❛ tmbbots ♡ ᵐʸᵍ + ʲʰˢ ᵃᵇᵒ ೃ

By niggaforrlife

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Não há nada mais tentador para Jung Hoseok do que a pele branquinha e aparentemente macia do seu vizinho ômeg... More

prólogo
primeiro
segundo
terceiro
quarto
quinto
sexto
sétimo
oitavo
nono
décimo
décimo primeiro
décimo segundo
décimo terceiro
décimo quarto
décimo quinto
décimo sexto
décimo sétimo
décimo oitavo
décimo nono
vigésimo
vigésimo primeiro
vigésimo segundo
vigésimo terceiro
vigésimo quarto
vigésimo quinto
vigésimo sexto
especial 100k
vigésimo sétimo
vigésimo oitavo
vigésimo nono
trigésimo
trigésimo primeiro
trigésimo segundo

trigésimo terceiro

993 97 113
By niggaforrlife

olha quem está de volta! 😆

boa leitura, pessoal 🥺❤️‍🩹

33. New Ways
新しい方法


Hoseok abraçava firmemente o corpinho pequeno de Yeji, embalando seu choro minguado e sofrido, sentindo saudade por antecedência. Os garotos estavam voltando para Seoul naquela manhã, já que as aulas retomariam a normalidade em uma semana; a garotinha não se conformava com a ida do irmão e do cunhado para a capital, queria que os dois ficassem consigo para sempre e sua cabecinha infantil não entendia o porquê de terem que se separar mais um vez.

Ao fim, Yoongi estava quase chorando também e fazendo promessas de que voltaria sempre que possível para vê-la e que um dia a levaria para Seoul consigo também. Odiava se separar de Yeji porque sabia que ela era muito ligada a si e sua mãe, mas não havia nada que ele pudesse fazer no momento; suas aulas voltariam logo e, infelizmente, Daegu e Seoul não eram cidades tão próximas assim.

— Faça companhia para a mamãe, certo? — O ômega falou, tirando uma mechinha de cabelo da bebê que permanecia deitada no colo de Hoseok. — Qualquer coisa me ligue. Você sabe meu número de cor, não sabe? E como fazer os beeps no telefone.

— Eu sei, oppa. Você pomete que não vai demorar de novo? E o Hoseokie também.

— Não vamos demorar, Yeye. Prometemos que nas próximas férias estaremos aqui de novo, ou assim que for possível. — Hoseok quem falou, beijando suavemente a testa pequena da menina. — Agora dê um abraço no seu irmão, gatinha. Nós já vamos.

Dando fim a despedida, o alfa entregou Yeji e Yoongi, deixando os irmãos se despedirem devidamente. Eles já haviam se despedido dos outros garotos da rua mais cedo, ao mesmo tempo que Seokjin, Taehyung, Jeongguk, Jimin e Namjoon haviam partido juntos; o casal decidiu sair um pouco mais tarde justamente para darem um tchau menos dolorido a garotinha, dar um pouco de tempo para que ela se adaptasse minimamente a ter o irmão e o cunhado longe novamente.

Yewon e Hyemi esperavam na porta da casa dos Min, um pouco mais próximas do que Hoseok se lembrava. Mas mesmo que aquilo o intrigasse um pouco, não deu tanta bola; apenas observou o namorado ir até a mãe e entregar uma Yeji chorosa a ela, para por fim dar beijinhos nas três e voltar até si, pronto para irem embora.

— Tenham cuidado na estrada, meninos, e me liguem a qualquer incoveniência, certo?

— Pode deixar, tia Hyemi. E obrigado por cuidar delas por mim...

— Elas cuidam mais de mim do que o contrário, filho. — A alfa disse, sorrindo. — Mas manterei meus olhos nelas, pode confiar.

— Elas que devem manter os olhos em você, mãe. Você é encrenca pura. — Hoseok resmungou, sorrindo. — Mas não se preocupem muito, nós vamos ter cuidado e cuidaremos um do outro. Estaremos de volta antes que sintam falta de nós!

— Até parece. — Yewon choramingou. — Por favor, fiquem bem. E liguem com mais frequência! Vocês só ligam de mês em mês e eu fico sem saber se meus filhos estão vivos...

— Mãe, pelo amor de Deus...

— Estou falando sério! Não me deixem sem notícias, não faltem na psicóloga e não se esforcem muito. A saúde de vocês é mais importante que qualquer faculdade, tudo bem? — Se aproximou, beijando a testa de cada um. — Tchauzinho, meus bebês.

Os garotos abraçaram as mães e ouviram mais mil conselhos antes de finalmente entrarem no carro, mas assim que terminarm e partiram, não demorou muito para que saíssem de Daegu.

Yoongi gostava dali. Nasceu e cresceu naquela cidade, e por mais que grande parte das coisas ruins de sua vida tivessem acontecido por lá, seu amor por Daegu não tinha mudado nem um pouco; sabia que agora provavelmente viveria em Seoul por muitos anos, mesmo após a faculdade, mas desejava um dia poder voltar e viver no bairro que cresceu, ter uma vida tranquila ao lado de Hoseok, numa casa bonitinha e aconchegante.

Seus devaneios sobre o futuro quase o fizeram dormir, mas a voz de Hoseok o despertou.

— Gatinho, fiquei curioso sobre uma coisa... — O alfa disse, sem tirar os olhos da estrada.

— Hm? Sobre o que?

— Você também percebeu que a minha mãe e a tia Yewon estão mais próximas? — Constatou. — Hoje mesmo eu olhei e achei meio estranho... Se eu não as conhecesse, acharia que são casadas. A mamãe estava com as mãos na tia Yewon, toda possessiva...

— Hoseok, olha o jeito que você fala! Pelo amor de Deus! — O ômega gargalhou, achando muita graça na expressão confusa do namorado. — E deixa de exagero, elas só estavam abraçadas... Sua mãe mesmo disse que agora somos uma família só, então o que tem de tão estranho nisso?

Hoseok ponderou um pouco, tentando decifrar se Yoongi tinha sugerido alguma coisa com suas palavras. Com certeza lembrava das palavras de sua mãe sobre as famílias terem se unificado e não tinha deixado passar as vezes que Yewon tinha o chamado de filho ou Hyemi a Yoongi, mas era aquilo que sogras normalmente faziam, certo? Considerando que eram almas gêmeas, nada mais normal que as famílias se unificarem mais rápido que o normal.

