Três dias depois, Jimin e Jungkook tiveram que voltar ao trabalho. Eles apresentaram atestados, mas todos ainda reparavam neles, especialmente em Jungkook. O boato que rolava pelo local era que o Lee Hyun estava insatisfeito com o trabalho do filho e lhe dera uma lição à altura; alguns daqueles olhares eram de pura pena, outros, já que achavam correta a atitude, afinal, um caçador deveria sempre ter a sua excelência, ainda mais um com um cargo alto como o de Jungkook.
Porém, debaixo dos panos, eles estavam de volta com um plano e foi nisso que Jungkook pensou, em silêncio na sua sala. Seu pai não poderia desconfiar de nada, somente que Jimin e ele estavam usando os vampiros de maneira correta pela primeira vez.
Jungkook suspirou, focando nos papéis na sua frente, sabendo que na mansão, Seokjin não estava de acordo com o plano deles. O vampiro não queria aceitar, achava um risco bobo, mas, se queriam ficar por um tempo sem levantar suspeitas, era a melhor coisa a se fazer.
Ele esfregou os olhos e seus pensamentos não saíram de Seokjin. Odiava se sentir daquela maneira, uma floresta crescia em seu peito, cobrindo de folhas cada terminação nervosa, abafando seu coração dos raios de sol. Era sufocante, por vezes, quase claustrofóbico.
Voltou aos papéis, vendo algo sobre um ataque de vampiros em uma sede em Busan. Não era a área dele e por um momento, ficou confuso, até perceber que olhava o jornalzinho dos caçadores; para a maioria dos caçadores, o jornal só estava disponível online e quem tivesse paciência para saber de tudo, lia os artigos, mas por ter o cargo de supervisor, sua versão era impressa, pelo menos com as melhores notícias.
Jungkook largou o papel, recostando-se contra a cadeira de couro. A papelada o esperava, mas as árvores estavam agitadas em seu peitoral, levando a sensação para todo o seu corpo. Sua perna começou a balançar sem parar e ele precisou fechar os olhos para se concentrar. Odiava aquele local, queria ir para o único lugar que agora sentia ser a sua casa. Precisava fingir pelo bem de todos, mas não tinha certeza se seu frágil estado mental aguentaria por muito tempo. Queria desistir de tudo, tornar-se um traidor e ficar para sempre nos braços do vampiro que amava.
— Jungkook?
A voz fez Jungkook pular no lugar, franzindo a testa para o visitante.
— Pelo visto, qualquer um entra no meu escritório — reclamou o caçador. — O que você quer, Yugyeom?
Yugyeom levou a mão a nuca, adentrando o escritório e fechando a porta atrás de si, seu sorriso era um tanto aparente e seus olhos varreram o escritório, ele viu o quadro com um lago e uma pequena casa e se perdeu um instante na pintura com fortes pinceladas.
— Minha mãe que fez — disse Jungkook. Ele suspirou, levantando-se e quase esticou os braços para o alto, como sempre fazia, mas se recordou que não podia fazer tal coisa, assim somente deu a volta na mesa e se sentou na beirada. — Yug?
O caçador de cargo mais baixo, finalmente o fitou:
— Eu fiquei sabendo do que seu pai fez — disse o caçador.
— Hm... okay.
— Meu pai disse que Jimin e você são suspeitos de terem envolvimento com vampiros.
Jungkook levantou a sobrancelha, sua expressão não entregando nada mais do que aquilo.
— E o que você disse para ele?
— Mandei ele calar a boca.
O supervisor sorriu e foi acompanhado por Yugyeom. Jungkook ainda podia se lembrar quando eles tiveram algo, foi apressado e um pouco sem sentido, mas estava lá, pensaram que talvez fossem além, mas a vida tinha outras ideias para os dois. Na época, Jungkook ficou sentido, mas agora, estava feliz por não ter mais aquela complicação na sua vida.
— Eu não tenho envolvimento com vampiros, só para você saber — disse Jungkook. — Meu pai só é... excêntrico e não gostou de como eu entreguei meu trabalho a ele, algo fora das nossas obrigações aqui.
— Entendo. — Yugyeom voltou a fitar o quadro, sacudindo os ombros. — Sua mãe não voltou, né?
— Não... ela está em uma missão.
— Pelo tempo, deve estar infiltrada.
— É.
O supervisor deixou seus apertarem a barra da sua camisa. Novamente, a floresta crescia desenfreada em seu peito. Por que Yugyeom tinha que trazer sua mãe à toa na conversa? Céus, que inferno!
— Acho melhor eu voltar ao meu trabalho — disse Yugyeom, pigarreando. — Os relatórios da base secreta não irão ser escritos sozinhos.
— Quê?
— Base secreta — repetiu Yugyeom, mas o rosto de Jungkook era pura confusão. — Ué, você não sabe da Base Secreta?
