i choose you.

By comethrzu

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Harry Styles tem uma vida perfeita. Dono de um charme inato para conquistar mulheres, ainda não conheceu uma... More

um.
dois.
três.
quatro.
cinco.
seis.
sete.
oito.
nove.
dez.
onze.
doze.
treze.
quatorze.
dezesseis.
dezessete.
dezoito.
dezenove.
vinte.
vinte e um.
vinte e dois.
vinte e três.
vinte e quatro.

quinze.

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By comethrzu

HARRY.

    CULPA. Vergonha. Raiva.

   Deitei de costas, olhando para o teto do quarto e me sentindo angustiado.

    Que merda eu havia feito?

   Você enfiou vinte anos de desejo reprimido e frustração sexual na goela de outro cara, foi isso que fez. E depois o deixou de joelhos no chão da cozinha sem lhe dizer uma palavra. Era tudo minha culpa. Eu era uma pessoa terrível.

   Eu não devia tê-lo agarrado. Não devia tê-lo beijado. Não devia tê-lo deixado me tocar daquele jeito. Não devia ter gostado de sentir sua boca em mim. Não devia ter perdido o controle. Não devia ter tido o melhor orgasmo da minha vida com outro cara.

   Mas eu tinha feito tudo aquilo. E jamais havia sentido nada
parecido. Por quê? Não que eu não tivesse recebido bons boquetes de
mulheres antes – pelo menos, eu achara que tinham sido bons.

   Mas, Louis levou a coisa a outro nível. Foi quase uma experiência extracorporal. Ele era mesmo tão bom assim? Ou era a ideia daquilo tudo que tornava a situação tão sensacional? A ideia de que eu estava cedendo a um desejo proibido só daquela vez, e que nunca mais faria
aquilo de novo?

   De qualquer forma, eu não podia negar que fora intenso. Muito intenso. As malditas paredes tinham tremido.
Fraco. Eu era tão fraco. Como podia ter deixado aquilo acontecer?

    Não que eu fosse gay. Eu sentia atração por mulheres também. E queria uma família tradicional – uma esposa e filhos. Eu não queria um namorado, cacete. Aquilo era ridículo. Eu devia levar um cara para casa e apresentá-lo aos meus pais? Levá-lo a jantares com clientes? Piqueniques da empresa? Eventos beneficentes corporativos? Meu pai passaria sua empresa para alguém que considerasse menos homem? Inferior a ele? Menos que perfeito? Nem fodendo.

   E eu havia dado duro demais para abrir mão de tudo.

   Se pelo menos transar com mulheres fosse mais satisfatório. Talvez, meu problema fosse aquele. Não é que eu não gostasse, mas, de algum modo, não importava quão linda ou ávida ou apaixonada fosse a
mulher, não importava o quanto ela quisesse me agradar, não importava quão selvagem fosse o sexo, eu sempre me sentia vagamente
insatisfeito.

    Era como se houvesse mais e eu nunca conseguisse chegar lá. Era como se as paredes tivessem que tremer.

   Fechei os olhos, inspirando e expirando. Não aconteceria de novo. Não importava o que tivesse acontecido com as paredes, havia coisas mais importantes na vida além de satisfação sexual. Minha carreira.
Minha reputação. Minha autoimagem.

   A relação com minha família. Meus planos para o futuro. Me permitir ficar com Louis daquele jeito colocava tudo a perder. Eu havia dito a ele na noite passada que eu não tinha um sonho, mas não era verdade. Meu sonho era ser normal. Levar o tipo de vida que as pessoas à minha volta aprovavam e admiravam. Ser visto como alguém que tinha tudo, ainda que no fundo soubesse que não era bem assim.

    Que bem a verdade me havia feito, de qualquer modo?

[...]

    SÓ CAÍ NO SONO umas três na manhã, então me deixei dormir até
mais tarde, o que era raro. Eu geralmente acordava e me levantava bem cedo nos fins de semana e me punha a fazer as coisas. Mas, naquele dia, já eram quase onze horas quando finalmente saí da cama, mas não
me sentia nem um pouco descansado.