— Você está sugerindo alguma coisa, não está? — Semiserrando os olhos, encarou brevemente o namorado, que apenas riu e desviou o olhar. — Gatinho! Caramba, você tem que me contar as coisas!

— Mas eu não sei de nada! — Caiu na risada mais uma vez, limpando as lágrimas que saíam do cantinho dos olhos. — Olha, eu juro que não sei se tá rolando mesmo alguma coisa. No dia da festa do Minjae os meninos conversaram comigo sobre elas terem química, mas eu também não tinha reparado em nada antes disso! Só depois que comecei a reparar mais nas duas. Elas realmente tem química, estão sempre com sorrisinhos uma pra outra, conversando baixinho, um carinho pra cá e outro pra lá... Mas como já disse, não tenho certeza de nada, por isso não te contei nada. Minha mãe ainda não me contou se está acontecendo algo ou não, e eu prefiro que parta delas a decisão de expor esse possível relacionamento.

— Hm... — Em silêncio, o alfa parecia pensar sobre o que foi dito. — E o que você acha sobre isso?

— Sinceramente? Se for verdade, eu irei apoiá-las. Elas se deram bem desde a primeira vez que se viram, sempre foram muito amigas e sua mãe faz um bem indescritível para Yeji e para a mamãe. Ela também foi crucial em toda a minha situação e sempre me protegeu como um filho, então não tenho nenhuma objeção. — Sorriu brevemente. — Claro que é um pouco estranho, ela é minha sogra, mas isso já é um problema meu, e não delas. Pela felicidade das duas, posso passar por cima de todos os meus estigmas. — Concluiu. — E você? O que acha?

Hoseok sorriu, vendo que Yoongi disse exatamente o que ele achou que diria. E ele concordava plenamente com seu ômega; por maior que fosse a estranheza de sua sogra poder vir a se tornar sua madrasta, não tinha objeção alguma sobre aquela situação. Adorava Yewon e adorava ainda mais a forma como sua mãe parecia mais feliz depois de conhecê-la, então jamais seria oposição a qualquer tipo de relacionamento que as duas viessem a ter.

Sorrindo, Hoseok olhou seu ômega nos olhos.

— Faço minhas as suas palavras, gatinho.

{...}

Um dia depois de terem voltado a Seoul, tudo parecia muito monótono comparado ao clima de Daegu. Nem todos os alunos tinham voltado à universidade e o campus estava um tanto vazio, então não tinham muitas coisas que poderiam ser feitas, academicamente falando.

Yoongi estava jogado no sofá enquanto via Jimin, Taehyung e Seokjin jogarem videogame no chão da sala, completamente entretidos. Os alfas haviam ficado encarregados de comprar comida, já que ninguém estava com disposição para cozinhar – O Min em questão, nem com vontade de comer estava. Mais cedo havia recebido uma ligação da gravadora que a prima de Minjae, Hyuna, havia comentado, e agora estava com os nervos à flor da pele. O rapaz que havia feito contato parecia muito animado e disse estar com altas expectativas, o que acabou deixando Yoongi ainda mais nervoso; felizmente, o garotos estavam lá para acalmar o baixinho. Por fim, a entrevista ficou marcada para às três da tarde.

— Acho que os garotos chegaram... — Taehyung comentou, se alarmando. — Estou sentindo o Gguk. Você não sentiu, Gi hyung?

— Senti, mas tô com muita preguiça para me mexer. — Resmungou, suspirando. — Aquele chá de camomila me derrubou!

Os três riram da preguiça do gatinho, e antes que pudessem voltar a conversar, os alfas chegaram no apartamento de Yoongi e Jimin, cheio de sacolas. Os outros logo se animaram e correram até a bancada da cozinha para ver o que os alfas tinham comprado, mas Yoongi permaneceu jogado no sofá, quietinho e com 0% de coragem de levantar.

Hoseok, que já vinha sentindo alguma tensão vindo do namorado, deixou as coisas na bancada e foi até ele. O alfa deixou um beijinho casto na testa antes de fazer um curto carinho no rosto sonolento do menino, sorrindo de volta ao que ele sorriu para si, envolvendo os bracinhos em sua cintura.

— Ei, gatinho. — Murmurou, acariciando os cabelos rosados. —  Tá tudo bem? Você não quer comer?

— Tá tudo bem sim, só estou com preguiça. Seokjin hyung me fez um chá de camomila...

Hoseok riu baixinho, percebendo que o namorado estava mesmo mais relaxado.

— Certo, certo. — Hoseok então o impulsionou para cima e fez com que o rosado ficasse de pé, mesmo que se apoiando totalmente em si. — Você tem que comer, preguicinha! Daqui a pouco nós vamos sair.

Yoongi até que tentou, mas não conseguiu vencer aquela discussão com Hoseok e foi convencido a comer; ele caminhou até a mesa e fez companhia aos amigos e ao namorado, almoçando direitinho enquanto se esforçava para não deixar os pensamentos sobre como seria na gravadora inundarem sua cabeça de ansiedade novamente.

Sempre era muito relaxante para Yoongi estar com seus amigos, por mais caótico que fosse. Eles eram barulhentos e agitados, mas por mais controverso que pareça, aquilo o acalmava. Antes, quando seu ciclo social se resumia a Jeongguk e Taehyung, ele estava habituado a um pouquinho de caos, mas nada que ele não desse conta; agora, com Seokjin, Jimin, Namjoon e todos os outros inclusos na conta, Yoongi percebeu que jamais daria conta de todos eles e viu que, na verdade, deixar que o caos dos garotos o levasse era o melhor a se fazer.

E no final das contas, ele adorava ser arrastado por toda aquela bagunça de vozes altas demais e risadas agudas.

Logo depois do almoço, Hoseok desceu na frente para ligar o carro enquanto o ômega se despedia dos amigos e fazia um exercício de respiração rápido, apenas para ter certeza de que estaria mais tranquilo no caminho até a gravadora. Jimin, Seokjin, Namjoon, Taehyung e Jeongguk o deram um abraço apertado e alguns beijinhos no rosto antes da saída, e aquela porção de carinho também o ajudou a se acalmar.

No fundo, ele sabia que era bom o bastante. Ele tinha consciência do quanto trabalhou e trabalha duro, do amor que sente pela música e de que sempre precisará aprender mais, de que é perfeitamente capaz e qualificado para a vaga que lhe estava sendo oferecida, mas ainda assim, Yoongi não conseguia deixar de ficar tenso. Estranho seria se não ficasse, claro, mas a ansiedade subia-lhe a cabeça e deixava minhocas que não deveriam estar ali, o fazendo criar cenários em que um “não” definitivamente não era o pior que poderia acontecer, e quando ele percebia, já estava prestes a colapsar.

