𝗧𝗛𝗘 𝗖𝗢𝗡𝗧𝗥𝗔𝗖𝗧│𝙽𝚘�...

By worldurreax

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˖ ࣪ ꒷⁩ ࣪˖ ⌕𓂃❛ Noah Urrea fanfiction¡! ❪ em andamento ❫ ⋆૪ ִֶָ ࣪𖥻 ▸The̲ c𐐫𝗻᤻tr𝗮᤻ct... More

𝙲𝚊𝚜𝚝
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'sexy teacher( adaptação)
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⌕ 𝗖𝗔𝗦𝗧 ⁝ 𝟮° 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢𝗥𝗔𝗗𝗔
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RED DRESS - new adaptation
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Read my lips - adaptação
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my stripper - noah urrea
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By worldurreax

A atenção de todo o restaurante estava na discussão que acontecia naquele exato momento na mesa do meu marido, que gritava com o garçom.

─── Se alguém fotografar isso, o Noah vai se ferrar muito. ─── comenta Bailey.

─── Sem contar que há sócios em todas as partes aqui. ─── diz Sofya. Arrumo meu vestido e pego minha bolsa, começando a andar.

─── S/n, aonde está indo?

Ignoro a pergunta da minha irmã e continuo indo em direção ao meu marido. Ao chegar perto o bastante, percebo que nem toda a atenção das pessoas está focada aqui, então há tempo para organizar isso.

─── Quer ser demitido seu imprestável? Traga-me mais bebida, porra! ─── Noah exclama, com tamanha ignorância em sua voz.

Vejo que Rosa, ao perceber a discussão se formando, olha preocupada mas não se aproxima para intervir.

─── Noah. ─── chamo seu nome baixinho, mas não tenho sua atenção.

─── O que está esperando? ─── o moreno continua falando com o garçom, em um tom alto de pura arrogância.

─── Noah! ─── pego em sua mão e finalmente tenho sua atenção. ─── Vamos. ─── ele me olha por alguns segundos e depois sorri voltando seu olhar para o garçom.

─── Está vendo? ─── ele apontou seu dedo indicador para mim. ─── Minha.

─── Eu... ─── o garçom começa a falar e me olha, vejo o desespero em seus olhos.

─── Ele está bêbado, ignore isso. ─── o garçom assentiu. ─── Vamos, Noah. Vamos para casa.

─── Quer ir pra casa comigo? ─── ele se aproxima mais de mim e vejo seu olhar de cachorrinho triste.

─── Quero. ─── um pequeno sorriso se abre em seu rosto. ─── Agora vamos.

Segurando sua mão, o guio até o lado de fora, passamos pela segurança e pelos paparazzis espelhados na saída sem chamar muita atenção, mas não antes do Noah gritar: Ela é minha!

O levei até meu carro e o sentei no banco do passageiro. Ao me sentar e pegar o volante, dou a partida até a nossa casa, enquanto o olhar do moreno me queima. Ele está com a cabeça deitada no banco, e me olhando enquanto sorri.

─── É ridículo um homem da sua idade estar bêbado tão cedo e agindo de tal forma. ─── digo em um tom firme.

─── Ridículo? ─── Ele ri se arrumando no banco. ─── Ridículo é aquele... aquele garçom!

Não disse nada, até chegarmos em casa. Os seguranças que vigiam a área externa da casa me ajudaram a entrar com ele para dentro. Quando conseguimos colocar o moreno na cama de seu quarto, eles voltam para seus postos.

─── Por que você me ajudou? ─── ele questiona, enquanto se levanta indo até o espelho do closet, tentando remover a gravata.

─── Você estava fora de controle. ─── vejo ele lutar contra a gravata, com raiva. ─── Iria acabar provocando uma confusão na inauguração do restaurante da Rosa, não queria ver isso acontecendo e não fazer nada para intervir. ─── me aproximo dele, ficando em sua frente e pegando em sua gravata, o ajudando a remover.

─── Eu não iria fazer nada.

─── Então, vai me dizer que não queria bater naquele garçom? ─── questionei com sua gravata em minhas mãos.

─── Ele provocou. ─── justificou.

─── Ele não te fez nada, Noah.

─── Você não estava lá, não sabe.

Revirei os olhos e quando iria me afastar suas mãos firmes agarraram minha cintura com força. Uma de suas mãos abre o zíper da minha bolsa e retira um papel de lá, o mesmo que o garçom havia me entregado com seu número, que eu inclusive não pedi.

Noah encara meus olhos friamente enquanto amassa o papel em sua mão, com ódio e raiva transparecendo em seu rosto. Ao fazer aquilo ele jogou o papel pra longe e agarrou meu cabelo, nada muito bruto, calmamente mas de uma forma possessiva. Seus olhos verdes encaram os meus intensamente.

─── Espero que não tenha gravado aquele número na sua cabeça. ─── seus olhos vão para os meus lábios. ─── Você é minha, e por mais que me odeie agora, não permitirei que me trate como um lixo. Não quero que saia com outros enquanto está comigo.

─── Eu não iria sair com ele, seu idiota. Foi uma surpresa pra mim receber seu número, e eu não pretendia ligar.

─── Não iria?

─── Não. ─── afirmei e senti o carinho de sua outra mão em minha cintura.

─── Desculpe.

─── Por desconfiar de mim? Já estou acostumada, não se preocupe. ─── me afastei.

─── Fique, por favor, fique. ─── ele tenta correr até mim, e o vejo tropeçar em seus próprios pés. ─── Não me deixe, S/n.

