i choose you.

By comethrzu

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Harry Styles tem uma vida perfeita. Dono de um charme inato para conquistar mulheres, ainda não conheceu uma... More

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dezessete.
dezoito.
dezenove.
vinte.
vinte e um.
vinte e dois.
vinte e três.
vinte e quatro.

nove.

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By comethrzu

HARRY.

ENQUANTO EU ESTAVA na academia me punindo com um treino
especialmente pesado naquela manhã, Gemma me ligou de novo e deixou uma mensagem de voz implorando que eu fizesse a ela outro favor - será que eu poderia ajudar Louis a localizar o amigo dele e levá-lo aonde precisasse ir?

Voltando para casa, liguei para ela e falei um monte, embora, no fundo, eu não me importasse. Eu gostava de verdade do Louis e queria me certificar de que ele estava bem. Além disso, eu estava raciocinando bem melhor naquela manhã.

O que acontecera na noite anterior era culpa das trevas que me engoliram.

Da hora avançada.
Do vinho
E da solidão.

E Louis era muito carismático. Foi uma combinação perfeita de fatores que mexeu comigo, me fez achar que eu queria algo que não queria de fato.

Hoje seria diferente. Eu jamais confessaria meu pecado em voz alta, mas, pelo menos, poderia espiá-lo com gentileza. E, se eu sentisse o menor sinal do que sentira na noite passada, não deixaria que a sensação me dominasse - eu resistiria.

Então eu o vi usando minhas roupas, e a primeira coisa que pensei
foi: Tire tudo.

Não porque eu não queira que você as use, mas porque quero vesti-las agora mesmo, senti-las em meu corpo como quero sentir você.

Não eram exatamente palavras de resistência. Mas me recuperei, mantendo a cabeça no lugar mesmo enquanto ele andava pela cozinha como se morasse ali. Era tão bom que eu precisava argumentar comigo mesmo de forma condescendente.

O problema não é ele. É que você está sozinho. Quer alguém com quem
dividir sua vida. Deseja esse tipo de proximidade com alguém. Você
gosta de cuidar das pessoas, e ele parece precisar de cuidados. Não confunda as coisas.

Durante o café da manhã, me saí bem enquanto não fizemos contato
visual. Porque cada vez que fizemos, senti que involuntariamente revelava a ele um pouquinho do meu segredo. O efeito que isso teve em mim foi inquietante. Eu nunca havia sentido nada assim.

Óculos escuros - isso ajudaria.

Peguei os óculos na prateleira do corredor dos fundos e os coloquei no rosto.

- Pronto para ir?

- Sim - ele disse, mostrando a tela de seu telefone para mim. - Aqui está o endereço.

Eu me encolhi um pouco ao pensar num apartamento naquela área, mas, para Louis, Hollywood provavelmente parecia o endereço mais glamoroso da Califórnia. Eu não queria decepcioná-lo.

- Já sei onde é.

No trajeto, perguntei a ele qual era seu plano.

- Meu plano para o quê?

Olhei para ele de relance. Parecia totalmente despreocupado, embora
não tivesse nada além de um celular, uma sacola com roupas sujas e um caderno com seu nome.

- Para morar aqui. Você deve ter feito um plano antes de vir para cá,
certo? O que pretende fazer, do que vai viver?

- Oh. - Ele não disse nada por um instante. - Na Inglaterra, dizemos "se quiser fazer Deus rir, conte a Ele seus planos".

Revirei os olhos.

- Deus não está perguntando nada. Eu estou. E, de qualquer modo, tenho quase certeza de que Deus é do tipo que faz planos.

- Bem, eu tenho o apartamento. Já paguei o primeiro mês de aluguel.

- E é um lugar bom?

- Não sei. Nunca vi.

Franzi a testa.

- O que quer dizer com "nunca vi?" Você disse que já pagou o aluguel.

- Tive que pagar para não perder a oportunidade. Jake, o cara que deveria ter ido me buscar, disse que não há muitas opções para alugar pelo preço que posso pagar agora que estou começando.

- Você pagou por um lugar que nunca viu? - Eu estava chocado, mas Louis não parecia preocupado.

- É - ele disse, dando de ombros. - Mas, fora isso, não tenho, de fato, um plano. Porque, embora eu já pensasse em vir para cá havia alguns anos, a decisão de vir mesmo foi meio que... não encontro a palavra. Sabe quando você faz algo sem pensar muito no que acontecerá depois? - Olhou para mim em busca de ajuda.