— Eu tenho cara de quem sabe, Yugyeom? — Jungkook proferiu sem se controlar, aproximando-se de Yugyeom. — Me conte essa história logo.
— Pensei que como supervisor, você sabia disso... Jungkook, você por acaso já usou a sua senha especial no software dos caçadores?
— Não...?
Yugyeom revirou os olhos, segurando nos ombros de Jungkook e o empurrando em direção a mesa. O movimento brusco levou uma forte dor à costela dele, mas disfarçou, mordendo o lábio inferior com força.
— Senta aí — disse Yugyeom, apontando para a tela. — Abre o programa.
Jungkook sentou rápido demais e novamente prendeu um gemido de dor, tentando a ignorar, abriu o programa, ali podia encontrar últimas notícias, área para relatorias e até EaD para caçadores que queriam conseguir pontos para ajudar a subir de cargo.
— Vai na área especial — disse o outro. Jungkook foi e logo foi pedido "login" e "senha". — Coloca seu e-mail e sua senha especial e voilà.
Aquilo era perfeito! Tudo o que Jungkook e Jimin precisavam para conseguirem as informações da sede e acrescentar as falsas!
— Mas, eu vou encontrar tudo aqui? — Jungkook precisava saber, para não dar de cara com um muro e não ter todas as respostas.
— Bem, até onde a sua senha chega, né? Seu acesso, por exemplo, não é igual ao do meu pai e por aí vai.
Jungkook suspirou. Claro, nada seria tão fácil assim!
— E o seu acesso? — perguntou Jungkook. — Só curiosidade...
— Bem, eu sou o assessor do meu pai, então... Seu pai tem o mesmo nível de acesso dele, eu acho... Por que não pergunta a ele?
— Vou perguntar — Jungkook respondeu, torcendo para Yugyeom não captar a ironia em sua voz. — Obrigado pela ajuda, Yugyeom.
Yugyeom sorriu, satisfeito.
— Posso te ajudar no que precisar, Jungkook.
Jungkook olhou o outro e concordou, mas sabia identificar o que ele queria dizer. Quase riu quando Yugyeom saiu da sala, pensando em como além de um falso-noivado, tinha um vampiro-namorado.
Mas, agora era o momento de investigar aquelas informações que agora tinha em mãos e tentar descobrir alguma maneira de se livrar do seu pai e finalmente poder ir embora daquele inferno que nunca havia sido o seu lar.
══════ † ══════
Na hora do almoço Jungkook pensou que precisaria sair de onde estava e encarar todos os olhares julgadores, mas quando estava se levantando, Jimin adentrou a sala, com um sorriso e duas quentinhas em mãos. Jungkook respirou aliviado.
— Opa, você leu os meus pensamentos — disse Jungkook, sorrindo e abrindo espaço na própria mesa. — Vem cá, meu noivinho.
Jimin se sentou ao lado de Jungkook após puxar uma cadeira e então deixou sua verdadeira face aparecer. Ele apoiou suas costas na cadeira e se encolheu, deixando algumas lágrimas rolarem dos seus olhos.
— Minnie...?
— Não é nada — garantiu Jimin, com um sorriso fraco, forçoso, na percepção do outro caçador. — Eu só sinto que perdi minha identidade.
— Oh... É, eu sei como você se sente. — Jungkook suspirou. — É estranho, né? Meses atrás, era o meu único sonho me tornar um grande caçador de vampiros, hoje... eu só quero voltar para os braços dele.
Jimin acabou sorrindo.
— Você me aceita no seu relacionamento? Vamos virar um trisal, Kookie-ah.
— Sempre soube que você queria o meu homem.
— Você pode me culpar? Seokjin é maravilhoso. — Jimin riu, mexendo na comida com o talher, sem muita vontade de comer.
— Sim, ele é, mas você acha dois outros muito mais maravilhosos. O que aconteceu?
Jimin estalou a língua.
— Acho que só não deu muito certo. Eu destruí a relação deles dois e fui tentar melhorar um pouco, falar bem de Yoon, mas Hobi se irritou. — Jimin suspirou. — Está tudo bem, eu acho. Eu vou aprender a seguir em frente.
— Isso é idiota — Jungkook proferiu. — Aqueles dois têm problemas que vão além de você, Minnie. Mas, se você desistir agora, vai apenas se magoar. Vocês três se amam, é óbvio para qualquer um!
— Sim, eu também acredito nisso, Kookie, mas amor não resolve tudo.
Jungkook queria responder que o parceiro estava enganado, mas sabia que não era totalmente a verdade. Então, calou-se e focou na comida, mas nada pareceu apetitoso.
— Tenho uma novidade — disse Jungkook. — Yugyeom veio aqui tentar me comer e me mostrou algo legal.
Jimin franziu a testa, fitando Jungkook sem nada entender. O supervisor riu.
