Any Gabrielly
Foram no mínimo quatro horas selecionando pessoas qualificadas para ocupar o cargo de governanta. Meu pai torceu o nariz para algumas e eu para quase todas. Umas claramente só queriam diversão e sexo fácil, poucas realmente pareciam querer trabalhar.
— Sério filha, já estamos aqui há não sei quanto tempo. Vamos dar um basta nisso.
— Selecionamos algumas mulheres que pareceiam ser qualificadas. As outras estavam atrás de um Sugar Daddy não de um emprego. – Justifico o fazendo rir.
— Marcou as visitas para quando? – Meu pai questiona, cruzando os braços, analizando os perfis.
— Sexta.
— Não me faça passar vergonha mocinha.
— Por quê eu faria isso? – Questiono com a maior falsidade que consigo.
— Você não tem travas na língua e se não gosta da pessoa pode não dizer, mas sua cara diz o contrário.
— Não posso fazer nada se puxei a minha mãe. Pelo menos não sou falsa com ninguém.
— Mas tenta se comportar pelos menos.
— Prometo tentar.
— Any...
— O quê foi? Eu quero alguém legal que vai ser minha amiga, alguém que eu possa conviver sem revirar os olhos.
— Ok, eu quero alguém que cuide de você quando não estou e que não deixe você por a nossa casa a baixo.
— Você faz pouco caso de mim pai.
— Eu sei a filha que tenho. Conheço você desde que saiu da barriga da sua mãe. Conheço você direitinho pra saber que se você não gostar da moça irá atormentar a vida dela.
— Se ela pedir demissão pois não aguentou o tranco não será culpa minha. – Me defendo.
Meu pai balança a cabeça em negação se levantando e indo até o controle.
— O quê vai olhar?
— Basquete.
— Ah não, perdeu a companhia velho Soares. – Digo ao me levantar.
— Então leve Pipoca pra passear.
Na mesma hora o cachorro pula no sofá, deitando ao seu lado.
— Acho que ele não quer passear. O que deu em você? Não foi trabalhar hoje? – Questiono após perceber que já passou da hora dele estar na empresa.
— Ganhei folga.
— Então você poderia se arrumar e sair com os amigos.
— Any eu tô cansado.
— Por isso mesmo. Tome um banho, coloque uma roupa mais despojada, só não passe gel no cabelo, deixe ele molhado, fica gato.
— Gabrielly, o quê está aprontando?
— Tudo você acha que estou aprontando pai. – O mesmo arquea uma das sobrancelhas. — Eu só quero que se divirta sem estar fardado com aquele paletó que você sempre usa. Não queria dizer nada mais ele deixa você três anos mais velhos do que você é.
— O que sugeri espertona?
— Blusas brancas de botões, deixando os botões próximos ao pescoço abertos e uma calça preta. Os sapatos você escolhe.
— Não acredito no que vou dizer... – Diz, levando os dedos as têmporas. — Eu gostei. Vou subir e me vestir.
— Viu, não foi tão ruim.
— O quê seria de mim sem a minha filha amada? – Questiona depositando um beijo na minha testa.
— Nada!
— Convencida.
— Você sabe que é verdade.
— Sim, eu sei.
Meu pai sobe em direção ao seu quarto e me jogo no sofá, pegando o controle e escolhendo algo menos tediante pra assistir.
Passo por diversos canais da TV aberta local e não encontro um programa que me agrade. Assim que coloco na Netflix ouço passos nas escadas e me viro, vendo meu pai arrumar a camisa que indiquei para usar.
— Tá gatão. Vai arrasar corações coroa.
— Como estou? – Questiona girando sobre os pés.
— Lindo. Se divirta.
O mesmo olha pra TV e logo depois pra mim e sorri. — Pra você também.
— Se eu achar algo pra ver vou me divertir.
O mesmo da risada, pegando as chaves do seu carro. — Tem besteiras no armário e sorvete no freezer. Não volto tarde.
— Pai... — O repreendo.
— Vou tentar ficar o máximo que conseguir Dona Júlia. – Diz como se referisse a minha avó, sua mãe.
— Tive a quem puxar.
