Spark of Fire

By ficsGiKa

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Jung Hoseok está há minutos de morrer quando o seu sangue atrai Min Yoongi, um vampiro que lhe oferece a chan... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Capítulo 94
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100

Capítulo 78

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By ficsGiKa

AVISO DE CONTEÚDO: Descrições gráficas de violência.

══════ † ══════


Seokjin encravava seus dentes no pescoço de um caçador enquanto pensava em Jungkook. Taehyung estava certo, no final das contas. Tudo era uma armadilha e caíra como um bobo, deixando seu noivo debilitado ao ponto de ele não conseguir lutar.

Os olhos do vampiro foram para a casa antes dele agarrar outro caçador pelo pescoço e arrancar pele com uma forte mordida. Soobin e Jungkook estavam escondidos na sala de artesanato e Seokjin temia por quanto tempo poderiam ficar naquela situação.

— Monstro!

O vampiro quase gargalhou quando um caçador novo demais para estar em uma missão daquelas o ameaçou com uma adaga de obsidiana negra.

— Você ainda não viu o monstro, moleque.

O caçador deu um passo à frente, mas Seokjin somente quebrou a mão dele em segundos, pouco se importando com os gritos. Não era isso o que queriam deles? Que fossem os monstros da história? Então, ele seria.

O caçador tentou outra vez, mas Seokjin mal o olhou quando o empurrou para longe. O rapaz bateu contra a parede da academia e desmaiou.

O vampiro fitou sua frente e mais cinco caçadores se aproximavam. Ele riu.

— Vocês me pegaram em um dia bem ruim. — O vampiro passou a língua pelos lábios de maneira vagarosa. — Desculpem-me pelo que acontecerá, meus caros.

Quando a primeira bala voou em sua direção, Seokjin sorriu de lado e atacou.


══════ † ══════


Namjoon encarou as duas irmãs na sua frente e não soube o que realmente fazer. Yoobin e Gahyeon estavam na sua frente em suas puras formas vampirescas, e, de alguma maneira, isso fazia um nó aumentar no coração do dragão. Quis desesperadamente fazer parte da vida delas, poder ser um irmão, mas no final, nada adiantou, não quando elas não o viam da mesma maneira.

— Não precisamos fazer isso — Namjoon ponderou, tentando levar um pouco de razão para a mente delas. — As coisas não precisam ser assim.

Yoobin foi a primeira rir. Seus ombros proeminentes iam com o rosto dela, apesar da pele acinzentada e as cicatrizes na face, havia algo expressivo e fatal nela, diferente das outras irmãs. Quando a conheceu pela primeira vez, pensou como ela parecia com Sunmi em atitudes, mas, naquela posição, Yoobin não parecia em nada com sua mãe — talvez uma casca ferida, sem realmente sentido.

— Você que escolheu esse destino, irmãozinho — Gahyeon foi a primeira a falar, suas expressões mais singelas, contudo, sem olhar igualmente raivoso quanto a outra. — Você não partiu conosco para cumprir o seu destino.

Namjoon sacudiu a cabeça em negação.

— Meu destino? Vocês queriam me prender.

Yoobin sorriu de lado, falando em seguida:

— Agora, você será um dragão morto.

Namjoon foi o primeiro a atacar. Ele levantou a terra entre eles e as separou com grandes rachaduras no solo. Precisava se concentrar e manter o foco, precisava ser um só com a natureza, pois, elas não estavam ali para brincar, suas irmãs estavam ali para o matar.

O primeiro ataque delas partiu da direita. Namjoon mal sentiu o vento no rosto, mas os dedos nos seus ombros, prontos para afastarem sua cabeça para uma mordida foi mais fácil de perceber. Ele a empurrou com uma rajada de vento.

Yoobin foi a próxima a pular em cima dele, contudo, preparado para um ataque aéreo, Namjoon se protegeu com uma camada de fogo. Ela gritou ao tocar sua pele, pulando para trás com os dentes expostos.

— Desgraçado!

Namjoon engoliu a seco, aproveitando os segundos para sentir os outros. Seokjin fazia um extermínio de caçadores, Jungkook estava desperto e protegia Soobin, ainda escondido, contudo, o dragão sabia que não demoraria para o rapaz sair para realmente lutar. Taehyung era o mais sensato no momento; ele lutava sem matar, mais enganando e compelindo do que realmente machucando. Uma sensação de calma preencheu Namjoon, tinha que ser como o marido: centrado, pois, mesmo com todas as dificuldades que Taehyung poderia enfrentar, ainda mais com sua agorafobia, permanecia com a sua moral intacta.