O caminho todo até a gravadora foi assim, num completo silêncio. Hoseok tentava conversar, mas Yoongi não conseguia assimilar muito bem as palavras do namorado, então o alfa supôs que apenas seu apoio moral seria suficiente naquele momento; manteve uma das mãos entrelaçadas a de Yoongi, pousando-as nas coxas do ômega, enquanto deixava o som do carro baixinho e observa-o fechar os olhos e se acomodar no banco, inquieto. Ele não verbalizava, mas Hoseok sabia que mil e uma coisas estavam passando na cabeça do baixinho naquele momento – e, claro, ele também podia sentir.

Quando chegaram em frente a gravadora e Hoseok estacionou, Yoongi pareceu ficar um pouco mais tenso.

— Ei, gatinho, respira. Igual você fez lá em casa, devagar... — Hoseok o instruiu, pegando o rosto do namorado nas mãos enquanto o olhava no fundo dos olhos. — Se você não quiser entrar, nós voltamos. Sem problemas.

— Não, eu vou. Posso fazer isso. É só que é meio aterrorizante... — Desabafou brevemente. — Você sabe que a indústria não é lá muito chegada em ômegas. Um ômega calouro então...

— O ano letivo está quase acabando, você não é mais tão calouro assim — Argumentou, tirando um sorrisinho do ômega. — O resto você tira de letra. Não há alfa no mundo que chegue aos seus pés!

— Nem você? — Yoongi perguntou, risonho.

— Nem eu. — Com um bico, Hoseok respondeu. — Não quer beber um pouco de água antes de entrar? Nós ainda temos tempo...

— Não, estou bem. Quero encarar isso de uma vez ou vou acabar fugindo com medo. Pode deixar, vou falar sobre isso com a psicóloga. — Tentou tranquilizar o namorado e a si mesmo, sorrindo fraquinho antes de respirar fundo e abrir a porta do carro. — Vamos lá!

Hoseok sorri orgulhoso e sai do carro junto ao ômega, caminhando para dentro da gravadora enquanto segurava a mão do namorado com força, na tentativa de o passar confiança. O lugar era grande, de arquitetura moderna e com cores chamativas, fazendo o prédio se destacar entre os outros comércios que haviam na avenida. E Yoongi, por mais que ainda permanecesse nervoso, agora parecia um tanto empolgado com as possibilidades que o aguardavam dentro daquela gravadora; o rostinho que antes estava totalmente tenso agora fora tomado por um sorriso bonito e brilhante, assim como os olhinhos antentos que observavam a estrutura com um olhar cheio de realização. Hoseok sabia bem que aquele era um passo enorme para seu namorado e que ele agora está cada vez mais próximo de realizar seus sonhos mais grandiosos, e poder estar com ele nesse momento é algo que Hoseok desejou por muito tempo, desde que começou a ter sentimentos pelo baixinho.

Yoongi merecia tudo de bom que o mundo tem a oferecer, e por mais impossíveis e distantes que quaisquer sonhos ou objetivos do ômega pudessem vir a ser no futuro, Hoseok estaria ao seu lado para apoiá-lo, pois sabia que Yoongi também faria aquilo por ele.

Os dois então entraram na gravadora, ainda de mãos dadas. O baixinho observava tudo com atenção e cheio de empolgação, fascinado com o lugar. As paredes estavam repletas de discos de artistas que Yoongi admirava, e apenas o pensamento de trabalhar num lugar que já produziu para alguns de seus ídolos enchia seu peito de entusiasmo. Na recepção, Yoongi caminhou alegremente junto a Hoseok até o balcão e falou com a recepcionista simpática dali, não demorando muito para que ele fosse anunciado; poucos minutos depois, um alfa esguio e com um sorriso presunçoso nos lábios apareceu, olhando ao redor como se procurasse por quem havia sido anunciado.

Quando o alfa finalmente os viu na recepção, abriu um sorriso ainda mais estranho. Yoongi não estava se importando com a aura estranha daquele homem, mas não demorou para que ele reparasse que o alfa não estava sorrindo e andando em sua direção, mas sim na de Hoseok. Foi ali, naquele momento, que Yoongi percebeu que aquela entrevista seria mais difícil e estressante do que ele imaginara.

— Oh, você deve ser Min Yoongi! — Ele falou, claramente empolgado, mas ainda assim se digirindo a Hoseok e ignorando totalmente a presença do ômega. — Meu nome é Nam Jaesung, sou o responsável pelo treinamento dos estagiários daqui... Bom, Yoongi, você deve saber que a Triple H é uma gravadora grande e que temos renome, então sinta-se privilegiado por essa oportunidade!

Yoongi suspirou pesadamente enquanto observava o Nam Jaesung o ignorando e falando com Hoseok, pensando que ele era o possível novo estagiário. Ele com certeza já sabia que enfrentaria preconceitos na indústria, por isso estava tentando com tudo de si não deixar com que aquilo o tirasse do sério. Hoseok, por sua vez, estava completando confuso e até tentou abrir a boca para dizer que ele não era Yoongi, mas Jaesung continuava a falar.

— Você foi muito bem indicado, então estou com altas expectativas em você, garoto! Está em que ano da universidade? Ouvi falar que você é da IUS, então deve ser um prodígio, hein?! — O alfa continua, sorrindo cada vez mais. Hoseok já estava começando a se incomodar, principalmente quando Jaesung se aproximou e lhe deu tapinhas no ombro, ficando de costas para Yoongi e deixando ainda mais claro  que só tinha interesse em Hoseok.

— Senhor Nam, se me der licença... — Hoseok diz, se afastando do toque do mais velho e o olhando com certa rigidez. — Não sou Min Yoongi. Ele na verdade está bem atrás de você, e sim, é um prodígio. Só estou acompanhando meu namorado.

Jaesung ficou parado por alguns segundos, parecendo estar processando a informação. Ele então se virou e finalmente prestou atenção em Yoongi, que o olhou e reuniu toda a simpatia que ainda o restava e lhe deu um sorriso doce, mesmo que estivesse irritado por ter sido ignorado todo esse tempo. O alfa, por sua vez, o olhou de cima a baixo e deixou um sorriso incrédulo escapar.

