Evan e o Rei- 1° Livro

By heittor

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Evan é um lindo rapaz que ao sair para correr encontra um cachorro ferido na floresta e decide cuidar dele, m... More

1- Manipulações do Destino.
2- A Fronteira Entre o Real e o Imaginário
4- Noite Densa
Capitulo 5 -Acuado
Capitulo 6 Encontros
Capitulo 7 O véu
Capitulo 8 -Lua Cheia
Capitulo 9 Especial -Leões e Lobos. (Ric)
Capitulo 9 parte II-Magia
capitulo 10 -O sacrifício de Evan

3 - Muros

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By heittor

 Muros

A dor lancinante me cegava, era tanta dor que não sobrava espaço nem sequer para gritar. Senti um toque macio no meu ombro e tive que parar para sorrir, King estava com as patas dianteiras apoiadas na cama e uma delas sobre o meu ombro, com um olhar de pura simpatia, por um segundo eu pude esquecer a dor e começar a pensar praticamente, antes eu tinha que tomar um banho e avaliar os estragos, caso necessário ir a um hospital (o que seria uma experiência maravilhosa e educativa, visto a explicação que teria que dar), e por fim procurar o invasor, o homem alto, lindo e dotado como um cavalo.

E confuso, ele parecia confuso.

Ou tudo isso não passou de um sonho muito real e meu corpo teve alguma reação ao sonho. Olhei para King, o cachorro com certeza teria me alarmado caso alguém entrasse na casa, e pela manhã ele estava na mesma posição da noite anterior, o quarto aparentemente continuava na mesma condição da noite anterior. Uma pontada me acordou para a realidade e reuni forças em minhas pernas para ir até o banheiro, meu corpo todo doía, eu estava cheio de marcas, se tudo foi mesmo um sonho eu devo ter me debatido muito, ou alguém entrou em minha casa e me espancou e minha mente cansada imaginou outra coisa, seria Pablo capaz de fazer isso? Com certeza não.

Quando sai do banheiro escutei a porta da sala se abrir com força, Tom entrou como um furacão, latindo ordens ao que parecia um batalhão junto com ele, ordenando que removessem isso ou aquilo.

Eu ainda estava apoiado no portal do banheiro quando ele irrompeu pelo quarto.

"Até que enfim você se livrou daquele retardado, vou tirar as coisas dele daqui agora mesmo e colocar em um depósito, depois ele pode ir lá buscar."

Eu respirei fundo e me preparei para bater cabeça com meu irmão, autoritário por natureza, talvez por causa do tempo que permaneceu no exercito, onde atingiu em curtíssimo tempo altas patentes, mas se retirou para assumir os negócios da família. Seu pai era dono de uma rede de hipermercados e com a morte do mesmo era inevitável que Tom assumisse o posto, mas o feitio do exercito nunca o deixou, e eu sabia que ninguém me amava mais nesse mundo do que meu irmão Tom, aos trinta e um anos ele era um convicto solteirão, cobiçado por todas as mulheres da cidade, rico, lindo e pegador, uma combinação fatal. Tom tinha cerca de um metro e oitenta e cinco, músculos não feitos para serem grandes, mas para serem fortes e altivos, sua pele tinha um tom saudável, parecia que ele havia acabado de sair do da praia todo santo dia, mesmo sabendo que ele não era fã do sol, como seus óculos de aviador denunciavam. Seus cabelos permaneciam sempre rentes no corte militar tradicional, e seus passos eram determinados e seguros, era como se ele estivesse marchando sempre.

"E como você sabe o que é meu e o que não é?"

"Não seja idiota, claro que eu sei tudo o que você tem." E certamente ele sabia, visto que já estava no guarda roupas separando minhas roupas das que Pablo havia deixado, que eram jogados sem cerimonia nenhuma no chão. Eu olhei para cama e vi que a mancha de sangue era visível, eu havia constatado que o sangramento já havia parado no chuveiro e não havia nada além de um corte, a dor já desaparecia, lentamente, mas melhorava, mas se Tom visse aquilo se alarmaria e eu queria paz nesse sábado.

"E quem te avisou?" perguntei caminhando em direção a cozinha, Tom me seguiu como esperado.

"Hey, você ai, ensaque aqueles trapos no chão do quarto, agora!"

"A casa estava lotada de homens carregando os moveis que Pablo havia comprado ao longo dos anos, nada que fosse me fazer falta.

"Não se preocupe, a tarde os entregadores vem entregar os substitutos, presente pessoal meu."

"Quem te avisou, Tom?" insisti na pergunta, registrei que teria que anotar isso no meu caderno "Coisas Que Devo a Tom." Não queria dever nada a ninguém, mesmo de alguém que me amava tanto quanto meu meio irmão.

"Eu tenho meus informantes Evan, nada acontece na vida do meu irmãozinho sem eu saber." Nesse momento ele me puxou do caminho para que eu não esbarrasse no carregador e me prensou contra seu peito, eu olhei curioso para seu rosto, era raro Tom demonstrar emoções, mas agora ele estava visivelmente embaraçado, resolvi deixar essa passar, mais uma anotação na lista de coisas a resolver depois.

