A Promessa Entre Nós

By saturnminnie

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Destino 1. tudo que é determinado pela providência ou pelas leis naturais; sorte, fado, fortuna. 2. o que há... More

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By saturnminnie

Jin

Já eram três da manhã e ainda não tinha conseguido pregar os olhos. Já fazia dois dias que estava em Jeju e ao contrário do seu objetivo que era conseguir respostas, estava chateado por só conseguir mais dúvidas. Sua avó teve que fazer uma curta viagem até Ulsan para resolver algumas questões de sua empresa e retornaria só no dia seguinte. Após a conversa com a senhora Kim e finalmente ter lido o diário de Jina, Seokjin encontrava-se com a cabeça pesada de tanto pensar. Tinha passado o dia lendo e relendo cada linha atentamente, tentando encontrar as respostas para este enigma.

Sempre gostou de estudar a história da magia e já tinha lido alguns livros sobre pactos de ligação mas nunca havia encontrado algo sobre alguém que o tivesse realizado. Lendo novamente a história contada por Jina pela décima vez, decidiu que precisava anotar em um papel suas ideias para melhor organizá-las. Não era tão bom com linhas de raciocínio continua e sentiu falta do marido, Namjoon sim conseguia traçar linhas do tempo com facilidade e visualizar as respostas. Procurou o celular pensando em ligar para o alfa, mas desistiu quando viu que o relógio marcava três da manhã. Conversava com o marido o dia todo e sabia que ele estava sobrecarregado com as obrigações da Moon e da MOTS, não iria o incomodar em plena madrugada.

Saiu do quarto e subiu a escada até o segundo andar. Acendeu a luz e foi até a prateleira que sabia que avó guardava cadernos e blocos de anotações. Essa era outra característica que tinha puxado de Kim Bo-ah, amava itens de papelaria. Colecionava cadernos, bloquinhos e os mais diversos tipos de canetas. Procurou na estante e escolheu um caderno com o desenho de uma alpaca simpática e algumas canetas com cheirinho de frutas. Estava se dirigindo feliz até a porta quando por impulsividade, correu até a gaveta e procurou por um maço de cigarros. Não encontrou nenhum e concluiu que a avó tinha levado consigo na viagem. Procurou mais um pouco e encontrou um único cigarro mentolado já um pouco amassado. Apagou as luzes, fechou a porta e seguiu para a cozinha em busca de um isqueiro.

Após procurar por todas as gavetas, deu risada pensando que estava cada dia mais parecido com Bo-ah. Pegou a chaleira, encheu de água, acendeu uma boca do fogão e acendeu o cigarro antes de colocar a água para ferver. Encostou no balcão e começou a pensar sobre o que poderia fazer. A verdade é que Jin era aquele tipo de pessoa que às vezes se preocupava tanto em ajudar os outros que acabava esquecendo de si. Mas aquela não era uma dessas situações corriqueiras da vida. Ele sabia que dessa vez, as coisas realmente dependiam dele. Mas o ômega era péssimo em ser racional, precisava do seu alfa para conseguir pensar melhor. Tragou mais uma vez e jogou a fumaça para o alto, rodando os ombros para tentar relaxar.

Um arrepio percorreu a nuca quando escutou um barulho alto no andar de cima. Não costumava ser corajoso mas, nunca teve medo dentro da casa de sua avó. Sabia que aquele era um local protegido não somente por todos os seguranças mas pela magia do clã Kim. Apagou o cigarro e o jogou na pia, andando com receio pela casa e acendendo todas as luzes por onde passava. Quando chegou no segundo andar, teve a impressão de estar sendo seguido. Olhou para todos os lados e não viu nada, tomou coragem e abriu a porta da sala principal. Acendeu a luz e entrou, observando que um dos espelhos preferidos de sua avó estava espatifado no chão.

- É, eu acho que eu não vou estar vivo para receber os poderes do clã Kim. A velha Bo-ah vai me matar quando voltar e ver que o espelho que ela ganhou da prima Camille quebrou. Com certeza ela vai botar a culpa em mim. - disse desanimado.

Foi até o armário do canto e retirou uma vassoura e uma pá para recolher os cacos.

- Fora que falam que quebrar espelho dá sete anos de azar, né? Mas nesse caso acho que não conta, não fui eu que quebrei. - estava varrendo quando sentiu seu corpo travar no lugar. Havia se sentindo assim uma única vez, no dia de seu aniversário de sete anos quando seus poderes despertaram. Tentou se movimentar mas não conseguia, sentiu o frio subindo dos seus pés a cabeça, fechou os olhos e começou a recitar mentalmente a oração que sua avó lhe ensinou.

- Mãe terra, protetora de todas as criaturas. Eu, devoto da lua, peço proteção. Afaste-me de todas as energias negativas que pairam ao meu redor e me dê forças para enfrentar o mal desse mundo. - gotas de suor começaram a escorrer por sua testa e sentiu os movimentos voltando aos poucos.

- Vovó que me perdoe mas, quando ela voltar eu limpo isso aqui. Acho que vou pegar meu pijama e dormir lá na casa principal hoje. Antes um monte de velho roncando do que sabe-se lá o que tem aqui.

Encostou a pá e a vassoura na parede e quando estava dirigindo-se para a porta, escutou um estouro e a luz da sala apagou. Um novo arrepio percorreu seu corpo e mesmo no escuro, correu até a porta e a abriu com força. Desceu as escadas correndo e ficou petrificado quando percebeu que o andar debaixo também estava tomado pelo escuro. Tateou até o interruptor e o apertou com força por diversas vezes, sentindo os pelos do braço arrepiarem quando percebeu que não ia funcionar. Procurou o celular nos bolsos da calça e recordou-se que o havia deixado sobre o balcão da cozinha. A chaleira começou a apitar alto e mesmo tremendo de medo, o ômega sabia que precisava ir desligar o fogo.

