Depois da Meia-Noite (Bubblin...

By TersyGabrielle

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Marceline e Bonnibel foram um casal durante o ensino médio. E como todo casal adolescente, estavam certas de... More

Prólogo
Capítulo 1 - Tudo ou Nada
Capítulo 2 - O Baixo e o Sangue
Capítulo 3 - Os Motivos Pelos Quais Eu Deveria Odiar Você
Capítulo 4 - O Céu Nos Olhos Dela
Capítulo 5 - Canela
Capítulo 6 - Espaços Vazios
Capítulo 7 - Deixe Para Lá
Capítulo 8 - Quando Agosto Acabar
Capítulo 9 - Bonnibel, A Sensível
Capítulo 11 - Andrea
Capítulo 12 - O Começo do Fim
Capítulo 13 - O Lugar Que Você Deixou Vazio
Capítulo 14 - Depois Dela, É Minha Vez
Capítulo 15 - O Horizonte Tenta, Mas Não Se Compara
Capítulo 16 - Rosas Pretas e Cor-de-rosa
Capítulo 17 - Um Vislumbre de Nós
Capítulo 18 - Sangue & Lágrimas Azuis
Capítulo 19 - Cartão Postal
Capítulo 20 - Um Passo Atrás
Capítulo 21 - Papai, Cadê Sua Dignidade?
Capítulo 22 - Chuva a Meia-Noite
Epílogo
Notas Finais e Agradecimentos.

Capítulo 10 - Uma Garota Não Tão Boa

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By TersyGabrielle

Não dormi porra nenhuma, são 4:40 da manhã e eu tenho que levantar pra trabalhar. Oh maravilha :'D

Então, só queria avisar que esse capítulo meio que é pra chorar tá

"Mas chorar por onde, Tersy?"

Sim.

Bem, vamos para o capítulo.

Boa leitura!
~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•
Good little girl
Don't you know what you do to me?
I know you're not bad
Yet you're breaking the rules for me
Now you're part of my world
You're my good little girl