— Eu tenho acesso a algumas coisas por conta do meu cargo de supervisor e existe uma Base Secreta na Coreia. Pelo meu acesso eu pude ver o endereço e que existe algo lá, mas de resto, é tudo confidencial.
— Algo? Como assim?
— Bem, parece que eles têm um dragão preso na Base. — Jungkook estalou a língua. — Eles não falam com todas as palavras, mas por conta de... você sabe quem, é mais fácil reconhecer do que eles estão escrevendo.
Concordando com a cabeça, Jimin entendeu o que Jungkook queria dizer. Falar o nome de Namjoon ali poderia ser perigoso, ninguém sabia quem poderia escutar e não queriam arriscar mais uma pessoa do convívio deles.
— Isso é grave, Kookie. Temos que falar com ele.
— Eu sei... — Jungkook mordiscou o lábio inferior. — Será que é alguém... que é da família dele?
— Não sei... Mas precisamos transmitir a mensagem.
— Okay. Vamos fazer isso.
— Tudo bem. Eu venho te buscar na hora da saída, okay, noivinho? — Jimin murmurou, tentando sorrir, sabia que Jungkook estava preocupado com seu bem estar. — Que tal um beijinho, hn?
Jungkook fez um biquinho. Jimin sorriu, segurando o rosto do parceiro e lhe beijando a bochecha.
— Agora já me sinto forte para o restante do dia! — Jungkook afirmou, um dos primeiros sorrisos verdadeiros no rosto.
— Fofo.
Jimin começou a arrumar sua bolsa e guardar a comida, essa mal tinha sido tocada. Jungkook suspirou.
— Minnie, qualquer coisa... eu estou aqui, 'tá legal?
— Eu sei. Obrigado. Se cuide, okay?
O supervisor sorriu outra vez, despedindo-se do amigo e observando ele sair na sala com desânimo. Vê-lo daquela maneira partia o coração de Jungkook e também fazia a sensação de que árvores cresciam em seu peito aumentarem. O caçador suspirou, deixando o seu prato de lado.
Tinha perdido a fome.
══════ † ══════
Namjoon abriu a porta para Jimin e Jungkook, o que adiantou o trabalho para os caçadores.
— Precisamos falar com você — disse Jungkook com rapidez. — E, é urgente.
Abrindo caminho, Namjoon deixou que os outros dois entrassem. Eles logo se ajeitaram no sofá, os olhos dos caçadores partilhados enquanto pensavam na melhor maneira de falar sobre o assunto. Namjoon, claro, não deixou de perceber a atitude.
— Eu também tenho algo para falar — disse o dragão. — Meu irmão me disse algo que vocês precisam saber.
Namjoon observou os outros indicarem positivamente com a cabeça. Então, ele contou sobre o sangue de vampiro estar no código genético dos caçadores e como os bebês são expostos desde a barriga da mãe ao sangue para assim nascerem fortes e prontos para serem caçadores.
— Então, os rituais... — Jimin parou no meio da fala. — Nós não estamos sendo vacinados ou bebendo sangue só por tradição, estamos é nos drogando de sangue vampiresco.
Jungkook abriu e fechou os lábios, jogando seu corpo na parte de trás do sofá.
— Então, não somos feitos pela natureza, para combater vampiros. — Jungkook encarou o parceiro. — Somos... partes deles.
— E eu pensei que caçadores não podiam ser mais baixos — disparou Jimin. Ele encarou Namjoon. — Descobrimos algo também e não é nada bom.
Foi a vez de Jungkook explicar sobre o sistema, a senha e o dragão aprisionado. Namjoon ficou sem palavras.
— Preciso falar com meus irmãos, talvez eles saibam quem seja!
Os caçadores concordaram.
— Eu ainda tentarei encontrar mais informações — disse Jungkook. — Deve ter algo escondido em algum lugar.
Namjoon sacudiu a cabeça, enterrando os dedos no cabelo.
— Por que tudo é tão complicado? — perguntou o dragão. — Por que não podemos aproveitar nossos amores e as mordidas gostosas no pescoço?
Jimin deu uma risadinha, o comentário de Namjoon aliviando as tensões.
— Bem, podemos curtir as mordidinhas mesmo com as coisas complicadas — afirmou Jimin, piscando um dos olhos para Namjoon.
Jungkook estalou a língua.
— Tenho um noivo descarado.
— Se eu deixar, você geme o nome de Seokjin vinte e quatro horas por dia — acusou Jimin.
Foi a vez de Namjoon rir, ainda mais quando viu Jungkook mostrar o dedo médio para Jimin.
— Bem, estou feliz por esclarecer essa parte do sangue — murmurou Namjoon, dando batidinhas no joelho antes de se levantar. — Agora, preciso ir. Jimin, acho que seus vampiros querem te ver no andar de cima.
Jimin encarou o parceiro que sacudiu a cabeça positivamente. Namjoon, por sua vez, não viu o que eles fizeram, indo para o lado de fora da mansão ligar para os seus irmãos.