─── Tome um banho e vá dormir. ─── eu disse o ajudando a ficar de pé. O levei até a cama e então ele me puxou para a mesma também, ficando por cima de mim. ─── Noah!

─── Fique. ─── ele passa suas mãos por cima do meu corpo, e aconchega sua cabeça em meu ombro.

─── Me deixe levantar. ─── tentei me afastar, mas seu peso contra mim não permitiu. ─── Noah.─── o chamei, e por alguns segundos não recebi uma resposta, ele parece ter dormido. ─── Noah.

Vejo ele dormindo tranquilamente. Apagou. Resmunguei encarando o teto pensativa. Como alguém dorme tão rápido assim, ele só pode estar fingindo.

─── Você precisa ao menos tomar um banho. ─── eu disse. Nada novamente. ─── Noah, estou falando sério, está fedendo a bebida.

De repente ele se mexeu e levantou, correndo para o banheiro. Me levantei confusa e assustada com sua corrida repentina, até que vi ele ajoelhado próximo ao vaso sanitário. Vomitando.

─── Porra. ─── resmunguei me aproximando e tirando alguns cachinhos do seu cabelo do rosto. ─── Tudo bem. ─── peguei um pouco de papel higiênico e entreguei a ele, para que limpasse sua boca.

─── Isso quase nunca acontece. ─── ele resmunga baixo. ─── Desculpe.

─── Acha que vai acontecer outra vez?

─── Acho que já coloquei toda a minha comida e bebida pra fora. ─── ele se aproxima e deita sua cabeça em meu peito. ─── Está doendo.

─── Aonde?

─── Tudo, querida, tudo. ─── com calma ele pega a minha mão e leva até seu peito. ─── Aqui também.

─── Acho que deveria tomar um banho. ─── afastei minha mão.

─── Quero dormir. ─── resmunga.

─── Um banho vai ajudar, e um chá também. ─── ele fez uma careta ao ouvir a palavra "chá". ─── Vem. ─── o ajudo a levantar e se apoiar na pia.

Começo a remover seus sapatos e desabotoar os botões de sua camisa. Ele me observa atenciosamente apesar de parecer estar morrendo de sono. Quando ele finalmente está apenas de cueca, eu o guiei até o chuveiro.

─── Você vai se molhar. ─── ele diz. ─── Eu faço o sozinho.

─── Você não vai conseguir tomar banho sozinho. ─── pego o sabonete que logo é tomado da minha mão por ele.

─── Consigo, sim. ─── ele resmunga como uma criança. E entra de baixo do chuveiro. Logo começa a se ensaboar. ─── Está vendo?

Eu ri e dei as costas, quando fiz isso ele se apressou em pegar meu braço achando que eu iria embora, foi quando escorregou e me puxou junto. O chão esta molhado e repleto de sabão, o que facilitou a nossa queda.

─── Noah! ─── eu escorreguei junto e caí de bunda no chão, já ele caiu quase por cima de mim, mas sentado também. ─── Viu o que fez? ─── encarei ele seriamente. Seu olhar arregalado repleto de culpa. E então de repente caímos na gargalhada.

Rimos por longos minutos da nossa queda, até nossas barrigas doerem. Ao conseguir parar de rir, olho para ele, seu olhar está cravado em meus olhos e um sorriso estampa seu rosto e o meu. Quando percebo que estou sorrindo demais, paro.

─── Molhou seu vestido. ─── ele quebra o silêncio.

─── Merda. ─── ele se levanta e me ajuda levantar. ─── Eu vou...

Paro de falar assim que suas mãos vão até a barra do meu vestido. Olho para ele surpresa e totalmente confusa com seu gesto. Noah olha para mim como se pedisse permissão para remover a peça de roupa. Eu assinto minimamente, sem saber o motivo de ter concordado.

Lentamente suas mãos sobem meu vestido para cima, me deixando apenas de peças íntimas, assim como ele. Encolhi meu corpo enquanto ele observava as cicatrizes presentes em minha pele.

─── São lindas, amor, tão lindas. ─── ele sussurra, seus dedos gelados passam por cima da cicatriz em meu abdômen, causada pelo tiro que levei por ele. ─── Essa é a minha favorita. ─── ele sorri olhando para cicatriz. ─── Obrigado por ter salvado a minha vida.

─── De nada. ─── eu disse quase em um sussurro, não sabia o que dizer, eu estava... nervosa.

─── Tome banho comigo, já está molhada mesmo. ─── ele diz.

─── Eu não estou tão molhada apenas o meu vestido que... ─── sou puxada para debaixo do chuveiro e fecho os olhos com força sentindo a água gelada me atingido. ─── Noah!

─── Tá gelada, né? ─── ele ri me fazendo gargalhar também.

─── Seu idiota! Eu não deveria ter molhado meu cabelo, está tarde.

─── Eu seco ele pra você. ─── o moreno sorri e passa a mão por meus cabelos, em seguida olhando em meus olhos. ─── Obrigado por me tirar daquele restaurante, eu provavelmente falaria tudo que estou pensando. Estou um pouco bêbado, fora de mim.

─── Eu sabia disso, por isso fiz.

Noah pegou o sabonete e me entregou, fazendo-me passar por seu peitoral nu. Ele guia minhas mãos, não faço por vontade própria. Seus olhos me observam como uma águia, ele quer que eu continue sozinha, mas não posso fazer isso.

Ele percebe meu olhar de negação e comprimi seus lábios, fechando os olhos e respirando fundo. Ao abrir os olhos vejo ele pegar em meu queixo e me fazer olhar em seus belos olhos verdes.

Suas pupilas dilatadas me chamam atenção e seu olhar focado em meus lábios me paralisa por inteira.

