado em lobo para carregar Yoko e correr mais rapidamente.

Enid mal teve tempo de respirar ao entrar no quarto antes de Wednesday pular para abraçá-la. Com Yoko não foi muito diferente; o moreno se jogou para a vampira, a levantando durante o abraço. Enid perdeu o equilíbrio e caiu no chão, abraçada a Wednesday. A trançada soluçava e tremia levemente, mas Enid não rejeitou o abraço. Ela colocou seus braços em volta de Wednesday e acariciou os negros cabelos.

José rodopiava com Yoko nos braços, quase dando pulinhos e causando risadas na vampira. Tanto a vampira quanto a loira tentavam acalmar os dois saudosos, dizendo que estavam bem, ou pelo menos tentando, mas os dois não escutavam. Estavam felizes e aliviados por suas garotas terem voltado.

[...]

-Vocês dois podem dormir na minha cama, eu e a Wednesday vamos dormir na dela. - Enid saiu do chuveiro, secando os cabelos.

-Acho que você nem precisa falar, o José já caiu no sono - Yoko respondeu, continuando o carinho no cabelo do moreno. O mesmo não desgrudou dela desde que tinha entrado no quarto; os dois estavam deitados na cama de Enid, pois ela deu a ideia de todos dormirem juntos naquela noite.

-Quer ajuda com o cabelo? - Wednesday perguntou deitada na cama.

-Não precisa, carinho, já estou terminando aqui. - Enid respondeu, guardando a escova. Yoko se ajeitou na cama para abraçar José, e Enid apagou a luz do quarto, deitando-se na cama com Wednesday e formando a "concha maior".

Nenhum dos dois grupos contou o que aconteceu naquela noite. Wednesday e José não falaram sobre Damballa, e Yoko e Enid não mencionaram a proposta de Joshua. Todos estavam mentalmente cansados para lidar com tudo aquilo; precisavam aproveitar uma noite de paz, juntos.

Apesar da paz momentânea, Wednesday e Enid não deixaram a preocupação de lado. A loira já tinha se decidido: iria se entregar para Joshua. Por outro lado, Wednesday tinha certeza de que usaria a espada para salvar Enid.

O que aconteceria a seguir? Talvez nenhuma das duas tivesse controle sobre seus destinos.





🚧-----------⚠️
[Notas Finais: Wou, já estamos no finalzinho da fanfic, o próximo capítulo será o penúltimo! Nos vemos em breve galera 🏄

(22 capítulos e ainda tem gente que não sabe que eu sou homem 🤡 é autor galera, não autora kkkkk)

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