Juntou toda a coragem que tinha em si e foi andando vagarosamente. A cozinha estava iluminada pela luz da lua cheia que entrava pela janela e pelo o fogo acesso. Buscou o celular e ligou a lanterna, procurando o botão e escutando a chaleira parar de apitar assim que desligou o fogo. Sabia que Namjoon não podia fazer nada estando em Seul mas, sabia que só de escutar a voz do marido sentiria-se mais calmo. Apertou o número um da discagem direita e se frustrou quando escutou o toque da operadora que a chamada não podia ser completada. Olhou o celular e percebeu que ele estava sem sinal.

- Sério, isso só pode ser brincadeira. Mas até parece que eu vou ficar aqui sozinho nessa escuridão. Só preciso lembrar onde deixei as chaves do carro, vou para a casa principal. - quando estava decidido a ir até seu quarto com o auxílio da lanterna do celular, escutou um grande estalo e as luzes se acenderam novamente. Olhou na tela do aparelho em sua mão e viu que ainda estava sem sinal. - Onde será que fica o modem dessa casa?

Um novo estalo foi escutado, dessa vez, mais alto. Todas as luzes se apagaram novamente e Seokjin sentiu o corpo paralisar mais uma vez. Estava de frente para a janela e teve a impressão de ter visto uma sombra. Queria gritar, sair correndo dali mas não conseguia mexer nenhum músculo. Sentiu que não estava sozinho e tomado pelo medo, decidiu fechar os olhos. Rezava mentalmente para que seus movimentos voltassem logo, não ficaria mais um minuto sequer dentro daquela casa. Escutou um barulho de vidro quebrando próximo a si e estava decidido a não abrir os olhos, até sentir a brisa da noite tocando seu rosto. Era medroso, mas também era muito curioso. Estava em um cabo de guerra mental e sua curiosidade acabou ganhando. Abriu os olhos devagar e deparou-se com um corvo preto no parapeito da janela estilhaçada. O corvo tinha os olhos vermelhos e observava Seokjin como se conhecesse todos os seus segredos. Lembrava muito bem o que sua avó falava, 'corvos são sinal de mau presságio'. Sentiu Agnes acuada dentro de si, afinal, ela era medrosa assim como o ômega. Teve a impressão que o corvo falava consigo mas, não conseguia escutar o que ele tinha a dizer. Seu celular começou a tocar, só podia ser Namjoon. O alfa com certeza havia sentido que o seu ômega estava em perigo. Tentou se mexer mas ainda não conseguia, lágrimas começaram a cair de seus olhos até tudo se tornar apenas escuridão.

Sonho

Estava em uma bela floresta e podia sentir o cheiro das folhas frescas. O sol estava se pondo e escutava o riso dos seres mágicos brincando através dos reflexos. Apesar de seu corpo estar leve, se espantou quando olhou para baixo e viu a grande barriga. Subiu um pouco da bata branca e acariciou, sentindo os pequenos chutes e a felicidade tomando conta de seu corpo. O que estava acontecendo? Onde estava? Finalmente tinha conseguido engravidar dos seus filhotes?

Caminhou mais e encontrou a nascente de um rio. A água era cristalina e o reflexo do sol entre as folhas das árvores formavam pequenas refrações de arco íris. Encontrou mais a frente uma pequena plantação de morangos. Todos estavam maduros e retirou com cuidado alguns dos pés, sentindo a explosão de sabor quando os colocou na boca. Quando estava se deliciando, escutou um rosnado estridente que não parecia vir de muito longe. Ao se assustar, não percebeu quando um dos morangos mordidos caiu em sua bata sobre a sua barriga, manchando o tecido branco com pequenos respingos vermelhos.

Andou o mais rápido que pôde em direção aos rosnados que se tornaram mais fortes e, em um piscar de olhos, o céu tornou-se escuro, dando lugar a uma lua vermelha. O frio começou a cortar sua pele e sentiu quando os lábios racharam. As lágrimas começaram a cair quando o corpo se desequilibrou e caiu dentro do rio raso e gelado. Rodeou com os braços a barriga e implorava por ajuda silenciosamente. Escutou um novo rosnado e sentiu a primeira mordida na barriga. Gritou de dor mas, sua voz não saiu. Fechou os olhos com força e implorou pela ajuda de Agnes, ela sempre o salvava de seus pesadelos. Uma nova mordida foi desferida em sua barriga e sentiu a carne abrindo. Deixou o corpo cair completamente para trás e a cabeça tocar a água gelada. Abriu os olhos lentamente e quando virou a cabeça para o lado, viu o corpo de Agnes caído e aberto de fora a fora. O sangue escorria lentamente até a margem do rio e quando observou mais uma vez, percebeu que sua bata branca estava toda vermelha.

Não tinha mais forças para lutar e seu corpo estava dormente, sentia a vida esvaindo aos poucos. Viu um vulto se aproximando e uma voz que conhecia muito bem tomou sua audição.

- É você o escolhido para lutar contra mim? Não tenho dúvidas que você é o mais fraco que eu já vi no clã Kim durante essas existências. - a voz começou a rir freneticamente. - Nem a Jina tinha poder para me enfrentar, imagina um descendente deprimente como você. Você não consegue nem segurar um filhote na sua barriga, ômega. Você é patético. - as duras palavras cortavam o coração de Seokjin e ele começou a rezar a mãe terra para ser levado embora logo. Viu quando o vulto se aproximou e sentiu os dedos rodeando seu rosto e segurando o seu queixo com força. - Abre os olhos, Jin. Você ser medroso assim só vai tornar as coisas mais deprimentes e eu ainda quero me divertir nessa vida. Abre os olhos e me encara, ômega de merda!