Com um suspiro, Namjoon teve certeza que aquela não seria uma conversa nada fácil.
══════ † ══════
Hoseok estava na cama, fitando o teto branco do seu quarto. Era um pouco mais de quinze horas de um dia qualquer; não se importava mais, não realmente.
Ele ficou daquela maneira por um bom tempo e quando o tédio lhe preencheu o peito, buscou o celular, deixando uma mensagem para a irmã, porém, não obteve uma resposta imediata, o que lhe trouxe um amargor por debaixo da língua.
Sentia-se sozinho.
O médico fechou os olhos e aquela antiga vontade de dormir lhe abateu, mas para seu tormento particular, tal coisa não era possível. Então, tentou focar em alguma coisa, qualquer uma que fosse, para esquecer o sentimento de que sua existência como vampiro era fadada a tristeza.
No quarto ao lado, Taehyung estava pintando enquanto cantava baixo uma música antiga de amor. O amigo estava completamente apaixonado por Namjoon ao ponto do dia anterior, Hoseok sentir raiva daquele sentimento. Os amigos estavam se amando e tinha que escutar tudo, tinha que conviver com o fato dos dois que amava não estavam com ele fazendo o mesmo.
Suspirou e tentou pensar em outra pessoa da casa. Seokjin estava na cozinha e... estava cozinhando. Óbvio que ele estava cozinhando, após receber uma mensagem minutos antes de Jungkook, largou tudo para preparar um jantar. Argh, outro apaixonado! Aquela mansão estava infestada de gente apaixonada!
Tentou gravitar até Yeonjun. Ele também era alguém apaixonado, mas por vezes era fácil pegá-lo em alguma atividade maluca.
Ele encontrou o rapaz na sala, brincando de colocar um lábio entre o lábio superior e o nariz, enquanto fingia prestar atenção em alguma aula online que passava na tela de seu notebook. Yeonjun estava fazendo faculdade à distância por influência de Seokjin, mas claramente não estava levando aquilo muito a sério.
— Ei, Yeon.
— Oi, hyung! — Yeonjun largou o notebook, deixando a aula rolar. — Por favor, fale alguma coisa interessante e me tire desse tédio!
— Hm... — Hoseok pensou por um instante, antes de falar: — Há mais bactérias na boca humana do que pessoas no mundo.
— Eca... O que mais?! — Yeonjun questionou virando-se completamente para Hoseok com um sorriso.
— Você não deveria estar prestando atenção na sua aula?
— Mas hyuuunnnnngggg, essa aula é muito chata! — O jovem vampiro dramatizou jogando-se por cima do braço do sofá, o corpo quase indo de encontro ao chão. — O professor fala umas coisas muito nada a ver! Por favooooor, me livre desse tédio!
Hoseok sorriu.
— Eu, como alguém que passei anos estudando sem parar, não posso ser o motivo da sua distração.
— Boomer!
— Eu sei! — Hoseok riu. — Mas, na verdade, estou mais para nerd.
Yeonjun revirou os olhos.
— Eu acho que é o curso — disse Yeonjun, suspirando. — É chato demais. Design não é para mim — afirmou, dando uma olhada na tela do notebook e depois voltando a Hoseok. — Hyung, por que você fez medicina?
— Fácil: eu queria ser um herói.
— Ah, isso é muito legal! Será que eu devia tentar medicina?!
— Você deveria tentar aquilo que te move, Yeon. Não adianta ficar pulando de árvore em árvore — afirmou Hoseok. — O que você mais gosta de fazer?
O vampiro mais novo levou a mão ao queixo, dando algumas batidinhas antes de responder:
— Sexo com o meu namorado!
— Infelizmente, Seokjin não vai deixar você escapar com essa. — Hoseok riu. — Além de sexo com seu namorado, Junnie. O que gosta de fazer?
Yeonjun sacudiu os ombros.
— Não sou bom em nada, hyung. Por isso nem tentei faculdade antes, fui logo em busca de prazer! — respondeu com um tom divertido.
Hoseok conseguia ver além do que Yeonjun tentava aparentar, assim em um movimento rápido, pegou o notebook e fechou a aula — o som monótono do professor estava o irritando —, e digitou rapidamente algo no mecanismo de pesquisa, entregando para o outro vampiro em seguida.
— Teste vocacional?
— Eu sei que parece zoado, mas foi assim que decidi seguir para a medicina — explicou o médico.
— E o seu desejo de ser herói?
— Veio depois que eu passei no vestibular — explicou Hoseok, rindo. — Olha, esse teste não é a decisão final, okay? Mas pode te ajudar a encontrar um caminho.
— Eu vou tentar, hyung. Eu já estou perdido mesmo, se não der certo não vai mudar muita coisa — Yeonjun ponderou. — Mas, você veio aqui porque está com fome, não é? Suas pupilas estão dilatadas.