─── Faça, por favor, linda.

─── Noah... ─── eu consigo afastar meu olhar do seu.

─── Já fizemos isso várias vezes, só hoje. ─── olho para seus olhos e quando percebo estou fazendo aquilo sozinha, ensaboando seu peitoral calmamente. Um suspiro sai de seus lábios, mostrando-me que ele gosta e então eu paro. É errado. ─── Por favor, S/n. Faça isso por mim.

─── Nós estamos... ─── sou interrompida por ele.

─── Estamos no meio de um divórcio, porra eu sei, e como sei disso. Mas quero que me toque. Por favor, me toque, preciso tanto disso. ─── seus olhos me imploram mais do que suas palavras. ─── Por favor, querida.

Continuo com os gestos, e logo tiro todo o sabão de seu corpo. Satisfeito ele sorri com a cabeça baixa, e depois de deixar um beijo em minha testa, Noah me olha. Percebe a minha expressão nervosa e nega com a cabeça, parecendo se arrepender do que me pediu agora a pouco.

─── Eu só... ─── ele começa. ─── Não deveria ter pedido, não deveria ter lhe implorado por isso, sinto muito. ─── sua voz é repleta de arrependimento. ─── Não irei tocar em você, pode tomar o seu banho sozinha.

Assim faço, espalho o sabão em meu corpo enquanto ele observa. É tão estranho, já fizemos isso várias vezes, mas é estranho. Assim que terminamos aqui, vejo ele pegar duas toalhas.

Apesar de ter ficado bem em pé durante o banho, ele precisou de um pouco de ajuda para se trocar, e eu ajudei. Quando me virei, ainda de toalha, para ir até o meu quarto, o moreno me parou tocando meu ombro.

─── Aqui.─── me mostrou uma blusa dele, queria que eu a usasse. ─── Não precisa ir até o seu quarto, aqui tem roupas suas e minhas, que com certeza são confortáveis para você.

─── Roupas minhas? ─── questionei confusa.

─── Não removi nenhuma roupa sua daqui desde que se foi, S/n. Esse quarto está sempre preparado para sua volta, e sempre vai estar. ─── seu tom é calmo e gentil.

Não digo nada, porque não faço ideia do que dizer a ele. Apenas me afasto para vestir a roupa sem ter seu olhar em mim. Meu corpo fica estranho perto dele, não de uma forma ruim, é como se tivéssemos voltado para a época em que nos conhecemos.

─── Se você já está bem, acho que já vou para o meu quarto. ─── dou as costas indo em direção a porta.

─── Espere, quero que me ajude a dormir. ─── sua mão agarra o meu braço devagar, mas o suficiente para me fazer parar.

─── Noah. ─── fecho meus olhos e respiro fundo antes de olhar para ele.

─── Por favor. ─── seu olhar esverdeado me implora.

─── Não ache que apenas me pedindo por favor vai conseguir tudo que quer.

─── Quem dera fosse assim. ─── ele ri baixo.

─── Você precisa de mim para algo mais importante?

─── Sim.

─── Eu deveria ir embora.

─── Não deveria. Fique, apenas me espere dormir. Estou implorando. ─── suspiro olhando para seu rosto pensativa.

─── Tudo bem, mas é pra dormir mesmo.

Ele assentiu e se deitou na enorme cama de casal, em seguida olhou para mim, estava esperando que eu fosse me juntar a ele. Soltando um suspiro longo, me deitei ao seu lado mantendo uma certa distância entre nós dois.

Noah ligou o ar condicionado e se cobriu com o edredom, me ofereceu um pouco do mesmo, e eu aceitei, mas continuei mantendo a distância.

Alguns minutos se passaram, eu acabei caindo no sono e tirando um rápido cochilo, mas quando acordei no meio da noite, com seu corpo tão próximo ao meu, não me assustei, e não quis me mover para não acorda-lo.

Seu braço abraça minha cintura, seu rosto está aconchegado na curva do meu pescoço, ele dorme tranquilamente em um sono pesado aparentemente.

Quando decido remover seu braço da minha cintura, noto a tatuagem em seu braço. Nunca havia visto ou reparado nela, deve ser nova, com certeza. Leio a frase que está em outro idioma. Consegui decifrar pelo pouco de francês que sei, e quando entendo o significado daquele trecho, rapidamente meu coração acelera.

Me afasto dele, levanto da cama, e me aproximo para checar se ele está bem. Dou as costas e sinto uma mão agarrar o meu braço com leveza.

─── Eu te deixarei ir, amor. ─── Noah sussurra ainda com seus olhos fechados.

Sem entender bem a sua fala, me afasto e volto para o meu quarto.

Algo martela minha cabeça, com força. É quando me sento na cama que percebo a maldita ressaca me corroendo. Contra a vontade do meu corpo, levanto da cama e indo até o closet procuro pela bolsa de remédios que deveria estar em algum lugar por aqui.

Ao encontrar o que preciso, usando um gole da garrafa de água que peguei no frigobar coloco o comprimido para dentro. Localizo meu celular sobre a cômoda e ao observar o horário no relógio arregalo os olhos. 10 da manhã.

Corro até o banheiro e tomo um banho rápido, durante os poucos minutos que passei debaixo do chuveiro me relembro de momentos da noite passada.

O garçom deu em cima de S/n.

Eu, tomado pelo ciúme, bebi até me descontrolar e ir tirar satisfação com ele por ter dado em cima dela.

S/n me trouxe para casa antes que eu cometesse alguma crime, ou estragasse de vez não só com a minha imagem mas também com a inauguração do restaurante de Rosa.