Jin sentiu as lágrimas aumentarem mas decidiu que se aqueles eram seus últimos minutos, os encararia de frente. Abriu os olhos e quando sua visão se acostumou com a claridade, confirmou suas suspeitas.

- Porque? Eu só queria saber o porquê de você estar fazendo tudo isso?

- O porquê? Hum, a Jina tomou mais de mim do que ela imagina. Eu acho que você leu a versão dela naquele diáriozinho ridículo que ela deixou. Não sei o que ela contou sobre mim mas, tenho certeza que ela não disse que ela roubou o que eu mais amava na vida, não só uma, mas duas vezes.

- Roubou? Ela nunca fez nada contra você, Myung Jiu. Pelo contrário, você transformou a vida dela num inferno. - a voz começou a rir alto novamente e Jin sentiu os dedos que rodeavam seu rosto intensificando o aperto.

- Ele tirou o Ho de mim, criança. Ele era a única coisa que me mantinha viva e eu sabia que aquela era a última existência dele. Era a única chance que eu tinha de ser feliz ao lado dele.

- Ele era seu irmão, Jiu. Ele ter casado com a Jina não mudaria nada na relação de vocês. Ele continuaria sendo seu irmão.

- Você é tão estúpido, criança. Mas você falando assim me faz pensar que nem a bruxa da Jina sabia.

- Sabia o que? - questionou tentando assimilar tudo que estava sendo falado.

- O Ho não era meu irmão, ômega. Ele era meu prometido, o amor da minha vida.

- O que?!

- Eu fui prometida para o Ho assim que eu nasci. Os pais dele morreram e ele foi criado pelo meus pais, ele me viu crescer e meu pai decidiu quebrar o trato de casamento, ele acolheu o Ho como um filho e pensou que nós começamos a nos ver como irmãos. Isso pode ter sido verdade pro Ho mas, nunca foi para mim.

- Se aquela foi a última existência do Ho e você mesma o matou, porque sua energia ainda está presa aqui? O que isso tem haver com o Park?

- Você é engraçado, ômega. - disse rindo. - O Park foi o único que eu amei da mesma forma que eu amei o Ho. E a Jina como sempre atrapalhou ajudando aqueles dois a encontrar um feitiço de ligação. Só que eu decidi que se ele não ficasse comigo, ele não ficaria com mais ninguém. Não me importa se eles fizeram um pacto para se encontrar por todas as existências, eu sou muito mais forte que isso. Eles nunca vão ficar juntos, eu não vou deixar. - soltou o rosto de Jin bruscamente e levantou, pegando algo na margem do rio e sentando-se ao lado do ômega.

Jin estava tentando processar todas as informações e entender o porque Jiu estava aparecendo naquela forma para si. Saiu de sua mente quando escutou um riso e o viu cortando o coração de Agnes.

- Uma pergunta, Jin. Eu te deixo fazer uma pergunta porque seus olhos me lembram os olhos da Jina. - colocou um pedaço do coração na boca e Jin pode ver o sangue saltando assim que a carne foi mordida.

- Porque dentro do Jungkook? O que ele tem haver com toda essa história, Jiu?

- Sério que você vai desperdiçar a sua única chance com essa pergunta óbvia? Ai ai, Jin. Você me decepciona tanto, criança. Você se deixa levar pelas emoções, assim como ela. - colocou mais um pedaço da carne na boca e rasgou com os dentes. - É a primeira vez que eu consegui reencarnar em alguém tão esperto. Assim como é a primeira vez que eu consigo entrar na reencarnação do Julien. Mas não, se a sua dúvida é eu ter reencarnado no Jungkook, a resposta é não. Eu apenas tenho um pedaço de mim dentro dele, como eu te disse, meu descendente dessa vez é muito esperto.

- E porque eu tive a honra de ser escolhido para uma existência tão especial quanto a sua aparecer para mim? - Jin já tinha percebido que Jiu era uma narcisista e iria usar isso a seu favor para tentar tirar mais informações.

- Obrigada pelo elogio, ômega. É, eu realmente gosto de você. Eu já tentei me aproximar de você de outras formas mas a sua barreira de proteção é muito forte, mas eu sei como acabar com isso. Bom, a questão é que eu já estou ficando entediada e pretendo finalizar as coisas logo nessa existência. Como um pedaço meu está dentro desse corpinho gostoso - disse passando a mão pelo seu peitoral que na verdade era de Jungkook - eu tenho que ficar vendo o meu Park com outro e confesso, eles são melosos demais. Eu já não aguento mais.

- Então quer dizer... Você realmente está dentro do Jungkook? Por isso você apareceu para mim como ele? - escutou as risadas do amigo.

- Eu já percebi o seu joguinho, criança. Mas não vou cair nele. Eu te dei direito apenas a uma pergunta e ela já foi respondida. - levantou e agachou-se próximo ao ômega. - Agora eu faço a pergunta: porque você não se abalou vendo eu comendo o coração da Agnes e nem com as mordida em seus filhotes?

- Eu sei que isso é apenas um sonho e nada do que está acontecendo aqui é verdade. - Jin escutou a risada e sentiu a mão estendida para o ajudar a levantar. - Você é realmente esperto, Jin. Acho que as coisas entre nós podem ficar interessantes. - se aproximou e fungou no pescoço do ômega. - Seu cheiro é igualzinho o dela, me senti nostálgica. Só por isso, vou deixar você fazer mais uma pergunta. Use-a com sabedoria.

- Se a sua questão toda sempre foi com a Jina, porque você persegue o Park?