- Faixa 5: Good Little Girl
~~~~~~~~~~~~~~~~~~

As coisas estavam fadadas a caminhar para onde acabaram caminhando.

Naquela madrugada, enquanto bebia a caneca de café que Marceline havia preparado, Bonnibel podia sentir no ar um peso ainda maior do que havia sentido em todos os outros encontros.

Faltava uma semana para o dia sobre o qual elas nunca falavam abertamente, e ela sabia que não seria possível continuar caminhando na borda do precipício por muito mais tempo.

Tic, tac. O tempo estava acabando, e rápido.

Marceline caminhou para o escritório em um silêncio carregado, com Bonnibel logo atrás. Elas se ajeitaram em seus respectivos lugares, o celular foi posicionado para gravar, mas o silêncio continuou por mais um momento parado no tempo. Até Marceline respirar fundo.

- Bem, eu preciso colocar isso no livro em algum momento. Acho que vai ser agora.

- Como você quiser, Marceline.

O tom profissional dela acertou na ferida. Marceline estava começando a ficar tão, tão cansada dele.

- Não tem um único minuto do meu dia que eu não esteja morrendo de saudades dela. É aterrorizante. É cruel. Eu nunca achei a vida minha vida a coisa mais legal do mundo, mas desde então... As coisas são tão, tão cinzas... E as vezes acho que mundo nunca mais vai ser totalmente colorido outra vez.

- É compreensível.

- Não, você não entende. Nem comece com essa merda, Andrews. Você não chega nem perto de entender.

O tom de voz dela foi ríspido. A raiva tinha começado a borbulhar.

A caixa que elas carregavam começou a chacoalhar. A qualquer momento, agora.

- Você não é a única pessoa que sente falta dela, Abadeer.

A voz de Bonnibel também era dura. Também estava exausta.

- Cala a merda da boca, tá legal!? Só cala a boca. Você não tem o direito de sequer insinuar que é a mesma coisa pra você.

- Eu nunca disse que é a mesma coisa! Mas que merda, só tira a porra da sua cabeça do próprio rabo e pare de agir como se você fosse a única pessoa no mundo que sente as coisas!

O fecho da caixa começou a ceder.

- Pro inferno com isso, Bonnibel! Pro inferno com isso, tá legal? Não venha se fazer de compreensível e sentimental oito anos depois, porque se tem uma coisa que você nunca fez foi dar a mínima!

- Não se atreva a dizer por mim o que eu sinto ou deixo de sentir. Eu não te devo uma demonstração de acordo com o que você espera que eu demonstre.

As duas agora estavam de pé, a mesa sendo a única coisa impedindo um contato direto. E talvez fosse melhor assim.

Porque a tampa estava cedendo, e agora nada poderia impedir que ela abrisse.

- Vai se foder, Andrews! Eu tenho total direito de dizer que qualquer coisa que você diga sobre isso é mera ladainha! Você não se importa com merda nenhuma além das suas próprias convicções, e não finja o contrário!

- Vá a merda, Marceline. Você não tem ideia do que está falan-

- Não faço, Bonnibel? EU não faço ideia? EU NÃO FAÇO IDEIA? SE VOCÊ LIGASSE PRA ELA, PRA MIM, PRA QUALQUER UM ALÉM DE VOCÊ, VOCÊ NÃO TERIA SUMIDO NO MAPA DUAS SEMANAS DEPOIS DA MINHA MÃE TER MORRIDO, SUA INFELIZ!

Uma caneca passa raspando pelo rosto de Bonnibel e estoura na parede.

E pronto. A caixa de Pandora estava aberta, e todos os demônios que elas pensavam ter colocado para dormir haviam saído.

Mas não havia qualquer esperança perdida no fundo dela.

Bonnibel respirou fundo. As lágrimas corriam soltas pelo rosto de Marceline, mas ela ainda tentava, em vão, controlar as próprias.

- E o que exatamente você esperava que eu fizesse? Que eu jogasse anos de trabalho duro e uma bolsa completa pelos ares, que eu me enfiasse num débito estudantil que eu nunca seria capaz de pagar? Você sempre teve a opção de ir comigo - Ela deu dois passos, apoiando as mãos na mesa. Ela tremia e chorava, mas sua voz ainda saia estranhamente fria. - Você não tinha planos, mesmo antes da saúde dela piorar do nada. Você decidiu tirar um ano sabático. Você já tinha decidido que iria para Nova York também. Você mudou os planos porque não tinha mais nada a perder, mas eu tinha. Eu nunca colocaria a culpa em você por ficar sem chão quando a pior tragédia do mundo acaba de acontecer na sua frente, mas não ouse agir como se eu tivesse negado estar do seu lado. Você decidiu que não iria aos quarenta e cinco do segundo tempo, então já passou da hora de você assumir sua parte da responsabilidade nisso.