Nesse exato momento King começou a rosnar, aparentemente o cão não gostava de ninguém próximo a mim.

"CALADO CACHORRO ESTUPIDO!!!" E eu me encolhi nos braços de Tom e para minha surpresa o cachorro não recuou, mas também não rosnou mais, apenas se sentou resignado. Acho que ambos sabíamos quem era o macho alfa ali. "E desde quando você tem um cachorro, Evan?"

"Desde ontem a noite, eu o resgatei na floresta aqui perto, DD vai postar cartazes procurando o dono dele, até lá vamos vivendo, não é King?"

Agachei-me e o chamei, ele veio meio suspeito sem tirar os olhos de Tom e se sentou ao meu lado, sem dar as costas ao meu irmão, que continuou nos encarando em silencio.

O resto da manha eu e Tom passamos conversando enquanto o pessoal terminava de embalar as tralhas de Pablo, almoçamos juntos e depois fui ate o pet shop comprar ração para King, que definitivamente não gostou de Tom.

No fim da tarde eu comecei a sentir a melancolia do meu primeiro dia de solteiro, quase fui engolido por ela, porém meu amigo Jota apareceu bem na hora, estacionando na frente na casa seu carro super caro e desnecessário, principalmente numa cidadezinha pequena.

"Hello, vim te tirar dessa fossa miguxo! Sou a salvação do seu dia, do seu dia não, da sua vida!" Jota era parecido com Pablo, mas era mais magro, alegre e mais, erm... afeminado.

"Oi Jota, quais as novas?"

"Uma festa! Uma baladinha na casa do gostoso do Ric, e não me vem com essa de que não está no clima, você precisa dessa, amigo."

Olhei ao redor e para a casa vazia. "Muito pelo contrario, só me espera colocar um roupa..."

"Aaaaaaiiiiiiiiiiiii!!!!!" eu me assustei e olhei e o louco dava pulos em direção ao King. "você trocou o cachorro do Pablo por um cachorrão de verdade."

Fiquei esperando King rosnar com a aproximação, mas ele simplesmente ignorou Jota.

"Noooooossa, como ele é mansinho."

"Humm, acho que ele só não te vê como uma ameaça."

"Espera que eu vou com você, vai precisar se produzir melhor se quiser voltar ao mercado essa noite."

Meia hora depois estávamos chegando à casa de Ric. Não era um amigo muito intimo e para falar a verdade só havia vindo à casa dele durante festas enquanto ainda me relacionava com Pablo. Ric era rico, lindo, jovem e gay, uma mistura explosiva, logo era uma das figuras mais populares da cidade, eu trabalhei com seu pai durante uma campanha a um ano atrás enquanto ele pousava de santinho para o pai, típico de um playboy, só para depois vê-lo 'causar' na primeira baladinha em sua casa. A mansão ficava no centro do terreno na área nobre da cidade, tudo projetado perfeitamente por paisagistas, eu me perguntava se os pais estariam permitindo aquela festa ou ele estaria apenas se aproveitando de uma oportuna ausência.

Como era de se esperar o local estava lotado, muita gente mesmo, felizmente eu conhecia vários, ou colegas de balada ou pessoas que eu conhecia de trabalhos. Logo jota se pegou com um casinho qualquer e eu fui rodar um pouco, por pura falta do que fazer visto que não conseguia engajar em nenhuma conversa e também que todos estavam tão altos que a maioria das conversas acabavam em cantos escuros.

Fui andando até chegar numa área que só deveria ser a sala em um dia qualquer, tinham tantas pessoas que eu era difícil identificar a utilidade de cada cômodo.

Haviam vários sofás e neles muita gente espalhada.

A cena que encontrei no sofá acabou de vez com qualquer muro que eu tenha erguido entre a noite em que encontrei meu chefe no quarto com meu namorado e os meus sentimentos.

Pablo estava no sofá, em seu colo estava um de seus melhores 'amigos', Roland. Infelizmente eu fiquei ali parado como uma estatua, como uma mosca atraída pela luz, meus olhos lacrimejaram, era fraco e ridículo estar fazendo aquela cena, mas ali estava eu e não conseguia virar nos calcanhares e sumir daquele lugar.

Então Pablo me viu e o beijo que antes era ardente ficou pornográfico, o que me doía não era a cena em si, mas lembrar de que por diversas vezes eu estivera naquele lugar, o quão pouco ele valia, quão comum e banal era tudo aquilo para Pablo, meu coração me punia me sugerindo que talvez ele sentisse mais prazer com aquele putinho afeminado e vazio do que sentia comigo. A primeira lagrima ameaçava escorrer quando fui puxado pelo braço.

"Amigo, desculpa, eu não sabia que ele estaria aqui. Quer ir embora?"

Eu olhei para o rosto de Jota e seu parceiro, eu não podia fugir dali, eu não podia fugir dos erros alheios, e também não podia me dar ao luxo de me deprimir por Pablo estar dando continuidade a sua vida (o que ele deveria estar fazendo há muito tempo, mesmo antes de nosso relacionamento terminar).

