onze.

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HARRY.

    MANTIVE os olhos na tela do celular até ter certeza de que ele não estava à vista.

   Então respirei aliviado. Não seria fácil tê-lo por perto durante duas semanas. E, ao mesmo tempo, seria muito fácil. Agradável, até. Isso era o mais estranho – eu me sentia à vontade com Louis de inúmeras formas. Ele fazia a conversa fluir, me fazia rir e era interessante, engraçado e diferente. Eu também gostava de ouvi-lo falar de sua vida na Inglaterra.
 
   Isso me fazia entender melhor por que ele era daquele jeito. Só era desagradável quando meu corpo reagia ao dele. Uma falta de ar. Um aperto no peito. Um calor pelo meu corpo. Provocava em mim a vontade de fazer apenas o que queria, sem pensar nas consequências.

   Era irritante que eu não conseguisse sentir nada daquilo com alguém como Kendall, que era perfeita para mim em todos os outros aspectos.

   Por que era Louis que acendia esse fogo, e não ela? O que havia nele que não me deixava escapar de suas garras? Por que eu estava sendo punido daquela maneira?

   Como se atraído por magnetismo, fui até a cadeira onde ele havia pendurado o moletom que eu lhe emprestara.

  Ao olhar através da porta de vidro que dava para o quintal, eu o vi em meio às roseiras na lateral do jardim, o sol cintilando em seus cabelos.

   Peguei a blusa e a trouxe até meu rosto. Ainda guardava o calor de seu corpo. Inspirei devagar. Sabonete. Amaciante. Mas havia algo mais. A nota de fundo no ar que eu inalara era o cheiro másculo e inebriante de sua pele, que segurei em meus pulmões, fechando os olhos.

  Você dentro de mim.

   Minha mente se deleitou com aquele cheiro. Senti meus lábios em sua pele, minhas mãos em suas costas, meu peito contra o dele. Ele era quente, e forte, e duro, e

   Duas batidinhas rápidas na porta de vidro me sobressaltaram, e meu olhar vagou até encontrar Louis parado no jardim, com a cabeça virada, olhando em outra direção. Deixei o moletom cair imediatamente sobre a cadeira e abri a porta.

   – Oi.

   Ele olhou para mim com o rosto impassível.

   – Oi. Você tem luvas?

   – Hã, tenho. – Provavelmente em meu rosto havia cinquenta tons de vermelho. Mas ele não havia percebido nada, certo? – Já vou aí.

   Calcei os sapatos de novo e fui até a garagem, onde procurei por minhas luvas de trabalho. Onde diabos eu havia enfiado aquelas luvas? Eu sabia onde estava cada coisa naquela garagem, então, por que não conseguia encontrá-las? Minha mente estava nebulosa, um misto de confusão e vergonha.

    Será que ele tinha visto o que eu estava fazendo? Não deve ter visto.

  Ele nem estava olhando para mim quando bateu à porta. E, mesmo se tivesse visto, ele sabia como eu era com relação à organização. Provavelmente deve ter pensado que eu ia pendurar o moletom em algum lugar ou colocá-lo no quarto de hóspedes. Meu coração se acalmou, e lembrei onde estavam as luvas.

   Tirei-as da prateleira e as calcei por um segundo, mexendo os dedos e cerrando os punhos.

   – Encontrou? – Louis perguntou do quintal.

i choose you.Where stories live. Discover now