- Agora sim, Jin. Finalmente você está botando sua cabeça para funcionar. - disse deixando um tapinha no ombro do ômega. - Minha questão com a Jina foi resolvida quando eu matei o Ho e o filhote na frente dela, criança. Agora minha questão com o Park, não foi resolvida. Ele me deu esperança, promessas de felicidade e de uma nova vida mas, me chutou quando conheceu o Julian. Ele nunca se importou com o meu amor, ele foi egoísta e por isso mesmo que... Bom, já falei demais e já está na hora de você acordar, não acha?

- Também acho. Nos veremos novamente?

- Depende apenas de você, Jin. - com um impulso, rodeou as duas mãos no pescoço do ômega que começou a ficar sem ar. - Se você entrar no meu caminho, eu não vou apenas me livrar de você. Eu vou acabar com todos que você ama na sua frente, começando pelo seu alfa. Então eu acho bom você esquecer minha situação com o Park e ir viver sua vida, de preferência bem longe de toda essa história pro seu próprio bem. - apertou mais forte e Jin tentou se defender batendo as mãos no peito do alfa. - E não se esqueça, ômega. Eu estou mais perto do que você imagina. Não tente medir seus poderes com os meus, você sabe muito bem do que eu sou capaz.

Jin sentou e sentiu o ar voltando aos poucos para o pulmão.

- Sr. Kim, você está bem? - o ômega arregalou os olhos quando notou a pessoa ao lado de sua cama. Sua última memória era de estar na cozinha, no meio da escuridão.

- O que você está fazendo aqui? Como eu vim parar no quarto?

- Eu cheguei e encontrei o senhor caído na cozinha e achei melhor o trazer para o quarto.

- Mas, o que você está fazendo aqui, Lion?

- Eu vim trazer uns papéis importantes da MOTS para a senhora Bo-ah assinar. Fiquei sabendo que ela não estava quando cheguei e que a caixa de energia principal tinha estourado. Chamamos a empresa de energia e quando eles arrumaram, decidi vir ver como o senhor estava. Encontrei o senhor caído na cozinha em meio aos cacos de vidro da janela. Te trouxe para o quarto e chamei um médico, ele acredita que o senhor tenha tido um desmaio e solicitou que assim que acordasse, fosse até o hospital fazer alguns exames. Ele também cuidou dos seus cortes pelo braço, disse que deve ter sido devido ao desmaio.

- Hm, entendi. - Jin estava achando toda aquela situação estranha. Afinal, que documentos eram esses da MOTS que precisavam da assinatura de sua avó? - Você sabe onde está o meu celular?

- Ah sim. Peço perdão mas eu atendi a ligação do senhor Kim, ele estava ligando insistentemente e disse que sentiu que o senhor não estava bem. Eu coloquei para recarregar. - o chefe de segurança levantou, pegou o celular sobre a mesa e entregou para o ômega.

- Minha avó já chegou?

- Ainda não, mas ela ligou avisando que deve estar aqui em breve. O médico disse que era importante o senhor se alimentar bem e os funcionários da casa principal trouxeram comida. Está lá na cozinha, você quer que eu esquente e traga aqui?

- Não, não precisa, Lion. Muito obrigado por ter cuidado de mim. Preciso apenas de um banho e vou sair para resolver algumas coisas, fique tranquilo. - deu um sorriso para transmitir segurança em sua fala.

- Ok, senhor Kim. Eu vou esperar a senhora Bo-ah na casa principal então. Qualquer coisa o senhor pode me ligar. - fez uma reverência e saiu pela porta.

Será que Lion estar ali tinha algo haver com o aviso de Jiu? Toda aquela situação era muito estranha e o ômega precisava tirar algumas dúvidas urgentemente. Pegou o celular e apertou o um na discagem rápida. Não precisou nem de um toque para ser atendido.

- Jinnie, é você meu amor? - questionou o alfa em uma voz desesperada.

- Sou eu sim, Joonie. Está tudo bem, pode ficar tranquilo.

- Amor, o que aconteceu? Eu senti uma pontada no coração e quase peguei um avião para aí. Só me tranquilizei porque sabia que o Lion estava por aí.

- Ah, então você sabia que ele ia vir para cá?

- Sabia sim. Sua avó tem boas porcentagens em algumas das empresas ainda e ela precisa assinar uns papéis urgente. O Lion se prontificou para levar para ela pois disse que precisava resolver algumas coisas ai em Jeju.

- Você sabe o que?

- Jin, aconteceu alguma coisa? Por que essa desconfiança toda?

- Não é nada não, Joonie. Deve ser coisa da minha cabeça mas, eu te conto tudo quando estiver aí.

- Quando você volta? Eu estou preocupado e morrendo de saudades.

- Assim que minha avó voltar iremos fazer o ritual e eu já retorno. Eu também estou com saudades, amor.

- O Lion disse que um médico te consultou e que você precisaria fazer alguns exames, Você acha que...

- Não, Joonie. Eu não estou grávido, eu tenho certeza. Mas desde que cheguei aqui estou vivendo no estilo Kim Bo-ah, você sabe.

- A base de café, álcool e cigarro? Você voltou a fumar Seokjin?

- Ah, claro que não... - tentou esconder o nervosismo na voz mas, sabia que seu alfa o conhecia como ninguém. - É que eu e a vovó conversamos tanto que acabamos fazendo apenas uma refeição por dia. Mas eu vou só tomar um banho e vou ir até o hospital fazer os exames e passar no mercado para comprar algumas coisas.

- Hm, então está bem. Assim que sair do médico me avise, por favor. - escutou uma voz de fundo e sabia que o marido precisava desligar. - Jinnie, eu preciso desligar. Tenho uma reunião com os espanhóis sobre a comercialização daquele novo jogo. Me mande uma mensagem quando sair do médico, eu te ligo mais tarde. Te amo, ômega.

- Te amo, alfa. Boa reunião.