— Isso é sério? — Jaesung pergunta, olhando para Yoongi e Hoseok. Depois de perceber que eles não estavam brincando, revira os olhos e suspira. — Um ômega... — Ele sussurra com deboche, mas o casal conseguiu escutar claramente o quão descontente ele está.

Hoseok fecha a expressão no mesmo instante e se prepara para rebater, mas é impedido por Yoongi, que apenas suspira. Não é a primeira vez que alguém duvida de suas habilidades por suas características evolutivas e nem será a última, então não adiantaria deixar que Hoseok resolvesse aquilo na grosseria, por mais que Yoongi quisesse.

— Prazer em conhecê-lo, Sr. Nam. — Yoongi fala, se curvando para o alfa que permanece com o sorriso irritantemente debochado nos lábios. — Espero que eu possa suprir suas expectativas. É realmente uma honra poder estar aqui.

— Sim, sim, eu imagino que seja. — O tom de voz de Jaesung agora não era mais empolgado e muito menos animado. Ele parecia apenas um tanto rude e debochado, totalmente desinteressado. — Bom, vamos logo com isso. Me acompanhe até o estúdio, quero ouvir alguns de seus... Trabalhos. Seu namorado não pode entrar, então venha sozinho.

Jaesung se vira e começa a caminhar para dentro sem falar mais nada. Hoseok e Yoongi se olham, e o ômega consegue enxergar o quão irritado seu namorado está com a situação, e não o culpa por isso; também está, mas não é como se ele não tivesse se preparado para isso. Claro que ele tinha expectativas boas e no fundo esperava que as coisas fossem ser mais tranquilas, mas a realidade sempre está pronta para distribuir tapas na cara de quem não teve o privilégio de nascer alfa, então ele meio que já esperava que poderia ser tratado daquela forma...

Ainda assim, lidar com pessoas como Jaesung não era nada fácil. Yoongi sabia que ele só não tinha o dito para ir embora apenas porque tinha sido indicado por Hyuna, então, por hora, estava grato por pelo menos ter a chance de mostrar o que sabe fazer.

— Estou aqui te esperando, gatinho. Vai lá e mostra pra esse babaca que você é muito melhor que qualquer alfa, que você é muito melhor que ele! — Hoseok exclama, sorrindo confiante para o namorado, ainda que estivesse extremamente irritado. — Eu vou sentir se você não estiver bem, então não se preocupe, tudo bem? Qualquer coisa eu entro lá e acabo com ele.

— Obrigado, amor. — Yoongi sorriu e ficou na ponta dos pés para deixar um selinho nos lábios de Hoseok, tentando o passar confiança. — Eu já volto, tudo bem? Torça por mim!

— Deixa comigo! Boa sorte!

Yoongi então sorriu abertamente para Hoseok mais uma vez e se afastou rapidamente para seguir Jaesung, que já estava entrando nos corredores. Ele obviamente estava uma pilha de nervos e sua insegurança estava começando a aparecer novamente, mas não iria deixar nada o atrapalhar naquele momento, por isso ergueu a cabeça e se pôs a seguir Jaesung.

Quando atravessam os corredores e chegam ao estúdio, os olhos de Yoongi voltam a brilhar em empolgação. Ele nunca havia entrando em um estúdio profissional antes, e conseguir entrar em um como aquele parecia apenas um sonho distante até alguns dias atrás – haviam muitos equipamentos e instrumentos, tudo tão moderno e de qualidade que Yoongi não conseguiu conter mais um suspiro de admiração, sentindo-se no paraíso.

— Muito bem, Min Yoongi... — Jaesung sentou-se despojado numa cadeira que ali estava, mantendo o tom presunçoso na voz. — O que você tem para mostrar?

Yoongi o encarou mais uma vez, agora brevemente. Aquele alfa claramente não tinha a mínima intenção de estar ali e com certeza não estava o levando a sério, mas por mais irritante que aquilo fosse, o rosado decidiu que não se deixaria abalar. Ele então se aproximou cautelosamente, tirando o celular do bolso antes de começar a falar.

— Recentemente, produzi algumas faixas. Não tenho materiais profissionais, então tudo o que irei mostrar ao senhor foi feito de modo caseiro e completamente feito por mim, a não ser pelos vocais que são de alguns amigos. — Explicou, indo até o plug do alto falante para conectar seu celular. — Como me foi instruído por e-mail, separei duas faixas para mostrar. A primeira se chama Propose e a segunda, SoulMate.

Assim que terminou de falar, Yoongi deu play na primeira música, setindo seu corpo tensionar novamente. Jaesung, por sua vez, esperou que a faixa começasse sem nenhuma expectativa, mas se surpreendeu ao decorrer dos minutos; era quase inacreditável para ele que alguém tão jovem, inexperiente, sem recursos e, principalmente, ômega, conseguisse produzir trabalhos como aqueles, com melodias tão complexas e bem arranjadas, com defeitos mínimos e quase imperceptíveis. Claro que ele sabia que Yoongi muito provavelmente era um tipo de prodígio apenas por ele ser aluno da prestigiada IUS, mas Jaesung não esperava que ele fosse um ômega, e muito menos que fosse tão bom – se não melhor – que si, e aquilo o dava nos nervos e feria seu ego.

Justamente por estar com o ego ferido e por achar absurdo demais ômegas se meterem nesses assuntos, Jaesung logo trata de disfarçar sua expressão impressionada.

Yoongi quase consegue ver o quão impressionado o alfa está e aquilo o alivia, mas assim que as músicas acabam e o silêncio volta a predominar o estúdio, uma onda de nervosismo enche o peito do ômega novamente.

— É, até que você sabe mexer numa coisinha ou outra, garoto... — Diz, ainda com um ar de deboche. — Agora, quero que você faça algo na minha frente, apenas para provar que você é mesmo capaz.

Jaesung encara Yoongi mais uma vez, seus olhos cheios de um desprezo visível. O baixinho claramente conseguia sentir o quão subestimado estava sendo, e que mesmo que o alfa tivesse ficado impressionado com suas músicas, jamais iria admitir. As provocações com certeza continuariam, e ele só estava aguentando tudo aquilo porque realmente queria poder estagiar ali, realmente queria poder ganhar experiência naquele lugar.

— Vou te mostrar um vocal livre, o som tem quinze segundos. Quero que você crie a melodia. — Jaesung se aproximou da bancada de equipamentos e apertou um dos botões, fazendo um vocal feminino ecoar no estúdio. — Você tem meia hora e pode usar o computador e o Maschine MK3. Acha que dá conta, bonitinho? Ou você não sabe usar os equipamentos?

