seus cachos intactos. - jiara.

By V4NTESICK

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"Apenas para lembrar que apesar de amar as ondas do mar, eu sempre vou preferir surfar nas suas ondas, nos s... More

Sinopse.
Prólogo.
O1.
O1²
O2.
O3.
O3²
O3.³
O4.
04²
O5.
O6.
O7.
O9.
1O.

O8.

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By V4NTESICK

       

"Igualzinho ao seu pai."

       O que acontecendo?
       
        Era isso que JJ se questionava, quando passou pela portaria do colégio e, quase que de imediato, teve todos os olhares dos alunos que se encontravam ali para sí. O que não era algo incomum, não quando se tratava de JJ. Mas quando esses olhares eram acompanhados de cochichos e sussurros, pode ter certeza: tem algo errado. No entanto, Maybank não estava disposto o suficiente para tentar descobrir. Revirou os olhos e, acompanhado de Pope e John B, deixou a área externa do gramado onde se concentrava o mutuado de alunos e adentrou o corredor, onde, comicamente, todos ali o olhavam também.

      — Mas que porra é essa? — JJ resmunga, em um baixo tom.

      — Eu não faço ideia. — Pope responde, igualmente confuso.

      — Acho que a fofoca tá rolando solta e o tópico é você, JJ. — O Routlege diz.

       John B caminha até seu armário, Pope e JJ o acompanham e Maybank pôde jurar que sentia sua cabeça enlouquecer toda vez que via alguém os seguindo com o olhar.

        — Tá. Mas dessa vez eu não lembro de ter feito nada, cara. — JJ explica, gesticulando exageradamente.

         — Claro que não vai lembrar, sua cabeça é de vento. Fumado vinte quatro horas por dia. — Provoca.

         — Ei John B, reveja seus conceitos. Tem moral nenhuma 'pra falar de mim.

         Os dois garotos começaram a discutir o acontecido em baixo tom, como se o tópico fosse de extrema confidencialidade. Tão concentrados na conversa que tinham, que demoraram para notar que Pope, em frente à eles, fazia seguidos "psiu", afim de chamar a atenção dos dois amigos.

          JJ olhou novamente para as pessoas que preenchiam o corredor, notando que elas não mais o olhavam, e sim, algo atrás de sí. Lentamente, virou-se 'pra trás e, ali estava. Ali estava a razão pela qual Maybank estava na boca de todo o colégio.

          Madelaine.

         A garota ia passar por sí, sem emitir nenhuma palavra sequer. Mas quando Maybank se colocou na frente dela, impedindo sua passagem, se sentiu obrigada.

        — Que foi? — Arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços.

        — Mulher, eu que te pergunto. — Maybank riu, como se Madelaine tivesse acabado de dizer algo hilário. E para JJ, de fato era. Mas quando sua face suavizou, a garota pôde ver seu maxilar trincado e ombros tensos, evidenciando a raiva reprimida que o garoto exalava.
        
        Depois de analisar a situação, os ultimos acontecimentos e os olhares que tinham como principal atenção os dois, a ruiva conclui:  — Eu não estou entendendo o que você está dizendo.

        — Não 'tá entendendo, Madelaine?— Questionou sarcasticamente, com a voz irritadiça. — Pois então, eu esclareço sua memória. Primeiro, que porra 'cê tá fazendo aqui? É uma escola 'pra pogues, e você é a kook mais kook que eu conheço.

         — Qual é, Maybank. Vai meter essa mesmo? Quer controlar até onde eu estudo agora? — Estufou o peito, em uma feição genuinamente irritada. — Sua amiguinha Kiara é tão kook quanto eu e eu não vi você reclamando quando ela entrou aqui.

         — Não 'tô vendo razões 'pra 'cê usar Kiara como exemplo. Até a Sarah estuda aqui, mano. Elas são amigas. É óbvio que ela vai estudar aqui também. — Contra-argumentou, arrancando uma risada ácida de Madelaine. — Eu não 'tô vendo graça.