Desligou o aparelho e o recolocou sobre a mesa. Pegou sua toalha e foi direto para o banheiro, fazendo suas necessidades e tomando um bom banho. Assim que saiu, foi até sua mala e escolheu uma calça jeans simples e uma camisa branca de manga longa, o tempo estava começando a esfriar. Pegou um cardigã rosa, a carteira, celular e a chave do carro. Foi até a cozinha e comeu uma tigela de salada de frutas que estava na geladeira. Quando fechou a porta, viu pendurado o cartão do médico e seguiu até o carro, dirigindo-se até o consultório em silêncio.

Quando chegou, fez seu registro e logo partiu para realizar alguns exames. Aguardou alguns minutos e foi chamado pelo médico que parecia bem jovem e tinha um rosto familiar.

- Boa tarde, senhor Kim. Eu sou o doutor Haruki Kaji. O senhor está melhor? - questionou fazendo uma reverência e indicando para o ômega sentar.

- Eu sabia que te conhecia. Você é o sobrinho do Mitsuke, não é?

- Sou sim, senhor Kim. Já faz alguns anos que nós vimos, achei que o senhor não ia se recordar.

- Eu sou bom em decorar fisionomias. Quando nos vimos você ainda estava na faculdade.

- Sim, eu me formei há três anos e me especializei em clínicas gerais. Agora estou fazendo especialização em doenças do sangue.

- Uau, parabéns. Seus tios devem estar muito orgulhosos de você. Eu lembro quando você veio do Japão para morar com eles.

- Eu sou muito grato pelos meus tios e pela senhora Bo-ah. Só consegui terminar meus estudos por causa dela.

- Minha avó é maravilhosa mesmo. - disse com orgulho.

- Mas então, senhor Kim. O senhor sentiu algo quando acordou?

- Pode me chamar de Jin, Haruki. - os dois riram e o médico concentrou-se novamente aguardando a resposta do ômega. - Eu não senti nada de diferente quando acordei.

- Nem tontura? Quando fui chamado para atender o senhor, acabei colhendo algumas amostras de sangue para fazer alguns exames. Eu já analisei os resultados assim como dos exames que o senhor fez hoje também. - entregou os envelopes da mão de ômega.

- E qual o diagnóstico?

- Você se alimenta bem, Jin? Houve alguma perda brusca de sangue recentemente?

- Não tão recentemente mas, há alguns meses atrás eu tive um aborto espontâneo. - disse cabisbaixo, não gostava de lembrar daquele dia.

- Eu sinto muito. Tenho certeza que em breve você e seu marido terão belos filhotes. Mas para tudo dar certo, antes você precisa tratar dessa anemia. Você já sabia que tinha?

- Não sabia não, Haruki. Meus exames nunca apresentaram nada.

- É uma anemia leve, então é possível tratar com uma boa alimentação e uma rotina saudável. Por incrível que pareça, atendo muitos chefes de cozinha que se preocupam tanto com a alimentação dos outros que acabam esquecendo da sua própria alimentação. Se for preciso, coloque um despertador mas, não pule refeições e tome bastante água.

- Ah, eu queria tirar uma dúvida... Eu voltei a fumar recentemente e não acho que vá ser possível eu parar agora.

- Olha, Jin. Fumar é um péssimo hábito, mas não tem relação com a anemia. Eu não sei pelo o que você está passando agora mas, é bom que assim que possível você pare de fumar pelo bem da sua saúde e da sua futura gestação.

- Com certeza, eu prometo que em breve vou parar. Só preciso de uma válvula de escape para não enlouquecer por enquanto.

- Bom, eu estou passando um cardápio para reforçar sua alimentação e algumas vitaminas. É importante que daqui há três meses você repita os exames.

- Muito obrigado, Hiraki. Fico feliz em saber que você se tornou um excelente profissional.

- Obrigado, Jin. Se cuide, por favor. - se despediram e o ômega seguiu até a saída.

Entrou em seu carro, mandou uma mensagem para o marido e seguiu para a farmácia. Comprou as vitaminas receitadas e alguns remédios para dor de cabeça. Foi até o mercado mais próximo e realizou uma grande compra com itens saudáveis. Embalou tudo e quando estava próximo ao seu carro, observou uma loja de conveniência no outro lado da rua. Guardou tudo no porta-mala e dirigiu-se ao local. Comprou um pacote fechado de cigarros mentolados, alguns isqueiros e chicletes. Voltou para o carro e assim que sentou no banco, abriu um maço retirando um cigarro e o acendendo. Deu um longo trago e sentiu o corpo relaxar.

- Myung Jiu, você me paga por me fazer voltar a fumar. Agora é questão de honra mandar esse seu espírito podre para o inferno. - ligou o carro e seguiu de volta para a casa. Assim que chegou, ajeitou as compras na cozinha e iniciou a preparação. Estava tão distraído após alguns minutos que não percebeu quando alguém se aproximou.

- Sua mãe vai me matar quando souber que você voltou a fumar. - disse Bo-ah puxando uma cadeira e acomodando-se com o cigarro em mãos.

- A culpa não é sua, vó. A senhora sabe disso. Fez uma boa viagem?

- Fiz sim, moloque. Mas confesso que não aguento mais essa vida. Preciso passar o resto das minhas empresas logo.

- Eu achei que a senhora já tinha passado tudo para a Sojin. - disse, pegando os pratos para servir.

- Ela só quis as empresas de móveis, eu ainda tenho algumas outras. Preciso reunir todos vocês para vermos o que fazer. - deu mais um trago e apagou o cigarro no cinzeiro. - O que você fez? O cheiro está muito bom.

- Como eu descobri hoje que estou com anemia, fiz uma sopa de feijões pretos e um bife de fígado marinado. - colocou os pratos já cheios na mesa e pegou dois copos e uma jarra cheia. - E suco de beterraba com cenoura e laranja.

