Tudo bem, Margot, você consegue! Você é incrível, inteligente e é ótima com palavras. Tudo que você precisa é recitar todo o discurso de cinco páginas de forma rápida e coesa, fazer a pergunta e pronto. Só esperar o "sim''.
Ou talvez um "não".
E se for um "não''?
Oh céus, e se Íris disser "não"? Respira, respira, respira… Ela não vai dizer não, não vai. É só seu consciente querendo mexer com você.
Deixa para surtar depois.
Primeiro concentre na mulher na sua frente que está falando alguma coisa com você.
ELA TÁ FALANDO!!!
O QUE ELA TÁ FALANDO???
PAIZINHO QUE ESTÁS NO CÉU, O QUE ELA TÁ FALANDO???
SORRI E BALANÇA A CABEÇA, MARGOT, AJA DE FORMA NORMAL.
Ok, por que ela tá com cara de preocupação?
ELA FEZ UMA PERGUNTA.
QUE PERGUNTA?
EU NÃO SEI.
— Maggie, está tudo bem? — posso ouvir a preocupação na voz de Íris.
— Eu estou bem. — pego a taça de vinho e viro num gole só tentando disfarçar o nervosismo. — É que o dia hoje foi cheio, sabe? Desculpe.
— Está tudo bem. — ela sorri, pegando na minha mão. — Porém eu lhe fiz uma pergunta e você não me respondeu.
— Oh, me desculpe. Você pode repetir?
— Eu queria saber se você quer dar uma volta comigo pela praça?
Oh.
Não estava nos meus planos dar uma volta.
Não, não, não…
Ok, Margot, mudanças acontecem e está tudo bem. É só uma praça, você consegue fazer um pedido numa praça. Não é o restaurante chique que você conseguiu uma reserva de última hora e que você tinha feito um roteiro na sua cabeça de como seria a noite, mas tudo bem.
RESPONDA SUA NAMORADA AGORA.
— Claro, claro. — digo sorrindo. Como se eu negasse o que você pedisse. — Que tal pedirmos a sobremesa e podemos ir?
— Perfeito, então. — ela bateu palmas animada.
Pedimos uma torta de chocolate e dividimos um pedaço juntas, em poucos minutos a conta foi paga e estávamos saindo do restaurante.
Ok, agora você só precisa achar um tempo para fazer a pergunta. Você consegue, você é filha de Oscar Sven Beale e não tem medo de nada.
Credo, do jeito que você tá agindo parece que vai para guerra e não fazer um simples pedido de casamento.
— Você tem certeza que tá bem? — Íris para de caminhar e fica na minha frente. — Sua ruga na testa está em evidência, o que você está pensando?
— Em nada, meu cérebro está quieto feito morto.
Feito morto? Sério?
— Tá bom. — Íris faz uma cara estranha que logo é substituída por um sorriso. — Acho que aqui está bom.
Olho ao redor e vejo que estamos numa parte afastada da praça com quase ninguém perto tirando a fonte de água com alguns pássaros.
— É que onde você finalmente me mata e vende meus órgãos? — brinco.
Íris só revira os olhos e pega algo da bolsa.
— Não planejo matar você, pelo contrário. — ela se ajoelha na minha frente.
NÃO!
NÃO!
AI MEU PAI!
NÃO!
ÍRIS MACBETH-COX, SE LEVANTE AGORA!
— Maggie, meu amor. Há alguns anos eu descobri que ao seu lado é o meu lugar, seja nos momentos mais belos ou nos maiores desafios. E você se tornou tão importante pra mim que já não me vejo mais ao lado de nenhuma outra pessoa. E ao pensar bastante decidi que já estava na hora de avançarmos mais no nosso relacionamento. — ela mostra a aliança. — Margot Alyssa Beale, você aceita se casar comigo?
NÃO. NÃO. NÃO.
— Não! — grito sem pensar.
— Oh, eu… — Íris tenta se levantar, mas a impeço segurando ela no lugar e me ajoelhando na sua frente.
— Não, não… — seguro seu rosto cheio de lágrimas. — Eu sinto muito, eu quero me casar com você. Eu quero muito, tipo muito mesmo.
— Então por que você disse não?
— Eu ia te pedir em casamento. — procuro o anel e pego a caixinha na minha mão. — Aqui, eu tinha até o anel e o restaurante, se bem que o restaurante não é meu, mas eu tinha a reserva e o roteiro todo pronto, sabe? Eu ia te levar, a gente ia comer e então no final antes de pedir a conta ia fingir que ia no banheiro só que na verdade ia ficar de joelhos na sua frente e recitar o meu discurso que eu escrevi há cinco meses então mostrava a aliança, após isso você ia dizer "sim". Ou no meu roteiro estava "sim", né. Você tem todo direito de dizer "não" se quiser, sabe? Sou total a favor do consentimento. Quando você dissesse "sim" a gente ia se beijar e então iríamos para casa fazer amor, só que você pediu para andarmos na praça e eu não sei dizer não para você. Então estamos aqui na praça e você se ajoelha do nada me pedindo em casamento, eu só surtei porque meu plano foi por água abaixo só que não era para gritar, tipo vocalmente, era pra ser internamente.
— Você não sabe dizer não para mim? — Íris finalmente fala após toda a minha divagação.
Eu supero a Malina no requisito falar mais que a matraca.
— Sério? Isso que você pegou de tudo que falei? — pergunto surpresa.
— O quê? Eu estava aqui surtando que você tinha dito "não" pro meu pedido e você me diz que não sabe dizer não para mim, é fofo.
— Eu não quero mais me casar com você. — faço um beicinho e cruzo meus braços.
— Você ia me pedir em casamento. — beija meu rosto e me abraça. — Então eu acho que quer sim.
— Íris? — murmuro na curva do seu pescoço.
— Sim?
— Você quer se casar comigo?
— Sim.