Cuidou de mim quando vomitei. Tomou banho comigo. Nós rimos. Ela passou suas mãos com sabão pelo meu peitoral, como eu havia implorado, me fez ficar louco, e logo depois se deitoi comigo até que eu pegasse no sono.

Um sorriso bobo escapa de meus lábios ao relembrar. Nunca mais havia exagerado na bebida, não desde que perdi a cabeça naquele maldito dia. Prometi que jamais beberia tanto ao ponto de ficar inconsciente, porque no dia em que fiquei, fiz algo horrível nos primeiros dias que S/n chegou em casa.

Só de lembrar sinto raiva.

Deixando de lado os milhares de pensamentos que percorrem minha mente, tento afastar qualquer distração e foco em me concentrar em chegar no meu trabalho.

Descendo as escadas correndo após me arrumar, encontro S/n na frente do fogão, preparando o café da manhã. Sinto cheiro de bacon e ovos. Encontro um sorriso em seu rosto enquanto encara a panela no fogão, e vejo que ainda não tinha percebido que eu estava ali.

─── Bom dia. ─── minha voz a faz se assustar ao perceber minha presença na cozinha, e vejo ela se atrapalhar com a panela, em seguida resmungar de dor. ─── Ei, cuidado. ─── me aproximei dela com o intuito de ajudá-la.

─── Você me assustou. ─── ela diz enquanto pego em sua mão delicadamente.

─── Não era a intenção.─── digo e presto atenção na pequena queimadura em seu dedo.

─── Não foi nada demais. ─── S/n tenta puxar seu braço para longe de mim, mas eu ligo a torneira e a puxo até a pia da cozinha. ─── Noah, eu já disse que não foi nada.

─── Sei disso, querida. Óbvio que você vai sobreviver a uma mínima queimadinha no dedo, mas quero me certificar de que tudo fique bem, não quero me sentir culpado caso fique incomodando. ─── a olhei. ─── Entendeu? ─── desviando o olhar do meu, seu silêncio foi a minha resposta.

─── Como você está? ─── ela pergunta, fazendo com que eu a olhe por um breve momento, um pouco surpreso com sua pergunta.

─── Estou bem, só uma dor de cabeça insuportável ao acordar.

─── É ruim mesmo.

─── Sobre ontem...

─── Acho melhor não comentarmos sobre ontem. ─── ela diz firmemente.

─── Eu também. Só quero pedir algo a você.

─── Ok... prossiga.

─── Nunca mais me deixe beber tanto novamente. Tudo bem? Se estiver por perto, por favor, não permita com que eu perca a cabeça.

─── Você sabe se controlar, já bebeu tantas vezes, aquele foi só um deslize, fique tranquilo.

─── Um deslize que não cometo há meses, S/n.

─── Há meses? Então você está evitando de beber muito? Para não ficar bêbado?

─── Exatamente. ─── desligo a torneira e solto sua mão.

─── As vezes uma ressaca faz bem. ─── ela sorri fraco. ─── Estava se divertindo ontem, é normal acontecer, beber demais...

─── Eu não estava me divertindo nem um pouco, por isso bebi demais. ─── suspirei. ─── Eu odiei te ver conversando com aquele garçom, S/n.

─── Isso de novo?

─── Não, só estou comentando.

─── Então ficou bêbado por minha causa?

─── Não foi isso que eu quis dizer, eu apenas... não soube o que fazer. Tinha a opção de ir embora, ou de beber até esquecer o que tinha visto.

─── Nada, você não viu absolutamente nada. ─── afirmou ela.

─── Sei disso. ─── acaricio seu rosto calmamente e vejo ela ficar estranha, porque logo se encolhe ao receber meu carinho. Suspiro decepcionado com sua reação e me afasto. ─── Tenho que ir.

─── Não quer tomar café antes de ir? ─── olhei para a bancada repleta de alguns bacons, ovos e torradas. ─── Sei que não é a mesma coisa já que Rosa não está mais aqui, porém eu tentei...

─── Linda, está tudo muito incrível, o cheiro está maravilhoso. ─── olho novamente para a mesa de comida e tento afastar a vontade de ficar e comer com ela. ─── Mas estou atrasado para uma reunião importante.

─── Ah, ok. ─── ela assente e se senta a mesa, sozinha.

Se ela soubesse que o único motivo de eu estar rejeitando sua comida é porque não quero me acostumar com isso, não quero sentir falta de sua comida ou de vê-la de pijama pela cozinha, então pretendo evitar.

─── Eu quero conversar com você quando voltar, tudo bem? ─── digo, e vejo seu olhar curioso em mim.

─── É algo sério?

─── Muito sério. ─── ela arregala levemente os olhos e assente. ─── Tudo bem, estou indo.

─── Até mais tarde.

(...)

─── Zoe, eu pedi que agendasse um horário com o meu advogado, conseguiu?

─── Na verdade não, ele está fora da cidade. ─── suspirei ao ouvir sua reposta. ─── Seu irmão esteve aqui. ─── ela diz andando até minha mesa.

─── O que ele fazia aqui?

─── Não queria dizer nada, mas acho que ele estava tentando roubar seu cargo. ─── franzi a testa com seu comentário. ─── Muitos de nossos investidores estão insatisfeitos com sua ausência, Nicolás parece tentar convencê-los a pressionar o conselho para te tirar do topo.

─── Eu faço parte do Conselho.

─── Não quando se trata da sua demissão.

─── Essas são as fofocas que correm por essa empresa? ─── questiono indignado com tudo que acabei de ouvir. ─── Vocês não deveriam estar trabalhando e colocando essa empresa para funcionar quando eu não estiver por aqui, ao invés de me atacar pelas costas?

