As crianças demoraram a dormir na noite anterior. Taehyung não saiu do lado do irmão gêmeo até que ele estivesse dormindo, e Seokjin ficou com eles, embalando Jungkook em seus braços. Antes de colocá-los para dormir, o ômega mais velho ainda tentou acalmá-los, explicando que, às vezes, os adultos se desentendiam e isso era completamente normal.
Quando voltou para o quarto, encontrou Namjoon ainda acordado. Os dois se encararam e o ômega suspirou. Ele podia sentir o quanto o alfa estava arrependido pela briga.
— Eles dormiram... Taehyung e Jimin quiseram dormir juntos e eu deixei.
— Sim, sim, claro... — o alfa assentiu, sentindo-se triste ao lembrar novamente dos rostinhos dos seus filhos mais cedo.
— Eu vim só para te avisar, sei que está preocupado. Acho melhor eu dormir com o Jungkook hoje, tá? Amanhã podemos conversar melhor. Já está tarde, estamos cansados e não chegaremos a lugar nenhum nesse estado. — novamente, o alfa assentiu.
Seokjin saiu do quarto e fechou a porta. Vendo-se novamente sozinho naquele quarto silencioso, o alfa se pegou novamente refletindo sobre tudo o que ocorreu no último ano, desde o caso Lee a até àquela noite, como tudo tinha se desenrolado e, principalmente, como ele tinha errado várias vezes naqueles meses. Bufou, frustrado, e ajeitou-se na cama, cobrindo-se melhor com o cobertor. Fechei os olhos e deixou sua mente viajar.
"Diferente do que eu pensava, você não traiu só a mim, você os traiu também, e isso eu nunca vou perdoar." as palavras de Seokjin ressoavam na sua mente. Nunca tinha visto a situação por esse ângulo. Sabia que tinha sido um péssimo marido para Seokjin, isso desde antes de ter se envolvido com Chansung, mas perceber que foi um péssimo pai quando as coisas apertaram, deixou-o ainda mais devastado.
Ele sabia como era se sentir preterido por um dos pais, sua appa não foi presente na sua criação, e ele jurou para si que seria diferente. Ele tentou, com certeza era mais próximo dos seus filhos do que sua appa era de si quando ele era criança, mas aquilo não era o suficiente. Quando as coisas ficaram ruins, e as crianças precisaram dele, ele se afastou. Ele foi fraco. Seokjin teve que lidar com quase tudo sozinho, o que era muito injusto com o ômega.
O seu ômega precisou dele, e ele não estava lá.
No fundo, sabia que tinha sido injusto acusar Seokjin de ter um caso com Jongsuk sem nem ao menos ouvi-lo antes. Mas estava tão magoado com a cena que viu e os mil cenários que projetou em sua mente, que apenas não conseguiu se controlar. Mas, Namjoon sabia que se realmente estivesse acontecendo algo entre Seokjin e Jongsuk, a maior parte da culpa era do alfa.
Jongsuk era ardiloso e manipulador, tinha seduzido e acabado com a vida de diversos ômegas nos últimos anos. Ele não tinha escrúpulos, com certeza poderia se aproveitar do momento de fragilidade de Seokjin para conquistá-lo sem a mínima dor na consciência. Depois, descartá-lo-ia como fez com todos os outros. Seokjin teria o seu coração partido novamente e Namjoon não poderia fazer coisa alguma para impedir.
O pior de tudo era que Namjoon sabia que tinha culpa nisso. Colocou o marido de lado por muitos anos, sem realmente tratá-lo como seu companheiro de vida. A situação com Chansung tinha sido o estopim, mas não era o fim e nem o começo dos problemas deles.
Perguntou-se porque tinha deixado a situação chegar a aquele extremo. Ele amava o marido, isso não tinha como questionar. Ele sentia, no fundo do seu ser, que era completamente apaixonado por Seokjin. Apaixonado de uma forma que o fazia questionar se era saudável nutrir um sentimento daquela magnitude. Mas, como mesmo assim ele deixou tudo desandar daquela forma? Como não percebeu que estava se distanciando e magoando o seu ômega?
Surpreendeu-se quando percebeu que não tinha se preocupado em cuidar da sua relação com o ômega por ter confiança de que ele sempre estaria ali, ao seu lado, à sua disposição. Amava-o, mas não soube demonstrar o quanto. Esqueceu-se de alimentar o amor deles, e agora nem sabia mais se Seokjin realmente o amava ou apenas era vulnerável a si por ser marcado por ele. Agora, vendo-o cada vez mais distante de si, não sentia mais qualquer confiança. Na verdade, sentia medo de perdê-lo, principalmente após vê-lo com Jongsuk.