    Minha cabeça doía e minha boca estava seca. Definitivamente, eu havia bebido uísque demais na noite
anterior. Entrei no chuveiro, tentando planejar exatamente como lidar com Louis. Coitado – ele devia ter ficado tão confuso, talvez até bravo.

   Tinha sido tão errado me aproveitar dele daquele jeito. Tê-lo usado como uma arma para lutar comigo mesmo.

    Ele era inocente. Bem... não totalmente.

   Meu sangue esquentou e meu pau começou a levantar conforme eu me lembrava dele ajoelhado na noite anterior. Oh, meu Deus, ele estava tão sexy com a boca em mim. Não, Harry!. É isso que lhe causa problemas.

    Pare de pensar nele desse
jeito. Franzindo a testa, fiquei totalmente imóvel, fechei os olhos e
pensei na coisa menos sensual que conseguia evocar – minha professora da segunda série em Ohio, Irmã Mary Ruth, e como ela costumava nos chamar de mentirosos e bater em nossas mãos com tiras de borracha quando achava que havia nos pegado contando lorotas. Deus vê suas mentiras, ela dizia. Deus vê tudo que vocês fazem.

   Trinta segundos depois, recuperei o controle do meu corpo e continuei me ensaboando e pensando no que faria. Deveria pedir ser desculpas? Fingir que não havia acontecido nada? Dizer que estava bêbado e que não me lembrava de nada que acontecera depois do jantar? Parte de mim queria que fosse tão fácil assim: o quê? Um
boquete na cozinha? Não sei do que você está falando.

    Você é um covarde do cacete.

    Não pode fazer isso. Pelo menos seja homem o bastante para assumir o que fez. Diga a ele que sente muito. Diga que não sabe o que deu em você. Diga que nunca tinha feito aquilo antes e que não fará nunca mais.

   Fazendo uma careta, me enxaguei e fiquei lá debaixo da ducha por mais alguns minutos, adiando o inevitável. Seria a conversa mais constrangedora da minha vida. Devastadora. Mas pelo menos talvez me impedisse de ceder àqueles sentimentos de novo.

   Saí do chuveiro, vesti um jeans e uma camiseta e escovei os dentes. No espelho, notei que meus olhos estavam injetados e que havia olheiras abaixo deles. Pinguei umas gotas de colírio, mas disse a mim mesmo que merecia parecer acabado depois do que havia feito. Então respirei fundo algumas vezes, endireitei a postura e abri a porta do
quarto.

    A porta do quarto de hóspedes também estava aberta, mas eu não tinha escutado barulho lá embaixo.
 
  Lentamente, desci para a cozinha,
me preparando para encontrá-lo lá.
Mas ele não estava. Não encontrei nenhum indício de que estivera lá
– não havia feito café, não havia louça na pia, nem cheiro de comida.

    Confuso, examinei o corredor dos fundos e notei que os sapatos dele
não estavam lá. Que merda! Será que tinha ido embora? Como? Ele não tinha carro nem dinheiro para pegar um táxi. Será que Gemma tinha
vindo buscá-lo? Pelo canto do olho, percebi um movimento no quintal.

    Abri a porta dos fundos e saí descalço. Ele havia enfileirado meus vasos de plantas na entrada da garagem e as estava regando com a mangueira.

   – Bom dia – eu disse, me aproximando dele.

   – Bom dia. – Ele olhou rapidamente para mim, mas voltou a se concentrar nas plantas um segundo depois. Tinha uma expressão indecifrável.

   Enfiei as mãos nos bolsos.

   – Dormiu bem?

   – Muito bem, e você?

   Dando de ombros, dei uma resposta evasiva, algo entre um grunhido e um murmúrio.

   – Acho que finalmente consegui me livrar do jet lag. Acordei por volta das oito me sentindo cheio de energia, então vim aqui fora terminar o que não consegui acabar ontem.

    Inspecionei o quintal e percebi o quanto ele já havia trabalhado – os canteiros estavam livres de ervas daninhas e devidamente regados, as
rosas haviam sido podadas e aparadas, o pátio havia sido varrido.