─── Trabalhamos e fazemos o que nos é ordenado, mas não podemos evitar em comentar sobre o que acontece nessa empresa, Noah.

─── Urrea. ─── corrigi.

─── O quê? ─── Zoe questiona confusa.

─── Lembro-me do dia em que minha esposa te disse para não me chamar pelo primeiro nome. ─── fechei uma pasta e a entreguei. ─── Você não contradiz as ordens dela não é?

─── Te conheço a tanto tempo, sempre nos tratamos assim. ─── ela riu. ─── Já até transamos, e você está me cobrando que te chame pelo primeiro nome, chefe?

─── Não me lembre de nossos casos passados, Zoe. Já excluí eles da minha mente, e acho que deveria fazer o mesmo. Eu também espero que você não espalhe por aí que teve relações comigo, minha mulher certamente não gostaria de nada disso. ─── digo, mesmo sabendo que S/n mal se importa com isso. ─── Agora, tente agendar um horário com meu advogado assim que ele chegar.

─── Certo. ─── ela assente e eu volto minha atenção ao notebook em minha frente. ─── Só mais uma coisa...

─── Diga Zoe. ─── meu tom é impaciente.

─── Por que a senhora Urrea se demitiu? ─── a encarei extremamente confuso com sua fala.

─── Como é?

─── Ah, você não sabia... ─── ela desvia o olhar.

─── Do que diabos está falando, Zoe?

─── Bom, vocês estavam afastados... então quando você começou a voltar, todos imaginamos que ela também voltaria, mas já faz alguns dias que ela se demitiu.

─── E por que eu só estou sendo avisado disso agora?

─── Você é o marido dela, deveria ser oprimeiro a saber, não? ─── ela cruza os braços. ─── Afinal, são casados.

─── Saia da minha sala Zoe. ─── ordeno passando a mão na cabeça.

─── O que eu fiz de errado?

─── Apenas... saia. ─── repito em um tom mais duro.

Ela saiu sem questionar. Eu passo a mão direita no cabelo e penso nos motivos de S/n ter feito isso. Tudo bem que está querendo se separar de mim, mas ela trabalha aqui, não pode abandonar isso aqui por culpa minha.

Horas se passaram, me afundei em papeladas e tentei organizar tudo que deixei de lado nas últimas semanas. Ao terminar tudo aqui no escritório, peguei meu carro e voltei para casa.

(...)

─── S/n! ─── chamei por ela ao entrar em casa. Logo vejo Lucky correr em minha direção e pular em meus pés, repleto de animação. ─── Cadê a mamãe, amigão? ─── faço um pequeno carinho em sua cabeça.

─── Estou aqui. ─── ela diz descendo as escadas, ganhando toda a atenção do cachorro que antes estava em meus pés. ─── Como foi o trabalho? ─── ela pega Lucky em seus braços. Eu jogo as chaves do carro na mesa de centro e a encaro.

─── Por que pediu demissão? ─── ela suspirou com calma.

─── Ah, essa é a conversa séria que gostaria de ter comigo? Pensei que fosse algo mais importante.

─── Isso é importante, mas também não é a conversa séria que quero ter com você. Por que saiu sem me avisar?

─── Noah, eu não achei que fosse necessário. Você é o dono daquele lugar, logo ficaria sabendo por algum dos funcionários.

─── Mas eu não queria ficar sabendo por alguns dos meus funcionários, queria ter ouvido isso de você, S/n.

─── Tudo bem, foi mal. ─── ela brinca com o cachorro em suas mãos. ─── Não sabia que faria esse escândalo todo por uma simples demissão.

─── Escândalo? Como você acha que eu deveria reagir? Sou abordado pela minha secretária, dizendo que a minha esposa se demitiu da minha própria empresa. ─── automaticamente meu tom de voz aumentou. ─── Isso me fez parecer um idiota. Como que o próprio marido não sabe sobre as decisões da mulher?

─── Ok, abaixe o seu tom de voz. ─── ela coloca Lucky no chão e me encara. ─── Não avisei a você porque achei irrelevante, sabia que sua reação seria essa, e estava ciente de que não me deixaria fazer isso.

─── E fez mesmo assim. ─── ela riu.

─── É da minha vida que estamos falando, me demito se eu quiser, Noah.

─── E você acha legal eu saber disso pela Zoe? Depois que todos os funcionários da minha empresa ficaram cientes de que a minha esposa se demitiu?

─── Eu acho que você não deveria estar tentando começar uma discussão boba qpenas por algo pequeno. Temos motivos maiores para nos preocupar Noah, e você está aqui querendo brigar comigo por uma maldita demissão!

Lucky começou a latir antes que eu pudesse rebater seus argumentos, o cachorro percebe o clima entre nós e se chateia, percebo pelo deu jeito de caminhar até a mãe. Droga. Outra discussão idiota, por algo que já não tem importância alguma.

─── Deveria ter me avisado, se tivesse o mínimo de consideração por mim. ─── ela abre a boca para dizer algo, mas eu não deixo espaço para sua fala. ─── Encerramos aqui, tudo bem? Tem razão, não devo criar algo maior por isso, temos coisas mais interessantes para discutir.

Me afasto dela, e vou em direção às escadas.

─── Aonde vai? Não vamos discutir elas agora?

─── Nesse clima que estamos não. ─── respirei fundo. ─── Não quero que esteja zangada comigo quando eu começar a falar com você sobre o que gostaria de falar.

─── Tudo bem. ─── ela concorda. ─── Vou preparar o jantar. Depois podemos conversar sobre seja lá o que você quer me falar. ─── dando as costas ela caminha até a cozinha.