O dragão fitou as irmãs, unidas outra vez, mas esperando qualquer distração para atacá-lo; contra o fogo, elas não podiam lutar.

— Eu não entendo — Namjoon disse, suspirando pesado. Ele deixou suas barreiras sumirem. Elas não atacam de imediato e o dragão continuou a falar: — Poderíamos ser uma família. Sunmi as ama e com o tempo, eu também poderia amar.

Yoobin gargalhou enquanto a outra também sorriu repleto de ironia.

— Uma família? — Yoobin gritou, seu sorriso ainda distorcido de maneira não natural. Namjoon percebeu uma corrente elétrica passando por todo o seu corpo, novamente a sensação de mau presságio. — Que família quando Sunmi só ama a você?!

Namjoon sacudiu a cabeça em negação. As palavras da vampira tinham tanta raiva que não conseguia ler com razão. Por que elas o odiavam tanto? Era tudo relacionado ao fato de que negara ser o Guardião que tanto procuravam?

— Sunmi ama a todos nós — garantiu Namjoon. Ele conseguia ver atrás dos seus olhos a visão da sua mãe falando bem de cada uma das filhas, mostrando suas forças e como cresceram ao longo dos séculos. — Nossa mãe nos ama igualmente — completou Namjoon.

— Sunmi ama o filho perfeito, não as defeituosas — garantiu Gahyeon, ela abriu a boca o máximo que pode, deixando suas presas aparentes e seus olhos como pura escuridão. — Você não merece nada além da morte!

Havia um nó na garganta de Namjoon. Ele queria tanto entender, fazer sentido das palavras das irmãs, contudo, não compreendia. Como elas não podiam perceber que os olhos de Sunmi somente tinham amor quando olhava para elas?

— Nada disso é verdade, como vocês não conseguem perceber? — Namjoon insistiu. Sabia ser um risco, que deveria lutar com elas de uma vez, contudo, a ideia de matar mais uma das irmãs, mesmo que por acidente, partia-lhe o coração. — Sunmi não faz diferença entre os filhos.

Gahyeon riu, jogando o cabelo para trás. Namjoon pode ver um corte bem no ombro da vampira e ponderou se havia sido quando jogou uma rajada de vento nela; não sabia que seus poderes chegavam a essa intensidade.

— Nós matamos vilas, aldeias, cidades por nossa mãe, pelo amor dela, mas ela só olhou com carinho na vida para você, o filho de sangue dela!

— Ela não queria que vocês matassem a ninguém, Gahyeon. Mamãe só quer uma família.

Yoobin estalou a língua, dizendo:

— O mundo fez isso com a nossa mãe, a maldade do homem criou os vampiros! Então, devolvemos na mesma moeda! Sunmi merece ser a rainha do mundo, depois de tudo o que ela deu por ele! — Yoobin deixou suas unhas aparentes, apontando para Namjoon. — Já que ela desistiu de todo esse poder por você, ela também pagará por essas ações!

A ameaça não era velada e isso fez Namjoon arregalar os olhos. O que elas estavam falando? O que fariam com Sunmi? A ideia de perder outra pessoa da sua família somente levou um tremor às mãos de Namjoon, não suportaria, não aguentava mais ter que contar corpos e somente encontrá-los outra vez em lembranças. Ele não permitiria que lhe tirassem a mãe que em muitas procurou sem nem ao menos saber.

A força começou a dominar Namjoon outra vez e a camada alaranjada de fogo começou a tomar cada parte da sua pele. Não queria lutar contra elas, contra as vampiras que poderiam ser sua irmã, contudo, não deixaria que elas machucassem sua mãe, seu marido, seus irmãos e a sua família.

Se era o que as Filhas de Lilith queriam, iria matar cada uma delas até que todos que amava estivessem em segurança.

— É... isso! Nos dê tudo de si, babaca! — Yoobin berrou. — Mostre do que você é capaz.

Tudo se tornou puro silêncio na mente de Namjoon. Uma tela branca de concentração, uma tela a ser pintada pela natureza.