Quando o dia já estava quase amanhecendo, o alfa foi vencido pelo cansaço e finalmente conseguiu cochilar. Acordou cerca de uma hora e meia depois com o despertador, então ligou para Yoongi e pediu que ele segurasse as pontas na empresa naquele dia, pois ele não estava em condições de ir trabalhar. O amigo perguntou o que havia acontecido, mas o alfa apenas respondeu que tinha acordado doente e iria tirar o dia para descansar e se recuperar. Quando terminou a ligação, virou-se na cama e esticou o braço sobre o edredom frio. Observando o lado vazio de Seokjin, tentou voltar a dormir.
Enquanto isso, no quarto de Jungkook, Seokjin abriu os olhos cansados e, mesmo tentado a voltar a dormir, sentou-se na cama. Colocou os braços para trás para apoiar o próprio peso e tentou organizar os pensamentos. Sua cabeça estava pesada, quase não tinha conseguido dormir na noite anterior. Contudo, as crianças tinham que ir para o colégio e ele não poderia se dar ao luxo de voltar a dormir.
Passou alguns minutos apenas observando o movimento do móbile de passarinhos que havia sobre o berço de Jungkook enquanto lembrava da noite anterior. As confissões e acusações trocadas, Namjoon irritado, seus filhos assistindo tudo. Céus, aquilo parecia um pesadelo! Tinham se esforçado tanto para manter as crianças fora daquela situação, mas não adiantou.
Quando seu despertador tocou novamente, avisando que ele precisava levantar naquele minuto se não se atrasaria, Seokjin foi para o próprio quarto. Respirou fundo antes de abrir a porta, ainda não queria falar com o alfa.
Para a sua surpresa, encontrou Namjoon dormindo. Tentou não fazer barulho e foi diretamente para o closet. Escolheu uma roupa confortável para levar as crianças para a escola e depois foi para o banheiro tomar um banho rápido.
Quando terminou, verificou o relógio. Geralmente, Namjoon já estava acordado àquela hora. Olhou para a porta e depois para o marido. Não queria acordá-lo, mas sua consciência não o deixaria em paz se ele propositalmente deixasse o alfa se atrasar para o trabalho.
Aproximou-se e tocou com delicadeza o ombro do alfa.
— Namjoon, vamos, acorde. Já está na hora. — disse, movimentando um pouco o ombro do maior.
O alfa abriu os olhos, um pouco atordoado. Ao encarar o ômega, seu rosto ficou sem expressão.
Sentindo-se um pouco sem jeito, Seokjin limpou a garganta antes de falar:
— Já está na hora de se arrumar para ir à empresa.
O ômega se afastou depressa, estava louco para sair do quarto, mas a voz sonolenta do alfa o parou.
— Eu não irei hoje, preciso de uma folga depois de ontem.
Seokjin o encarou novamente, sem saber bem o que dizer.
— Ah. Então volte a dormir. — depois disso, apenas saiu do quarto.
O ômega seguiu a sua rotina tentando transparecer tranquilidade. Acordou os filhos, preparou-os para a escola e fez o café da manhã. Já estavam todos sentados quando Namjoon desceu e se juntou a eles. Mesmo com sono, tinha decidido comer com a família. Não sabendo bem como agir, pois ainda estava envergonhado pela noite anterior, o alfa desejou um "bom dia" tímido e se sentou.
Eles tomaram café da manhã em silêncio. Namjoon queria muito falar algo para os filhos, mas notando-os tão retraídos, preferiu continuar calado. Talvez fosse melhor esperar que eles esquecessem um pouco o que viram e ouviram na noite anterior.
Quando os gêmeos se levantaram para preparar o material escolar, Seokjin encarou o alfa.
— Eles estão bem... — disse, tentando acalmar o alfa. Ele sentia a angústia do maior e isto já o estava deixando agoniado. — Eles nunca nos viram daquela forma, então é normal que fiquem um pouco assustados, mas vai passar. Conversei com eles ontem e expliquei que, assim como eles, eu e você podemos nos desentender e brigar, mas no fim fazemos as pazes.
O alfa levou a xícara de café até a boca enquanto encarava a mesa. Questionava-se, pela primeira vez, se ele e o marido realmente seriam capazes de fazer as pazes depois daquilo tudo.
— Me desculpe. — sussurrou enquanto depositava a xícara novamente sobre a mesa. Enfim, levantou o rosto e encarou o ômega. — Me desculpe pelas coisas que eu disse sem pensar ontem. Me exaltei de uma forma horrível e estou muito envergonhado. Era para ser uma conversa civilizada entre a gente, para colocar todos os pingos nos i's, e eu não consegui me controlar.