Marceline estava tremendo da cabeça aos pés, e tinha tanto ódio nos olhos dela que, por um segundo, Bonnibel teve medo dela.

- Você sabe muito bem o que isso significava pra mim. A única coisa que fazia minha mãe aturar aquela vida de merda era me ajudar a conquistar meus sonhos! Ela vivia pra me ver viver! E ela se foi sem me ver conquistar nada, eu devia isso a ela, e você não se importou em ficar do meu lado quando eu decidi que precisava começar o mais rápido possível!

- E o que caralhos te impediria de fazer isso em Nova York, cacete!? A porra da sede da Fueled by Ramen é lá, não foi com eles que você assinou primeiro!? VOCÊ PODERIA TER FEITO ISSO, MAS ERA MAIS IMPORTANTE PRO SEU EGO SE SENTIR MAIS IMPORTANTE QUE OS MEUS PLANOS! PORQUE NADA É MAIS IMPORTANTE DO QUE A GRANDE AVENTURA DE REDENÇÃO DE MARCELINE ABADEER, NAO É MESMO? FODA-SE QUE EU TIVESSE UMA VIDA POR MIM MESMA, PORQUE A POBRE MARCELINE PRECISA SER SEGUIDA NA SUA SAGA ESPETACULAR E SACRIFICAR TODAS AS OUTRAS HISTÓRIAS EM NOME PRÓPRIO!

- Pode berrar o quanto quiser. Pode usar sua lógica distorcida, Bonnibel. Não vai mudar o fato de você ser uma vadia fria e insensível.

Agora Marceline havia dado a volta na mesa. A proximidade que ela nunca deveria ter permitido.

Marceline era fraca. E para piorar, era um tanto quanto complexada. As reações dela não eram das mais... comuns.

O que era uma tragédia, porque era tão inevitável que a mão raivosa de Bonnibel lhe acertasse direto do lado esquerdo do rosto.

A bochecha queimando. Podia sentir cada um dos cinco dedos dela latejando no meio da cara.

Ela virou o rosto para dar de cara com o rosto transfigurado de ódio da mulher em sua frente. A respiração curta e pesada, o peito inflando e desinflando em velocidade constante.

Olhos azuis, cortando como lâminas.

Ah, merda.

Era a porra de um caminho sem volta, agora.

- Nunca mais use essa palavra comigo, está me ouvindo?

O segundo tapa estalou no cômodo inteiro.

- Nunca mais.

Estava fodida. Completamente fodida.

Ela não devia ter começado a briga. Não devia ter começado a gritar, e muito menos ter chegado tão perto.

Porque Bonnibel com tanta raiva nunca tinha sido um lugar seguro. Não era o espaço onde o ego dela cabia. Era o ponto fraco que ela já devia saber que nunca, nunca deveria deixar tão exposto.

Porque, com rosto queimando e provavelmente com os dedos dela gravados, Marceline estava completamente rendida.

O olhos brilhando do jeito que não deviam brilhar, as pernas ameaçando perder a força. A razão, que já lhe era tão escassa, aproveitando a única brecha que não devia para cair fora.

Marceline sabia muito bem que faria qualquer coisa agora para levar o próximo tapa.

- Pode bater, Andrews - sussurrou ela, com o tom de desafio que ela não devia se sentir no direito de usar. - Não é como se fosse me afetar do jeito que você quer.

E, merda, Bonnibel não era nem um pouco melhor. Sabia que subjulgar Marceline daquele jeito nunca funcionava.

E ela nunca tinha parado tentar. Nunca escapava de morder a isca.

O próximo tapa sempre vinha, e não tinha como ter sido diferente daquela vez.

- Você é podre, Andrews.

As duas mãos firmes na camiseta de Marceline, forçando que suas costas batessem na parede com o máximo de força que podia.

- Mamãe nunca perdoaria você por me largar daquele jeito.

Outro tapa. A cabeça de Marceline batendo na parede.

Por que infernos Marceline continuava com aquele sorriso maldito estampado na cara?

- O quê é que você quer, hein, Bonnie?

- Que você cale a merda da boca.

- Não vai funcionar.

- Ah, vai sim.

A mão foi direto para garganta dela. Puxou Marceline pelo pescoço até que ela estivesse com as costas contra a mesa.

Só não tinha pressão onde se esperava que alguém querendo te machucasse aplicaria. Bonnibel havia cravado os dedos nas artérias, apenas impedindo que oxigênio chegasse ao cérebro com força o bastante.

E o sorrisinho que Marceline deu foi a gota d'água.

- Se você não vai parar de falar merda, então eu te dou motivo pra gritar, Abadeer.

~•~♪~•~

Quantos anos ela tinham quando aquela "brincadeira" começou? Uns dezeseis, uns bons meses longe dos dezessete?

Bem, definitivamente novas demais para o nível de exploração que estavam fazendo nos próprios limites.

Qualquer praticamente sério de qualquer kink diz: você pode estudar, mas não faça nada antes dos dezoito. Se possível, até mais tarde que isso.