- Por impulso?

- Isso. Por impulso. Decidi vir para cá por impulso. Não pensei muito nem discuti a ideia.

- É uma decisão importante demais para ser tomada por impulso.

- Verdade. Mas acho que, se você planejar cada detalhe da sua vida, ficará focado demais no plano e deixará passar todas as outras
possibilidades. Você pode ignorar seus instintos. Eu gosto de seguir os meus. Acho que, se você faz isso, toma sempre a decisão certa.

Eu não tinha tanta certeza disso. Eu era uma pessoa que gostava de ter um plano e nem sempre confiava que meus instintos fariam o que era melhor para mim. Os instintos podem ser úteis, mas não passam de instintos - baseados em compulsões inatas, não na razão nem nos fatos. Mas eu não queria discutir aquele assunto com Louis. A vida era dele, não minha.

- Tudo bem, mas vamos pensar de forma prática por um instante. Como você vai se sustentar? - Olhei para trás antes de trocar de faixa.

- Você tem algum dinheiro guardado ou vai tentar arranjar um
trabalho?

- Em algum momento, terei que trabalhar, mas por enquanto minha mãe vai transferir minhas economias para mim. Não deve demorar muito.

- Demora quanto?

- Uns dois dias.

- Uns dois dias? - Olhei para ele. -Você não pode ficar sem comer uns dois dias, Louis.

- Não vou ficar. O cara que está alugando o apartamento vai me arranjar uns trabalhos que paguem em dinheiro vivo.

Parecia suspeito.

- Fazendo o quê?

- Não sei. Mas não precisa se preocupar comigo. Mesmo. Você já fez muito por mim. - Ele esticou a mão como se fosse tocar meu braço ou algo assim, mas recuou. - Minha mãe perguntou se você era um astro do cinema.

Aquilo me fez rir.

- Verdade?

- Sim. Na cabeça dela, Hollywood está cheia de astros do cinema. Estão por toda parte. Ela também acha que todos os americanos adoram armas de fogo e comem no McDonald's todos os dias.

- Hã... não e não. Não este americano aqui, pelo menos. - Pensei um pouco. - Mas não posso culpá-la. Tudo que eu sei sobre os ingleses são estereótipos. Não que você se encaixe neles.

- Como, por exemplo, que somos todos frios e antissociais e que nunca sorrimos? E que ficamos por aí bebendo vodca e fazendo cara
feia? E odiamos o calor pois na Inglaterra é sempre nublado e escuro?

- Sim, esse tipo de coisa.

- Os ingleses sorriem, só que não com tanta frequência quanto os americanos, nem tão facilmente, e com certeza não sorrimos para estranhos. Não somos tão receptivos e amigáveis com pessoas que não conhecemos.

-Você é.

Ele deu de ombros.

- Estou me adaptando.

- Como são os ingleses, de verdade?

- Hmmm. Calorosos depois que conhecemos alguém. Generosos.
Adaptáveis e engenhosos, porque precisamos ser assim. Oh, e bastante
supersticiosos.

Gostei de como ele dissera "bastante". Havia pronunciado o
segundo t como o primeiro, enquanto os americanos o diriam de um jeito mais suave. Maldito sotaque.

- É mesmo? Com relação a quê?

- Praticamente tudo. Por exemplo, percebi que havia esquecido o carregador quando estava a caminho do aeroporto em Londres, mas voltar para buscá-lo daria azar. Os ingleses acreditam que nunca se deve voltar para casa a fim de buscar algo que esqueceu.

- Sério?

- Sim, e, se você voltar mesmo assim para buscar alguma coisa, deve se olhar no espelho antes de sair de novo.

Balancei a cabeça, mas estava rindo.

- Isso é totalmente absurdo.

- Aqui vai mais uma - ele disse. - Jamais faça gestos em si mesmo ou em outra pessoa ao descrever algo negativo. Como ao falar sobre uma cicatriz terrível no rosto de alguém. Nunca faça um gesto para representar a cicatriz em seu rosto. Se fizer isso por descuido, para remover a energia negativa, terá que esfregar seu rosto com uma toalha ou outro pano e depois jogá-lo fora.