Hoseok levou a mão sem pensar ao rosto e em seguida abaixou a cabeça, pigarreando. Tinha se esquecido daquilo, estava ignorando a sede há tanto tempo, que tinha passado despercebido por ele.
— Não estou, é só impressão — disse o médico. — Hm... depois você me diz o resultado do teste.
— Tem certeza, hyung? Pode se alimentar de mim.
— Não! Eu já me alimentei mais cedo... de Tae. — Hoseok ficou de pé rapidamente. — Vou voltar para o meu quarto agora, tenho que conversar com minha irmã.
Yeonjun também se levantou. Tinha algo de estranho naquela fala do médico, então, ele somente segurou o braço do outro vampiro, mantendo-o no lugar.
— Hyung, por que você está mentindo?
— Eu não estou mentindo! — As presas de Hoseok ficaram aparentes de imediato. — Tira as mãos de mim!
— Hyung?
Antes de conseguir parar, Hoseok já estava com os dentes a centímetros do pescoço de Yeonjun.
Hoseok conseguia sentir o gosto metálico na sua língua, o delicioso sangue de Yeonjun em seus lábios, jorrando para todos os cantos, banhando-o com um banquete, porém, dois braços fortes o seguraram por trás, dando tempo do caçula correr.
— Hoba!
Hoseok ainda estava fissurado, pronto para ir atrás de Yeonjun e mordê-lo, mas quando seus olhos encontraram o vampiro mais novo, ele estava abraçado a Seokjin, que com o grito havia chegado na sala.
— Hoba? — Yoongi tentou outra vez. — Amor?
Como se a palavra contivesse mágica, o corpo do vampiro relaxou no lugar e a vergonha do que fez o atingiu com força.
— Está tudo bem, tudo bem, amor — Yoongi continuou virando o pupilo para si, deixando-o se esconder em seu ombro, sem qualquer medo de ser mordido. — Eu estou com você.
Hoseok chorou. Momentos antes estava conversando bem com Yeonjun e depois, estava o atacando. Sentia-se sujo, um predador assassino que não conseguia nem enxergar os amigos na sua frente.
O médico quis se desculpar com o amigo, pedir perdão pelo mal, mas notou o momento que Seokjin saiu com Yeonjun do ambiente. Aquilo doeu ainda mais, era um perigo para as pessoas que amava.
— Vamos para o quarto, amor — disse Yoongi, baixinho. — Vai ficar tudo bem.
Hoseok iria até o fim do mundo com e por Yoongi, então não pensou em nada e apenas deixou que o mestre o levasse dali para o quarto que em tempos não dividiam mais.
Yoongi colocou Hoseok na cama, correndo seu rosto com os dedos até que o seu pupilo se encarasse. Os olhos vermelhos e dilatados contrastavam com as veias escuras que já começavam a aparecer pelo rosto do médico.
— Oh, Hoba. Por que você ficou tanto tempo sem se alimentar?
O médico sacudiu a cabeça negativamente, fitando o próprio colo.
— Hoba, fala comigo. Há quantos dias você não sacia a sua sede?
— Q-quase três.
— Hoseok! Por que você fez isso?!
O pupilo não tinha uma resposta, não uma que soasse correta de qualquer maneira. Mas, ele tinha um sentimento, algo que passava sempre em sua mente e corpo quando pensava em pedir aos amigos por sangue.
— Só... n-não tenho mais vontade. Não queria tomar, só queria... parar, não me sentir tão sujo.
— Você não é sujo! — Yoongi proferiu com total certeza segurando o rosto de Hoseok, impedindo-o de desviar o olhar dele. — Você é a pessoa mais bondosa desse planeta, como pode pensar o contrário, meu amor?
Hoseok se afastou do toque de Yoongi.
— E-eu vinha tomando menos antes... não queria machucar ninguém. — Hoseok passou os dedos no rosto, tentando secar suas lágrimas. — Eu queria ser normal, me alimentar com bolsas... O punho de Yeon está cheio de marcas, e-eu vi uns dias atrás e me senti horrível.
— Por que não viestes a mim, Hoba?
— Porque nós terminamos, Yoongi. Porque você terminou comigo! Porque meu peito dói, toda vez que eu olho para você e não posso te beijar!
As lágrimas também alcançaram Yoongi. Não queria machucar seu pupilo, não queria que ele sofresse porque era alguém horrível, que sofrera algo no passado e nunca superou, mas ali estava, fazendo aquele que o tirou da solidão, tornar-se miserável.
— Você se privou por minha culpa — Yoongi sussurrou.
— Para! Para com isso. — Hoseok chorou mais forte, ele conseguia sentir a culpa e a dor no coração de Yoongi através da ligação que compartilhavam e aquilo somado a sua própria era praticamente insuportável de lidar. — Não! N-não, por favor! Chega!