        — Pois eu estou vendo. — Inclinou sutilmente os lábios para o lado, em um sorriso longe de ser de felicidade. — Eu sou amiga da Sarah, Alexia, Cléo e Sofia também. E pasme, as quatro estuda nessa escola.

        JJ gargalhou, olhou para cima desacreditado e, mais uma vez, trincou a mandíbula. Quando seus olhos  voltaram para a ex namorada, estavam cerrados, e a língua mais ácida do que nunca. — Ah, é? Pois pasme, Madelaine. Nenhuma das quatro olham na sua cara. Sabe por que? — Inclinou seu rosto em direção ao dela, a fuzilando friamente com os olhos. — Porque você é insuportável.

        Olhando para os lados, parecendo constrangida ou preocupada se alguém estava ouvindo, Madelaine aproximou ainda mais seu rosto de Maybank, de modo que pudesse sentir sua respiração quente bater contra sua pele gélida. Cerrou os olhos e, depois de umidecer os lábios, retrucou fria e cortante: — Não olham na minha cara? Não olham quando estão perto de você, JJ. Sabe por que? Porque você é uma ameaça, igualzinho ao seu pai.

        Ao ouvir aquilo, JJ se sentiu bobo. Se sentiu tolo. Mas principalmente, se sentiu falho. Porque dias atrás, naquela festa, naquele banheiro, ela parecia genuinamente arrependida de todas as vezes que o disse isso. Parecia arrependida pela comparação que tanto tinha peso para Maybank. Parecia arrependida por fazer JJ se sentir um louco, quando ela estava realmente traindo ele. Falho porque, sabendo que nada genuíno é capaz de sair dos lábios daquela que tanto o machucou, acreditou mesmo assim. Acreditou pela milésima vez e, céus, Maybank odiava isso. Odiava isso mas não conseguia odiar ela. Assim como não conseguia odiar seu pai.

     — Ei, para com essa porra. — Pope interviu, se colocando entre os dois. — Quem você acha que é pra falar assim com ele, sua água de salsicha do caralho?

     — Deixa, Pope. — JJ murmurou tocando o ombro do amigo, sorrindo amargamente. Praticamente se pendura no pescoço do outro. — Madelaine, vaza.

    — Eu não 'tô ouvindo isso. — Riu, desacreditada.

    — Não? Então eu repito de novo. — Elevou o tom de voz. — Madelaine, vaza.

    — Eu não vou sair daqui.

    — Madelaine, VAZA!

    A essa altura, todos os alunos que se encontravam no corredor em seus respectivos armários agora os olhavam curiosos, interessados demais em ouvir cada pedaço do desentendimento.

   — Você é surda? vaza, caralho!

   — Eu vou embora, JJ. — Afirmou, ríspida. — E respondendo sua pergunta, a razão pela qual não tiram os olhos da gente agora é a nossa amiguinha: Cléo. Ela não foi nenhum pouquinho discreta quando mencionou a gente no Twitter. Aliás, vê se me esquece, chato do caralho.

     E sem dizer mais nada, Madelaine seguiu seu caminho. Porem, não sem antes esbarrar no ombro de JJ. Pois, embora toda a discussão e a conclusão dela, se recusaria sair como aquela que  perdeu. E JJ sabia disso muito, muito bem.

     Maybank se desvencilhou do corpo de Pope e olhou friamente cada aluno daquele corredor que ainda ousava direcionar o olhar para sí. Colocou seus livros no armário e, farto da sensação de estar sendo observado, bateu o pé fortemente no chão e, tomado pela raiva que sentia naquele momento, gritou:

      — Tão olhando o que, porra? — Fechou com força a porta do armário.— Vão cuidar da vida de vocês, caralho. Vê se dão um tempo.

      JJ não esperou 'pra ver se realmente iriam fazer o que foi pedido, não tinha mais paciência. Sem nem sequer esperar por Pope ou John B, caminhou até a própria sala. Jogou-se em uma das cadeiras e, já farto do ambiente que acabara de adentrar, cerrou os dentes, com raiva. Ele odiava ela. Ele odiava 'pra caralho.

       Colocou seus fones via Bluetooth e com eles devidamente cobertos por seus fios loiros, passou as duas primeiras aulas toda ouvindo música.