- Ridículo. Meu Deus, não me admira que você e Gemma tenham se dado bem. Vocês dois são loucos. - Mas ambos me faziam rir. E eram
destemidos e espontâneos e totalmente confiantes. Não importava o que a vida lhes impunha, eles davam um jeito. No fundo, eu os invejava. Eu tinha força e tenacidade, mas às vezes me perguntava como seria se tivesse feito escolhas diferentes, se tivesse um pouco do espírito livre da Gemma. Ou se me importasse menos com o que os outros pensavam de mim.

- Ontem à noite, sua irmã me falou sobre ciclos de vida de doze anos - Louis continuou - e como cada ciclo deve começar em um lugar novo, então foi bom eu ter vindo para cá depois de ter feito vinte e quatro.

- Cuidado. Quando se der conta, ela estará levando você a uma de suas sessões malucas de análise dos sonhos ou a uma consulta espiritual com um médium. Besteira total.

Ele me examinou.

- Você não acredita mesmo em nada que não possa ver?

Pensei um pouco.

- Não é bem assim. Quer dizer, acredito em Deus. Acho que acredito em livre-arbítrio em vez de destino. Creio que as coisas não são inevitáveis - você tem opções, e suas crenças orientam suas escolhas. Se você não quer que algo aconteça, não deixe que aconteça. E se deseja muito uma coisa, lute por ela.

- Sem dúvida, concordo com o que disse - Louis falou. - É por isso que vim para cá. Mas também gosto de acreditar que algumas coisas tinham que acontecer. Que certas coisas acontecem por causa de uma força que está além do nosso controle. Até os sentimentos, às vezes, estão além do nosso controle. Ah, estão mesmo.

- Mas nossas ações não estão - argumentei. - Sentir algo não significa que você deva agir para expressar esse sentimento. Se todos saíssem por aí expressando o que sentem, viveríamos em um completo caos.

- E o caos é uma bagunça.

- Sim.

- E você não gosta de bagunça.

Olhei de relance para ele e voltei a olhar para a frente. Para alguém que eu conhecera havia menos de vinte e quatro horas, era um palpite bem certeiro. Do tipo que me irritava.

- Não. Não gosto.

- Entendo. - Ficou em silêncio um instante e então voltou a falar. - Admiro sua disciplina e autocontrole. Eu provavelmente poderia ser um pouco mais assim. E não gostei de ter pago pelo apartamento sem vê-lo antes, mas que opção eu tinha? Eu queria vir para cá mais do que
tudo. Decidi arriscar.

Peguei mais leve. Louis era jovem - eu precisava me lembrar disso. Parte da coragem que eu invejava era apenas imaturidade. Alguém da idade dele precisava errar para aprender - eu certamente havia errado. E não podia culpá-lo por correr atrás do que queria.

- Eu entendo. Você só precisa pensar um pouco melhor nas coisas.

Ser prático. Planejar com antecedência. Considerar todas as
consequências possíveis antes de se arriscar.

- Tentarei - ele disse. - Quero muito que minha vida aqui dê certo.

E, antes que eu percebesse, as palavras saíram da minha boca.

- Vou ajudá-lo. Posso ajudá-lo.

Assim que disse isso, me arrependi.

Não que eu não gostasse dele ou não quisesse que fosse bem-sucedido, mas porque não estava à vontade com o que sentia por ele. Achei que, se eu fosse gentil com ele naquele dia, ficaria menos incomodado com a noite anterior, mas não foi assim. Até mesmo estar no carro com ele me deixava tenso - o interior do Range Rover sempre me parecera perfeitamente espaçoso, mas, com Louis no banco do passageiro, parecia apertado. Eu percebia o tempo todo como ele estava perto. Minha pele ardia por ele.

Tudo que eu queria era levá-lo até seu apartamento, desejar tudo de
bom e tirá-lo da cabeça.


O ENDEREÇO QUE LOUIS havia me dado era um edifício de dois andares a alguns quarteirões da via expressa de Hollywood. Franzi a testa assim que paramos. Nenhum morador de Los Angeles que se prezasse gostaria de viver naquela área. Só o que havia lá era trânsito, turistas e sem-teto. O próprio prédio parecia um bunker da Segunda Guerra, com a fachada aos pedaços e o gramado amarelado na entrada.

- Tem certeza de que é aqui? - perguntei.

- Tenho. Simpático, não acha?