─── Macarronada. ─── digo.

─── Quê? ─── S/n se vira para me ver.

─── O quê acha de macarronada para o jantar? ─── ela me olha por alguns segundos e eu lhe lanço um sorriso de lado, para tentar descontrair e mudar o clima entre nós.

─── Certo, posso tentar.

Subo as escadas até o meu quarto, e ao me despir caminho direto para o banheiro. Passo alguns minutos pensando na conversa que teremos assim que eu descer aquelas escadas.

Ser delicado, tenho que ser delicado.

Mordo meu lábio inferior tentando afastar a ansiedade que me invade. Assim que termino de me vestir, desço as escadas apenas com uma calça moletom. Sinto um cheiro delicioso de comida e me aproximo do fogão, onde S/n termina de preparar o molho.

─── Está quase pronto. ─── ela diz calmamente ao perceber minha presença. ─── Pode me passar o creme? ─── pego o mesmo na bancada e a entrego. ─── Obrigada. ─── me posiciono atrás da garota e vejo seu corpo se encolher com minha proximidade.

Suas reações corporais estão de volta. Posso perceber o modo como seu corpo reage perto do meu. Puxo o ar pelo nariz sentindo o cheiro do molho, mas o que prevalece em minhas narinas é o seu perfume doce.

─── Está com um cheiro maravilhoso. ─── murmuro. S/n me olha por cima de seu ombro e encara meus olhos por longos segundos. Ela sabe, porra como ela sabe que não estou me referindo a comida. Seus olhos me dizem algo que não consigo decifrar, mas que mexe comigo de diversas formas.

Sem dizer mais nada, ela termina de preparar o jantar, enquanto eu observo cada movimento.

─── O clima mudou de uma hora pra outra. ─── comenta minha esposa. ─── Como você faz isso? ─── ela pergunta me fazendo sorrir em reposta, logo em seguida vejo ela revirar seus belos olhos. ─── Me ajuda a colocar a comida na mesa.

Depois de ajudá-la a pôr a mesa, nos sentamos e jantamos juntos, trocando algumas palavras durante a refeição, ao invés de permitir que o silêncio tome conta do espaço.

─── E então, a Sina não tem data pra voltar? ─── questionei curioso e ela negou com a cabeça.

─── Não, tanto que terminou com a Heyoon.

─── E agora Heyoon está com o Lamar. Eles não combinam, na minha opinião.

─── Ela nem sequer toca no nome da loira durante nossas conversas. ─── S/n levanta pegando alguns pratos e levando em direção a pia da cozinha.

─── Está chateada. ─── levantei. ─── Sina a deixou de um jeito muito... bruto. Ela tem direito de não querer tocar no assunto. ─── caminhei até a pia e puxei sua cintura para o lado. Me posiciono na frente da pia. ─── Eu lavo.

─── Se acha que vou dizer que você não precisa lavar, está muito enganado. ─── ela cruza os braços e eu solto uma risada com sua fala.

─── Você fez o jantar, deixe-me terminar aqui. ─── ela assentiu se afastando. ─── Temos que nos organizar já que Rosa não está mais conosco.

─── E as moças da limpeza?

─── Elas estarão aqui nas segundas e nas quintas. Fora isso, somos apenas nós dois. Se quisermos colocar ordem aqui, temos que nos resolver.

─── Se você quiser lavar os pratos sempre, e me deixar encarregada pelo almoço e jantar, eu aceito. ─── eu ri, achando injusto e ela caminhou pela cozinha atraindo meu olhar. ─── Quero beber alguma coisa... ─── observo como seu corpo fica em sua roupa, e quando ela me pega a olhando volto meu olhar para a pia de louça.

─── O que quer beber?

─── Isso. ─── ela me mostra uma garrafa de vinho e sorri. Eu suspiro não gostando da ideia, mas dizendo que sim. ─── Vai querer?

─── Um pouco. ─── digo depois de terminar a louça. Minha esposa serve duas taças de vinho, as deixando em cima do balcão. Me posiciono do lado oposto do dela e tomo um pouco do vinho.

─── Então, sobre o que você quer mesmo falar? ─── respirei fundo observando seu olhar calmo em minha direção.

─── Eu... ─── começo a falar.

─── Antes de começar, tenho algo a dizer. ─── a encaro com atenção. ─── Me demiti porque estou em busca de outras opções para mim.

─── Como o quê? ─── bebi um pouco mais de vinho me preparando para quando ela terminasse de falar, pois seria a minha vez de dizer algo.

─── Passei muito tempo pensando, e percebi que deixei algo que me fazia relaxar, que me fazia bem para traz, por conta dos meus pais. Mas não tenho mais nada me impedindo de realizar sonhos antigos. ─── escuto um suspiro longo dela. ─── Não sei se isso vai me levar longe, mas quero tentar, quero ao menos ter a chance de tentar.

─── E então? ─── espero uma resposta dela e após encarar seu rosto por longos segundos percebo do que se trata. ─── Está falando sério?

─── Acha que isso é loucura?

─── Querida, se isso que escolheu fazer não fosse loucura, não seria você. ─── ela riu baixo e eu sorri mais ainda vendo o clima incrível que tínhamos criado com apenas alguns minutos de conversa. ─── É incrível, S/n.

─── Sempre gostei de desenhar nos papéis, mas nunca imaginei que gostaria de ir mais a frente com isso. Arte. Realmente quero tentar. Mas preciso de muito estudo e prática.

─── Eu compraria todos os seus quadros.

─── Eu sei disso. ─── ela riu revirando os olhos. ─── Mesmo que fossem horríveis.