Namjoon levantou uma das mãos e o fogo se alastrou pelo chão que se repartia. Elas pularam para longe, sendo ambas atingidas por jatos de água que as derrubaram contra as árvores.

Ele não deu tempo delas se recuperarem, de imediato arrancando as árvores em suas raízes, jogando-as longe, no caminho da floresta. Elas queriam lutar? Então, Namjoon lutaria.

Não precisava de sons ou indicativos, seu corpo seguiu o caminho que ele mesmo esculpira na mata que rodeava o sítio. O escuro não estava mais do lado delas, não quando o sol estava próximo de nascer.

Gahyeon estava contra um tronco, empalada por um galho de árvore. Namjoon a olhou por uns segundos, antes de juntar seus dedos a palma da sua mão; a vampira gritou quando seu corpo saiu do tronco e ficou de pé outra vez, seus membros sem vida, sendo controlados pelo Ar do dragão — uma simples marionete ao poder de Namjoon.

— O que vocês fizeram com a mamãe?

O sorriso cheio de sangue da vampira tomou conta do seu rosto. Namjoon insistiu uma vez mais.

— Eu te fiz uma pergunta.

— Ela está no lugar de onde nunca deveria ter saído! — Gahyeon cuspiu as palavras com um montante de sangue. — Nossa mãe criou as Filhas de Lilith com medo da solidão, nos sentenciou a essa vida, a sempre nos escondermos. Não somos vampiras, somos monstros aos olhos humanos! Agora, ela terá o que merece.

Namjoon não teria uma resposta dela, sabia disso. Já Yoobin, ele somente sentiu a irmã se distanciando cada vez mais, ela estava em processo de fuga.

Fugindo para onde? Ele se perguntou.

O dragão ponderou suas alternativas e então com Ar puxou Gahyeon de volta. Precisava ponderar antes de dar outro passo.

— O que você fará comigo?! Hein?!

Namjoon ignorou os gritos da vampira e se concentrou no que realmente importava no momento: sua família.


══════ † ══════


Taehyung deixou que Seokjin lidasse com os restantes dos caçadores. O mestre estava com muita raiva e descontava tudo nos inimigos, então, era o momento ideal de voltar para dentro da casa e proteger aqueles que necessitavam mais de ajuda.

Ele garantiu que não havia nenhum olhar nele e deslizou pelas portas até o local onde Soobin e Jungkook estavam escondidos. Mas, quando adentrou o local, somente um par de olhos o encarava.

— Soobin? Onde está Jungkook?

Soobin se levantou com pressa, as lágrimas em seus olhos escorrendo ainda mais quando viu o vampiro. Ele abraçou Taehyung sem responder à pergunta, agarrando-se ao pescoço dele com força.

— Hyung, por favor, não me deixa aqui sozinho.

Pela primeira vez, em muitos séculos, Taehyung se recordou como humanos podiam ser fracos. Soobin tremia em seu abraço, o medo o dominando por completo, parecendo exatamente como ele ficava quando suas crises de ansiedade atacavam. A lembrança ativou sua mente de maneira ruim, um gatilho que não esperava ter, que não podia ter em um momento como aqueles.

— Soobin. — Taehyung sentiu um gosto na sua boca, algo amargo e esse era acompanhado pelo palpitar no seu peito, algo que não deveria existir, pelo menos não em um vampiro. — Onde está... Jungkook?

A frase saiu pesada, dura demais. Odiou-se por aquilo, por infligir mais medo no pobre rapaz. Soobin o olhou de olhos arregalados, a respiração tão curta que o diafragma movia-se com força, tentando encontrar a maneira correta de funcionar em uma situação como a que o humano vivia.

— Um caçador... entrou na casa. Jungkook saiu para o distrair... Ele não voltou.

Taehyung precisou se concentrar, respirar fundo para não se deixar levar pela crise que gradualmente ganhava força em sua mente e consequentemente em seu corpo.

O que faria? Como poderia lutar daquela maneira? Havia um nó forte em seu peito, um nó que crescia, que dominava. Estava se enfraquecendo, deixando sua mente ganhar, mas como resistir, como ir contra algo tão forte como os próprios pensamentos?

— Hyung?

Taehyung precisava se concentrar, sabia daquilo, mas não conseguia, sua mente estava turva e de repente o odor de Soobin pareceu saboroso demais.

— Fique... longe de mim — disse Taehyung, ganhando espaço entre o humano e ele ao estender a mão. — N-não se a-aproxime.