- Uma nova era para Kim Seokjin, não é mesmo?

- Com certeza, vovó. - respondeu com um sorriso no rosto.

- Então quer dizer que aquele pacote de cigarro na sala é para mim?

- Não... - falou com a boca cheia. - Eu conversei com o médico, que aliás era o Hiruki e disse que eu precisava continuar fumando por enquanto. É a única forma de eu conseguir me manter são no meio de toda essa loucura.

- Jin, o que aconteceu quando eu estava fora? - Kim Bo-ah colocou os chopsticks apoiados no prato e olhou preocupada para o neto. Seokjin contou tudo com detalhes, inclusive seu sonho que deixou a senhora de cabelos azuis arrepiada. - Moleque, eu acredito que dessa vez a situação seja bem pior do que eu imaginava.

- O que você quer dizer com isso, vovó? - perguntou com os olhos arregalados.

- A Jiu nunca apareceu para mim em nenhuma forma. Na verdade, quando eu imaginei que a situação seria sobre ela, já era tarde demais.

- Você sabe quem eram as reencarnações antes do Jungkook e do Jimin?

- Sim, Jin. Eu tenho certeza que eram meus amigos, os pais do Daeshin. - Jin fechou os olhos e começou a ligar os fatos.

- Faz sentido, vó. Afinal, no caso deles também deve pular uma geração. A minha única dúvida é, os pais do tio Daeshin não eram dois alfas? Assim como no diário, a Jina diz que o Julien é ômega e o Park alfa.

- Para reencarnação não importa sexo, cor, raça, local e muito menos classe lupina. A única coisa que importa é a ligação cármica e no caso deles, a ligação do pacto. Eles já podem ter nascido homem, mulher, branco, preto, azul e em qualquer lugar do mundo. E até mesmo por isso, algum dos nossos antepassados podem nunca ter tido contato com eles em outras vidas.

- Calma, vó. Com assim? - questionou confuso.

- Por exemplo, se o Park e o Jungkook em alguma vida reencarnaram em outro país, nós não teríamos contato com eles porque a nossa linhagem é direta. Olhando nossa árvore genealógica, a única pessoa que casou com um estrageiro foi justamente a Jina. Todo o restante da nossa família casaram e tiveram filhotes com coreanos, então nossa família nunca saiu daqui. Por isso é tão importante conseguirmos resolver tudo isso agora, já que na minha vez, eu não consegui. - disse com lágrimas formando em seus olhos cansados.

- Vó, a culpa não é sua com o que aconteceu com os pais do tio Daeshin. Você estava afastada dos seus amigos e grávida, seus poderes estavam fracos e a sua prioridade era justamente suas filhotes.

- Eu sei, Jin. Eu só espero fazer diferente dessa vez. Essa oportunidade é única porque você não vai estar sozinho. Eu enfrentarei isso com você, e por você, eu darei minha vida se for preciso. - acariciou o rosto do neto que fechou os olhos aproveitando o carinho.

- Vovó, eu te amo e nada vai acontecer com a senhora, viu. - colocou sua mão sobre a mão Kim que ainda repousava em seu rosto. - Nós vamos resolver essa situação de uma vez por todas, meus amigos serão libertos de tudo isso, assim como nossa família também.

- Obrigada, Jin. Obrigada por ser esse neto maravilhoso. Eu tenho orgulho de você, querido. E mais orgulho ainda em saber que uma pessoa tão maravilhosa como você carrega meu sangue e meus poderes. - Bo-ah enxugou as lágrimas que caiam dos olhos do neto.

- Eu te amo e vou sempre cuidar de você, vovó. - pegou a mão da senhora de cabelos azuis e deixou um selar. - Antes que eu me esqueça, o que o Lion trouxe para a senhora assinar? - levantou e começou a recolher a louça suja.

- Ah, apenas uns documentos sobre algumas coisas da MOTS. Nada demais. - Jin observou a avó e assentiu, percebendo que não ia conseguir tirar mais nenhuma informação. - Bom, o ritual de transferência deve ser feito hoje. Já pedi para o meu secretário organizar tudo e vou tirar um cochilo. Acho bom você descansar também e nos encontramos no quintal às onze e meia em ponto. Esteja sem nenhum objeto pessoal e vista roupas pretas, até a roupa íntima.

- Roupa íntima? Que diferença vai fazer a cor da minha cueca?

- Seokjin, só me escute. Mais tarde você vai descobrir. Deixe a louça aí que eu peço para alguém lavar depois.

Jin terminou de organizar tudo na pia e foi para o seu quarto. Colocou uma roupa confortável e tentou dormir mas, sua cabeça fervilhava de pensamentos. Levantou e observou o sol se pondo no horizonte. Decidiu pegar uma caneta e fazer algumas anotações no caderno.

Anotações de Jin

Encarnações

Park Ji-Chung, alfa - Jeon Mina, alfa - Park Jimin, ômega

Príncipe Julien, ômega - Jeon Jae, alfa - Jeon Jungkook, alfa

Kim Jina, ômega - Bisavô Kim, ômega - Kim Seokjin, ômega

Myung Jiu, (?) - Oh Young-bae (assassino dos Jeon), alfa - reencarnação atual (?)

OBS: se as ligações pulam uma geração sempre, a reencarnação atual de Jiu é da nossa geração ou de gerações passadas (?)

Lista de suspeitos

1- Lion (?)

2 - qualquer um próximo ao Jungkook

OBS: preciso traçar uma linha com a família Jeon e com o Hoseok para descobrir desde quando o "lobo mau" se manifesta no Jungkook

Preciso descobrir

* Como a Jiu conseguiu entrar nos meus sonhos mesmo com as minhas proteções (será que elas estão fracas?)