─── Mesmo que fossem horríveis, desde que fossem seus. ─── abro mais um sorriso e ela tenta esconder o seu lindo sorriso bebendo um pouco mais de vinho.

─── Então, sua vez de falar. ─── meus nervos atacam e minha expressão de sorridente muda para nervoso imediatamente.

─── Acho que chega de vinho, não é?

─── O que foi?─── ela riu. ─── Ninguém vai se embebedar com uma garrafa de vinho, Noah.

─── Tem razão. ─── mordo meu lábio inferior e desvio meu olhar por um segundo, pensando em como deveria começar a falar.

─── O que houve? ─── vejo em seus olhos preocupação.

─── O quê?

─── Quando você morde os lábios e desvia seu olhar, normalmente está nervoso. Sei porque também faço isso.

─── É algo que eu venho tentando te contar, então talvez eu realmente esteja nervoso por estar prestes a te dizer isso.

─── Certo. ─── ela apoia os braços na bancada da cozinha. ─── Vá em frente.

─── Só preciso que saiba que eu realmente tentei lhe contar isso antes.

─── Noah. ─── ela riu não entendendo o meu nervosismo. ─── Pode falar.

─── A Addison realmente deveria estar aqui. ─── murmurei baixinho e ela franziu o cenho ao conseguir ouvir.

─── O que a Addison tem a ver?

─── S/n, é um assunto realmente muito delicado. ─── suspirei quase perdendo a coragem mais uma vez. ─── Podemos subir, e conversar no quarto?

─── Estou ficando preocupada. ─── ela riu, mas ao me ver manter minha expressão nervosa seu sorriso sumiu em questão de segundos. ─── O quê aconteceu, Noah?

─── Eu não sei como, bom na verdade eu sei, eu só... ─── mordi o lábio inferior outra maldita vez.

─── Ok...

─── Quando você sumiu, te procurei por semanas. ─── sua expressão foi de confusa para desconfortável assim que soube do que eu estava falando.

O assunto do porão também mexe comigo, mas tenho que tocar nele para chegar no ponto que quero.

─── E eu juro por Deus, que tentei ser o mais rápido possível. Coloquei pessoas espalhadas por toda a cidade em busca de você. Tentei até mesmo saber se tinha saído do país, tudo por conta daquela briga que criei entre nós dois. Eu tentei muito.

─── Noah, já te disse que esse assunto... ─── a interrompi.

─── Por favor me deixe terminar. ─── pedi fechando os olhos cautelosamente. ─── Do contrário desistirei como fiz das últimas vezes.

─── Tudo bem, continue. ─── suspirei abrindo os olhos e olhando para qualquer canto que não fosse seu rosto.

─── Quando te encontrei no porão, você estava totalmente machucada, ensanguentada. Fiquei espantado porque não sabia como aquilo havia acontecido. Depois de uma explicação dos médicos... bom eu fiquei completamente abalado com tudo.

─── Noah, tocar nesse assunto me deixa realmente desconfortável. Tem certeza que é mesmo necessário?

─── Sei disso, querida. ─── a olhei. ─── Não gostaria nem um pouco de estar falando disso, tudo que queria era esquecer, apagar isso da minha mente e da sua, apagar da nossa vida, mas não consigo, tenho que continuar a falar.

─── Apenas seja o mais direto possível por favor.

Como eu seria o mais direto possível quando se trata de contar a ela sobre um aborto que teve e mal sabe?

─── Levei você para o hospital rapidamente assim que te peguei em meus braços. ─── engoli seco. ─── Estava morrendo de preocupação, mas nem sequer poderia imaginar que... ─── comprimi os lábios falhando em concluir a minha frase. ─── Chegando lá, Addison foi uma das médicas que ficou responsável por você.

─── Mas ela... ─── franziu o cenho confusa.

─── Eu sei. ─── ela me encarou ainda mais confusa. ─── Eu sei, S/n. Ela não deveria estar com o seu caso, mas ficou, juntamente com outros profissionais.

─── Então tenho que agradecer a ela por cuidar de mim... ─── ela não havia entendido, apesar de saber que Addison é responsável apenas em casos que envolvem mães grávidas ou bebês. ─── Mas eu realmente não entendo... ─── ela riu da sua própria confusão.

Meu peito acelerou e eu senti que se não dissesse agora não diria nunca mais. As palavras estavam presas em minha garganta, não queriam sair de maneira alguma. Lutando contra a dor que me corrói por dentro, apenas soltei as três palavras que provavelmente a destruiriam.

─── Você estava grávida, meu bem.

Seu olhar mudou completamente, a taça de vinho que antes estava em sua mão, caiu sobre o balcão da cozinha derramando a bebida de dentro do copo, e espalhando cacos de vidro.

─── O que você disse? ─── ela questionou calmamente, incrédula.

Por favor não me faça repetir isso.

Não posso repetir o que acabei de dizer.

─── Eu sinto muito. ─── digo em um tom cauteloso, abaixando meu olhar.

─── Como... ─── ela respira fundo. ─── Como isso é possível? Eu... ─── S/n parou por alguns segundos e encarou o chão pensativa, em seguida, me encarou. ─── Meu Deus, eu estava grávida. ─── sussurrou.

─── Sofreu um aborto espontâneo durante o tempo em que ficou no porão. ─── comecei a explicar. ─── Não sei em qual dos dias que esteve lá, se eu soubesse juro a você que teria... teria feito de tudo para impedir... ─── passo a mão direita no cabelo, e fecho os olhos esperando sua reação.