Yoongi sabia que o outro não podia esperar mais, então com sua unha, fez um rasgo na pele do seu pescoço. Era pequeno, mas foi o suficiente para os olhos de Hoseok focarem no sangue que agora escorria para a sua clavícula.
— Alimente-se de mim, amor.
Hoseok puxou Yoongi com força, correndo sua língua pelo caminho que o sangue fez na pele do outro antes de fincar seus dentes no pescoço do seu mestre. Apesar de seu desespero, ele não era nada menos do que extremamente carinhoso com Yoongi, mordendo-o com a pressão correta e deixando apenas um pouco do veneno entrar em contato com a corrente sanguínea de seu mestre.
— Isso, meu amor... Tome o quanto precisar — Yoongi sussurrou, acariciando o cabelo de Hoseok lentamente. — Eu te amo, Hoba. — As palavras escorreram por sua língua sem que ele pudesse se conter.
Afastando-se, o pupilo fitou Yoongi, mas seu mestre forçou de leve a cabeça dele de volta para o seu pescoço.
— Você precisa de mais — afirmou Yoongi. — Por favor, você não pode continuar com essa dieta idiota.
— Eu também te amo — Hoseok disse, ignorando o que seu mestre falava.
— Eu não mereço. — Yoongi sorriu triste fazendo um afago no rosto de seu pupilo. — Eu não mereço o seu ou o amor de Jimin... É o que minha mente me diz todos os dias.
— Sua mente é burra. Não pode acreditar em nós dois ao invés disso? — A voz de Jimin logo atraiu a voz dos dois vampiros que se surpreenderam ao não notarem a aproximação do humano, provavelmente perdidos um no outro. Notando as feições deles, Jimin riu. — Calma, eu não surgi do nada aqui, okay?
Hoseok foi o primeiro a relaxar, sorrindo.
— Oi, Minnie. D-desculpa minha aparência.
De fato, Hoseok estava uma bagunça, seu cabelo estava despenteado e havia sangue por todo o seu rosto, parte vindo das lágrimas e parte do sangue de Yoongi, que afoito acabara espalhando pela boca de maneira desordenada.
— O que houve? — Jimin perguntou. Ele ainda estava parado na porta, sem saber se deveria entrar. — Cheguei com Kookie e Joon falou que vocês precisavam de mim.
— Hoba apenas estava com fome — Yoongi respondeu carinhoso, tentando limpar um pouco o rosto do pupilo com um lenço que carregava no bolso da jaqueta.
— Diga a verdade, mestre. Eu ataquei Yeonjun.
Jimin não esperou mais para entrar no quarto e se sentar na cama, próximo aos vampiros, ele buscou a mão de Hoseok e a segurou contra a sua.
— Como você está, bebê?
— Me sentindo imundo. E-eu ia atacá-lo de verdade, Minnie. Junie estava apenas tentando me ajudar.
— Eu tenho certeza que ele já te perdoou — garantiu Jimin, beijando a mão do vampiro. — Está tudo bem.
Yoongi suspirou.
— Não está bem, Jimin — disse Yoongi, atraindo atenção dos outros dois. — Por minha causa, ele parou de se alimentar direito. A briga de vocês, foi isso... Não foi, Hoseok? Você vem se alimentando menos que o necessário desde que foi ferido, não é?!
Hoseok não respondeu, mas sua expressão indicou tudo o que os outros precisavam saber.
— Eu deveria ter desconfiado. — Yoongi respirou fundo. — Você estava muito arisco!
— Quem não fica irritado com fome, não é? — Jimin proferiu tentando aliviar a tensão do momento, esfregando o nariz contra a bochecha de Hoseok.
— E-eu só não queria atrapalhar ninguém. Só queria ser normal e não precisar pedir aos nossos amigos por sangue o tempo todo.
— Você pode pedir a mim — disse Jimin. — Eu não sou seu amigo.
— Não...?
— Não! — respondeu Jimin. — Sou alguém apaixonado, que faria tudo por você. Isso já não estava claro?
Hoseok suspirou, encolhendo-se no lugar.
— Eu só queira uma explicação, o porquê de eu ser assim — disse Hoseok. — Será que sou uma aberração da natureza?
— Ainda não temos resposta para as suas perguntas, Hoba. — Yoongi moveu seu corpo para mais perto de Hoseok. — Mas, por enquanto, o que podemos fazer é garantir que você esteja muito bem alimentado. Então, anda... meta seus dentinhos aqui no meu pescoço que falta muito para você ficar saudável de novo. Olha a sua pele! Está péssima!
Jimin sorriu, tudo o que ele mais queria era ver os dois vampiros que amava um com o outro novamente.
— Ah, tenho vergonha — disse Hoseok, escondendo o rosto no pescoço de Yoongi. — Jimin vai ver.