— Eu... eu acho que também me exaltei um pouco. Bem, as coisas que você me disse me irritaram, mas talvez eu devesse ter sido menos agressi...
— Não. — Namjoon o cortou. Seokjin não estava errado aos seus olhos e ele não queria ouvi-lo se desculpar. — É normal que tenha reagido daquela forma, eu sou um babaca. Não posso exigir que você seja frio e racional diante de tudo o que lhe confessei. Se fosse o contrário, possivelmente eu reagiria bem pior. A culpa foi minha. Eu que não soube me controlar. Você não merecia que eu o acusasse de coisa alguma... Eu deveria ter perguntado, não afirmado. — o alfa bufou, cansado, e fechou os olhos enquanto massageava as têmporas. Estava exausto. — Eu só faço merda atrás de merda, mas juro que estou tentando melhorar.
— Tudo bem... — Seokjin disse calmamente, tentando tranquilizar o alfa. Ele nunca tinha visto o alfa tão destruído antes, e isso o assustava um pouco. — Mais tarde conversamos, está bem? Ainda não é hora. Tenho que levar as crianças para a escola e acho que depois vou fazer compras aqui para casa. Você fica e descansa, tá?
— Posso te ajudar, posso levar as crianças hoje. Sei que está cansado também.
— Não vou mentir, estou um pouco sim, mas você está bem pior. Seus olhos estão baixos, Namjoon, não acho que você deva dirigir assim. Pode deixar que eu levo eles.
Assim que os gêmeos voltaram, Namjoon os observou e esperou. Jimin foi o primeiro a olhar para ele. Parecia receoso, mas se aproximou e abraçou o appa para se despedir. Namjoon abriu um pequeno sorriso, aquilo era um bom sinal.
— Por favor, não brigue com o omma mais, appa. — o pequeno sussurrou em seu ouvido.
Namjoon o apertou em seus braços e controlou a vontade de chorar.
— Pode deixar, Jiminie.
O pequeno se afastou e depois foi a vez de Taehyung. O pequeno alfa não disse coisa alguma, mas abraçou o pai por mais tempo que o normal. Seokjin pegou Jungkook no colo, sempre o levava consigo quando ia deixar os gêmeos, e, enquanto os quatro saíam da sala de jantar, Namjoon os observava soturno.
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Seokjin estava demorando um pouco mais que o normal no supermercado. Estava disperso, e, com frequência, esquecia os itens que tinha ido até lá comprar. Em um dos corredores, o ômega parou e se inclinou um pouco sobre o carrinho de compras para encarar o seu caçula.
— Se eu esquecer algo, não tem problema, né Kook? Podemos voltar amanhã.
Jungkook, sentado na cadeirinha do carrinho de compras, divertia-se observando tudo em volta enquanto chupava a sua chupeta amarela, totalmente alheio a frustração do mais velho.
— Não adianta ficar rodando aqui sem rumo. Em casa, faço uma lista e voltamos amanhã, o que acha?
O maior fez carinho no pé direito do filho, atraindo aqueles grandes olhos negros que amava para si. O pequeno alfa bateu palmas e sorriu, animado, e isso aqueceu o coração do ômega. Aproximou-se e depositou um beijo na testa do filho antes de voltar a empurrar o carrinho pelos corredores.
Foi direto para os caixas e entrou na menor fila que havia. Estava tão cansado que não pôde evitar de se apoiar no carrinho e baixar um pouco a cabeça. Quando a levantou novamente, ao perceber que a fila tinha andado um pouco, notou uma figura conhecida na fila do caixa rápido. O seu ex melhor amigo carregava apenas uns dois itens nas mãos e estava ao celular.
Seokjin instantaneamente ficou tenso. Não estava pronto e nem queria falar com ele ainda, então, impulsivamente, saiu da fila do caixa e foi se esconder nos corredores do supermercado.
— Como eu sou patético! — resmungou consigo mesmo. Não queria ter que fugir, mas também não queria falar com o beta.
Esperou por volta de cinco minutos para retornar. Antes, verificou a fila dos caixas rápidos, e, certificando-se que Hyuk não estava mais ali, voltou para uma das filas. Para se distrair e se acalmar, ficou brincando com o seu filhote até chegar a sua vez.
Cerca de meia hora depois, Seokjin já estava em casa, tinha guardado todas as compras e preparava o almoço. Jungkook, como sempre, estava ao seu lado, sentado no carrinho de bebê. Estava impaciente, pois, agora que estava aprendendo a andar, não gostava de ficar preso. Contudo, o ômega precisava cozinhar, e não poderia ficar de olho no menor caso o soltasse.