Está de brincadeira, não é?, pensei. Mas não disse nada, pois ele já saía do carro. Vai saber em que condições ele vivia na Inglaterra... Talvez aquele lugar parecesse um palácio para ele.
Ainda assim...

- Pretende ficar aqui por quanto tempo? - Saí do carro e fechei a porta, conferindo se a havia trancado. - Não é a melhor região.

- Por um tempinho, pelo menos. - Ele para no estacionamento e observa a nossa volta. - Espero que tenha transporte público por perto. Vou precisar.

- Transporte público? Você não vai muito longe com transporte público por estas bandas.

- Não? Acho que terei que ir a pé, então.

Olhei para ele.

- Louis, aqui é L.A. Ninguém anda a pé em L.A. Nunca ouviu aquela música?

Ele parecia perdido.

- Não.

Respirei fundo, sentindo minha pressão sanguínea subir. Como alguém atravessava o Atlântico estando tão despreparado? Será que ele era uma daquelas pessoas para as quais as coisas simplesmente
acabavam dando certo? Uma daquelas pessoas que conseguiam vencer dependendo apenas de instinto, determinação e sorte? Talvez Louis estivesse mesmo a um passo de realizar o sonho americano, mas eu
tinha um mau pressentimento com relação àquele lugar. Enquanto eu tentava descobrir como ajudá-lo sem me envolver demais, ele estendeu a mão para mim.

- Ei, obrigado por me trazer. E por... tudo. Jamais me esquecerei.

Apertei a mão dele, ignorando o calor que subiu pelo meu braço assim que as palmas se tocaram.

- Tem certeza de que está tudo bem? Talvez eu devesse esperar. Para ver se é este mesmo o lugar.

- Não. - Sua voz foi firme. - Você já fez muito por mim. Devolverei suas roupas o quanto antes.

- Fique com elas. - Eu gostava de pensar nele usando minhas roupas. Eu podia me permitir pelo menos aquilo, talvez até considerar como caridade, já que ele tinha tão pouco.

Nós nos olhamos por um instante, e agradeci por estar usando óculos escuros. Para evitar que eu dissesse ou fizesse algo que me arrependeria depois, enfiei as mãos nos bolsos.

- Bem, boa sorte.

- Obrigado. A gente se vê, acho. - Com um último sorriso, ele se virou e caminhou na direção da entrada. Deu uns dez passos.

- Louis! - Corri para alcançá-lo, embora cada fibra do meu corpo me dissesse para entrar no maldito carro e ir para casa. - Deixe-me ficar só para ver se está tudo certo. - Era razoável, não era? É o que Gemma faria. Havia todo tipo de maluco naquela região. E se o endereço estivesse errado?

- Pode ficar se quiser, mas não é necessário.

- Fico mais tranquilo se ficar. Gemma jamais me perdoaria se acontecesse algo de ruim com você - brinquei. Ao chegarmos à porta, eu estava quase totalmente convencido de que fazia aquilo por Gemma.

A porta dava para uma escadaria, o que imediatamente me pareceu uma falha de segurança. Quer dizer, então, que qualquer um podia ir simplesmente entrando?

- É no apartamento 202 - Louis disse, olhando rapidamente a tela do celular enquanto subia os degraus. - Segundo piso.

No segundo andar, entramos em um corredor escuro e úmido que cheirava a fritura velha. Meu estômago revirou. O apartamento 202 ficava bem em frente à escada. A porta estava entreaberta, e Louis bateu antes de empurrá-la e abri-la de vez.

O ambiente estava escuro e enfumaçado, então demorou um pouco para os meus olhos se adaptarem. A primeira pessoa que vi foi um cara forte de cabelos claros que vestia regata branca e fumava na cozinha, à direita de uma sala grande. Do outro lado, estavam algumas pessoas largadas num sofá encardido, concentradas em seus aparelhos
eletrônicos.

Uma das duas garotas disse "oi" e a outra acenou, mas o rapaz não tirou os olhos da tela. Ele estava totalmente concentrado em seu laptop coberto de adesivos. A TV estava no chão, ligada na CNN, embora ninguém parecesse estar assistindo. O lugar fedia a fumaça de cigarro.

- Ele não me disse que eram duas pessoas - falou o cara de regata.

- Não somos. Meu amigo veio só me trazer - Louis respondeu. - Você é o Justin?

O cara confirmou com um movimento de cabeça.

- Prazer em conhecê-lo. É este o apartamento? - Louis perguntou.