— Bobo, eu 'tô aqui doido para você me morder — brincou Jimin, mas em seguida sua voz foi séria. — Por favor, Hobi. Alimente-se direito, você... sabe o que está acontecendo com a situação dos caçadores, não sabemos se teremos que lutar em algum momento. Todos nós temos que estar fortes caso aquele escroto coloque um exército contra a gente.
— Jimin tem razão, Hoba. Ele sempre tem razão, não é? — Yoongi sorriu arriscando um olhar na direção de Jimin que apenas sorriu de volta, aquecendo seu coração instantaneamente.
— Pff, você sabe que eu sinto tudo através da nossa ligação, não é? — Hoseok implicou, feliz por ver as maçãs do rosto de seu mestre levemente rubras.
Jimin franziu a testa, com uma expressão divertida no rosto.
— O que isso significa? — Jimin perguntou a Hoseok. — O que você está sentindo pelo Laço?
— Como Yoongi te ama. Você sorriu e ele sentiu euforia.
O caçador olhou para Yoongi, seus olhos procurando algum sinal de que o vampiro negaria a fala de Hoseok, porém, ele não o fez, somente encarou Jimin de volta, um sorriso se formando em seus lábios aos poucos.
— Você sente euforia por me ver sorrindo? — Jimin perguntou. Ele precisava ter certeza.
— Eu sinto o mesmo que Hoseok sente por você — afirmou Yoongi, ele estendeu a mão e a ofereceu para Jimin. O caçador que em uma mão segurava Hoseok, segurou Yoongi com a outra. — Eu sinto amor por você, assim como o meu pupilo.
— Oh! — Jimin deixou escapar. Sem saber o que fazer com aquela informação. Era a primeira vez que ouvia de Yoongi tais palavras.
— Oh? — Yoongi retrucou com uma leve risada. — É o que tem para dizer, Park Jimin?
— Clássico de fanfic — brincou Hoseok.
Jimin, por sua vez, estava sem palavras. O que poderia falar naquele momento quando o seu coração parecia explodir por inteiro? Com simplicidade, os vampiros tinham se declarado para ele, logo depois que imaginou que nunca os teria outra vez. Antes de conseguir falar, lágrimas rolaram por seus olhos.
— Eu também amo vocês — Jimin conseguiu falar em algum momento. — D-desculpa por todos os erros, a-aquelas noites foram incríveis e m-meus sentimentos só c-cresceram depois, mas tive que menti e esconder. Não pensei que sofreria tanto, mas como eu não poderia sofrer se só sinto amor?
Yoongi soltou a mão de Hoseok para conseguir segurar o rosto de Jimin delicadamente por entre as mãos, acariciando-o com os polegares.
— Não tenho palavras para lhe pedir perdão por tudo o que disse a você, Jimin. Não sei por onde começar. Você é um anjo e eu não o mereço, não mereço nenhum de vocês. — Yoongi olhou do caçador para o seu pupilo. — Vivi sem amor por tanto tempo que quando encontrei, fiz besteira. Eu amo vocês dois, muito mesmo, mas eu entendo se o que fiz foi demais.
— Diga outra vez — o caçador pediu, segurando os pulsos de Yoongi.
— O quê?
— Diga outra vez.
— Eu amo vocês, Park Jimin — Yoongi repetiu quando o pedido de Jimin fez sentido em seus ouvidos. — Sou completamente apaixonado por vocês dois.
Jimin sorriu com todo o corpo, imediatamente se jogando por cima de Yoongi e o beijando com todo o carinho e a saudade que tinha em seu coração. E, o pouco que tinha para explodir, acabou por acontecer, como dinamite em seu coração, pura felicidade, era o que explicava como todo o seu ser se encontrava.
Yoongi puxou Jimin para o seu colo, sugando sua língua e sorrindo de lado quando ouviu Jimin gemer baixo, porém, parecia ação demais, então, somente deixou o beijo acabar aos poucos, ouvindo a respiração pesada do caçador contra o seu rosto.
— Também quero! — disse Hoseok, batendo palmas.
— Negativo! — disparou Yoongi, ainda segurando Jimin em seu colo. — Você tem que se alimentar direito, está pensando que nos engana?!
— Se eu ganhar dois beijinhos eu me alimento.
— Dois?
— Sim! Um de cada homem que eu amo, óbvio!
Jimin revirou os olhos e foi o primeiro a beijar Hoseok, somente se virando do colo de Yoongi, sem sair do lugar que tomou como seu. O mestre riu, vendo seu pupilo praticamente tremer por conta do beijo.
Hoseok estava muito feliz, ele queria puxar Jimin para si e fazê-lo dele bem ali, porém, sentiu a sede gradualmente subindo em sua garganta. Eles tinham razão, não estava totalmente saciado.
— Hobi? — Jimin fitou o outro confuso ao ser afastado no meio do beijo. — F-fiz algo de errado?