O olhar de Soobin se tornou repleto de lágrimas.

— Hyung... s-sou eu — murmurou o rapaz, esfregando os dedos nas bochechas.

— Soobin. E-eu sei que é você, m-mas... Oh, céus... — Taehyung proferiu com dificuldade, tentando se relembrar dos exercícios de respiração.

— Hyung, você está tendo uma crise de pânico? — Soobin fungou, dando um passo em direção ao vampiro. — V-você pode me morder, se precisar.

— Não! E-eu posso machucá-lo... S-só me dê alguns segundos.

O humano se afastou e Taehyung respirou fundo algumas vezes. Precisava se concentrar para proteger o amigo. Ele se virou e encarou a porta, puxando o ar várias vezes, pensando nos mantras que Dawon o ensinara. Odiava que minutos antes estava bem e por um simples gatilho, quase atacara o garoto que considerava parte da sua família.

Ele sentiu a boca seca, a vontade por sangue mais alta, porém, um som ao longe acabou sendo mais forte que qualquer temor. Taehyung se virou, olhando Soobin e desviando para o pequeno basculante do local.

— Jungkook — sussurrou Taehyung. — Ele necessita de ajuda.

— Hyung?

— Esconda-se, Soobin. Não saia até aparecermos. És humano, os caçadores não farão nada com você.

— Okay... E-eu vou ficar, mas você precisa prometer que não vão me abandonar, okay?! Vocês precisam voltar para me levar e precisam estar com Yeonjun!

Taehyung moveu uma mão de forma ríspida contra o próprio rosto. Não sabia o que realmente responder ao garoto, então, optou para o que provavelmente seria uma meia-verdade ou uma mentira completa:

— Eu prometo que voltarei e que protegerei Yeonjun.

— Okay... Eu confio em você, hyung.

O vampiro fez um gesto com a cabeça e trancou a porta ao sair.


══════ † ══════


Jungkook pulou a poça para não fazer barulho enquanto corria pela lateral da casa. Havia um caçador ali, à espreita; não sabia ao certo o que buscava ali, mas não arriscaria a vida da sua família para perguntar.

Ele parou antes da quina da casa, concentrando-se nos sons, tentando surpreender o caçador antes de ser surpreso. O suor escorreu em uma linha em sua testa, batendo no seu olho antes de conseguir fechá-lo. A ardência o fez xingar internamente. Olhou para baixo e garantiu estar segurando com força a sua adaga — ela era curta, talvez pequena demais para um embate tão próximo, porém, foi a que Soobin pegara quando o ajudou a correr para o esconderijo.

Merda!

Jungkook sentiu a chuva começar a bater em seu corpo. Era Namjoon, tinha certeza de tal coisa. O dragão lutava no momento, mas esperava que o fenômeno meteorológico não fosse um mau presságio.

Uma corrente de ar fez Jungkook tremer. Arrependeu-se de estar somente com uma calça de moletom e blusa sem manga; gostava de usar uma daquelas quando estava em casa, Seokjin adorava contornar suas tatuagens, mas agora no meio de uma luta, era a pior ideia possível, muitas partes expostas para ferimentos. Já não bastavam os músculos cansados e as dores pelo corpo, agora podia adicionar frio a todos os problemas.

Um passo chamou atenção de Jungkook. Ele ouviu com clareza o "crack"; era pesado e profundo na lama, não eram os sapatos delicados de Taehyung, ou os sociais do seu noivo, muito menos as sandálias de dedo de Soobin e o tênis esportivo de Namjoon, era o som de uma bota pesada, militar.

Ele se preparou, apertou a adaga nos dedos e a colocou na altura abaixo do seu queixo: treinamento básico que aprendera com caçadores.

Outro passo. O caçador estava perto. O suor escorria com mais intensidade no rosto de Jungkook.

Três. Dois. Um.

Jungkook levantou a adaga quando o caçador virou da lateral da casa. O movimento era perfeito, iria certamente no pescoço do homem, se não fosse o fato de não conseguir completar o movimento, pois, na sua frente estava Kim Yugyeom.

— Veja só... Nós encontramos de novo.

— Infelizmente. Ainda sendo um lacaio dos outros, Yugyeom?

Yugyeom sorriu, mas o gesto não chegou aos olhos. Ele estava mesmo focado em Jungkook e na arma que ele possuía nas mãos.