Não havia encontrado Namjoon novamente, mas podia sentir sua presença na casa. Possivelmente, o alfa tinha voltado a dormir.
Após terminar de cozinhar, serviu a comida de seu filho e depois a sua. Lavava os pratos quando finalmente Namjoon apareceu. Estava com um short e uma camiseta velha e coçava os olhos preguiçosamente. O cabelo estava desgrenhado e o rosto amassado. Com certeza, tinha acabado de acordar.
— Fiz o almoço. — anunciou.
— Obrigado.
Enquanto o alfa caminhava para se servir, Seokjin pegou Jungkook e foi para a sala. Finalmente, colocou o filho no chão e ficou observando-o dar seus passinhos desajeitados e curtos. Forçava-se para sorrir e incentivar o filho, mas estava tão exausto. Sentia-se sem energia.
— Vem cá, amor. — abriu os braços e chamou pelo pequeno, que veio sorridente e em passos rápidos.
O ômega estava sentado no chão, e acolheu o filhote em seus braços. Encheu-o de beijos enquanto o abraçava forte. O alfinha sorria, adorava ser paparicado.
— Om...
Seokjin arregalou os olhos. Estava ele tentando lhe chamar?
— O que, meu amor?
— Omá, omá. — repetiu o pequeno.
O ômega sorriu largamente e gritou por Namjoon. Estava preocupado nos últimos meses por Jungkook estar demorando tanto a falar. Enfim, ele havia dito a sua primeira palavra de verdade.
O alfa entrou correndo no cômodo, estava preocupado. Mas, ao encarar a cena de seu marido com o seu filho, relaxou. Seokjin parecia tão feliz, não deveria ter acontecido nada de errado.
— Namjoon, venha, olhe. — chamou, incentivando o alfa a se aproximar. Namjoon deu alguns passos, parando na frente dos dois. Agachou-se e os encarou com carinho. Seokjin olhou para o filho. — Vamos, Kook, diga de novo.
O pequeno, em vez de falar, tentou alcançar o appa, levantando os braços e se impulsionando para a frente. Namjoon colocou-o nos braços e beijou a sua testa.
— Ele disse omma, Joonie. Ele disse a primeira palavra dele. — Seokjin disse, emocionado. Namjoon o encarou, feliz tanto pela informação como por ouvir seu apelido depois de tanto tempo.
— Omá... Apá... — Jungkook balbuciou feliz, atraindo novamente a atenção dos mais velhos.
Namjoon apertou o pequeno em seus braços enquanto ria de felicidade. Tinha perdido as primeiras palavras dos gêmeos, mas agora tinha conseguido vivenciar essa emoção com o caçula. Aquilo era tão precioso.
— Sim, pequeno. Ele é o seu omma e eu sou o seu appa. E você é o nosso alfinha.
O alfa mais velho olhou de relance para Seokjin e sentiu-se emocionado por vê-lo sorrir tão genuinamente depois de tanto tempo. Namjoon sentiu um aperto no coração, não estava pronto para perdê-los. Queria sua família inteira e feliz novamente.
Os dois ficaram brincando com o filhote e incentivando-o a falar mais palavras ali no chão por mais de uma hora. Porém, o ômega estava cansado, e, aos poucos, passou apenas a observá-los. Enquanto bocejava discretamente, Namjoon voltou-se para ele.
— Por que não vai descansar? Eu cuido do Jungkook. Posso buscar as crianças na escola mais tarde também.
— Eu estou bem. — disse, forçando um sorriso.
— Não, não está. Você está exausto, Jin, eu posso sentir. Vá descansar e não se preocupe, ok? Eu posso tomar conta da casa por enquanto.
Mesmo ainda um pouco contrariado, Seokjin decidiu aceitar a proposta. Despediu-se do filho e depois subiu as escadas em direção ao quarto que dividia com o alfa.
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Oii, gente. Espero que estejam todes bem!
Estou muito feliz com a receptividade que a fanfic está tendo!!!! É muito gratificante ver todos os votos e comentários, então, muito obrigada!!!
Atrasei um pouco a atualização da fanfic, mas agora estou aqui!
Infelizmente, peguei covid semana passada. Agradeço a energia positiva que me mandaram e a compreensão de vocês em relação a não ter atualização. Já estou bem, só tossindo um pouco, mas minha vida ficou muito desorganizada nessa última semana, então foi difícil parar para escrever. Para não atrasar mais a atualização daqui, escrevi o capítulo rápido e só o reli uma vez antes de postar. Se encontrarem algum erro, me avisem por favor.
Beijos e até semana que vem!