quatro.

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LOUIS.

     EU ESTAVA UM TANTO CHOCADO. Aquele era o irmão da Gemma? Ela dissera que ele tinha trinta anos, que não era casado e que eu não deveria ligar se ele parecesse um pouco rude no início. Só havia esquecido de mencionar que ele era lindo de morrer.

   – Ei – ele disse. – Prazer em conhecê-lo.

   Ele estendeu a mão e eu estendi a minha. O aperto dele era perfeito – quente e forte e longo o bastante.

   – Fiquei sabendo que você teve um contratempo. – A voz dele era grave e um pouco rouca. Mexeu comigo. Fez com que fosse difícil olhá-lo nos olhos. Aqueles lindos olhos verdes.

   Esqueci tudo que estava acontecendo. Gemma veio em meu socorro.

   – Ele pode lhe contar toda a história depois, o coitado está exausto. Mas amanhã daremos um jeito nisso. Tudo o que ele precisa esta noite é de um lugar para dormir.

   – Sem problema – Harry disse. Gostei de sua postura, com os pés bem afastados e os braços cruzados sobre o peito. Parecia forte e confiante. O tipo de cara que não se desculpava pelo que era. Que tomava a iniciativa e fazia o que tinha que ser feito. Gostei tanto dele que esqueci de dizer que ele não precisava me deixar ficar em sua casa naquela noite.

   Gemma deu um soquinho no ombro dele.

   – Você é o melhor, irmãozinho. O mais fofo.

   – O mais banana – ele resmungou. – Isso também. Seja bonzinho com ele – disse ela, apontando um dedo para o irmão. E depois falou para mim: – Louis, vejo você amanhã, tá? Não se preocupe. Descanse um pouco. – Ela me deu um abraço rápido e, quando me soltou, finalmente recuperei minha voz.

   – Muito obrigado a vocês dois. Sinto muito pelo incômodo.

   – Incômodo algum – ele respondeu, e parecia estar dizendo a verdade. – Pronto para ir?

   Confirmei com um aceno de cabeça, pegando meu caderno com a foto de Daisy que estava sobre o balcão, e segui Harry através da multidão e para fora do bar. Eu não sabia se era o jet lag ou o roubo ou o álcool no estômago vazio ou a surpresa de me sentir atraído pelo irmão mais velho de Gemma, mas algo me deixou desequilibrado.

    Vamos lá, Louis. Recomponha-se.

  No final do quarteirão, paramos no cruzamento, esperando o semáforo ficar verde para que pudéssemos atravessar a rua. Respirei fundo algumas vezes, torcendo para que o ar frio da noite pudesse clarear um pouco minhas ideias.

   – Então – Harry olhou rapidamente para mim –, você está bem longe de casa.

   – Estou – respondi. Ele parecia esperar que eu continuasse a conversa, mas era como se minha língua estivesse cheia de nós. Eu
não encontrava as palavras certas. O semáforo ficou verde e atravessamos a rua, andando lado a lado.

    – Parei no estacionamento. Terceiro andar.

   Subi dois lances de escada atrás dele e depois o segui até um Range Rover preto lustroso. Até o carro dele é lindo. Ele destrancou as portas e eu ocupei o banco do passageiro. O interior do veículo era tão impecável quanto seu exterior.
  
    Eu queria elogiá-lo por isso, mas tudo que fiz foi olhar fixamente para suas mãos enquanto ele prendia o cinto de segurança.

i choose you.Where stories live. Discover now