___


          Era nove e dezesseis da manhã, na troca de professores, quando Maybank digitava irritado no seu aparelho celular, ainda remoendo a briga de horas atrás. Uma vibração, indicando uma nova mensagem, impede que sua atenção permaneça no professor que acabara de adentrar a sala.

            Sorriu. Era Kiara.







         Hayward, notando o primeiro sorriso que Maybank havia dado até aquele momento, o encarou curiosamente. Esticou seu corpo, afim de conseguir ver o que o amigo fazia. Mas falhou miseravelmente, tentando uma segunda vez: — Tá sorrindo desse jeito pro celular por que, cara?

         Maybank automaticamente se assustou ao perceber a aproximação do amigo, como se tivesse sido pego fazendo algo proibido ou comprometedor. De forma involuntária, bloqueou a tela do celular, colocando novamente seus fones.

          — Sorrindo? Sorrindo como? — Arqueou as sobrancelhas, como quem não entendia nada.

          — Felizão. Parecia que tava olhando 'pra uma carrera de pó. — Explica. Maybank para o que estava fazendo apenas para o olhar, como se tivesse dito algo absurdo. Pope coça a garganta, se intimidando com as órbitas azuis do loiro. — Foi mal, era a comparação mais fiel que eu poderia fazer.

         JJ revira os olhos, se voltando para o próprio celular e clicando no spotify, procurando por sua playlist favorita. Pope tosse, propositalmente, afim de chamar a atenção de Maybank.

         — Você não respondeu minha pergunta.

          — Pope, eu 'tava conversando com a kie. — Deu de ombros. — Só isso.

          — Tinha que ser a kie, né.

          O Hayward pensou alto, e dessa vez, foi inevitável que JJ o olhasse. O loiro franziu o cenho, genuinamente confuso, e questionou: — O que 'cê tá querendo dizer com "tinha que ser a kie", cara?

          — Porque é sempre ela.

         Maybank levantou ambas sobrancelhas e comprimiu os lábios, forjando satisfação. — Ótima resposta. — Deu de ombros. — Talvez faça sentido.

          Pope rolou os olhos pela pequena sala, até chegarem novamente em JJ. Um estalar de sua língua no céu da boca é o suficiente para que Maybank o olhe mais uma vez, inexpressivo. Com os olhos cerrados, analisa a feição do garoto que ocupava a cadeira a sua frente, o que não intencionalmente trouxe um leve desconforto para JJ, que se sentia descaradamente observado.

           — Você sabe que eu tava falando sério.

           — Sério? Do que 'cê tá falando? — O loiro indagou, ainda inexpressivo.

           — Vai pagar de sonso mesmo? — Hayward provocou, afim de o afrontar o suficiente para que ele se sentisse ofendido e lhe respondesse. Mas, naquele momento, JJ parecia longe de querer manter um diálogo com quaisquer que seja a pessoa. Tanto que, Pope não obteve resposta alguma durante todos os minutos que seguiram sua fala.

         Já com os fones de ouvido, Maybank virou-se para a lousa e passou os próximos minutos ali. Naquela mesma posição, Olhando 'pra mesma  direção. Mas o que tomava sua cabeça, não tinha nada definido. Era completamente perdido. Porque, embora não quisesse, as palavras de Pope rondava sua mente de modo que não conseguisse pensar em qualquer outra coisa. Em qualquer outra pessoa.

         Foi quando JJ fechou os olhos, respirou fundo e então os abriu. Pope tinha razão, sempre era ela. Sempre era Kiara.

     Ele sentia falta da melhor amiga.

🚵🏽‍♀️🚵🏽‍♀️

          Carrera acelerava em sua mais nova bike, sentindo o vento gelado lhe acertar de forma refrescante o rosto. A tarde fresca e ensolarada lhe acertava como mil facadas. Imersa demais ao que de fato acontecia, ao que anteriormente lhe aconteceu, ou ao que poderia acontecer futuramente. Era isso que a natureza, a terra, a vida real, quando desfrutava da devida maneira, causava nas pessoas.