Mas o ano era 2012 e o máximo de acesso que elas poderiam ter ao assunto seria uma fanfic com escrita duvidosa e uma representação nada segura, correta ou responsável do que deveriam de fato fazer.

Bem, a internet nunca foi a mais ética das escolas. Mas era a que elas tinham.

Mas não tinha começado daquele jeito. Quando, no meio das muitas baixas que Marceline tinha por conta da família, o consolo de Bonnibel virou um beijo, e lentamente os beijos dela viraram outra coisa, foi tão... gentil.

Bonnibel tinha um jeito tão dela de tirar Marceline de dentro da própria cabeça, uma forma tão própria de escrever 'eu te amo' dentro dela com a ponta dos dedos. Era como adolescentes deveriam explorar aquilo.

Até a primeira vez que os gemidos de Marceline foram sujos demais para que Bonnibel pudesse resistir ao primeiro tapa. Na bunda, porque ela ainda tinha escrúpulos.

A coisa toda subiu de nível muito, muito rápido depois daquilo.

E para Marceline era um exercício quase hipnótico. Bonnibel sempre tinha sido tão pequena, tão silenciosa, tão tímida e trancada no próprio mundinho.

Como aquela brutalidade podia ficar tão bem escondida no meio disso?

E dez anos depois, tão mais segura, experiente e conciente do que podia ou não fazer, a discrepância era tão mais absurda.

Ela ainda conseguia parecer a mais inofensiva das garotas, mesmo quando estava tão longe disso.

Não havia muito tempo disponível para raciocinar. Tinha uma boca quente na de Marceline, ainda com gostinho de café, e de repente a sua blusa havia sido quase arrancada do corpo, tamanha a força imposta no movimento.

Uma mão subiu por sua nuca, achou aquele ponto do couro cabeludo, e no segundo seguinte Marceline era arrastada pelos cabelos até o sofá.

E ela riu. Com toda a audácia do mundo, ela riu.

Como dizia mesmo a letra daquela música?


You walked into the lion's den
Saying 'please take me'
You sacrificed your innocence
Don't you know, baby?

[...]

I know why you're mad at me
Afraid my demon eyes can see
Everything you ever wanted
And you bet I know is me

I know all your deepest fears
Baby, I'm not from here
I'm from the Nightosphere
To me you're clear, you're transparent
You've got a thing for me, girl
It's apparent

Ela sabia que quanto menos demonstrasse medo, mais raiva Bonnibel sentiria.

Era só tentador demais para recusar.

- Meu Deus, que ódio de você - sussurrou Bonnibel, tão contrariada.

- E mesmo assim, olha só você aqui - devolveu Marceline, sentada no sofá, com Bonnibel forçando suas pernas separadas. A mão direita dela voltou ao seu pescoço em um segundo, forçando a cabeça de Marceline contra o encosto do sofá.

- Oito anos fodendo por foder, Abadeer. Você não é especial. Agora cala a boca.

A calça de moletom de Marceline já estava na altura dos tornozelos a esse ponto, sem que ela pudesse dizer como tinha acontecido.

Ela chutou a calça fora, só para Bonnibel aumentar a pressão sobre seu pescoço por se mexer sem ser mandada.

Bonnibel a fez levantar o queixo, e aquele sorriso de canto que nunca cedia estava começando a realmente tirar ela do sério.

Com a mão livre, puxou a perna esquerda de Marceline, forçando-a a deslizar um pouco no sofá, e a jogou de lado até que Marceline estivesse completamente exposta.

E sem muita cerimônia, no momento seguinte a mão já estava no meio das pernas dela, e um gemido fino escapava de Marceline sem permissão.

Primeiro só aplicando pressão com o dedão, e logo depois com dois dedos dentro, porque ela não estava com muita paciência.

E a outra mão ainda firme no pescoço dela.

Agora a marra de Marceline estava começando a ceder, enquanto ela tentava puxar ar o suficiente entre um gemido e outro, as duas mãos agarradas no braço de Bonnibel.

Bonnibel afrouxou o aperto, permitindo que Marceline puxasse o ar com força antes de geme e jogar a cabeça para trás.

Bonnibel colocou a mão por baixo do queixo dela, segurando nas bochechas e fazendo Marceline olhar para ela.

Marceline o fez, encarando bem nos olhos dela. E aquele azul era a própria fúria do oceano, transbordando uma raiva crua e nada piedosa.

Marceline sorriu de novo e não foi decepcionada: o tapa veio com força o suficiente para estalar no ouvido.

Num segundo Bonnibel não estava mais dentro dela, e no outro Marceline estava sendo puxada pelos cabelos outra vez, até estar de joelhos no chão e dorso sobre o sofá.