Um enorme silêncio se instalou no cômodo, e eu esperava S/n começar a gritar comigo, a me bater, a querer me matar, a reagir de alguma forma, a me culpar. Minutos se passaram, não tive a mínima coragem de sequer abrir os olhos, tinha medo do que encontraria.

─── Noah. ─── finalmente escuto sua voz doce chamar meu nome suavemente.

─── Eu sinto muito, linda. Sinto tanto. ─── sussurro ao abrir os olhos encontrando os seus.

─── Pode arrumar isso? ─── ela aponta para o vinho derramado. Eu a encaro não entendendo seu pedido.

─── O quê? ─── questionei completamente confuso.

─── Estou cansada e com sono, vou domir, apenas quero saber se você pode arrumar isso aqui.

A olhei buscando alguma mínima expressão que dizia que ela estava escondendo toda a dor que sentia, escondendo as emoções, mas nada me dizia isso, pelo menos não nesse momento.

─── E-eu... ─── gaguejei sem saber como reagir a isso, eu não esperava essa reação dela, se é que foi uma.

─── Certo, e muito obrigada. ─── ela se afastou da cozinha, subindo as escadas.

S/n estava me agradecendo pelo quê? Por ter sido o culpado do aborto que teve? Me agradecendo de uma forma irônica e maldosa ou simplesmente me agradecendo por ter contado?

─── S/n. ─── a chamei enquanto a observava subir as escadas, e ela mesmo ouvindo continuou a se afastar. ─── Babe, você está bem? Eu sinto muito, eu... ─── parei de falar quando não recebi nenhuma reposta dela.

Meus lábios tremem ao ver o modo como ela reagiu. Rapidamente seguro a minha vontade de ir atrás dela, e resolvo dar um tempo para que processe o que acabei de lhe dizer.

Pego meu celular no balcão da cozinha e ligo para Addison, que em poucos segundos me atende.

─── Alô?

─── Eu contei. ─── digo baixinho.

─── Contou o quê? ─── após alguns segundos de silêncio, ela consegue entender. ─── Oh, Noah... Como você está se sentindo?

─── Destruído, como se um enorme caminhão de milhares de toneladas tivesse passado por cima de mim.

─── O quê? Como assim ela...

─── Ela subiu para o quarto, e me deixou sozinho aqui na cozinha. Eu estou tremendo, não faço ideia do que fazer Addison. Estou sozinho. ─── sinto um desespero me invadir. ─── Ela me deixará. Jesus Cristo, eu me odeio tanto.

─── Presta atenção aqui. ─── seu tom é firme. ─── Você é o irmão que eu nunca tive e eu não vou te abandonar, porque te amo. S/n Não quer te ouvir, mas a mim ela vai, porque não admito que ela te trate desta forma, você não é um monstro.

─── Ela não disse nada, Addi.

─── Como assim?

─── Ela me ouviu, e subiu sem dizer nada.

─── Por Deus, Noah, eu achei que ela tinha te maltratado, Jesus. Tudo bem, retiro tudo que eu disse, perdoe a grosseria.

─── Entendo que você estava tentando me defender, mas não há como. Ela não disse nada, e eu não sei se isso é pior do que ela me odiar. ─── suspirei. ─── E se ela me odeia mas não olha na minha cara porque me odeia tanto que...

─── Para com Isso! Ela só precisa de um tempo. ─── me sentei no sofá da sala enquanto ouvia minha amiga. ─── Noah, sei que vai ser difícil, mas dê um tempo a ela. Deve querer ficar sozinha, por isso subiu para o quarto. Pode fazer uma favor pra mim? Não vá até ela ainda.

─── Mas quero abraça-la. ─── murmurei.

─── Ainda não, ela só quer ficar sozinha. Se ela demonstrar que quer receber um abraço, dê a ela, do contrário, dê um tempo, a deixe assimilar e digerir a informação.

─── O problema é que eu também preciso desse abraço, Addison. ─── confessei.

─── Oh, querido. Estou aqui, sabe disso.

─── Eu sei. Mas preciso dela, entende? Preciso da minha garota, ela deve entender a minha dor mais do que qualquer outra pessoa. Estamos juntos nessa, quero que ela saiba disso.

─── Consegue aguentar mais um pouquinho? Espere mais um pouco. Você vai abraçar ela, eu prometo.

─── Não pode me prometer isso, se ela me odiar não vai querer nem sequer me olhar.

─── Ela não odeia você, tire isso da sua cabeça.

─── Não consigo, eu simplesmente não consigo pensar em tudo isso sem me sentir culpado. Mesmo que você me diga milhares de vezes, ainda me sinto.

─── Sinto muito mesmo, posso ir até aí pra conversarmos, tentar te distrair.

─── Não. Eu preciso ficar sozinho aqui, ver como ela vai agir depois que sair daquele quarto. Preciso me preparar para seja lá qual for a reação que ela vai ter ao falar comigo novamente.

─── Não se maltrate com isso, não crie paranóias, apenas espere a hora chegar, ela não vai odiar você. Eu espero que não.

─── Eu também espero.

Capítulo pra agradecer porque BATEMOS 1M DE VIEWS AQUI AAAAAAAAAAA! Sério, não existem palavras o suficiente para descrever a felicidade que senti ao ver isso. Só tenho a agradecer a todos que me apoiaram e a vocês, os que me acompanharam quando essa história tinha apenas 500 visualizações, e aos que chegaram por agora e tornando essa história maior.

Agradeço imensamente, pretendo trazer mais capítulos em breve e finalizar essa história <3

Agora me contém, o que acharam dessa "reação" da S/n em??

Próximo capítulo repleto de amor e brilhos 🙈❤

Clica na estrelinha aí!

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