Yoongi engole em seco, tentando com tudo de si engolir sua irritação goela a baixo. Ele sabe muito bem que Jaesung está pedindo muito de si, principalmente em tão pouco tempo, mas não quer dar ainda mais motivos para aquele alfa estúpido duvidar de suas capacidades; encararia aquele desafio. A insegurança e o medo ainda estavam presentes em seu corpo e faziam sua cabeça latejar de tempos em tempos, mas ele não iria desistir tão facilmente agora, pois era questão de honra mostrar a Jaesung que ele é muito mais do que capaz.

— Eu dou conta, Sr. Nam. E sim, sei como manusear os equipamentos. — Yoongi se curvou mais uma vez, agora indo em direção à bancada com toda confiança que conseguiu reunir. — Já posso começar?

— Claro. — Jaesung riu, cruzando os braços e observando Yoongi com desdém. — Vamos ver do que você é capaz.

O rosado então se sentou diante do computador, concentrando-se e respirando fundo. A partir daí, Yoongi ignorou tudo ao seu redor e colocou os fones de ouvido, logo começando a pensar na melodia que precisava criar; era um teste difícil e ele sabia que precisava se esforçar ao máximo se quisesse passar. A composição que lhe foi mostrada era cantada por uma voz feminina, aparentemente calma e que falava sobre despedidas, então o ômega começou a formular ideias partindo daquele ponto – ele pegou um bloco de notas e começou a rascunhar alguns acordes, sempre testando-os no Maschine para ter certeza de que soavam como imaginara, e assim prosseguiu; não tinha muito tempo para ficar pensando, então precisava se mover rápido.

Depois de alguns testes, Yoongi finalmente achou uma combinação que gostou e começou a trabalhar nela. Ele se concentrou na música, e cada nota que adicionava à sua melodia, sentia-se mais confiante e capaz. Ao fim de longos 20 minutos, ele terminou a melodia e a reproduziu, ficando satisfeito com o resultado. Sabia que não era a melodia mais complexa ou refinada que já havia criado, mas estava orgulhoso por ter construído algo descente em tão pouco tempo e, principalmente, debaixo de tanta pressão – ainda tinha dez minutos sobrando, mas não queria mexer em algo que já tinha o deixado satisfeito. Ele conseguia sentir o olhar de Jaesung queimando em suas costas, mas agora estava plenamente confiante de que aquele alfa definitivamente não teria como o dizer não.

— Está pronto, Sr. Nam. — Yoongi anuncia, virando-se na cadeira giratória e ficando de pé.

O olhar que Jaesung enviou para Yoongi foi de puro desprezo, e ele conseguia sentir seu sangue ferver apenas em ver como o ômega estava confiante. Quem ele pensa que é para me olhar desse jeito? Era o que se passava na mente de Jaesung. Aquele desafio nunca fez parte dos testes para a contratação de estagiários – na verdade, eram feitos para a contratação de pessoas formadas e para serem efetivadas – e ele tinha plena certeza de que Yoongi se apavoraria e não conseguiria entrar o resultado a tempo, então ver que o baixinho terminou tudo cinco minutos antes do fim do prazo o deixou genuinamente irritado.

— Será que você fez mesmo algo de útil? Achei que estivesse apenas brincando de ser produtor. — O alfa se aproxima da bancada, provocando Yoongi mais uma vez. — Dê play. Vamos ouvir o resultado da sua brincadeira.

Yoongi sentiu vontade de jogar uma cadeira na cabeça de Jaesung, mas novamente se forçou a respirar fundo e controlar sua raiva. Sabia que Hoseok estava sentindo tudo o que sentia, então também queria se acalmar para evitar que seu namorado ficasse preocupado. Sendo assim, regulou a respiração e deu play na junção da melodia com o vocal, concentrando-se nas expressões de Jaesung.

O alfa apurou os ouvidos assim que a música começou a tocar. Era evidente que Yoongi havia feito um ótimo trabalho e que tudo estava se complementando indiscutivelmente bem, então mais uma vez Jaesung teve que se controlar para disfarçar o quão impressionado estava com as habilidades do jovem ômega ao seu lado. Ele jamais iria admitir que estava errado e que Yoongi realmente é um bom produtor, seu ego estava ferido demais para que ele conseguisse pensar coerentemente, além de que, claro, ele não permitiria que um mero ômega fosse contratado para trabalhar ao seu lado.

No fundo, ele sabia que Yoongi se tornaria muito melhor que ele em pouco tempo, e aquilo era ultrajante demais para a mente pequena e limitada de Jaesung processar.

Quando os quinze segundos passaram, Jaesung vestiu sua expressão de soberba novamente e voltou a se sentar, com as pernas abertas e um sorriso irritante e desprezível nos lábios. Ele não podia negar que Yoongi é bom, mas se recusava a dizer aquilo em voz alta; e tirando proveito de não ter mais ninguém para testemunhar aquele teste, faria questão de mostrar a Yoongi o quão babaca conseguia ser.

— Você conseguiu terminar dentro do prazo e sua melodia não está um completo lixo, o que é realmente impressionante para um ômega. — Jaesung começa, mexendo uma caneta nos dedos e parecendo totalmente desinteressado novamente. — Mas ainda assim, não vejo motivos para contratar você, Min Yoongi. Nós precisamos de um talento de verdade, e não de mais um ômega de enfeite no departamento. Você entende o que quero dizer, não entende, querido?

Yoongi o encara com o olhar mais frio que já teve em muitos anos, completamente desacreditado das palavras que estava ouvindo. Seus punhos cerrados denunciavam o quão irritado estava, e ele teve de se controlar muito para não gritar com Jaesung.

Você está dizendo que não vai me contratar por eu ser ômega?

As palavras de Yoongi soam duras e seu tom de voz transparece sua irritação e raiva. Jaesung então se levanta da cadeira e caminha em direção a Yoongi, olhando-o de cima para impor superioridade, ainda com aquele sorriso irritante e desprezível nos lábios.

— Você acha que vai longe nesse ramo, Min Yoongi? Acha mesmo que tem espaço aqui sendo ômega? — Questionou, soando soberbo e sarcástico. — A indústria já está esta lotada de músicas romanticas e genéricas, não há mais espaço para ômegas brincarem aqui. Se você quisesse cantar ou se tornar um Idol, eu te diria para ir em frente, pois você realmente tem um rosto bonito... Mas um produtor? — Ele se aproximou ainda mais, agora rindo com desdém. — Acorde, garoto. Deixe a parte importante para os alfas, você não tem espaço aqui.