Eu balancei a cabeça, sem saber o que fazer, sem definir se era um sim ou um não, apenas confuso. "Dança comigo?"

"claro amigo, vamos nos jogar!" jota saiu puxando seu ficante e a mim para a área na qual um DJ animava a pista de dança, logo eu estava exorcizando meus demônios, e assim como fumaça Jota e seu amigo também sumiram então dei um pulo rápido no banheiro para aliviar um pouco, joguei agua no rosto e quando olhei no espelho meu rosto traços finos e olhos azuis me olhavam de volta, minha pele era mais branca do que eu queria e até o momento não tinha sinal de barba, para meu desespero. Meus cabelos sempre foram muito escuros e um pouco longos demais, praticava natação e ia ocasionalmente a academia o que me rendia um corpo esguio com músculos definidos, eu não era feio, nunca me considerei bonito também, era apenas regular, existiam muitos como eu por ai, então eu poderia arranjar algo legal essa noite, mas a pergunta era: estaria eu preparado para seguir em frente? E ficar com alguém nessa festa não pareceria um ato desesperado? Algo que eu faria apenas para dar o troco em Pablo? Na saída do banheiro uma mão fina interrompeu meu caminho, interpondo-se entre eu e o fim do corredor onde estava rolando a festa.

Para meu desgosto Roland havia me visto. "Eu fiquei sabendo que o Pablo finalmente se livrou de você." Olhei com desgosto para o rosto fino e Roland, ele era sim bonito, cabelos loiros e uma rala barba loira em seu rosto, olhos verdes, era mais baixo que eu, porém mais entroncadinho, mas algo nele sempre me pareceu sujo, usado, gasto, contaminado. Todos os lugares que íamos e estávamos juntos sentia suas discretas indiretas, seu ciúme e sua hostilidade, mas sempre relevei, Pablo tinha muitos amigos desse jeito, egoístas e com pouco respeito pelo próximo. "Mas convenhamos, você nunca esteve a altura dele..."

Seus olhos verdes sujos brilhavam com maldade. "Eu nem sei como ele aguentou ficar com você esse tempo todo, mas agora ele está livre, você pode ir procurar alguém mais (nessa hora ele me olhou de cima a baixo com uma cara de desgosto) do seu nível, e deixar Pablo para alguém que realmente esteja no nível dele." E dito isso, achando que tinha tido seu momento de vitória retirou o braço que bloqueava meu caminho e seguiu em frente. Para seu azar eu estava realmente precisando descontar aquela noite infernal em alguém, então fiz o que em condições normais eu não faria, normalmente eu ignoraria o objeto vazio, mas nessa noite eu atirei, atirei na cabeça.

"E eu suponho que alguém do nível dele seja um viadinho sujo metido à modelo que se esfrega no colo de qualquer um em uma festinha qualquer."

Isso o fez parar e ele se virou. "Ciúmes?"

Eu soltei um risinho sarcástico. "Eu já vi você fazer isso tantas vezes e com tantos caras diferentes que eu sinto pena de quem for visto com você, cuida mais da sua imagem garoto, você não passa de uma putinha."

Ele avançou com olhos vermelhos. "Pois saiba que essa putinha já trepou muitas vezes com seu namorado, na sua cama, eu fodia tão bem que ele nunca deixou de me procurar, nem quando começou a namorar você, ele delira comigo, como se fosse um cão faminto, você é frio e sem graça." Seu tom de voz se elevara agora e algumas pessoas já espiavam o que acontecia no pequeno corredor de acesso ao banheiro.

Isso sim foi um tapa na cara, desde sempre? Então Pablo nunca foi fiel, nem mesmo no começo...

"Mas você nunca foi a primeira opção não é?"

"ele está comigo, comigo, ele veio me procurar, a mim, te deixou por mim!" ele agora gritava na minha cara, tentava me manter o mais calmo possível.

"Então você não sabe o motivo dele ter saído de casa?"

"eu pedi, sempre pedi isso a ele, Pablo só se tocou que eu sou melhor companhia que você."

Era de ter pena. "não seu imbecil, ele saiu de casa porque eu expulsei, eu o peguei na cama com meu... com outra pessoa."

Tudo sumiu do seu rosto, a fúria, o brilho triunfante.

"você não achou que fosse o único não é? Que ele tenha sentido algo por você? Ele te usa Roland, como usa todo mundo. E eu duvido que você tenha sido a segunda opção, você sempre será a terceira, quarta, mas nunca a primeira, nunca."

Dito isso minha missão estava concluída. Dei as costas para ele e caminhei em direção ao conglomerado que assistia a ceninha, meu único alerta do que viria a seguir foi quando um carinha soltou um gritinho de espanto olhando para algo atrás de mim, virei imediatamente e tentei me defender com o braço direito, mas Roland se atirou no ar encima de mim, cambaleei e cai para trás no meio do aglomerado, algumas pessoas me ajudaram a levantar enquanto outras detiam um Roland alucinado.

A confusão toda cessou quando uma voz grossa ecoou pelo cômodo. "Que porra é essa na minha casa?" todos levantaram a cabeça e abriram caminho para o dono da festa......

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