Bonnibel ajeitou os cabelos dela na mão até tê-los enrolados no punho, puxou para trás e sua outra mão continuou com o trabalho.

A cada vez que Bonnibel dava um puxão, ela soltava um gritinho tão irritante e feliz, o que só fazia o puxão seguinte ser mais forte.

Isso continuou por uns minutos, até Bonnibel se irritar mais e a arrastar pelo cabelo outra vez, até ter o rosto dela colado no chão, a bunda no alto tanto quanto possível.

Agora ela tinha uma mão forçando o rosto de Marceline no chão e a outra acertando um tapa atrás do outro, até conseguir o que queria.

Marceline soltando um grito de verdade atrás do outro, se retraindo e estremecendo a cada tapa, até que começasse a choramingar o nome de Bonnibel.

- O que foi, Abadeer?

- Bonnie... por favor...

Bonnibel nunca precisou que Marceline verbalizasse o que queria letra por letra. Arrancar aquele sorriso pretencioso da cara dela era o suficiente.

Ela a pegou pelos cabelos de novo, a virou de barriga para cima e a encarou nos olhos.

E pela primeira vez Marceline sentiu um pouco de raiva de si mesma, porque ela sabia o que Bonnibel ia falar antes que pudesse abrir a boca, e odiou o quanto queria ouvir aquilo.

- Isso, boa menina.

Odiava conhecer Bonnibel bem o suficiente para saber qual seria a ordem seguinte.

- Abre a boca.

Odiava o quanto sabia que ia adorar os dedos se movendo violentamente dentro dela, o dedão de Bonnibel em sua boca evitando que os gritos dela reverberassem ainda mais alto pelas paredes do escritório.

- Agora você vai ser boazinha, vai gozar pra mim e vai ficar com a porra da boca fechada depois, entendeu?

E quando começou a sentir o corpo tremendo, Marceline ainda odiava o quanto entendia Bonnibel bem o bastante, depois de tanto tempo, para escrever uma música inteira do ponto de vista dela.

Mas adorava a sua capacidade de cinismo para que soasse como se aquelas fossem as suas palavras, gostava do fato do mundo achar que Marceline era o mau caminho encarnado.

Ninguém precisava saber que ela era a pequena boa garota.

Mas ela não quis pensar naquilo naquele momento, usou o resto de audácia que tinha para puxar a mão de Bonnibel de volta ao seu pescoço enquanto jogava a cabeça para trás, e é claro que Bonnibel mordeu a isca.

Bem, pelo menos assim ela não teria fôlego o suficiente para gritar o nome dela. Esse gostinho Bonnibel não teria.

Quando Marceline se contorceu uma última vez, molhando sua mão inteira, Bonnibel fez uma última pressão com os dedos dentro dela e os retirou lentamente.

Deixou Marceline voltar a respirar aos poucos.

Quando ela pareceu ter recuperado o ar, Bonnibel afastou os cabelos do rosto dela devagar, observando o rosto dela.

Depois olhou o pescoço, dos dois lados, e por fim a virou lentamente de lado, para ver como estavam a bunda e a base das costas.

- Vem, me dá a mão.

Levantou Marceline devagar, e quando deduziu que ela podia caminhar, a direcionou devagar para fora do escritório e escada acima, onde Marceline apontou o seu quarto no final do corredor.

Entrou no quarto dela, a levou até o banheiro da suite e colocou Marceline debaixo do chuveiro.

Voltou a virar o rosto de Marceline para ver como estava.

- Hm... Você tem alguma coisa aí, Marceline?

- Porta direita embaixo da pia, se não me engano.

Bonnibel abriu a porta, pegou alguns produtos de after care e voltou para Marceline no chuveiro.

Marceline tentou não prestar tanta atenção na água molhando a camiseta de Bonnibel enquanto ela calmamente lavava seu rosto, concentrada como se Marceline fosse um dos textos dela.

Quando terminaram, Bonnibel se certificou que Marceline estava deitada e confortável em sua cama. Os olhos pesavam numa mistura de sono e satisfação, e Bonnibel evitou sorrir muito abertamente na frente dela.

Colocou um copo de água na mesinha de cabeceiras e observou Marceline por mais um momento.

- Tudo bem?

- Depende. Física ou psicologicamente?

- Fisicamente.

- Então tudo bem, sim.

Bonnibel sabia que não era engraçado, mas riu mesmo assim.

- Estou indo pra casa, então. Não precisa mesmo de mais nada?

- Não, já vou dormir. Seu trabalho aqui está feito, Bonnibel.

- Certo, então. - Bonnibel respirou fundo e olhou pra ela mais um pouco. Pesou se deveria ou não, mas acabou só desistindo de pensar tanto e deixou um beijo na bochecha de Marceline. Pós cuidado seria pós cuidado até que tivesse ido embora.