Quando Jaesung terminou de falar, Yoongi já estava praticamente explodindo de raiva e completamente sem paciência. Ele sabia que tinha ido bem e sabia que não havia motivo algum para não conseguir aquele estágio; por mais que fosse inseguro, não era burro. Estava claro que Jaesung estava o negando aquela oportunidade por conta de sua classificação evolutiva, e a sensação de impotência diante do preconceito escancarado do alfa o deixava com ainda mais raiva.

— Vá se foder, seu pedaço de merda! Já aguentei você falando coisas absurdas pra mim o dia todo, não vou mais ouvir você sendo um preconceituoso de merda calado! — O ômega grita, com a expressão dura e raivosa. — Você não me contratou por eu não ter espaço aqui, você não me contratou porque está com o ego ferido!

Jaesung não esperava que Yoongi fosse ter coragem de enfrentá-lo, e muito menos que ousaria dizer aquelas palavras pra si. Estava com tanta raiva da insolência daquele ômega que sentiu vontade de esganá-lo.

— Seu merdinha, quem você pensa que é para falar assim comig-

— Eu não terminei de falar! — Yoongi gritou mais uma vez, e por mais que sua garganta estivesse começando a fechar e seu coração palpitasse, ele ainda queria extravasar sua raiva. — Você se achou muito esperto me colocando para fazer uma tarefa que não faz parte dos testes para os estagiários, não é? E mesmo assim, eu consegui. Feri seu ego e toquei na ferida, não foi? Então agora engula seu preconceito e exploda junto com ele, seu fodido! Vou chegar muito mais longe do que você um dia sonhou e pisar na sua cara!

Os gritos de Yoongi preenchiam a sala e estava tão irritado que não pensou duas vezes antes de cuspir na cara de Jaesung. Depois disso, o ômega sentiu que seu coração estava batendo rápido demais e que não conseguia mais respirar direito, então saiu correndo do estúdio para procurar Hoseok, que já estava pelos corredores procurando por ele. Ele sentiu como o nervosismo e raiva de Yoongi estavam latentes e por isso achou melhor ir até seu namorado, e meio que se desesperou quando percebeu que seu gatinho provavelmente estava a beira de uma crise de ansiedade.

Yoongi não disse nada. Tentava desesperadamente puxar ar para os pulmões e se livrar da sensação de garganta fechada que fazia seu peito doer, assim como seu coração que não regulava as batidas e parecia palpitar cada vez mais; há tempos não tinha uma crise como aquela, e estava tão angustiado e irritado com as coisas que tinha passado dentro daquele estúdio que simplesmente não conseguia se controlar. Abraçou Hoseok com as forças que ainda o restavam, e quando sentiu os braços do alfa o rodearem e a essência de laranja adentrar seu nariz, finalmente sentiu-se seguro de novo.

— M-Me tira daqui, Seok, p-por favor... — Yoongi se agarrou ainda mais a Hoseok, se esforçando para conseguir falar.

A angústia em ver seu namorado naquele estado batia latente dentro do peito de Hoseok, e ele já imaginava o que havia acontecido dentro do estúdio; com certeza iria até lá apenas para quebrar a cara de Nam Jaesung, mas Yoongi era sua prioridade. As mãos do rosado tremiam e ele estava claramente desnorteado, apertando o corpo de Hoseok e buscando o ar com a boca aberta, enquanto começava a chorar e tossia – vê-lo assim era definitivamente assustador, mas não adiantaria nada se o Jung também entrasse em desespero, então ele apenas colocou em sua mente que deveria permanecer calmo para acalmar Yoongi, então regulou a respiração e começou a caminhar rapidamente com o ômega para fora da gravadora, ignorando os olhares e chamados da recepcionista.

Do lado de fora, Hoseok foi rápido em encontrar um cantinho mais calmo para poder ficar com Yoongi, que ainda chorava e soluçava, respirando com dificuldade emquanto tremia. Sua cabeça estava cheia e ele pensava em um milhão de coisas ao mesmo tempo, lembrando continuamente das palavras de Jaesung e em como foi menosprezado sem o menor motivo – e ainda que a essência e presença de Hoseok fossem suficientes para o fazer sentir seguro, não conseguir respirar direito o fez entrar em desespero.

— Gatinho, eu estou aqui com você. Vou ficar com você até você se acalmar, ok? — Hoseok falou, a voz alta e clara para que Yoongi entendesse, mesmo naquele estado. Ele então se afastou minimamente do abraço, apenas para conseguir olhar seu ômega nos olhos. — Vamos contar até dez comigo. Você consegue, meu amor?

Enquanto limpava as lágrimas de Yoongi com o polegar, Hoseok passou a soltar mais feromônios, na esperança que aquilo ajudasse a acalmá-lo de alguma forma. Yoongi acentiu para a pergunta dele, tentando com tudo de si manter sua atenção focada em Hoseok e em regular sua respiração.

— Ótimo, neném, você é incrível! Vamos começar, tudo bem? Um, dois, três... — Pausadamente, os dois começaram a contar juntos. A voz de Yoongi estava trêmula e ele ainda soluçava. — Quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez... Você consegue me dizer qual a cor da minha jaqueta, gatinho?

— V-Vermelha...

— E dos meus sapatos? Você disse que tinha gostado deles, não foi?

— S-Sim... Eles s-são branc-cos... — Agora, Yoongi aparentemente tinha conseguido regular um pouco a respiração e já não chorava tanto. — E v-você está usando c-cabelo para baixo hoje... N-Não consigo v-ver seu piercing...

— Wuah, é verdade! Vou deixá-lo amostra para você conseguir ver, meu amor. — Hoseok então colocou o cabelo um pouco para o lado, observando quando Yoongi desviou os olhos para seu piercing, sentindo-se extremamente aliviado quando percebeu que seu namorado estava ficando mais calmo. —  Gatinho, você lembra da tatuagem que fiz para a Dawon? Onde está a data de nascimento dela, você lembra?

— Na p-parte de trás do seu braço... — Yoongi demorou um pouquinho para lembrar, mas conseguiu. Àquela altura, já estava muito mais calmo

— Isso mesmo, gatinho! E a próxima que eu fizer vai ser ‘pra você. Acho que vou tatuar assim... “Yoongi minha vida” bem grande e em letras maiúsculas bem no meu peito! — Ele brincou, por mais que quisesse mesmo fazer alguma tatuagem para o namorado. Estava tão aliviado em sentir que o coração dele havia diminuído as frequência e que a respiração dele já estava mais regular que decidiu fazer alguma gracinha, querendo arrancar um sorrisinho do seu gatinho.