* Preciso descobrir mais sobre a família do Jimin (será que eles tem alguma descendência direta de Park Ji-Chung?)

* Descobrir o real motivo do Lion estar aqui

* Descobrir até onde o lobo mau afeta o Jiminie também (acho melhor eles não se marcarem até isso se resolver)

OBS: criar um cardápio novo para o restaurante com receitas saudáveis

O ômega sentiu os olhos pesando e decidiu tirar um cochilo. Programou o celular para despertar às dez e meia e se aninhou nas cobertas. Acordou um pouco antes do despertador e sentiu-se muito melhor apesar de ter dormido apenas algumas horas.

Tomou um breve banho e se vestiu conforme o solicitado pela avó, penteando o cabelo para trás e por não saber o que iria acontecer, retirou a aliança e a guardou dentro de sua carteira que deixou sobre a mesa. Foi até a cozinha e encontrou a avó vestida em um conjunto elegante todo preto.

- Nossa, como a senhora está chique. Estou me sentindo até mal vestido. - dirigiu-se até o armário e pegou um copo, enchendo-o com água.

- Não, você está ótimo. O que importa mesmo é a cor da roupa.

- Hm, preto, cor da proteção. Como funciona esse ritual de passagem, vovó? A senhora nunca me contou.

- É simples. Teremos que fazer algumas oferendas para a natureza e a lua e morrer por alguns segundos. - Jin cuspiu a água que estava na boca e começou a engasgar. - Se você morrer antes, confesso que vai ficar um pouco difícil.

- Como assim morrer?! Você quer dizer, no sentido figurado, né? - questionou o ômega sentindo as orelhas ficando vermelhas.

- Não, moleque. Eu quero dizer morrer, morrer mesmo. Mas é rápido, vai ficar tudo bem. Vamos logo que está quase na hora. - Jin sentiu seu corpo congelar mas seguiu a avó até o quintal do fundo. Quando chegou, notou que alguns conhecidos da Kim estavam sentados conversando próximo a duas covas. Naquele momento o ômega pensou em sair correndo sem olhar para trás e deixar para sua outra reencarnação resolver essa questão. Não estava pronto para morrer, Namjoon ia o matar se soubesse que ele morreu por causa de um ritual. - Força, moleque. Vai ser rápido e vai ficar tudo bem. - disse Bo-ah dando batidinhas nas costas do neto.

- Pequeno Jin, como você cresceu! - disse a mulher de olhos azuis se aproximando.

- Boa noite, senhora Heidi. É um prazer rever a senhora e todos vocês. - fez uma reverência para todos, já que não sabia os nomes para cumprimentá-los.

- Ah, que felicidade participar do seu ritual de transferência. Lembro do dia que seu portal abriu e você recebeu seus poderes. Você sempre foi uma criança tão esperta, se tornou um belo rapaz.

- Muito obrigado, senhora. Fico feliz em você estar aqui nesse momento conosco.

- Bom, chega de conversa. Jin, eu vou te explicar tudo uma vez só, preste atenção e não abra a boca para contestar nada a partir de agora. - o ômega engoliu seco e percebeu que a avó estava falando sério. - Eu te disse que iríamos fazer um ritual de transferência parcial mas, isso não é possível. - Jin arregalou os olhos e estava pronto para abrir a boca quando a Kim continuou. - Eu não te falei antes porque sabia que você não ia concordar, moleque. Você sabe, a transferência não vai afetar em nada minha saúde, apenas não terei mais poderes. A chance que nós temos de finalmente colocar um ponto final nessa história que começou com o nosso clã no passado é grande, você precisa estar totalmente preparado.

- Mas, vovó... Você disse que iria me ajudar.

- E eu vou, Jin. E a maior ajuda que eu posso te dar é justamente te passar meus poderes. Você já tem parte deles desde quando seu portal se abriu mas, você vai precisar de toda a força do nosso sangue. Não adianta argumentar, eu decidi e não tem volta. Inclusive, já até me preparei para tirar umas férias quando acabarmos.

- Vovó, você pode ir ficar na minha casa. - disse com uma voz de choro.

- Eca, não. Férias significa diversão, para isso preciso estar longe da família. - todos presentes riram e Bo-ah continuou. - Agora, preste atenção que não temos muito tempo. Meus sete amigos estão aqui para nos ajudar e representando o número de portais de chakras. Como nosso chakra plexo solar é protegido, temos que quebrar essa proteção antes de começar. Tire suas roupas, por favor. - Bo-ah começou a tirar as peças com cuidado ficando apenas em suas roupas íntimas enquanto Jin olhava petrificado. - Jin, tire suas roupas! Eu falei sobre as roupas pretas só para tirar com a sua cara. - A Kim com a cara de indignação do neto. - Não precisa ficar pelado, moleque. Só espero que sua cueca não esteja rasgada.

O ômega retirou as peças e as colocou de lado, sentindo o vento noturno arrepiando a pele. Passou a mão na tatuagem preta de mandala que ficava um pouco acima do estômago, sobre o diafragma. Recordava-se bem quando a fez com dezoito anos junto com a avó em uma viagem para a Tailândia. Não era uma simples tatuagem, era uma marca de proteção lupina. Antes de fazê-la, andava com colares e cristais para se proteger. Percebeu quando um dos amigos de sua avó aproximou-se de si com uma adaga.

- Olá, Seokjin. Peço licença mas não temos muito tempo, preciso quebrar sua proteção. Eu sei que pode parecer assustador mas, eu apenas vou fazer um leve corte na sua pele, no centro da madala. - Jin estava tão aterrorizado com toda aquela situação que nem se mexeu quando o homem de pele bronzeada se aproximou e realizou um pequeno corte em si enquanto proferia algumas palavras em um idioma que o ômega desconhecia. Aquilo era latim? - Pronto, rapaz. A proteção está desfeita, podemos começar. - Olhou para o lado e viu que a avó também tinha um pequeno corte em sua tatuagem. Uma senhora de olhos verdes se aproximou com uma bacia e começou a passar algumas instruções.

