dezoito.

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LOUIS.

    – VOCÊ SOBREVIVEU. – Gemma riu e me entregou um envelope com dinheiro dentro. – Aqui está. É um pouco mais de cem pratas. Desculpe não ser mais, mas a noite de hoje foi meio devagar. Passarei a pagá-lo por semana mais para a frente, mas por enquanto vou pagá-lo ao final de cada turno.

   Eu mal podia acreditar. Cem pratas, já!? Era um quarto do aluguel que eu devia ao Harry!

    Melhor ainda, era o primeiro dinheiro que eu ganhava nos Estados Unidos. Eu passava os dedos pelas notas, incrédulo, desejando que não precisasse usar aquele dinheiro e que pudesse colocá-lo em um quadro, como minha primeira conquista naquela terra.

    Gemma podia não achar que cem pratas fossem grande coisa, mas eu me sentia rico. E tão, tão grato. Na verdade, tive que me esquivar dela, pois tive medo de chorar.

    – Gemma, muito obrigado. Não faz ideia do quanto sou grato por este
trabalho.

   – Imagina! É para isso que servem os amigos. Espero que não tenha sido muito terrível.

   – Nem um pouco. – Ficara tão ocupado nas primeiras horas que o tempo tinha passado voando. Na maior parte do tempo, ajudei Gemma atrás do balcão, lavando copos, pegando gelo, descendo ao porão para buscar mais cerveja e vinho e às vezes levando os pedidos de comida até as mesas quando os atendentes estavam sobrecarregados.

    Nas últimas duas horas, ajudei Gemma a limpar e reabastecer o bar, fazendo apenas uma pausa rápida para comer.

   – Podemos ir para casa agora. Meu outro gerente vai fazer o fechamento.

   – OK. Quanto lhe devo pelas camisetas? – Na chegada, ela me havia dado duas camisetas pretas com o logo do bar. Vesti uma delas imediatamente, a outra estava dobrada debaixo do meu braço, junto com a camisa que eu chegara usando.

    – Nada. – Ela riu. – É seu uniforme. Ela se despediu da equipe e saímos pela porta dos fundos, que dava para onde seu carro estava estacionado.

   – Entre – disse, abrindo a porta do motorista de um Jeep surrado.

   – Você não tranca as portas? – Dei a volta no carro e tentei entrar pela porta do passageiro, mas antes Gemma teve que jogar um monte de coisas que estavam sobre o assento para o banco de trás: garrafas d’água, copos de café, roupas, sapatos, sacolas plásticas.

    – Não. Para quê? – Ela deu a partida enquanto eu colocava o cinto de segurança. – Não tem nada de valor aqui dentro e, se alguém quiser esta lata velha, pode levar.

   Dei risada.

   – Você é tão diferente do Harry.

   – Meu Deus, o carro dele é absurdo. Dá para comer direto do assoalho, de tão limpo. – Ela deu ré e saiu da vaga. – Não que ele deixe alguém comer no carro. E ele quase tem um infarto cada vez que precisa andar no meu.

   Não pude deixar de perguntar sobre ele.

   – Ele sempre foi assim tão limpo e organizado? Mesmo quando criança?

   – Sim. Sempre mantinha o quarto impecavelmente limpo, nunca deixava seus brinquedos espalhados, gostava mais de lavar a bicicleta do que de usá-la. Os amigos diziam coisas do tipo: “Harry, é uma bicicleta para andar na terra! Tem que ter terra nela!”.

i choose you.Where stories live. Discover now