Marceline se deixou sorrir com os olhos fechados, já pendendo para o sono, o que fez o coração de Bonnibel se apertar de um jeito que não devia.

Quando já ia saindo, pensou em algo, se permitiu um sorrisinho e parou na porta do quarto.

- Marceline?

- Sim?

- Se não se importar, vamos ter que regravar o áudio de hoje do zero depois. O de hoje está um pouco... inadequado pra uso profissional.

Dessa vez a risada de Marceline encheu o quarto. Então Bonnibel se deixou rir também.

- Ok, então. Agora eu só preciso muito dormir.

- Então boa noite, Marcy.

- Boa noite, Bonnie.

~•~♪~•~

Quando a coisa toda tinha acabado, quando elas já tinham se acalmado o bastante e Bonnibel observou o rosto de Marceline mais de perto, ela soltou um gritinho assustado.

E Marceline ficou sem entender porque diabos Bonnibel estava tão assustada olhando para o rosto dela.

- Bon? O que foi?

- Ai meu Deus, Marcy. Ai meu Deus, me desculpa!

- Desculpar o quê, garota!?

- Ai, merda... - disse ela, completando num sussurro - Dá pra ver minha mão no meio da sua cara.

Marceline arregalou os olhos, encarou Bonnibel por um momento e então correu, ainda nua, pro banheiro de seu quarto, com Bonnibel logo atrás.

As duas ficaram encarando o reflexo de Marceline no espelho, até Marceline soltar o inevitável.

- Puta merda, a minha mãe vai matar a gente.

No final, não matou, porque Marceline tinha corretivo e base boas o bastante em sua penteadeira.

Mas levou um bom tempo para Bonnibel ter coragem de levantar a mão para ela outra vez.

Olhando em retrospecto, as duas agora sabiam que não podia se esperar nada diferente de duas crianças querendo brincar de adultas. Se pudessem voltar no tempo, provavelmente não teriam feito metade daquela coisas, porque sabiam agora que eram novas demais para processar.

Sabiam que deviam ser gratas que a pior das consequências havia sido um ou outro hematoma não desejado em lugares expostos demais, e o custo havia sido apenas o de mais uns vidros extras de hidratante facial e maquiagem.

Mas seria hipocrisia dizer que não sentiam pelo menos uma pequena vontade de rir quando lembravam de si mesmas desesperadas no banheiro, sem saber o que fazer com a marca vermelha bem no meio da bochecha de Marceline.

Elas tiveram dois anos para aprender, meio na marra, como evitar maiores danos. No final, Bonnibel já sabia o que fazer quando o resultado era uma Marceline com os dois lados da bunda em um vermelho vivo e a certeza de que ela ia ter que dormir de bruços.

Mas não só o cuidado físico foi aprendido naquele período. Bonnibel aprendeu a cuidar do coração também.

Era sempre uma surpresa - uma boa surpresa - para Marceline, por mais que já tivesse virado rotina, observar a alteração no comportamento de Bonnibel.

De irada e controladora para doce e atenciosa. Colocava o cabelo de Marceline atrás da orelha e sorria para ela. Dava um beijinho na ponta do nariz e ia deixando outros e mais outros pela bochecha, quase como uma mãe que jura ter o poder de curar todos os seus dodóis com seus lábios mágicos.

E as palavras. Bonnibel não sabia, mas era sempre tão maravilhosa com elas.

Mas eram sempre as mesmas que curavam qualquer efeito que aqueles momentos de quase humilhação pudessem ter tido sobre Marceline.

- Amo você, Marcy. Muito, muito, muito mesmo.

Marceline sorria, escondia o rosto na curva do pescoço dela antes de responder.

- Eu te amo mais.

E, naquela noite, grata por estar cansada demais para remoer o que de fato tinha acontecido naquele escritório, Marceline teve um único pesar antes de cair no sono.

Bonnibel ainda era atenciosa e cuidadoso no final, talvez mais apta a fazer aquilo agora que era uma mulher adulta. Conciente o bastante para não deixar danos para trás.

Mas ainda ficava faltando uma coisa. Aquele detalhe.

Depois de tudo que havia acontecido, Bonnibel já não tinha como prestar o cuidado que Marceline ansiava, mesmo sem aceitar.

~•~•~•~•~•~•~•~•~♪~•~•~•~•~•~•~•~•~•

Cara como é BOM quando suas protagonistas não são adolescentes kkkkkkk

E, crianças: não sejam como essas duas malucas e não saiam fazendo coisas que vocês não entendem antes dos 18 e estudem oq forem praticar.

DEPOIS DOS 18 BANDO DE QUENGA

Bem, me deixem saber o que acharam nos comentários, e não se esqueçam de votar se tiverem gostado!

Vejo vocês em breve,

- Tersy 🥀

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