— V-Você não ‘tá doido! — Yoongi exclamou, ainda soluçando mas com um sorrisinho nos lábios.

— Vai ser seu presente de aniversário! — Hoseok também sorriu, limpando os últimos resquícios de lágrimas que desciam palavras bochechas vermelhas de Yoongi. Ele então puxou o baixinho para seus braços novamente, deixando que Yoongi afundasse o rosto em seu pescoço e aspirasse sua essência. — Continue respirando devagar, gatinho. Eu estou aqui com você.

O rosado acentiu, e assim permaneceu abraçado a Hoseok, respirando pausadamente e se concentrando na essência do namorado para tentar se acalmar completamente. As lembranças do que tinha acontecido na gravadora e a forma como Jaesung tentou humilhá-lo a todo custo iam e vinham em sua mente, mas graças as perguntas aleatórias que Hoseok continuava a fazer, Yoongi estava conseguindo evitar pensar em todos os absurdos que ouvira naquela tarde.

Alguns minutos depois, Yoongi se desprendeu do abraço do namorado e fungou pela última vez, sendo observando por um Hoseok preocupado, mas que ainda assim, sorria docemente para seu ômega. Finalmente tinha conseguido se acalmar, e por mais que seu peito ainda doesse e continuasse e soluçar esporadicamente, já se sentia muito melhor – ter Hoseok ao seu lado era fundamental para que ele conseguisse se manter estável, e realmente não sabia o que poderia ter acontecido consigo caso tivesse ido até a gravadora sem ele.

— Como você está se sentindo, gatinho? — A voz de Hoseok soou baixinha. Ele acariciou brevemente uma das bochechas de Yoongi com o polegar, sentindo o coração aliviar ao ver um sorrisinho miúdo aparecer nos lábios do ômega.

— Mais calmo, eu acho... — Suspirou. — Me desculpe por ter preocupado você, Seok... Você deve ter ficado assustado.

— Não há nada pelo que você precise se desculpar, gatinho, de verdade. Vou cuidar de você, certo? — Hoseok sorriu, segurando o rosto de Yoongi com as duas mãos e lhe dando um selinho. — Você deve estar muito cansado por tudo o que aconteceu, então vamos deixar para conversar mais tarde, tudo bem? Eu prometo que qualquer que seja a coisa que ele tenha dito a você lá dentro, não vamos deixar barato.

Um tanto aliviado em ouvir as palavras de Hoseok, Yoongi acentiu, sorrindo pequenininho. Realmente não queria falar sobre Jaesung agora, muito menos lembrar das coisas que havia ouvido dele; estava muito cansado tanto fisicamente quanto mentalmente, e tudo o que precisava agora era de sua cama.

— Obrigado, Seok. Amo você. — Com um sorrisinho nos lábios, Yoongi voltou a abraçar o namorado, sentindo-se extremamente necessitado da essência e da presença dele.

— Amo você, meu gatinho. — Hoseok o apertou um pouquinho no abraço, ouvindo uma risadinha tímida soar. — Agora vamos, vou te levar pra casa.

{...}

Num suspiro pesado, Namjoon encostou-se na guarnição da porta do quarto de Hoseok e ponderou enquanto via em silêncio seu melhor amigo acariciar suavemente o rosto de Yoongi e observá-lo dormir calmamente. Os dois haviam chegado há alguns minutos, e desde que o Jung entrou no dormitório com seu ômega adomercido nos braços, não falou uma palavra.

Namjoon havia conversado com Yoongi na noite anterior e sabia bem de todas as preocupações do ômega, e não tirava sua razão. Ele e Yoongi tinham as mesmas ambições em relação a produção musical, por isso estavam sempre conversando sobre isso; mas apesar de ambos saberem bem que têm talento e competência para irem longe, também sabiam que as coisas obviamente seriam mais fáceis para Namjoon do que para Yoongi. E agora, vendo como os dois haviam voltado da gravadora, o Kim temia que as preocupações do rosado não tenham sido infundadas. A sociedade era cruelmente injusta com ômegas e todos tinham consciência disso, mas ainda assim era doloroso ver a genialidade de alguém como Yoongi ser desprezada por puro preconceito.

Decidido a não acabar com aquele momento de Hoseok, Namjoon voltou para a sala e decidiu esperar. Ele sabia que Hoseok e Yoongi precisariam dele mais tarde, e estaria disposto a ajudá-los com o que quer que fosse, da melhor maneira que conseguisse.

Hoseok, por sua vez, estava totalmente alheio a tudo que não fosse o namorado, então nem sequer notou a presença breve de Namjoon no quarto. Continuou a niná-lo, acariciando as bochechas que continuavam ligeiramente vermelhas pelo choro de mais cedo. Yoongi havia dormido no caminho de volta a universidade, um tanto exausto mental e fisicamente, e Hoseok não ousou o acordar. Sabia que seu ômega precisava daquele descanso, precisava deixar sua mente relaxar um pouco depois de tanta tensão – mas ainda que soubesse que ele estava completamente seguro e tendo um sono tranquilo, não conseguia sair de perto dele.

Já havia presenciado algumas pequenas crises de ansiedade de Yoongi antes, mas nenhuma como aquela. Sabia o que fazer pois buscou aprender a como lidar com aquelas situações, mas nem por isso deixou de ser menos assustador ver seu gatinho tão vulnerável e desesperado – ouviu há algum tempo de Taehyung e Jeongguk que as crises de Yoongi antes eram bem graves e que ele demorava muito tempo para se recuperar, e agora se perguntava o que poderia fazer para protegê-lo de mais episódios como aquele.

Queria protegê-lo de tudo, mas sabia que não era tão simples assim. Haviam coisas e situações que iam além dele e de seu controle, mas faria todo o possível para poupá-lo de mais estresse. Disso ele tinha certeza.

Então, cerca de meia hora depois Hoseok sentiu-se mais seguro para deixar Yoongi dormir sozinho no quarto. Beijou a testa do baixinho suavemente antes de se levantar e sair, suspirando e bufando enquanto bagunçava o próprio cabelo e tentava pensar no que fazer a seguir; não sabia ao certo o que havia acontecido dentro do estúdio, mas não deixaria Yoongi perder a oportunidade de realizar um sonho por conta de Jaesung. Lembrava vividamente de como sentiu os sentimentos de Yoongi dentro de si, de como seu gatinho estava angustiado e nervoso quando saiu de lá, e por isso definitivamente não perdoaria Jaesung.