          E foi assim, com essa linha de pensamento, que Kiara parou a bike na frente de "sua" casa, deixando-a apoiada na cerca branca que envolvia a estrutura. Pegou a garrafa de água que levava no cestinho da bicicleta, abriu e a levou até a boca, onde deu uma generosa golada.

         — Já se cansou fácil assim?

       Carrera se virou bruscamente com o susto, quase engasgando com a água que bebia. Ali, em frente a ela, estava um garoto.

         — Não, Não. Eu só vim almoçar. — Se justificou.

         Nesse momento, as sobrancelhas de Kiara se juntaram. Ela estava mesmo se justificando pra um estranho?

          — Ah, claro, claro. — Riu, amigavelmente. — Bom... eu sou Gregory, o vizinho de vocês. Acabei de falar com seu pai. Vocês são novos aqui, certo?

         — Se você já falou com ele, obviamente já tem a resposta dessa pergunta... — Murmurou, o que foi inaudível para o garoto plantado em sua frente.

         — Oque disse? — Cerrou os olhos, como quem se esforçava pra entender algo.

        — Na verdade, estamos só passando uns dias aqui. — Kiara afirma, sorrindo forçadamente. — Logo estamos voltando pra Outer Banks.


        — Oh! vocês são de Outer Banks?— Indagou, aparentemente empolgado. Carrera rapidamente balançou a cabeça positivamente. — Saudade de pegar uma onda lá.

       — Já foi para Outer Banks? — Arqueou as sobrancelhas, com um sorriso ladino no rosto. — Legal.

      — Deixa eu adivinhar... — Gregory elevou uma de suas sobrancelhas e posicionou sua mão esquerda em seu queixo, fingindo uma feição pensativa. Kiara genuinamente riu com o gesto. — Uma kook?

      — Isso é uma tentativa de me ofender, Gregory? — Retrucou, umidecendo os lábios.

     — Talvez. — Deu de ombros. — Mas eu arrisco dizer que é uma tentativa de arrumar assunto com você 'pra que eu possa ocasionalmente pedir 'pra você sair comigo.

     Kiara sentiu toda a tensão que alarmava seu corpo desde a aparição do outro se dissipar, dando lugar a um frio na barriga que carregava seu estômago.

     Tinha alguém a chamando pra sair?

     — É, Gregory? — Sorriu, sugestivamente. — E pretende me levar pra onde?

      — Pra conhecer um pouco de Barbados. — Sugeriu, dando de ombros. — E, aliás... — Ergueu um dos dedos. — De bike.

      — De bike? — Kiara riu, abraçando o próprio corpo. — É, parece divertido.

      — Sim.

      Um silêncio um tanto desconfortável se estalou entre os dois. Carrera o fitou, com um sorriso nervoso moldando seus lábios rosados. Coçou a nuca, envergonhada. — Então, Greg. — Deu ênfase no novo apelido, arrancando um sorriso do outro. — Eu 'tô indo almoçar agora. Mas ainda vou ficar aqui durante uma semana. Qualquer dia a gente marca, não é?

        — Que tal amanhã? — Sugeriu, relutante.

        — Amanhã? — Kiara questionou, mais alto do que pretendia. — Ah. Pode ser.

        — Ótimo, então. — Sorriu, satisfeito.

        Em passos 'pra trás, o garoto se afastou, até virar-se de costas para a  Carrera. Foi quando que então, apreensivo, se despediu descontraidamente: — Até amanhã então, vizinha.

        Kiara rolou os olhos, murmurando ácida: — Eu não sou sua vizinha.

     Carrera não tinha interesse algum em sair com o rapaz. Na verdade, não tinha interesse algum em fazer nada relacionado a Barbados. O que era 'pra ser um momento de lazer, descanso e diversão antecipando as aulas, tornou-se um pesadelo para a garota Kiara. Ela apenas conseguia questionar a sí mesma frequentemente. Se caso os planos de seu pai se concluissem, ele a daria o direito de escolha entre ficar em Outer Banks ou ficar com ele? Kiara não tinha dúvida alguma de que, seu lugar, não podia ser outro que não fosse Outer Banks, com os pogues.

      

      

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