O mesmo da uma piscadela antes de fechar a porta e logo ouço o motor do seu carro ser ligado e o veiculo sair da garagem.
Sorrio ao lembrar do pote de sorvete e saio em disparada até a geladeira. Pego o pote mas lembro que ainda não jantei.
— Foda-se.
Fecho a porta da geladeira e pego uma colher, escolho olhar Friends e coloco no meu episódio favorito, levo uma colher que sorvete a boca e sinto meu cérebro congelar.
Perfeito.
Acabei olhando mais quatro episódios da série mas enjoei, então fui em buscar de um filme mas o primeiro filme que li a sinopse contava a história de um casal, que o garoto não saia do pé da mocinha mas no final ele era apaixonado por ela.
Tolice.
Desço mais os filmes e acabo olhando um em lançamento que até me agradou.
Não foi o melhor filme que já vi mas gostei. Acabo sentindo frio e subo até meu quarto para pegar uma cobertas mas alguém me chama na janela, e a voz vem da janela de Josh.
É Noah.
Abro a janela e me encosto na varanda. — Fala Urrea.
— Eu preciso da sua ajuda. – Diz se encostando na varanda do Beauchamp.
— Mas e seu amigo? Ele é tão imprestável assim?
— Ele não é menina Any, preciso da opinião feminina.
— Nossa, pediu a minha pra que então? – O dono do quarto questiona ao surgir atrás de Noah, cruzando os braços.
— Você é garota por acaso Joshua? – Urrea questiona arqueando uma das suas sobrancelhas.
— O quê você quer Noah? – Questiono, cruzando meus braços.
— Pode vir aqui? -– Questiona com um sorriso amarelo.
— Ele tá com vergonha que alguém ouça. – Josh explica e Urrea revira os olhos.
— O quê foi pequeno gafanhoto? Perdeu a virgindade?
— Haha Gabrielly, você é tão piadista quanto seu vizinho. Você pode vir aqui? – Noah questiona e suspiro.
— Ok, eu tô indo.
Visto um casaco sobre meus ombros e pego a chave de casa quando estou chegando na sala. Assim que abro a porta vejo que o clima está começando a se fechar, indicando uma chuva pesada.
Me apresso a chegar na porta dos Beauchamp's, bato na porta e quem a abre é Noah. O mesmo me olha dos pés a cabeça e só agora noto que estou com um short curto de tecido.
— Você pegou meu barbeador de novo Noah e... – Josh para ao me olhar do mesmo jeito que Noah mas de uma forma intensa.
— Será que posso entrar? Estou com frio. – Peço, puxando mais a peça sobre meus ombros.
Noah me da espaço para entrar e me apresso em adentrar a casa. Retiro meu casaco pois a temperatura da casa está boa.
— Bom, o quê você quer comigo Urrea?
— Pode me chamar de Noah, Urrea faz parecer que você me odeia.
— Anda logo, estou sem paciência e estou aqui tentando ajudar você.
— O quê houve Soares? – Noah questiona.
— Quer saber Noah, então vamos lá. Já perdi as contas de quantos nãos já ouvi em testes, por mais que eu tente, que ouça seu amigo e meu pai dizendo que um ou dois nãos não importam, que outras oportunidades viram mas elas nunca vem. Meu pai se afunda no trabalho pois tem medo de se relacionar e isso corta meu coração. Enquanto luto pelo meu sonho, levo tanta rasteira e só queria minha mãe aqui comigo mas adivinha? Pois ela tá na Itália com o trabalho dela, que é mil vezes melhor do que conviver com a própria filha. E você me pergunta o quê houve Urrea?
— Foi mal, eu... eu não sabia.
Levo as mãos ao rosto, fechando os olhos. — Desculpa, você não tem culpa de nada e descontei em você. Desculpa.
— Tudo bem, Sina também faz isso e estou sempre ao lado dela suportando tudo e... – Quando se da conta do que disse leva rapidamente as mãos a boca, Josh da risada da reação do amigo, balançando a cabeça.
— De fato ela ia descobrir, ela é amiga da garota, idiota. Como você ia pedir ajuda sem que ela saiba que está falando de Sina? – Josh questiona rindo do amigo atrapalhado.