   – Uau. Obrigado.

   – Foi um prazer.

   Eu o analisei novamente, com uma sensação de aperto no estômago.  Ele estava de novo usando meu jeans e uma das minhas camisas. Não havia se barbeado desde que chegara, e a barba crescia um pouco mais escura do que seu cabelo. Sem fios grisalhos à vista, é claro. E, debaixo daquela camisa, eu sabia que estava sua pele lisinha. O abdômen perfeitamente firme. Ele era tão jovem – e eu tinha idade o bastante para saber que não deveria ter feito aquilo. Fora eu quem dera um sermão sobre ações e consequências, fora eu quem havia se deixado levar pelas emoções. Que não pensara antes de agir. Era eu quem estava sinceramente arrependido do que tinha feito, ainda que tal coisa tivesse me levado ao melhor orgasmo da minha vida.

   Não pense nisso. Faça o que veio fazer e vá embora.

   – Louis, eu lhe devo um pedido de desculpa.

   – Não, não deve. – Ele não olhou para mim.

  – Devo, sim. Não sei o que diabo eu estava pensando. Nenhuma reação.

   – Eu nunca tinha feito aquilo antes. – Aquela parte não era mentira. Mas a seguinte era. – Deve ter sido o uísque.

   Enfim, ele me olhou nos olhos.

   Estudou meu rosto.

   – Tudo bem.

   – Porque sou hétero. Não curto homem. E eu só… perdi o controle
por um instante. – Me concentrei para não piscar, não desviar o olhar, não me render de algum modo. As muralhas defensivas estavam de pé e assim continuariam.

    Ele concordou lentamente com um movimento de cabeça.

   – Mas não significou nada. E não acontecerá de novo. – Eu disse com firmeza e estava falando sério.

    Ele voltou sua atenção para as plantas, com o rosto impassível.

   Pelo amor de Deus, Louis! Poderia ser um pouquinho menos inglês neste instante e me dizer o que está pensando? Está puto da vida? Ofendido? Acha que está tudo bem? Não a mínima?

   – Então vamos esquecer o que aconteceu. Tudo bem para você? –
perguntei, cruzando os braços. Ele passou para a planta seguinte.

   – Claro.

   – Ótimo.

   Um silêncio constrangedor.

   – Então… já terminou aqui? Já comeu? Pensei que talvez eu pudesse preparar um almoço para nós e depois pudéssemos procurar umas opções de apartamento na internet. – Quanto maior a minha naturalidade naquela situação, melhor.

   Eu havia pensado em pedir a ele que fosse embora ou em pagar um hotel para ele, mas decidi que seria pior. Seria reconhecer explicitamente que ele me afetara, e eu não queria aquilo.

   A única forma de passar no teste em que eu falhara na noite passada era tentar de novo.

   – Seria ótimo. Obrigado.

   – OK. Vou preparar as coisas e aviso quando estiver tudo pronto.

   – Tudo bem.

   Caminhei na direção da casa, sentindo os olhos dele em mim o tempo todo. Assim que entrei e fechei a porta às minhas costas, soltei o ar e tentei me sentir aliviado. Eu tinha me saído bem, não? Então, por que ainda me sentia tão incomodado? Não era como se a reação dele tivesse me irritado. Pelo contrário, ele nem parecia se importar.

   Por quê?

   Percebi que eu estava ficando exasperado sem motivo enquanto preparava os sanduíches para o almoço. O que acontecera na cozinha entre nós não o havia afetado nem um pouco? Como ele podia estar tão tranquilo? Será que não tinha gostado tanto quanto eu?

   Por que parecia não me querer mais?

    Ele certamente tinha ficado bem interessado em mim na noite anterior.

   Meu Deus do céu, você ficou maluco?

    Percebe o que está dizendo? Ele reagiu exatamente como você queria que ele reagisse! Como você precisava que ele reagisse!

   Você não pode permitir que ele fique aqui por mais duas semanas, que cruze seu caminho a toda hora. Você vai enlouquecer!

   Este é o melhor desfecho possível para seu erro imbecil.

   Não estrague tudo.

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continuação da história