— Pelo menos não sou comida de vampiro — murmurou o caçador, fitando o pescoço de Jungkook.

— Isso deveria ser uma ofensa? — Jungkook sorriu afetado, esticando o pescoço de um lado para o outro, sabendo que ali ainda existiam algumas marcas das mordidas de seu noivo.

O caçador olhou para Jungkook de cima a baixo, sacudindo a cabeça em negação. Jungkook conseguia ver como o outro estava o subestimando, abaixando descaradamente a guarda perto dele. O pintor sentiu tanta raiva que quase iniciou a luta ali mesmo.

— Não vim aqui por você, Jungkook — Yugyeom murmurou. — Vim pelos vampiros e pelo dragão.

— Oh, você veio apenas me separar da minha família, então? Sendo assim: vai pro inferno, desgraçado!

Jungkook não esperou mais. Seus músculos doíam e pelo Laço podia sentir Seokjin com tanta raiva que parte desse sentimento fluiu para ele. Não podia acreditar em como Yugyeom podia ser tão ridículo ao ponto de aparecer ali e ainda o olhar como se fosse algo muito superior!

Sem pensar no próximo ataque, Jungkook pulou em direção a Yugyeom, mas esse também saltou para trás. O agora pintor não desistiu, voltando a avançar em direção ao caçador.

Mesmo cansado, não teve dificuldade de atacar e se defender quando necessário, o outro tinha o treinamento de caçador, mas, durante todo aquele tempo, Jungkook não se tornara sedentário, lutou com vampiros e com um dragão. Não era fraco como Yugyeom julgara.

Ele continuou a lutar, a desferir golpes rápidos e precisos, pegando Yugyeom de surpresa várias vezes. Porém, a sequência teve consequências: com o corpo ainda debilitado, assim que Yugyeom se agachou e em um movimento de perna o derrubou em uma rasteira, Jungkook caiu com a cabeça na lama, sem conseguir se mexer.

— Fique no chão, Jungkook! Acabou! Nós vamos trazer justiça aos humanos feridos por tantos vampiros! — Yugyeom gritou, apontando a arma que havia tirado do coldre para o peito do ex-caçador. — Acabou!

No segundo seguinte, Yugyeom desapareceu e Jungkook somente viu Taehyung; o rosto do vampiro cobrindo sua visão, os olhos preocupados recaídos sobre ele. Demorou alguns segundos para Jungkook entender que o caçador havia sido empurrado com força contra a parede há alguns metros.

— Kookie, céus! — Taehyung ajoelhou-se no chão, segurando o pintor por baixo dos braços, dando impulso para ele se sentar. — Vem, meu caro. Levar-te-ei para um lugar seguro.

— T-Tae! Você está bem?

Taehyung segurou o peso de Jungkook todo no seu corpo antes de o colocar em seu colo no estilo-noiva, seria mais fácil dessa maneira para o esconder.

— Não se preocupe comigo, Koo.

O vampiro garantiu que Jungkook estivesse seguro, agarrado em seu pescoço e se virou para correr para o esconderijo, mas nunca chegou a fazer tal coisa, pois, o que escapou dos seus lábios foi um grito de imensa dor.

— Tae?!

Os dois foram ao chão, caindo na lama. Jungkook viu o corpo do vampiro retorcido e ao tocar onde ele se encolhia, avistou a adaga de obsidiava negra, ainda encravada na lateral do corpo do amigo.

Jungkook arfou, levantado o rosto para Yugyeom, que já próximo, apontava a arma para ambos.

— O q-que você fez?! — Jungkook gritou, colocando seu corpo sobre o de Taehyung, protegendo o vampiro com a sua vida. — Por que você fez isso?! Seu doente!

— Ele é um vampiro! É motivo o suficiente, Jungkook! São nossos inimigos naturais! Você precisa sair dessa compulsão ridícula e voltar ao normal de uma vez!

O pintor não podia acreditar naquilo, como uma pessoa podia ser tão cega daquela maneira? Será que um dia foi assim? Mataria um vampiro somente por ser vampiro? Parte dele queria acreditar que não.

— N-não se aproxime — disparou Jungkook, levantando sua adaga na direção do caçador. — E-eu te mato! N-não estou blefando, eu realmente te mato!

— Você não tem coragem, Jungkook! É só um idiota covarde!