- Eu preciso de uma mecha de cabelo e de sangue, mas deve ser do pulso esquerdo. - Jin ficou de frente para a avó e imitou seus gestos. Primeiro pegou a tesoura e cortou uma mecha da parte de trás do cabelo, depositando os fios na bacia. Pegou a adaga e fez um leve corte no pulso esquerdo, colocando-o sobre o objeto nos braços da mulher e esperou o sangue cair. Estava muito mais calmo olhando para a avó que sorria e transmitia confiança no olhar.

Dois outros homens se aproximaram e começaram a misturar o sangue e os fios enquanto proferiram algumas palavras. Apesar do silêncio de Agnes, Jin sentiu a loba dentro de si extremamente feliz.

- Agora iremos trocar os recipientes e eu preciso que vocês passem a poção nos sete chakras um do outro simultaneamente. - o ômega colocou a mão na bacia imitando os gestos da avó. Os dois sorriam enquanto faziam o solicitado e Jin pode sentir como nunca antes todo o amor que sua avó tinha por si. Quando terminaram, Kim Bo-ah deixou um selar na bochecha do neto que imitou o gesto. - Faltam cinco minutos, vocês precisam ir para a cova.

Apesar da situação, Jin estava mais calmo. Sentia seu corpo leve e uma sensação de que tudo daria certo tomando cada célula do seu ser. A cova era rasa e conseguiu se acomodar sem dificuldades, deitando e observando a grande lua cheia brilhando no céu. Sentiu a areia sendo jogada em seu corpo junto com pétalas de diversas flores. Sua mente estava cada vez mais longe e fechou os olhos, não notando quando o seu corpo finalmente foi enterrado.

Dali para a frente, não sabe dizer direito o que aconteceu e em qual plano espiritual estava. Imagens de toda sua vida ao lado da sua avó passavam rapidamente pelos seus olhos enquanto seu corpo flutuava. Não sabia se haviam se passado segundos ou séculos, sentia apenas a magia fluindo pelo seu sangue. O seu corpo foi retornando e quando abriu os olhos, a areia já havia sido tirada de cima de si. Sentou-se com calma e observou a avó já em pé e se vestindo. Levantou e fez o mesmo, quando colocou a camisa, pensou o que precisaria ser feito já que sua proteção havia sido aberta.

- Precisaremos andar com os colares e cristais de proteção, querido. Pelo menos até o corte cicatrizar e podermos cobrir esse pequeno ponto que foi aberto.

- Precisaremos ir para a Tailândia de novo? - perguntou já vestido.

- Não, não. Eu fiquei sabendo que em Seul tem um bom tatuador lupino, podemos ir lá assim que cicatrizar para ele refazer o ritual de proteção. Eu vou ficar mais um pouco com os meus amigos, se você quiser ir tomar um banho e ir deitar, fique à vontade.

- Eu vou aceitar, vovó. Não dormi tão bem ontem, estou precisando mesmo descansar e acho que amanhã voltarei a Seul.

- Não tem problema, Jin. Como eu te disse, eu vou tirar umas férias.

- Eu te amo, vovó. - disse o ômega abraçando com cuidado a pequena senhora.

- Eu também te amo, querido. Vai dar tudo certo, eu te garanto. - Jin despediu-se de todos e agradeceu, seguindo para o seu quarto. Tomou um banho, colocou seu pijama e foi até a cozinha esquentar o que havia sobrado da comida. Levou o prato para o quarto e jantou enquanto assistia um filme qualquer que passava na tv. Escovou os dentes e deitou sentindo o corpo completamente relaxado.

Acordou no outro dia e quando desceu para tomar um copo d'água, encontro um bilhete da avó pendurado na geladeira:

Jin,

Tive que adiantar minha viagem por alguns motivos mas, não fique preocupado, está tudo bem. Fique o tempo que quiser, estou falando isso por educação, pois eu sei que você deve estar morrendo de saudades do seu marido e vai voltar para ele o mais breve o possível.

Meu secretário vai enviar para você o contato do tatuador em Seul, procure ele assim que cicatrizar.

Eu te amo e fico feliz por você ser o escolhido para carregar a magia do clã Kim. Tenho certeza que você vai conseguir honrar as promessas de Jina.

PS: leve o diário dela consigo e peça para o Namjoon ler também. Ele é mais inteligente que nós dois juntos e pode perceber algo que não vimos.

PS²: eu vi que o espelho que eu ganhei da prima Camille quebrou. O que mais me espanta é você não ter tido coragem de catar os cacos, moleque.

PS³: e não, ele não quebrou por causa da Jiu. O segundo andar é bem protegido e apenas energias do clã Kim conseguiriam entrar. Talvez tenha sido um recado, se você for esperto vai chegar à mesma conclusão que eu.

Kim Bo-ah

Jin riu do bilhete e pensou que não existia no mundo ninguém como Kim Bo-ah. Tomou um café da manhã reforçado e correu para o celular, ligando para o marido para anunciar que já podia voltar. Namjoon em minutos ajeitou tudo e no início da noite o ômega já estava dentro do avião de volta para casa. Precisa antes de tudo descansar e botar seus pensamentos no lugar, contaria tudo para Namjoon e pensariam juntos. Também precisava aprender a lidar com seus poderes que estavam muito mais fortes. A maior resposta que aquela viagem tinha proporcionado era: precisava ir para a França, mais especificamente para o local onde ficava o antigo reino de Cristal. Algo dentro de si as respostas estavam lá.


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