Quando chegou a sala, se surpreendeu ao ver Namjoon ali. Estava tão imerso em Yoongi desde que chegaram que não percebeu que o Kim havia voltado para o dormitório deles, e pela expressão de Namjoon, viu que ele sabia que alguma coisa havia acontecido. Sendo assim, Suspirou mais uma vez e sentou-se ao lado do amigo, que ainda o observava em silêncio.

— Aconteceu alguma coisa, não aconteceu? — Alguns segundos depois, Namjoon quebra o silêncio. Sua voz é calma, e ele espera pacientemente pela resposta do amigo. — Você o trouxe direto pra cá...

— O filho da puta menosprezou ele. — Começou a falar, encarando o chão enquanto tentava acalmar sua raiva para não acabar acordando Yoongi. — Assim que chegamos lá, ele pensou que eu fosse o Yoongi e o ignorou totalmente. E mesmo depois de explicarmos, ele teve a cara de pau de enfatizar o fato do Gi ser ômega, como se isso fosse algo ruim.

Namjoon escuta tudo calmamente, mas sente uma frustração enorme ao perceber que suas suspeitas estavam corretas.

— Então não o aceitaram por ele ser ômega? — Pergunta, mesmo que já soubesse a resposta. — O deixaram ao menos fazer o teste?

— Sim, ele fez. Eu não pude entrar junto, mas ele ficou quase uma hora dentro do estúdio com o cara, e quando saiu, já estava no meio de uma crise de ansiedade. — Suspirou, sentindo-se agitado apenas com a lembrança. — Eu não perguntei nada, vou esperar ele acordar para entender o que realmente aconteceu, mas o cara definitivamente falou alguma babaquice.

— Ele com certeza já sabia que isso poderia acontecer, nós dois já conversamos várias vezes sobre isso e ele sempre me diz o quanto esse preconceito o assusta... Imagino que deve ter sido demais para ele lidar, principalmente agora. — Em um murmúrio, Namjoon reflete. — Ele é bom demais para não ter passado, então com certeza o rejeitaram pelo gênero. Essa indústria de merda...

— Eu quis matar aquele cara. Se o Yoongi não estivesse tão mal e desesperado, eu teria entrado lá e acabado com a fuça do desgraçado. — Grunhiu. — Ele não merece isso, Namjoon. Essa merda toda é muito injusta... Depois de tudo que aconteceu em Daegu, ele finalmente está conseguindo se sentir confortável de novo, já fazia um bom tempo que eu não o via chorar. E agora, quando tudo parece estar dando certo pra ele...

— Nós estamos juntos nessa, não vamos deixá-lo afundar de novo. E tenho certeza que você não vai deixar isso passar a limpo, não é?

— Claro que não. Depois que ele acordar, quero saber tudo o que aconteceu e então vou falar com a Hyuna. Ela sabe o quão bom ele é, e sabe que ele merece essa vaga mais do que todos. — Respondeu, cheio de convicção. — Fiquei com tanta raiva que até pensei em falar com minha mãe sobre isso para tentar mover um processo contra esse cara, mas acho que ainda não é um bom momento para fazer o gatinho ter contato com polícia e coisas desse tipo.

Para Namjoon, era totalmente compreensível que Hoseok estivesse com receio de envolver a polícia nisso, ainda que ele ache que fazer uma denúncia realmente seria o mais adequado. Infelizmente as cicatrizes emocionais deixadas em Yoongi pelo que aconteceu em Daegu ainda eram muito recentes, e ele não merecia relembrar tudo aquilo de novo, principalmente agora.

— Você tem razão, talvez não seja um bom momento... Mas vamos esperar pelo que o Yoongie tem a dizer. — Agora quem suspirou foi Namjoon. — Vou chamar os garotos ‘pra cá. Nós podemos jantar todos juntos e tentar pensar em como resolver essa situação. Quanto mais cabeças pensando melhor.

Hoseok então se espamarra no sofá, tentando relaxar os músculos e amenizar a raiva que permanecia latente dentro de si. Não podia ficar muito agitado ou acabaria afetando Yoongi e o faria acordar, então precisava se manter o mais resiliente possível naquele momento, apesar dos apesares.

— Obrigado, Joon-ah. Ele com certeza vai se sentir melhor se acordar e ver que todos nós estamos aqui por ele. — Sorriu, ainda que pequeno. — Pode parecer besteira, mas é algo que vai muito além da vaga de estágio, sabe? Nós nunca passamos por isso justamente por sermos alfas, mas consigo imaginar como deve ser frustrante precisar se provar mil vezes melhor o tempo todo para conseguir reconhecimento, o mínimo que seja. E ele estava tão feliz... Tão empolgado.

— Vamos nos assegurar de que ele não desista, tudo bem? Vamos conseguir reverter essa situação, você vai ver. — Confiante, Namjoon o encorajou. — Eles são muito melhores que nós, e com certeza muito mais fortes também. Yoongi, Taehyung, Jimin, Seokjin... Eles provavelmente passam por coisas assim todos os dias. É um caminho difícil e doloroso, mas nós estaremos aqui por eles, então tenho certeza que tudo acabará bem.

Hoseok assentiu, entendendo perfeitamente o que Namjoon estava dizendo. A lembrança de como Yoongi havia ficado naquele dia dificilmente seria esquecida por ele, mas Hoseok sabia que aquele seria só uma parte ruim da história, porque Yoongi merecia o mundo, e ele com certeza o conquistaria. Estará ao lado dele para apoiá-lo a todo custo, e por mais tortuoso e difícil que seja o caminho, eles com certeza chegarão até o topo.

No fim das contas, Yoongi é maior do que qualquer preconceito. E Hoseok sabe disso mais do que ninguém.

•••

ooi gente, quanto tempo!! 🥹

mais de um ano se passou desde a última atualização, e eu jamais vou conseguir me desculpar o suficiente com vocês pelo abandono de tmbbots... eu meio que me perdi como autora, mas agora pretendo voltar com tudo!

como eu já havia dito no capítulo anterior, estamos na reta final da fanfic, e eu espero poder contar com vocês até o fim!

sou muito grata a todos vocês, de verdade. muito obrigada por me esperarem! fiquem bem e até a próxima!

não esqueçam de usar a #sopegatinhos no Twitter!

com amor,
mini.♡

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