Jungkook tentou mirar o máximo que podia com os pontos pretos em sua visão, a chuva e as lágrimas piorando ainda mais os seus sentidos. Ele pode ouvir o gemido baixo de Taehyung, então, jogou. Ele mirou o pescoço ou qualquer local perto daquela área que fosse eficiente.

O pintor acertou, mas não suficiente para matar. No último instante, a adaga fez um pouco de curva para a direita e por fim Yugyeom terminou com um corte não muito profundo no ombro.

Não feliz por aquilo, Yugyeom virou a arma para a cabeça de Taehyung; Jungkook tentou ficar na frente do vampiro, sendo aquele que não deixaria que ele morresse.

— Mais uma dessas, eu arranco os miolos dele.

— Você terá que me matar primeiro — afirmou Jungkook.

Ele fungou e não desviou os olhos de Yugyeom; um dia haviam sido amigos, agora não conseguia nem se lembrar o que tinha para gostar dele.

— DEIXA MINHA FAMÍLIA EM PAZ!

Jungkook mal pode acreditar quando Soobin apareceu com um pedregulho na mão. Os olhos do rapaz estavam arregalados e ele estava todo encharcado e sujo; o pintor imaginou o sacrifício dele de arranjar a pedra.

— Quem é você, porra?!

Soobin se preparou para jogar a pedra, Jungkook notou o movimento dele com o braço, mas outro grito distraiu Jungkook; ele voltou os olhos para Yugyeom, encontrando os dentes de Taehyung fincados na pele do pescoço do caçador.

Jungkook não quis pensar, mas de alguma maneira seu coração se apertou em preocupação por Yugyeom. Conseguiu se lembrar porque gostava dele antes: haviam crescido juntos, compartilharam medos e experiências e ainda que muitas coisas ruins tivessem acontecido não era fácil deixar tudo aquilo para trás. Porém, confiava em Taehyung e no julgamento dele, o amigo faria o necessário, não importava o que fosse.

Não demorou para o corpo de Yugyeom cair no chão; Jungkook ficou olhando, sem saber se perguntava a Taehyung se ele estava vivo ou morto. Por fim, somente sentiu os braços do vampiro na sua cintura, colocando-o de pé.

— Está bem, meu anjo? — Taehyung perguntou a Jungkook, mas também fitou Soobin. — Vem cá, Soo. Irei escondê-los.

Soobin segurou a parte da roupa do vampiro, pronto para correr com sua família dali. Ele estava apavorado, mas o medo maior era o de perdê-los. Não pensou muito em como se proteger quando saiu da sala onde estava, contudo, sabia precisar, não poderia ficar parado enquanto eles sofriam.

Taehyung segurou os dois, pensando em um plano para os esconder em um local seguro. Xingou-se por pensar na dispensa somente naquele momento; era um local em comum as três casas, sem janelas e com uma porta reforçada devido a animais, com certeza a melhor opção naque situação.

A fisgada na lateral do seu corpo indicou como o ferimento foi profundo e mesmo o sangue que tomou do caçador não se mostrou suficiente para curá-lo — talvez se o matasse as coisas diferissem, mas não era o momento de pensar em possibilidades e somente agir.

— Queridos, vocês precisarão proteger um ao outro — disse Taehyung quando averiguou as redondezas. Estavam escondidos atrás de uma árvore e a dispensa não era longe. — Voltaremos depois para resgatá-los.

Jungkook, que Taehyung pensou ser aquele que discutiria, nada disse. De fato, o pintor estava cansado para não reagir àquela fala.

O vampiro voltou a olhar em volta, seus sentidos confusos com tantos sons misturados com a dor que alastrava em seu corpo.

— Vamos, vamos — murmurou Taehyung. — Irei à frente, chamarei vocês em seguida.

Taehyung olhou para Jungkook e em seguida para Soobin, sorrindo fracamente antes de soltar as mãos humanas. Eles tinham olhos preocupados e o vampiro somente quis deixá-los para sempre protegidos de todo o mal.

O vampiro se concentrou outra vez, apertando o local do ferimento e fechando os olhos, não identificava ninguém por perto além deles.

Assim que avançou e chegou na porta da dispensa, Taehyung foi alvejado enquanto Jungkook e Soobin assistiam horrorizados o vampiro caindo no chão em uma poça do próprio sangue ainda olhando para eles dois.