Yoongi respondeu antes de Hoseok:
— Ele precisa se alimentar. Não se sinta envergonhado, meu amor — Yoongi pediu, puxando Hoseok para si. — Se não for desconfortável para você, Minnie, pode ficar aqui.
— Não é desconfortável. Eu não vou a lugar nenhum — o caçador proferiu, deslizando os dedos pelo cabelo de Hoseok, que já procurava o melhor lugar para morder o pescoço de Yoongi.
Hoseok deu um fraco sorriso, fitando Yoongi no fundo dos olhos.
— Se eu for longe demais...
— Não se preocupe — Yoongi disse de imediato. — Eu sei me defender, mocinho.
Hoseok sorriu, permitindo-se morder o pescoço de Yoongi, tendo a certeza de que Jimin e seu mestre iriam protegê-lo de ir longe demais.
O sangue correu pela língua de Hoseok e foi tudo o que ele precisava no momento; aos poucos deixando que o jorro de líquido metálico o completasse, que adentrasse e se misturasse com o seu próprio sangue, retirando a sensação de fraqueza e a eterna irritação.
O corpo do vampiro se acalmou, abrindo-se ao prazer. Seu veneno escorreu um pouco mais por suas presas e ouviu Yoongi gemer baixo, mas sem o tirar do lugar, pois, seu corpo ainda necessitava de muito mais do que a pouca quantidade que estava ingerindo. Contudo, a sensação de estar sem dormir por semanas foi desaparecendo e Hoseok soube que era a hora de se afastar.
Controlado, Hoseok se afastou, deixando sua língua saborear cada gota de sangue que poderia ser desperdiçada.
— Muito bem, meu amor — disse Yoongi, sorrindo docemente. — Estou muito orgulhoso de você.
Hoseok sorriu, também orgulhoso de si mesmo. Conseguia sentir seu corpo mais forte, sua visão e audição mais apurados e a sensação de felicidade mais forte em seu peito, ainda mais com Jimin e Yoongi ali ao seu lado.
Assim, sem nem mesmo pensar, o médico segurou Jimin para o beijar, dessa vez sim, mergulhando em todas as sensações. O som baixo do nariz do caçador respirando durante o beijo, o coração batendo rápido e depois fraco, os dedos do outro que por um instante ficaram perdidos, até encontrar sua nuca, as pernas deles contornando sua cintura... E essas eram somente as sensações, pois os sentimentos em si eram imensos, a certeza de que tinha a pessoa certa em seu colo era a maior deles.
Quando Jimin se separou, desesperado em busca de ar, encontrou os olhos vermelhos de Hoseok e sorriu, a quentura tomando conta do seu coração ao mesmo tempo em que, como em um set de filme, via seus personagens se apaixonarem. Talvez estivessem um pouco à frente, afinal, o revirar de estômago e a eterna sensação de que deveria estar com quem lhe causava tantos sorrisos, já era o indicativo necessário para a toda a história.
Jimin saiu naturalmente do seu colo, abrindo espaço para Yoongi segurar no rosto de Hoseok, dessa vez com um olhar mais feroz no corpo. Não seria contra o mestre, ainda mais um cheio de força que poderia de fato destruir umas trinta pessoas de uma vez, sem reclamar. Jimin achava sexy, mas não falaria tal coisa em voz alta.
O beijo perdurou um tempo, mais do que qualquer humano aguentaria, porém, para Jimin era brilho para os seus olhos. Os vampiros eram tão lindos, que sua maior vontade no momento era ir na janela e gritar ao mundo como estava apaixonado pelas pessoas perfeitas, a que foram feitas para ele.
— Acho que fizemos um show para ele, Hoba — disse Yoongi, sua voz grave, seus lábios avermelhados e cabelo bagunçado. — Talvez Jimin tenha aproveitado demais.
Hoseok passou a língua nos lábios, sorvendo deles o resto de sangue que ainda estava preso, fitando diretamente Jimin com um olhar quase feroz.
— Talvez seja hora dele trabalhar um pouco.
Jimin sorriu, pois, por mais que os vampiros fizessem aquele ar de sensual, nunca tinham o tratado com nada além de carinho. Assim, deslizou seu corpo para ficar entre os outros dois, tendo os lábios de Yoongi diretamente nos seus, beijando-o outra vez naquela noite.
Ao longe, os vampiros ouviram a rua movimentada, o riso de uma criança e um pai preocupado com a filha correndo rápido demais para longe dele, mas ali, naquele quarto, era tudo o que importava no mundo, afinal, tinham um ao outro, finalmente juntos depois de tantas tempestades.
De fato, os três podiam dizer com todas as letras que tinham de uma vez por todas, encontrando as partes que faltavam em seus corações e, para eles, isso significa um terço deles.
— Eu amo vocês — Yoongi disse mais tarde, quando estavam embolados em lençóis.
E, com o coração preenchido, ele teve sua resposta:
— Eu amo você.
— Eu amo você.
Um. Dois. Três.
Perfeito.
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