Imaginei se ele estaria torcendo para o cara dizer que não, assim como eu estava.

- É. Está vendo aquele corredor ali? Seu quarto é o da esquerda. - Justin apontou o cigarro em outra direção. - O banheiro fica lá, mas está ocupado no momento.

- Quantas pessoas moram aqui? - perguntei.

- No momento, seis.

- Seis? - Meu queixo caiu conforme eu olhava ao meu redor mais uma vez. De jeito nenhum aquele lugar era grande o bastante para seis pessoas. - Onde as pessoas dormem?

Justin deu de ombros.

- Onde conseguirem. Venha, vou lhe mostrar seu quarto.

Seguimos Justin para fora da cozinha e pelo corredor. Conforme eu
andava, sentia algo parecido com areia sob meus pés. Justin abriu uma
porta, que parecia ter sido bastante chutada, e entrou no quarto. Fiquei
parado à porta atrás de Louis, espiando por cima do ombro dele.

Era minúsculo e desconfortável. Tinha uma janela que dava para o
estacionamento, um colchão de solteiro jogado no chão e sem lençol, uma cômoda detonada com gavetas que não fechavam direito. Cada centímetro de superfície estava coberto de poeira e fuligem, e a tinta
verde-menta das paredes estava descascando. Minha pálpebra esquerda começou a tremer. Por que diabos eu insistira em ver aquele lugar?

- O que é ali? - Louis perguntou, apontando para uma porta à nossa frente.

- Dá para o meu quarto - respondeu Justin. - Mas fique tranquilo. Tentarei não acordá-lo quando eu chegar ou sair.

- Espere . - Fiz um gesto com a mão. - Você tem que passar por este quarto para chegar ao seu?

- É - Justin disse, como se não fosse nada de mais. - Ali era um closet. - E então apontou para o colchão manchado e cheio de caroços.

- É seu, se quiser. A garota que morava aqui antes o deixou. - Uma barata correu pelo chão e Justin a esmagou com a bota. - Merda. Vou
limpar isso. - Ele passou por nós e desapareceu no corredor.

Louis andava pelo quarto observando as coisas enquanto eu lutava com minha consciência. Por um lado, Louis não era um cãozinho
que precisava ser salvo - era um homem crescido, perfeitamente capaz de cuidar de si mesmo.

E levá-lo de volta comigo era uma má ideia por um bom motivo.

Mas como eu poderia deixá-lo naquele buraco. infestado de insetos, com o piso sujo, o sofá encardido e o ar poluído, com um completo estranho atravessando seu quarto várias vezes por dia, sem nada além de um colchão manchado onde dormir? Ele nem ao menos tinha um lençol! Tremi ao pensar naquilo.

- Louis. Você não pode ficar aqui.

- Não tenho outra opção. - Ele olhou para a tinta descascada e para o colchão sem lençol.

- Sempre há outra opção. Você pode ficar comigo até conseguir pegar suas economias. - Dois dias. Eu podia lidar com aquilo, certo?

- E então conseguirá arranjar um lugar melhor, não?

- Acho que não. Não tenho muita grana e preciso comprar um laptop. Também gostaria de guardar dinheiro para as aulas de roteiro. - Ele balançou a cabeça e falou com firmeza: - Você já fez muito por
mim, Harry. Agradeço pela oferta, mas é isto que posso pagar no
momento, então é aqui que ficarei. Vou ficar bem.

Justin retornou ao quarto com um pedaço de papel-toalha na mão, o
qual usou para limpar os restos da barata. Soltei o ar, fechando os olhos por um instante. Dê o fora daqui de
uma vez. Ele não é responsabilidade sua.

Ele decidiu vir para cá por impulso, agora precisa lidar com as consequências de seus atos. Mas eu não conseguia ir embora.

- E então? Vai ficar ou não? - Justin perguntou.

- Sim - respondeu Louis.

- Não. - Olhei para ele, endireitando os ombros de forma desafiadora.

Ele fez o mesmo.

- Sim. Agradeço por tudo, Harry, mas não preciso de sua ajuda.

- Sei que não precisa. Mas vai aceitá-la. Agora, vamos embora. -

Eu me virei e deixei o apartamento o mais rápido que pude, cruzando
o saguão e a porta de entrada, inspirando o ar fresco.

Puta que pariu.

O que eu tinha feito?

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