══════ † ══════


Seokjin e Namjoon estavam com as costas apoiadas um no outro enquanto lutavam com mais de quarenta caçadores. Os dois eram bons e tinham ótimos golpes, mas uma invasão daquele nível não era esperada por nenhum deles. Cada movimento contava, cada instante perdido era demais e poderia levar à morte. Ambos estavam cobertos de preocupação com os outros, contudo, não podiam se distrair.

— Joon!

Namjoon fez o fogo ampliar pelos seus braços e quando sentiu o vampiro desviando, lançou labaredas para todos os lados. Os gritos em outro momento iriam perturbar o dragão, contudo, eram os caçadores ou eles.

O vampiro focou em acabar com um grupo de caçadores que vinham na sua direção, mal olhando seus rostos; era uma técnica que aprendera com Moonbyul, sua mestra: quando se luta pela sobrevivência, o inimigo não tem pena de você, então, não tenha dele.

Seokjin, no fundo, odiava matança descontrolada, a destruição de tantas vidas que talvez com outro tipo de tratamento percebessem que o que faziam, era errado. Contudo, sua família estava em perigo e faria tudo por eles, mesmo coisas que fossem além do que considerava moral. Talvez a história o perdoasse ou talvez não, mas, não importava naquele milésimo de instante que compunham os séculos.

— Jin!

Seokjin deu um salto por cima do corpo de Namjoon, avançando nos caçadores que destabilizavam o dragão. Namjoon fez o mesmo, tomando conta dos caçadores que antes estavam a cargo do vampiro. O tanto que treinaram juntos mostrava um bom resultado. Os dois eram naturais, com facilidade movendo perto um do outro, destruindo os inimigos com poucos golpes.

Mas, algo mudou no minuto seguinte, Namjoon pôde perceber como Seokjin bambeou atrás dele.

— Jin?

Namjoon abriu o chão em volta deles, deixando ambos em um círculo de terra, dando um tempo para os dois.

— Kookie... Eu posso sentir que tem algo de errado.

— Merda! — Namjoon jogou uma bola de fogo, atingindo três caçadores. Ele respirou fundo, o suor escorrendo pelo seu rosto. — Jin, tô cansando.

— Quanto tempo? — o vampiro perguntou.

— Uns dez minutos? — ponderou Namjoon, puxando ar outra vez. — Se eu me esforçar muito, uns vinte.

O vampiro sabia a implicação daquilo. Se Namjoon se esforçasse além da sua força, poderia morrer. Totalmente fora de cogitação, Seokjin olhou em volta, tentando procurar uma maneira de derrubar aqueles caçadores de uma vez.

As árvores agora estavam afastadas das casas por conta das ofensivas de Namjoon, mas as que ainda estavam em pé, eram as maiores do sítio antes do início da mata fechada da trilha que ia até à cachoeira. Seria um plano bobo, provavelmente cômico, mas era o que Seokjin tinha para o momento.

— Tenho um plano — disse Seokjin. — Joon, me dê cobertura.

O dragão não sabia para o que o outro precisava de cobertura, mas não deixou de jogar bolas de fogo ou afastar o solo, pegando alguns caçadores distraídos enquanto Seokjin sumia no prédio reservado para academia.

Quando Seokjin voltou a aparecer, capturou três caçadores de uma só vez e então Namjoon entendeu o plano. Ele viu o vampiro os jogar contra o tronco de uma grossa árvore e ali os prender. Não era o melhor dos planos, mas lhes daria um tempo para pegar o restante de suas famílias e fugirem.

Namjoon então ajudou Seokjin e com jatos de ar começou a jogar os caçadores para perto de Seokjin. Tinham muitos metros de alcance por conta do treinamento, contudo, o dragão sabia que uma hora acabaria. Foi a vez dele de observar os arredores e pensar em outro plano: poderia prender os caçadores que restassem em uma das casas, vedando as saídas; novamente, não seria o melhor plano, mas seria o ideal para ganharem tempo.

Com o plano formado na mente de Namjoon, por um momento, ele teve esperança de que tudo daria certo, de que conseguiram fugir dali e se reagruparem para o contra-ataque.

E, então, ele escutou o grito de Jungkook, seguido pelo grito de Soobin.

Todo sentimento bom que ocupava lentamente o peito de Namjoon foi embora de uma vez.

Namjoon procurou pelo som e viu a cena que ficaria em sua mente para sempre.

Jungkook e Soobin sendo arrastados por caçadores enquanto Taehyung...

— TAEHYUNG!

O grito foi tão alto no ouvido de Namjoon que ele demorou a perceber vir dele. O plano se tornou completamente abandonado enquanto seus pés se moviam na direção do marido.

Seu marido, que não aparentava mais estar vivo.

— HYUNGS! HYUNGS! — Soobin berrava, tentando se soltar dos fortes braços dos caçadores. — HYUNGS!

— JIN! JIN!

Seokjin chegou ao lado de Namjoon em instantes, mas dele, não conseguiu passar, não quando uma horda de caçadores se fecharam contra eles.

Os dois lutaram então por além de suas vidas, eles lutaram por aqueles que lhe davam vida.

Os gritos de Soobin e Jungkook gradualmente se tornaram mais distantes, enquanto o vampiro quebrava todos que via pela sua frente, tentando abrir caminho e quando tentou saltar, sentiu uma lâmina em sua perna; tentou pousar longe dos caçadores, porém, foi puxado para baixo. Não era uma adaga e sim uma espécie de arpão.

Namjoon queimou um caçador e empurrou outro com Ar, mas, eram muitos — muito mais do que podia lidar. Lembrou-se por acaso de quando Jungkook e Jimin noivaram por conta das ameças de Lee Hyun, pois, o homem prometera colocar todos os caçadores da Coreia atrás deles. Na época que soubera da história, pensou ser exagero, mas agora via que Hyun era alguém que cumpria o que prometia.

Os gritos sumiram da audição de Namjoon. O dragão arfou, queimando outro homem antes de sentir seus membros se entregando a dormência.

— Jin...

O vampiro não olhou para o outro. Ele ainda lutava, não desistia, mesmo com a perna machucada; daria seu jeito de chegar até a sua família, mesmo que essa já estivesse em um camburão que se afastava cada vez mais do sítio.

— Jin... — Namjoon sussurrou, sabendo que o outro escutaria. — Jin, e-eu não aguento mais.

Seokjin xingou em sua mente e desistiu do caçador que tinha nos braços. Ele se virou e segurou Namjoon por trás, agarrando-se a sua cintura.

— Eu te peguei.

Namjoon queria acreditar ser o suficiente para se salvarem, mas, ambos estavam fracos. Isso só levava a uma alternativa, uma que chegou a começar a murmurar, contudo, Seokjin foi mais rápido, sussurrando em seu ouvido:

— Tire-nos daqui, Joon-ah.

Os corpos deles começaram a tremer, algo leve, vindo da ponta dos dedos que se espalhava por toda pele. De início, somente alguns caçadores perceberam, até os tremores aumentarem na Escala de Richter.

Os gritos dessa vez foram dos caçadores, alguns correndo para se protegerem enquanto outros caíam pelo chão ou eram simplesmente engolidos pelas crateras que se abriam no chão.

Era o momento de escaparem.

Namjoon deixou um grande buraco se abrir abaixo deles, descendo gradualmente para dentro da terra. Tinham essa teoria de que túneis subterrâneos seriam uma boa forma de escape.

— Isso! Joon-ah, você é incrível!

O dragão se apoiou no vampiro, deixando que os braços do outro fossem a sua força quando apontou a palma da sua mão para o solo, forçando à Terra a obedecê-lo, a se modificar conforme seu desejo. Assim desceram até estarem seguros.

O mundo se tornou silencioso ao dragão, ele estava totalmente entregue a Natureza.

— SEUS DESGRAÇADOS!

Seria de fato um bom plano de fuga, mas os dois não esperaram pelo fator surpresa: o fator humano.

Seokjin olhou para cima, para a superfície e viu um caçador na beirada do buraco. Por um instante, o vampiro pensou que ainda conseguiriam escapar, que o caçador gritaria ofensas e depois os perseguiria pelo túnel — e se tornaria uma presa fácil.

— VOCÊS ESTÃO FODIDOS!

O caçador levou a mão atrás do corpo e em seguida, o vampiro viu uma granada caseira nos dedos do homem: uma granada de Obsidiana Negra.

— Joon, diga a Kookie que eu o amo.

Essa foi a última coisa que Namjoon ouviu antes de tudo à sua volta explodir.


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